2004-09-10

Mitologia

o amor é em si um mito divinizador: amar o amor é idealizar e adorar. Neste sentido todo o amor é uma fermentação mítica.

Edgar Morin - O Paradigma Perdido


E, assim sendo, estou condenada ao misticismo.

Parafraseando Miguel Torga, eu, mística, me confesso.

Afinal e apesar de tudo, mais não quero que amar e ser amada.



(Nada é a preto e branco. Até eu me resolvo a ver a cores. A vida como um livro de colorir. E bastará um dia.)

7 comentários:

Hipatia disse...

Sabes, Mofo, penso que é mais do que sorte. É disponibilidade. É saber vê-lo. É não ter medo do amor.

Quanto amor não nos terá passado ao lado só porque não estavamos prontos para o ver? Quanto mais não deixaremos ainda escapar pelo mesmo motivo?

Já encontrei o amor; já o perdi; já o voltei a encontrar e voltei a perder e voltei a encontrar... é cíclico.

Deixar de o tentar ver em cada pormenor, mesmo que seja no sorriso de uma criança que faz beicinho para nós com um pequenino ataque de ciúmes, é que me parece mais preocupante.

:)

Anónimo disse...

E quantos não perdemos porque - precisamente - estivemos atentos, e só o facto de o termos denunciado (assumindo-o ou não) o deita irremediavelmente a perder?

A conquista é meio caminho para a derrota.
In the end, there'll be only one :)

A genbte é que se esquece do que nos convem. Sempre. Misticismos, nina.

HC

Hipatia disse...

Deculpa lá, mas o facto de ter perdido o amor não torna a viagem de o viver menos maravilhosa. A gente é que se esquece de lembrar isso, enquanto dói. O sabor a derrota pode estar presente, mas é sempre possível esperar o tempo passar para só lembrar o sabor doce de um amor que se viveu com toda a força.

Misticismo, nino :)

Anónimo disse...

No outro dia estava a ver um filme. Lembraram.me uma frase espectacular: "better safe than sorry".

A cada bobina que carregas menos gostas de cinema. Inevitável. This is HardCore life.

Hipatia disse...

"Recomeça...

Se puderes,

Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro,

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

(...)"

Hoje já é a segunda vez que me lembro do "Sísifo" do Miguel Torga. Talvez por causa do post lá de baixo. Mas muito especialmente por esta ideia de que não há direito a descansar enquanto não se alcança o prometido, mesmo que o prometido seja uma pena perpétua. Porque não há direito a contentar-nos com seja que fruto pela metade. As bobinas podem ter um filme velho lá dentro, podem estar todas amolgadas... Mas o filme ainda vale a pena estar guardado, se foi vivido por inteiro.

E não se perdem bobinas. Limitamo-nos a acumulá-las, pelo que umas acabam mais esquecidas e cheias de pó nas prateleiras da memória.

:)

Hipatia disse...

Sabes, Mofo, eu acho que nós fazemos a nossa sorte. Não concebo um mundo sem acasos, é certo; mas também me é intolerável imaginar-me marioneta do destino, com a vida feita dança ao sabor das vontades do bonecreiro.

Talvez por isso continuo a achar que é mais do que sorte :)

Hipatia disse...

On : 9/10/2004 1:13:35 PM duende (www) said:




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On : 9/10/2004 1:16:28 PM duende (www) said:


Bem... eu não concordo. Penso antes que o amor é uma realidade divinizada.

E queremos ser muito mais do que ser só amados.

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On : 9/10/2004 1:31:06 PM Hipatia (www) said:


Eu estava a pensar no amor como arquétipo...

Na realidade, qual divinização do amor! Divino por divino, divina sou eu

(falando a sério: quem, entre nós, quer ser amado pela metade? Se nos amam como um todo, defeitos incluídos, podemos continuar a almejar tudo em simultâneo. O tal amor como fermentação mística garante-nos que podemos querer muito mais do que só ser amados e, ainda assim, concluirmos que só queremos amar e ser amados de volta)

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On : 9/10/2004 3:23:08 PM duende (www) said:


Estive a ler também ali ao lado... e continuo a pensar o de sempre: a natureza criou o sexo, o homem inventou o amor. E nunca soube que fazer com ele.

E, sim, serve também para o que se sente pelas crianças. Porque as crianças deixam de o ser. O 'amor' é um conceito. Nada mais. Mas isto digo eu que sou básica.

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On : 9/10/2004 5:29:59 PM Hipatia (www) said:


Admito: já confundi sexo com amor. Mas isso foi antes de combinar os dois numa mistura explosiva. Depois fiquei viciada. Agora não quero menos que o todo

Admito mais: sou crente o suficiente para acreditar no amor sem sexo. Não são mutuamente exclusivos, nem nunca vão ser. E ainda bem

E mais: sexo é muito bom. Mas se for com alguém que se ama, é melhor ainda. Até os céus tremem

E, por fim: a amor que sinto por uma criança não tem nada a ver com sexo. Mesmo quando elas crescem, a diferença de idade faz-me sempre sentir pedófila

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On : 9/13/2004 8:26:23 AM Miguel (www) said:


Não existe tal coisa.

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On : 9/13/2004 12:51:27 PM Hipatia (www) said:


Qual das coisas?

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On : 9/14/2004 5:57:19 AM Miguel (www) said:


«Amor».


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On : 9/14/2004 11:37:06 AM Hipatia (www) said:


Claro que existe. E tem diferentes formas, diferentes cheiros, diferentes sabores. Tem até diferentes idades ou comodismos. Existe um figurino pronto a vestir para qualquer um. Basta só ir e experimentar.

:*

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On : 9/15/2004 4:15:38 AM Miguel (www) said:


Não existe.

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On : 9/15/2004 6:07:31 PM Hipatia (www) said:


Existe. Basta querê-lo. Sem ter medo de que exista.

:*

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On : 9/16/2004 12:08:39 PM Miguel (www) said:


Pois...
algo Vago
que de tão vago
intenso
em que se torna
pensamentos transtorna
e em sangue
transborda
...

Não existe.

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On : 9/17/2004 7:20:46 AM Hipatia (www) said:


"P.S-» Hoje é um dia especial, o meu «Homem» faz 8, oito, anos!!!!! e só me apetece dançar, dançar, dançar, dançar.........Ad Eternum.... "

Não existe? Tens a certeza?



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On : 9/17/2004 7:21:20 AM Hipatia (www) said:


(já sei, já sei... golpe baixo)