2025-11-23

Mercado de Natal


Cheguei ao Luxemburgo e o frio recebeu-me como quem reencontra um velho inimigo: braços abertos, estalidos nos ossos e um “bem-vindo” dito em corrente de ar. Saí do avião com aquela confiança portuense — “nah, eu aguento” — e em três segundos já estava a arrepender-me de todas as decisões que me trouxeram até aqui, incluindo ter confiado no meu casaco, que no Porto era de inverno e aqui é basicamente um lençol com mangas.

No Porto estava fresco; aqui é climatizado por pinguins. Cada passo na rua é um lembrete de que o meu nariz não foi desenhado para estas latitudes. Até a respiração parece que vem em modo gelado, tipo ar condicionado no máximo e sem autorização. E quando entras em qualquer lado, estás subitamente a jogar à macaca em cima da linha do equador.

Mas enfim — frio ou não, cheguei. Agora resta é descongelar lentamente e tentar convencer o meu corpo de que também sabe sobreviver fora do clima ameno de Portugal.

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