2007-03-21

'A força que tem um verso'


Gosto de pensar que a Primavera se inaugura em poesia e deita as raízes à terra para se fazer árvore num esplendor verde de esperança renascida. E queria saber escrever versos e não sei, para assim dizer o quanto – apesar do frio, do cansaço, da apatia – Março marca para mim o início de mais um ciclo.

O meu ano começa sempre por entre as andorinhas que chegam, as chuvas coloridas por raios preguiçosos de sol a aquecer, pelo pólen que se espalha pelo ar e se concentra nos meus espirros, pelos dias que crescem do outro lado da janela onde prendo os dias...

Só me falta o verso certo, alegre, espevitado, pleno de significado. E nunca castrado, obviamente… Mas não sei fazer versos, mesmo quando me afogo em poesia.

4 comentários:

Maria Arvore disse...

Oh poetisa Hipatia,
é só mudares o grafismo:

"Só me falta o verso certo alegre espevitado pleno de significado
E nunca castrado
obviamente…
Mas não sei fazer versos
mesmo quando me afogo em poesia"

;)

Hipatia disse...

"Serei tudo o que disserem"
Poetisa, não :D

(A pouca força que as minhas palavras conseguem ter na linha escorrida da prosa, desaparece se lhes estendo uma qualquer métrica)

SilentFreak disse...

A força de um verso é incomensurável, especialmente se focamos a voz do Ary dos Santos. Mas constou-me agora, que vim parar a este recanto, que há aí uma qualquer voz em fuga, que foge às métricas, às forças forçadas. . .Mas que tem força e poesia nas palavras.

E qualquer pessoa é poeta, nem que de instante a instante, se pelas palavras lhes surge uma Primavera.

Hipatia disse...

Admiro profundamente a força escondida na capacidade de síntese de um simples verso. Talvez porque não sei ser sintética. E José Carlos Ary dos Santos era perito nessa arte.

E confesso que fiquei quase sem palavras com esse último parágrafo :))

Bem-vindo ao Voz em Fuga!