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Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe. O seu rochedo é a sua coisa.
Albert Camus – O Mito de Sísifo
A fé - ou a crença, pelo menos - nunca conseguiu motivar-me e, nas palavras dos outros, quem esteve mais perto de se constituir na minha verdade pessoal foi, sem dúvida, Camus. Ainda hoje acredito que podemos transformar a nossa "coisa" em Esperança. Só não sei como. E, por isso, deixo que o calhau role encosta abaixo todos os dias para, mais uma vez, tratar de o empurrar encosta acima na manhã seguinte.
Não tenho em mim sede de verdades teologais, nunca deixei de olhar para elas com suspeita. Temo como facilmente, ao tentarmos passar para além do que temos - esse real pequeno e limitado onde sabemos agir e reagir -, podemos facilmente desculpabilizar os actos. Daí até aos actos serem praticados em nome de um qualquer absoluto, vai um passo de formiga.
Não haverá nunca a paz de um "seja o que Deus quiser" para mim; o acaso é apenas isso, a motivação é apenas nossa, a responsabilidade deveria apenas cair sobre as nossas cabeças.
E por mais que tente, tanta vez, ser acutilante nas verdades que defendo, não consigo imaginar um mundo em que faça sentido obrigar todos os outros a assumirem as minhas verdades como as únicas, sem direito a livre-arbítrio que é, como qualquer pessoa que não queira mais do que um qualquer dogma bafiento sabe, bem diferente de qualquer tipo de libertinagem ou arbitrariedade.
A liberdade é feita de escolhas. A responsabilidade é nossa. As consequências serão apenas mais um calhau.
A fé - ou a crença, pelo menos - nunca conseguiu motivar-me e, nas palavras dos outros, quem esteve mais perto de se constituir na minha verdade pessoal foi, sem dúvida, Camus. Ainda hoje acredito que podemos transformar a nossa "coisa" em Esperança. Só não sei como. E, por isso, deixo que o calhau role encosta abaixo todos os dias para, mais uma vez, tratar de o empurrar encosta acima na manhã seguinte.
Não tenho em mim sede de verdades teologais, nunca deixei de olhar para elas com suspeita. Temo como facilmente, ao tentarmos passar para além do que temos - esse real pequeno e limitado onde sabemos agir e reagir -, podemos facilmente desculpabilizar os actos. Daí até aos actos serem praticados em nome de um qualquer absoluto, vai um passo de formiga.
Não haverá nunca a paz de um "seja o que Deus quiser" para mim; o acaso é apenas isso, a motivação é apenas nossa, a responsabilidade deveria apenas cair sobre as nossas cabeças.
E por mais que tente, tanta vez, ser acutilante nas verdades que defendo, não consigo imaginar um mundo em que faça sentido obrigar todos os outros a assumirem as minhas verdades como as únicas, sem direito a livre-arbítrio que é, como qualquer pessoa que não queira mais do que um qualquer dogma bafiento sabe, bem diferente de qualquer tipo de libertinagem ou arbitrariedade.
A liberdade é feita de escolhas. A responsabilidade é nossa. As consequências serão apenas mais um calhau.
5 comentários:
É bom encontrar quem tenha ideias semelhantes às nossas.
Mas se acreditamos que todos somos iguais enquanto seres livres, temos de aceitar as escolhas de cada um e não impôr uma qualquer para todos.
Sabes, Maria Árvore, acho que no fundo ainda estou engasgada com os comentários absurdos de Aguiar-Branco àcerca do livre-arbítrio. E assustada por tanta gente ter medo da liberdade. Ser livre não é fazer sempre certo. É fazer o que parece mais certo num determinado momento, ponderando prós e contras. É também muitas vezes (tantas vezes!) encontrar um ponto de equilíbrio, o consenso possível. É escolher, decidir, opinar, argumentar, apresentar argumentos sem forma de chavões. Ser livre custa para quem decide, mas parece custar ainda mais para quem queria poder sempre decidir pelos outros. O livre-arbítrio é tramado: obriga-nos a viver com as nossas escolhas e as suas consequências. Mas antes assim do que o paternalismo mofado, o ver a mulher a ser tratada como idiota, libertina, fútil, desmiolada, lasciva, puta e (não poderia faltar, claro) terrorista, criminosa, assassina.
Mais Vozes
Muito bem O importante é sair de casa e agir.
Ricardo Garcia | Homepage | 01.31.07 - 12:11 pm | #
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Sem dúvida!
Já estás melhor?
:*
Hipatia | Homepage | 01.31.07 - 7:42 pm | #
Boa tarde, por acaso descobri o teu Blog, posso tratar-te por tu?, do texto Livre-arbítrio, concordo! Se puderes passa no meu blog e comenta.
http://avozlivre.blogspot.com/
Só por mero acaso encontrei este comentário. E, sim. Gosto do tutear :)
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