Se ainda estiver por cá, tenciono cantar aos meus netos, junto com outras "modinhas" da cultura oral Portuguêsa...
Mas o dia Hoje é de Zeca... Venham mais cinco, mais 10, mais vinte! Venham todos! Acudam todos à casa da Voz... porque esta é a casa das palavras livres e do pensamento veloz.
Bela escolha, Hipatia. Sabes como é difícil escolher UMA canção! Eu quis deixar uma todo o dia no blog e vi-me bem aflita (para além de ter a obra dele ainda em vinil e ter de andar à pesca das coisas que tinha em cds para poder fazer a selecção...) Mas aplaudo a tua escolha da música e da imagem. BOA!!!
O ano passado escolhi o "A Morte Saiu à Rua", a sentida homenagem de Zeca Afonso ao pintor Dias Coelho, morto pela PIDE nas ruas de Lisboa. Mas este ano também tive dificuldade com a música, já que o filelodge resolveu não cooperar. De qualquer forma, não queria palavras; queria um post que fizesse o contraste entre a voz do Zeca Afonso e o cravo vermelho. A canção de embalar pareceu-me a opção certa. Ainda bem que gostaste :)
Estou contigo ... Um dia virá ... em que o ser humano descobrirá o sentido da fraternidade. Nesse dia as canções do Zeca serão a força que só a alma pode ter, uma força que une ...estende a mão ...e venha mais um. Obrigada por este momento. Um beijo.
Já expliquei noutro sítio que a homenagem é a Zeca Afonso mas o cravo é e será sempre pelo meu avô. Todos temos as nossas histórias e eu também tenho a minha: as primeiras vezes que ouvi Zeca Afonso foi com este avô que perdi aos 12 anos; e a música de Zeca Afonso tocava em surdina porque, na rua, ainda não se podia cantar. Foram precisos mais uns anos para a “Grândola” sair à rua numa madrugada de Abril. Mas a minha família e o medo tolhedor de se perderem para sempre numa guerra que parecia não acabar, nunca desistiu de esperar a mudança. E ela veio por fim. Eu nunca poderia ser de um espectro político que esquece a utopia. Aprendi demasiado cedo que é preciso acreditar, que vale a pena acreditar.
Acho que sim, Maria Árvore. Apesar de ter lido muito disparate, daqueles disparates de quem quer ver agora na esperança das flores um capítulo pronto a ser esquecido e deturpado. Mas não nos podem tirar a esperança! E essa esperança nem precisa vir nas palavras mais "revolucionárias" de "se velho estica eu fico por cá". Basta estar em quem ainda lembra as palavras mais singelas e, por isso mesmo, não esquece também nenhuma das outras.
Para o ano, no dia 23, estou aqui com Zeca Afonso outra vez, se a Voz ainda não tiver calado. Como estive o ano passado. Como vou tentar continuar a estar em todos os anos que viva: a minha esperança pede-me ainda flores e vontade de fazer diferente. E pede-me, sobretudo, que não se deixe esquecer os anos em que não se podia cantar mas que houve um dia em que uma geração - mesmo que houvesse nos actos dos capitães bem mais do que a revolta simples como os vampiros de agora gostam de lembrar - disse que já bastava. E bastou!
14 comentários:
Como é que tu acertas na minha canção favorita para a infância, aquela que cantei sempre aos meus dois filhos?....
Será que quando passarem mais 20 anos ainda alguém se lembrará de a cantar?
Se ainda estiver por cá, tenciono cantar aos meus netos, junto com outras "modinhas" da cultura oral Portuguêsa...
Mas o dia Hoje é de Zeca...
Venham mais cinco, mais 10, mais vinte! Venham todos! Acudam todos à casa da Voz... porque esta é a casa das palavras livres e do pensamento veloz.
Bela escolha, Hipatia.
Sabes como é difícil escolher UMA canção! Eu quis deixar uma todo o dia no blog e vi-me bem aflita (para além de ter a obra dele ainda em vinil e ter de andar à pesca das coisas que tinha em cds para poder fazer a selecção...)
Mas aplaudo a tua escolha da música e da imagem.
BOA!!!
Talvez um dia se recordem apenas as canções e já todos tenham esquecido o seu significado, Gaivina.
O ano passado escolhi o "A Morte Saiu à Rua", a sentida homenagem de Zeca Afonso ao pintor Dias Coelho, morto pela PIDE nas ruas de Lisboa. Mas este ano também tive dificuldade com a música, já que o filelodge resolveu não cooperar. De qualquer forma, não queria palavras; queria um post que fizesse o contraste entre a voz do Zeca Afonso e o cravo vermelho. A canção de embalar pareceu-me a opção certa. Ainda bem que gostaste :)
Obrigado pela oportunidade de ouvir. Em 73 vivenciei uma experiência fascinante. Ouvi-lo ao vivo, com a polícia de choque á porta do teatro.
Abraço
Eu não tive tempo de o ver ao vivo; o tempo levou-o demasiado cedo ou eu nasci demasiado tarde...
Estou contigo ...
Um dia virá ... em que o ser humano descobrirá o sentido da fraternidade.
Nesse dia as canções do Zeca serão a força que só a alma pode ter, uma força que une ...estende a mão ...e venha mais um.
Obrigada por este momento.
Um beijo.
Enquanto embalarmos as canções do Zeca na nossa memória há esperança de que não murchem as flores.
Já expliquei noutro sítio que a homenagem é a Zeca Afonso mas o cravo é e será sempre pelo meu avô. Todos temos as nossas histórias e eu também tenho a minha: as primeiras vezes que ouvi Zeca Afonso foi com este avô que perdi aos 12 anos; e a música de Zeca Afonso tocava em surdina porque, na rua, ainda não se podia cantar. Foram precisos mais uns anos para a “Grândola” sair à rua numa madrugada de Abril. Mas a minha família e o medo tolhedor de se perderem para sempre numa guerra que parecia não acabar, nunca desistiu de esperar a mudança. E ela veio por fim. Eu nunca poderia ser de um espectro político que esquece a utopia. Aprendi demasiado cedo que é preciso acreditar, que vale a pena acreditar.
Beijo, Luís :)
Acho que sim, Maria Árvore. Apesar de ter lido muito disparate, daqueles disparates de quem quer ver agora na esperança das flores um capítulo pronto a ser esquecido e deturpado. Mas não nos podem tirar a esperança! E essa esperança nem precisa vir nas palavras mais "revolucionárias" de "se velho estica eu fico por cá". Basta estar em quem ainda lembra as palavras mais singelas e, por isso mesmo, não esquece também nenhuma das outras.
Para o ano, no dia 23, estou aqui com Zeca Afonso outra vez, se a Voz ainda não tiver calado. Como estive o ano passado. Como vou tentar continuar a estar em todos os anos que viva: a minha esperança pede-me ainda flores e vontade de fazer diferente. E pede-me, sobretudo, que não se deixe esquecer os anos em que não se podia cantar mas que houve um dia em que uma geração - mesmo que houvesse nos actos dos capitães bem mais do que a revolta simples como os vampiros de agora gostam de lembrar - disse que já bastava. E bastou!
Hoje e sempre para o Zeca porque já é hora d'embalar a trouxa e zarpar.
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E para todos nós, Erecteu. Afinal, é a nós que compete ainda lembrar :)
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