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Que visão, que estadista de estalo, esse Salazar. Um museu que nos lembrasse a privação de liberdade, a ausência de democracia, a menoridade das mulheres, o analfabetismo, esse belo país tão bem representado pela imagem do burro e da carroça, como éramos vistos pelo resto do Mundo. Acho mesmo que é urgente a constituição de um museu assim. O meu voto de apoio ao senhor presidente da autarquia de Santa Comba Dão.
Carlos Narciso
O que senti ontem, ao ver as imagens daqueles habitantes de Santa Comba de cartazes na mão a apelar ao regresso de Salazar, de mão estendida em jeito de saudação nazi, de vozes ao alto a vociferar contra os "intrusos que invadem a sua terra", ao ver uma mulher, ainda jovem, possivelmente já nascida na Democracia que o seu conterrâneo nunca permitiu, a gritar "Viva Salazar", foi vergonha e foi repulsa.
Isabel Faria
Que não se espante a direita e os arremedos fascizóides que por ai não param de cantar de galo hoje em dia, se esses tais que deram o corpo e o sangue agora recusem o museuzito. É que ainda estão vivos muitos dos que sofreram a tortura na pele, dos que tiveram que emigrar à força, dos que conheceram Peniche e o Tarrafal por dentro, dos que ficaram sem carreira porque algum bufo os denunciou, dos familiares dos que caíram nas ruas mortos pelas costas… Esses, que não esquecem, têm direito a não querer lembrar.
Tomás Bento
14 comentários:
Completamente...
Boa semana.
Por este andar, aínda irei curtir o "comboio fantasma" do parque temático.
Será que alugam uniformes da Legião Portuguesa?
;-)
Se te deres ao trabalho de ler o post da Isabel, verás como o insulto anda fácil, Deep. E insulto feio, pidesco, de quem só assim sabe berrar a liberdade de dizer que antes nunca seria possível. Claro que lhe atacam a mãe. Mas que mais se poderia esperar?
Boa semana.
E ainda te lembras do hino, Old Man? É que não basta o uniforme: é preciso não esquecer a parafernália acessória que sempre veio atrás. E eu cá acho que ninguém deve esquecer também o fadinho, o futebol, a cruz em toda a parte, a sardinha, o mata-bicho pela manhã e os coros de anjinhos pelo dia fora...
Concordando com as ideias expostas, sugiro que não se esqueçam no Museu de uma secçãozinha para o "Ballet Rose" e para as afilhadas do ditador nessa Santa Terrinha. É que para sermos rigorosos ele não foi só um desastre como governante.
Perfilhas e muito bem.
E já agora perfilho eu que essa opinião não há-de ser filha de pai incógnito.
Felizmente até é filha de muitos pais pra ofensa da moral bacouca.
"...o fadinho, o futebol, a cruz em toda a parte, a sardinha, o mata-bicho pela manhã e os coros de anjinhos pelo dia fora..."
Bolas, Hipatia. Não conseguiste achar nada que eu gostasse.
Não se arranjavam ao menos uns elementos da MPF, vestidas apenas com as "cinco quinas" (sempre dariam para jogar aos "cinco cantinhos").
;-))
Claro que sim, Maria Árvore. Havia de haver lugar no museu mesmo para o pirilau pedófilo dos apaniguados. Poder-se-ia lá esquecer a moral pública e os vícios privados que tantos frutos deixou no Portugalinho? A fidelidade histórica acima de tudo!
E perfilhas tu muito bem e cheio de razão, Erecteu: como não referir essa herança belíssima que ainda tantos carregam nos BI chamada "filho de pai incógnito" e substituída no documento de identificação por um simples espaço em branco? Afinal, não queremos que haja brancas na museologia nacional, não é? Claro que podiam ser muitos mais a carregar tão ditosa marca, mas devem ter morrido nas guerras coloniais...
Já viste o meu erro, Old Man? A tentar animar-te e quase te fazia a lista apolítica dos motivos para não subires até ao Vimieiro. Pode lá ser tal coisa? Tratemos de arranjar umas donzelas de buço e lenço na cabeça, com o burro ajaezado ao lado e as quinas a tapar (apenas levemente, claro) as carnes fartas da fartura daqueles tempos.
É uma das melhores recordações que tenho do "norte", Hipatia; isso do lenço na cabeça...
Pelo menos ajuda a evitar as confusões.
;-)
Pois eu cá estou contentíssima com esta iniciativa. Faço questão de, daqui a uns anos, levar os meus sobrinhos a Santa Comba e explicar-lhes, com suporte visual, quem era o mafarrico e o que fez a este país.
Claro que quando exprimi esta minha opinião, logo me avisaram que era de lá corrida à pedrada. Eu arrisco. A democracia é para todos, e se eles podem abrir este museu, eu posso lá ir e fazer uma visita guiada com texto de minha autoria, ou não? E mimando o velhinho e sua Dona Maria, pois claro.
Ainda acho que o museu devia era situar-se no Portugal dos Pequeninos, ficava mais contextualizado e tudo. Apre!
As capuchinhas do norte, Old Man? Lol!
Claro que podes, I. Mais ainda: deves. Nesta altura do campeonato, com tantas versões concorrentes, todos temos uma estória qualquer a contar :D
E ora ai está: no Portugal dos Pequeninos é que o Museu ficava mesmo bem. Mas acho que aquilo estava em obras... achas que já se estão a aprontar para receber mais uma múmia da história revisitada?
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