2007-05-19

18 de Maio


Markus Raetz (folhas de eucalipto sobre papel) MMK- Frankfurt


Já passa da meia-noite, ontem foi o Dia Mundial dos Museus.

Para muitos que passam distraidos, os Museus não passam de lugares onde nos passeamos em dias de desfastio. É sempre agradável ir a Serralves...o pavilhão, o jardim e, pelo meio, entramos no museu: "se não me beijares tanto, talvez eu consiga olhar para esta cena! Está quieta mulher!"

Mas as obras de arte estão lá."Pára lá um bocadinho que eu quero entender a instalação...Não me beijes, carago! Deixa-me apreciar!"

Existe um "exército" de mediadores culturais a trabalhar, todos os dias, para fazer chegar a Arte mais próximo das pessoas. Mediando o discurso, lançando perguntas, fazendo-nos crescer:
-Já agora, qual é a diferença entre Olhar e Ver?

..."Olha! Olha tantas crianças... Estão cá com uma atenção... O que é que o gajo lhes está a dizer?... Vamos Ouvir?"

Pois é... É difícil distinguir uma coisa da outra; mas todos já ouviram dizer: "Passaste por mim no Bulhão, olhaste...mas não me viste."

Pois para entender a Arte, só pelo lado de dentro: importa ver com muita atenção! Relacionar a nossa vida com o que estamos a observar...

"Olha uma anémona, suspensa, aqui em Matosinhos!... Uma escultura? Escultora estrangeira?
Dizes o quê, miúda? Ah...por estar próxima do mar? ainda por cima move-se. Até parece que está viva... Ainda te lembras do cheiro da fábrica de peixe?"

Quem passar pela vida distraido, não reconhece o par que lhe está destinado, nem tão pouco um objecto de Arte ali apresentado...

Todos os dias, estes mediadores culturais, fazem perguntas e acordam as cabeças dormentes que nos habitam. A arte contemporânea pregunta-nos as respostas. E, essas respostas, são sempre pessoais, num universo de silêncio entendido no mais profundo do nós próprios...

"Não sejas, "bimba". Não vês que o homem está a falar da nossa sociedade de consumo? das relações?! ... Andas mesmo com a paranoia..."

4 comentários:

Miguel Horta disse...

Tem santa paciência, Hipatia!
eu considero a "anémona" como uma das melhores peças de "arte pública" deste país.
Já viste iluminada em dia de vendaval?

Hipatia disse...

Infelizmente o vento nunca a levou!

Miguel Horta disse...

Temos, MESMO, opiniões diferentes! ;)

Anónimo disse...

Mais Vozes

eu acho excelente que exista um dia assim, pode ser que as pessoas, aos poucos, comecem a lá ir sem ser apenas em visitas de estudo...
fábula | | Email | Homepage | 05.19.07 - 12:23 pm | #

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Diria que a arte, como a vida, é para olhar com olhos de ver.

Não é a arte a nossa forma de ver a vida?

E a tua forma de nos acordar para a cultura, puxa-nos mesmo.
maria arvore | | Email | Homepage | 05.19.07 - 6:41 pm | #

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Li e re-reli com gosto;
erecteu | | Email | Homepage | 05.19.07 - 9:12 pm | #

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Bem podes dizer o que quiseres: aquela rede de pesca a que chamam anémona, por mim estava escondida nas caves de um museu. Assim, visitava-se o museu e ia-se a Matosinhos sem ter aquela coisa a dar cabo dos nossos olhinhos...
Hipatia | | Email | Homepage | 05.20.07 - 2:00 pm | #

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Pois é meninos e meninas... É para isso que servem os mediadores culturais/monitores de museus:
Para que as pessoas sintam a arte como sua. que entendam, por dentro, como isso pode ser importante para a qualidade de vida mental...
gaivina | | Homepage | 05.20.07 - 5:24 pm | #