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Manuel Oriental, 32 anos, sem filhos, a viver em casa dos pais desde que se divorciou há três anos, parecia sofrer de grave e duradoira dependência de vários giga bytes de música descarregados de vários sites sob cognome que preferiu não revelar. Os sintomas de Manuel Oriental eram variados, sendo que entre os mais comuns se encontrava uma insónia crónica motivada pela ausência de boa música e um enfado crescente quando não encontrava novidades após horas de buscas infrutíferas pela rede.
Os especialistas contactados admitiam que a dependência de Manuel Oriental pudesse vir ainda a crescer e degenerar numa compulsão de difícil controlo.
Quando questionado, Manuel Oriental admitiu que tinha uma fixação numa artista menor, cujo rosto rastreou por toda a world wide web, na ânsia de apor uma face ao que chama um trinado especial, uma melodia deliciosa, uma voz de encantar. Acontece que as buscas de um rosto para aquela melopeia doce deram origem apenas a um encontro com uns quantos pixel do que chamou uma cara em obras. Para Manuel Oriental foi um golpe violentíssimo, já que não conseguia acreditar que o seu anjo de voz melodiosa afinal tivesse aspecto de bug de sistema.
Por indicação de amigos, Manuel Oriental tentou encontrar cura no remédio da moda, uma tal de "pílula loira" que dizia que cantava, com as curvas todas no sítio certo, um decote até ao umbigo e uma boca sempre entreaberta. E Manuel Oriental, homem há muito em sabática da vida, confessou-nos que aquela imagem, mesmo com retoques de photoshop, o fez por instantes esquecer o bug que o atormentava. A pulsão pelo novo ícone tornou-se forte, acentuando as características de personalidade que começavam a incapacitar a sua vida social.
O sofrimento de Manuel era agravado pelo facto de se deparar por todo lado com fabulosos actos de vassalagem à loira que mimava o canto no rebolar das ancas e no estertor do solfejo mal aprendido. Manuel ligava o rádio e lá estava a loira de espanto; ligava a tv e lá estava também; procurava músicas na Internet e lá vinha outra vez o mesmo faz de conta que eu canto enquanto me olhas aqui para a fotografia. Para o Manuel começava já a ser um abuso de loira, um excesso de ilusão, uma afronta ao seu ouvido delicado.
Manuel, um crente que gostava de embalar os sonhos com música, embarcando nos braços de Morfeu ninado em harmonia, decidiu-se por um basta súbito que apanhou todos de surpresa, incluindo os especialistas que há muito examinavam as suas dependências várias em busca de cura. Foi então que Manuel Oriental desligou o rádio, desligou a tv, fechou os olhos e, enquanto a noite o chamava para o sono, só lhe calhou trautear a música do bug feioso e desengonçado.
No dia seguinte, toda a música que sacou não tinha uma cara bonita mas tinha, sem dúvida, o poder de levar o Manuel para bem perto das estrelas verdadeiras. Boa música, boa voz, cara feia, competência para além das curvas: finalmente Manuel Oriental estava curado e com o remédio onde primeiro se viciou.
Os especialistas contactados admitiam que a dependência de Manuel Oriental pudesse vir ainda a crescer e degenerar numa compulsão de difícil controlo.
Quando questionado, Manuel Oriental admitiu que tinha uma fixação numa artista menor, cujo rosto rastreou por toda a world wide web, na ânsia de apor uma face ao que chama um trinado especial, uma melodia deliciosa, uma voz de encantar. Acontece que as buscas de um rosto para aquela melopeia doce deram origem apenas a um encontro com uns quantos pixel do que chamou uma cara em obras. Para Manuel Oriental foi um golpe violentíssimo, já que não conseguia acreditar que o seu anjo de voz melodiosa afinal tivesse aspecto de bug de sistema.
Por indicação de amigos, Manuel Oriental tentou encontrar cura no remédio da moda, uma tal de "pílula loira" que dizia que cantava, com as curvas todas no sítio certo, um decote até ao umbigo e uma boca sempre entreaberta. E Manuel Oriental, homem há muito em sabática da vida, confessou-nos que aquela imagem, mesmo com retoques de photoshop, o fez por instantes esquecer o bug que o atormentava. A pulsão pelo novo ícone tornou-se forte, acentuando as características de personalidade que começavam a incapacitar a sua vida social.
O sofrimento de Manuel era agravado pelo facto de se deparar por todo lado com fabulosos actos de vassalagem à loira que mimava o canto no rebolar das ancas e no estertor do solfejo mal aprendido. Manuel ligava o rádio e lá estava a loira de espanto; ligava a tv e lá estava também; procurava músicas na Internet e lá vinha outra vez o mesmo faz de conta que eu canto enquanto me olhas aqui para a fotografia. Para o Manuel começava já a ser um abuso de loira, um excesso de ilusão, uma afronta ao seu ouvido delicado.
Manuel, um crente que gostava de embalar os sonhos com música, embarcando nos braços de Morfeu ninado em harmonia, decidiu-se por um basta súbito que apanhou todos de surpresa, incluindo os especialistas que há muito examinavam as suas dependências várias em busca de cura. Foi então que Manuel Oriental desligou o rádio, desligou a tv, fechou os olhos e, enquanto a noite o chamava para o sono, só lhe calhou trautear a música do bug feioso e desengonçado.
No dia seguinte, toda a música que sacou não tinha uma cara bonita mas tinha, sem dúvida, o poder de levar o Manuel para bem perto das estrelas verdadeiras. Boa música, boa voz, cara feia, competência para além das curvas: finalmente Manuel Oriental estava curado e com o remédio onde primeiro se viciou.
(se descobrirem em que conto me inspirei, conto-vos outra história...)
18 comentários:
Não consigo adivinhar...
Dá-me uma pista....
Li o original contado por quem também contou a história de O Patinho Feio. Serve?
O Patinho Feio não li mas pela loira é um conto do Vilhena qual é que não sei.
Linda menina, estás a ver como te sabes portar bem. E vês como não te faltam as palavras? ;)
Hipatia, Aceitar aceitava o convite do Gaivina, só que não tenho queda prá escrita, depois do nosso encontro percebi isso melhor e não sou nada criativo com as palavras ...só mesmo com sanitas :)
LOOOOOOOOOOOOOOOOL
PS- Leva lá o Gaivina :)))
Beijo
Hipatia q se preze não vira a cara a um bom desafio. Muito bem! Agora dá mais pistas, vá lá! :)
Ai, Hipatia,
ainda bem que te pelas por um bom desafio. :)
E usares o termo "ninado", tão portuense, ainda deu mais sabor à história.
Se não dissesses não adivinharia qual o conto mas a tua equipa de reportagem prendeu-me a da primeira à última linha.
Hans Christian Andersen...
Mete música...
Tem um passarinho...
Palpites?
...
De Vilhena não sei, Erecteu, mas anda por lá uma mistificação em tons de escarlate ;-)
(e eu tinha prometido um dia desancar na loira, eheheh)
Pois! Há sempre palavras. Com tantas, consegues adivinhar que conto infantil andei a estragar, Noite?
Tozé, não venhas com essa treta da sanita, que lá porque queres ver os outros a fazer merda, não quer dizer que o pessoal só te leia para apreciar o cagalhão :P
Já dei, Vague Maria. Agora é tempo de ler os vossos palpites :P
Acho que estão todos a precisarem de reler os vossos velhinhos livros de contos de fadas, Maria Árvore :))
Pronto, ok, admito... não está particularmente evidente e aproveitei para desancar na loira. Mas está lá o essencial, ora :D
(raios! será que nem o sobrenome ajuda? hmm...)
O Rouxinol do IMPERADOR!
bem bolado, sim senhora! Um poco rebuscadito mas divertido e bem escrito!
tu desancas na loira, como dizes, mas nós aproveitamos para a ver ;)
Eu bem te tinha dito que a miúda ia precisar recorrer a outros dotes para esconder o que não canta. Mas até eu me espantei com o ar de... bem, é ar de rameira mesmo.
:P
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