2007-05-31

Greve? Qual greve?


aqui


Tirando as professoras primárias da escola ali de baixo que disseram de véspera aos fedelhos que no dia seguinte havia greve e, por isso mesmo, puderam estar a dar à língua toda a santa tarde no café, não dei por nada.

E cheira-me que, da mesma forma que essas professoras comprometem assim qualquer razão que eventualmente lhes assistisse, também esta greve geral pífia só vai ser mais um tiro no pé.

11 comentários:

I. disse...

Aqui em Lisboa foi o fim do mundo em cuecas habitual, mas por causa do metro, parado ou quase. A Carris andava na rua, e o resto, não sei que não dei (muito) por ela. E como o metro vai p'raí na 567ª greve, só este ano, também já não causa grande transtorno: faz-se um car pool e já tá ;P

Hipatia disse...

E ainda alguém liga aos trabalhadores do Metro? Qual quê! Um instrumento como a greve, assim mal utilizado, só ainda tira mais peso negocial aos trabalhadores.

Jorge Moniz disse...

Mas... houve uma greve?

cereja disse...

É uma tristeza mas ...
Olha eu escrevi uma coisita lá no Pópulo:
http://opopulo.blogspot.com/2007/05/o-erro-de-pangloss.html
É grande para transcrever para aqui, mas é o que senti.

Mónica disse...

e os trabalhadores da cgd tb fizeram greve

Hipatia disse...

Há quem diga que sim, Jorge :D

Hipatia disse...

Emiele, eu li :)

E que grande post! Só que bloqueio ao tentar aceder a quase todos os blogues, incluindo o Populo. E ainda estou à espera do computador novo :(

Já agora, não tenho qualquer dúvida que uma manifestação de desempregados ou da tanta gente que tem o emprego sempre em risco teria funcionado muito melhor do que esta greve que ninguém pode levar a sério. E quando nos impuserem a tal da flexibilidade sem segurança? Haverá ainda forma de reclamar? Dar assim munições é uma perda de tempo; pior, é uma clara demonstração de como temos sindicalistas esclerosados, completamente alheados do que era suposto defenderem.

Hipatia disse...

Algum deve ter feito, Mo. Mas será que lhe serviu de muito, num sector onde há muito que algumas manias de funcionário público se perdem face à postura da concorrência? Aliás, pensando bem, por acaso não dei conta que estivessem em greve; ou não estavam pelo menos os do balcão em frente ao sítio onde trabalho...

Anónimo disse...

Nenhuma agência da CGD fechou ao público.

Hipatia disse...

Deve ter sido alguém da Comissão Sindical, peixinho ;-)

Anónimo disse...

Mais Vozes

Último dia para votar na Bruxa!! Isto é PUB gratuita pois se votar não ganha nada com isso. Mas a Bruxinha agradece do fundo do caldeirão!
belinha fernandes | | Email | Homepage | 05.31.07 - 2:11 pm | #

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Por mais gratuita que seja, acho indelicado: até um simples boa tarde tinha ajudado, não tivesse faltado o chá.
Hipatia | | Email | Homepage | 05.31.07 - 6:21 pm | #

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Na minha opinião de uma greve geral seja ela qual for e independentemente de quem a convoca ou da oportunidade da mesma podem estriar-se três conclusões . Agrado desagrado ou indiferença com o modo como o país está a ser conduzido . Se a greve tiver êxito poderemos concluir que a rapaziada que trabalha está descontente, se não tiver êxito podemos concluir que existe agrado ou indiferença no modo como o mesmo esta a ser levado. No caso desta greve a minha conclusão é de que na sua maioria os portugueses estão contentes ou indiferentes com o modo como o país e as suas politicas estão a ser conduzidos . Estou convencido que para castigar o modo como os sindicatos funcionam basta deixar de pagar as cotas de que eles necessitam para a sua existência .
Para expressar-mos a nossa vontade relativamente ao modo como a casa está a ser gerida fazemos ou não fazemos greve . Para mim tudo o resto que se possa ser dizer a respeito não passa de poesia , que eu saiba em condições normais e por vontade exclusiva do povinho só se vota de quatro em quatro anos, portanto qualquer oportunidade que eu tenha para fazer sentir a quem governa o meu sentir passa a ser valido . Da ultima vez que participei numa greve geral fui o único dos trinta empregados da casa a fazer greve, e por isso paguei carro com o corpinho e com a cabecinha, nada nem ninguém me poderá fazer esquecer as boquinhas e os olhares irónicos dos meus colegas no dia que se segui a essa greve .Actualmente estou entre os 28 que estão no desemprego e por ironia do destino fui o penúltimo a ser dispensado . como pormenor de menor importância de toda aquela rapaziada dispensada apenas duas moças por casualidade as mais novas é que se encontram de momento a trabalhar ( a contrato claro que hoje em dia já não se passa ninguém a efectivo)
Não levem a mal o azedume mas á coisas que tenho dificuldade em entender
frogas | | 06.02.07 - 3:48 am | #

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Os sindicatos já não funcionam, Frogas. Funcionariam se não estivessem tão alheados da realidade. Mas a verdade é que convocar uma Greve Geral sem saber o que é o geral que querem mobilizar só podia dar asneira.

Quem pode fazer greve hoje em dia? Quem não sente que existem pelo menos 4 ou 5 prontos a ocupar o seu lugar. Ou seja, só pode ir para a greve a brigada do reumático da Função Pública, os tais que nunca são despedidos, passando antes para a reforma antecipada que todos nós ajudamos a pagar. Os restantes trabalhadores não se podem dar ao luxo de ir engrossar os tais oito vírgula tal dos números do desemprego, especialmente se já estiverem numa idade em que não podem mesmo brincar com isso.

Qualquer greve deveria ser convocada quando houvesse a certeza da sua inevitabilidade e os motivos fossem forte o suficiente do lado dos trabalhadores - todos os trabalhadores, especialmente os que têm mais a perder - de forma a que, não importando o risco, todos iriam parar. Assim, foi só uma anedota de uma cambada que também só parece lá estar para mamar à nossa custa.

Que trabalhadores viste tu defendidos nesta greve? Que propostas realistas viste serem apresentadas pelos sindicatos nos últimos anos? Sim, que o sindicalismo não pode só continuar a acenar com papões geriátricos, sem apresentar alternativas às políticas que contestam. Mas se eles já nem conhecem os trabalhadores (e as novas relações laborais) que podem eles propor, ou defender?

Qualquer contestação sem apresentação de alternativas não serve para nada. Com tanta gente sem emprego garantido e a vida a salto dos senhores do dinheiro, só quem não tem nada a temer pode ficar em casa a dormir. E esses já nem importam porque os outros, os que estão bem pior, não conseguem empatia suficiente por quem pode faltar ao trabalho sem perder o emprego.
Hipatia | | Email | Homepage | 06.02.07 - 7:56 pm | #

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Sabes hipatia o meu pai trabalhou á jorna agarrado a uma enxada e muitas vezes senão a maioria apenas com uns nacos de pão e umas pingas de vinho para aguentar o dia . Pelo que me contava ,era na maioria das vezes privilegiado pela escolha do capataz , mas relatou-me sempre com maior ênfase a raiva que sentia quando via muitos chefes de família voltarem para casa sem terem direito á miséria que lhes era oferecida.
O Manuel Henrique era um gajo duro, tirou a quarta classe e o segundo ano do ciclo já em adulto e depois cavou para França empurrado por um regime que lhe queria morder os calcanhares (naquela época não era fácil, estou até disposto a acreditar que era tudo mais difícil) . Quando foi do 25 de Abril ,estávamos em França e, vi o homem fazer nesse dia uma festa maior do que se lhe tivessem saído 1000 euro milhões . Agora para o fim da vida só lhe ouvia dizer ( eles aos poucos e poucos vão lá não tarda muito estamos lá outra vez por cada direito que perdermos eles vão querer outro e mais outro cá para mim as crianças de hoje ainda vão comer a comida com tempero de antigamente)

Um dia destes, num programa que já não me recordo qual ,ouvi da boca de responsáveis pelo sector empresarial a reclamação quanto á injustiça de terem de pagar mais dois meses de ordenado do que os seus congéneres europeus . Logo me veio á memoria as mais negras previsões do Manuel Henrique que sempre foi duro pouco instruído mas que de parvo tinha muito pouco ou quase nada .
frogas | | 06.04.07 - 1:50 am | #

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São muitos os motivos que se juntam para fazer dos nossos tempos um período de retrocesso ou, pelo menos, de abrandamento na conquista de direitos. E a verdade é que seria fácil – demasiado fácil até – culpar apenas os que têm poder e os que põem e dispõem da insegurança que mina a vida dos tuguinhas. Mas a verdade é que, na prática, os tuguinhas já não querem saber de mais que o próprio umbigo; na prática, o esforço colectivo, com cedências e riscos, de uma posição de força à moda do sindicalismo de antigamente já não é possível: os empregos estão diferentes, os patrões estão diferentes, os empregados estão diferentes. E, acima de tudo, o País mudou realmente. Só alguns sindicalistas (e alguns líderes partidários) é que pararam no tempo e nem se apercebem das verdadeiras múmias em que se transformaram.
Hipatia | | Email | Homepage | 06.04.07 - 11:26 pm | #

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Infelizmente concordo com grande parte do teu comentário, principalmente quando dizes que os trabalhadores estão diferentes .Quanto ao patronato ,principalmente ao nosso, tenho muitas duvidas ,penso que estão apenas mais refinados mais espertos mais instruídos mas com a mesmíssima mentalidade de outros tempos.
Quanto aos trabalhadores parecem-me mais acobardados mais parecidos com as ovelhitas do teu primeiro post de hoje .
Sabes o que dizem os alentejanos? Quem quiser bolota que trepe e nós ficamos á espera que elas nos caiam do céu .
Não duvides que sei por experiência e conhecimento próprio naquilo em que os sindicatos se tornaram . O problema é que eu não conheço para alem do sindicalismo outra forma de impedir a realização de todos os desejos deste nosso patronato. Eu acredito e sou apologista de grandes modificações no mundo sindical ,acredito que temos de os mudar, criar outras listas, eleger outras gentes ,afastar o sindicalismo da vida partidária e tudo o mais que possas imaginar -De tudo isso sou apologista, mas sou apologista disto sem fazer ruir os alicerces pois continuo convencido que é neles que reside a única possibilidade de nos fazer-mos ouvir. Sabes hipatia hoje são 8 virgula qualquer coisa por % aqueles que já estão excluídos do mundo sindical , mau será quando essa malta de que também faço parte começar a ter iniciativas de carácter individual. Acredita que as ovelhas com fome podem rapidamente transformar-se em lobos e, quando tal acontecer, caso não esteja já a acontecer, as ovelhas transformam-se em lobos que atacam sem pensar e preferencialmente atacam quem estiver mais debilitado quem estiver mais á mão. Não são apenas os empregos que temos de defender temos de nos lembrar que o desespero do nosso vizinho do lado pode ser tão ao mais nefasto para as nossas vidas do que qualquer não inclusão num próximo emprego temporário ( eu sei que sou exagerado)
frogas | | 06.05.07 - 1:15 am | #

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Os trabalhadores de hoje são apenas mais um reflexo do tipo de sociedade que temos, onde as pessoas passam agruras para ter o que mostrar ao vizinho (mesmo que não haja o que comer à mesa) e apenas o que diz respeito ao próprio umbigo tem importância. Este tipo de pessoa não faz sacrifícios em nome de desconhecidas, nem sequer das gerações que hão-de vir. E essa gente há muito que se afastou da política, nunca soube o que era cidadania... Achas mesmo que darão importância a estes sindicatos esclerosados que não param de recitar uma cassete que já ninguém quer ouvir?
Hipatia | | Email | Homepage | 06.08.07 - 9:35 pm | #