2011-05-27

Vale tudo?

aqui


É sabido que, em política, a moralidade sempre foi uma questão de maior ou menor jeito para criar e manter fachadas e, dos podres íntimos, a hipocrisia reinante nunca deu acordo. E, no entanto, a moralidade alheia tem sido amiúde usada e abusada em campanhas eleitorais, desde os tempos da relação extra-marital de Sá Carneiro até às alegadas preferências homossexuais de Sócrates. Mas não pode valer tudo quando as sondagens amofinam, bolas! Se há causa em que me empenhei nos últimos anos foi a da legalização da IVG. Vários estudos - não vou pôr os links, basta uma pesquisa rápida na net - mostram já que os cenários apocalípticos dos defensores do "não" se provaram errados. E que a lei passou e está em vigor e se bem que ache errado a isenção das taxas moderadoras, não podia estar mais contente com o resultado do que foi uma bandeira durante anos e anos de mulheres deste País, à esquerda e à direita do espectro político porque, no fundo, era uma questão de humanismo e humanidade. Nunca foi uma causa política, no sentido da política pequenina dos partidos minguados. Despenalizou-se a mulher, não se legalizou o aborto. Ponto. Devia ser ponto final. Mas não. Nunca nada é assim tão fácil quando há empates técnicos em sondagens. E é por isso que assistir agora ao ressurgir do tema para ver se há hipóteses de ir buscar uns votos me parece de profundo mau gosto. Pior: é hipócrita. E é por isso que naquele homem não voto e, sabendo que o branco tinha mesmo a minha cara desta vez, pensar que este caramelo pode ganhar as eleições e fazer conquistas sofridas retrocederem no tempo, me deixa profundamente agoniada. Sobra a esperança de saber que os políticos que temos nunca cumprem as promessas (ou ameaças) das campanhas eleitorais. Mas mesmo assim não para o vómito.

2011-05-26

Pudesse eu

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!

Sophia de Mello Breyner Andresen – Pudesse Eu

Há tantos poemas que poderia escolher. Há tantos que dizem o que não sei dizer, tecendo em palavras as emoções que me guiam. Há tantos, mas tantos poemas de amor, de dor, de negrume ou alegria, de paixões balançadas, ou de versos esguios. Há tanta palavra bailada, em ritmos sincopados, ou desenhando nas métricas pensamentos voláteis. Há tanto poema. Tanto! Que quase não sei escolher. E então fecho os olhos. E suspiro um "pudesse eu..." E deixo aqui Sophia. Porque sim. Porque há demasiados poemas. Ou porque estes quatro versos resumem o meu olhar sobre o futuro agrilhoado ao presente.

2011-05-24

Esta não é para a crise; é para a alma



[Coat of black, coat of black]
[Weary waiting, weary waiting]

I turn out the light,
We kiss goodnight.
And weary waiting,
Weary waiting to come closer,
Closer to where we belong.

Outside, the city children brandish,
Sharp, their knives - sharpen knives,
And come closer,
Closer to where we belong.

If I'll be weak,
Then you'll be strong.
When the night is long.

Trust all the years you'll wait to find,
This man, who's loved you your whole life,
So come closer,
Closer to where we belong.

Just close your eyes,
Let those foxes fight.
The children of this city sharp their knives [come closer],
Closer to where we belong.

And if I be weak,
Won't you be strong?
When the night is long.

If I'll be weak,
Chomreedhoo, chomreedhoo*.
When the night is long.

Close your eyes,
Let the foxes fight.
Close your eyes,
Come closer to where we belong.

Where we belong,
When the night is long.
When the night is long.

[*Manx Gaelic for 'coat of black']




Obrigada, miga!

2011-05-23

Bolas!



Estou há três semanas fechada em casa a trepar pelas paredes, com o pé esquerdo e o joelho direito às costas à conta de um fdp de um paralelo solto que me fez voar e aterrar muito mal sobre os pedantes. Amanhã sei se o futuro é mais uma semana de molho ou se posso começar a bulir, que tenho a vida demasiado estacionada. E não é que foi exactamente hoje que me ofereceram bilhete para "The National" logo à noite? De graça? E nem é pelos "The National", que já vi mais do que uma vez, mas antes por estes curiosos e deliciosos "Dark Dark Dark", que adorava ver. Não, não vou. Só a ideia de tentar chegar ao Coliseu galgando Passos Manuel me deixa doente. É saber como é o Coliseu. É saber que não me aguento nas pernas o suficiente. E é, sobretudo, ficar mais um dia fechada em casa, a trepar pelas paredes, sem ver os "Dark Dark Dark" e a dizer mal da vida. E do joelho. Sim, que agora é quase só o joelho, o tal que afinal não é preciso operar mas que, mesmo assim, não aguenta comigo, nem deixa de doer e me faz prisioneira a espumar de raiva, sabendo que não consegue subir (nem descer) Passos Manuel, muito menos chegar à tribuna do Coliseu e aguentar umas horitas em posição tolhida, na véspera de ir saber o destino final ao senhor ortopedista. E estou raivosa. Muito. Muito muito muito!

2011-05-20

Filhos e enteados

«Uma magistrada do Ministério Público foi detida em Cascais por um agente da Polícia Municipal por estar a conduzir em contramão e com uma taxa de alcoolemia de 3,08g/litro de sangue, o que constitui crime. No entanto, mais tarde foi libertada por um procurador seu colega»
Público

A ser verdade, é um vergonha. E, a ser verdade, gostaria de ver as partes exemplarmente punidas. Mas, a ser verdade, suspeito que nunca mais se ouça falar do assunto.

Da crise

aqui


Quase quatro décadas de democracia e os tecnocratas da treta saíram dos cueiros e os ex-fedelhos da vida fácil puseram-se à frente deste naufrágio anunciado. As eleições agora são espectáculo; as guerrilhas políticas fedem; o debate não vai trazer nada de novo e vai ser ganho pelo melhor artista. O povinho continuará fodido e a pagar a factura como de costume. E eu, rais’ma’parta!, vou outra vez ao voto útil. Siga!

Canções para a crise





Just travelling on a bus
From a friend's house,
And all these people are looking at me.
They're gazing out windows,
In any English country gardens.

But as gazes meet,
Vacancy shows on screen.
But I feel inside
The latent hysteria:
"Why is she looking at me?"

And as I drift from one to one I can see
They're all like me.
They've all got frightened eyes
Saying what they're thinking,
What they are doing tonight.

They've all got frightened eyes,
Saying, "Leave me alone,
I'm perfectly safe here inside.
Please don't surprise me."

Expressionless.
Everyone here loves cheap wine--
We all know good taste,
We just get too busy trying to find
The right games to play.

Impatient, aren't we all?
Watching the time trip by.
And all these people are looking at me.
They're gazing out windows.
They're burning up in there.

And as I drift from one to one I can see
They're all like me.
They've all got frightened eyes
Saying what they're thinking,
What they are doing tonight.

They've all got frightened eyes,
Saying, "Leave me alone,
I'm perfectly safe here inside.
Please don't surprise me.

2011-05-19

Canções para a crise



E como tudo o que é coisa que promete
A gente vê como uma chiclete
Que se prova, mastiga e deita fora, sem demora
Como esta música é produto acabado
Da sociedade de consumo imediato
Como tudo o que se promete nesta vida, chiclete

Chiclete, aua aua aua aua aua ah!
aua aua aua aua aua ah! (chiclete)

E nesta altura e com muita inquietação
Faço um reparo e quero abrir uma excepção
Um casse-tete nunca será não, chiclete

Pra que tudo continue sem parar
Fundamental levar a vida a dançar
Nesta vida que tanto promete, chiclete

Chiclete, aua aua aua aua aua ah!
aua aua aua aua aua ah! (chiclete)

E como tudo o que é coisa que promete
A gente vê como uma chiclete
Que se prova, mastiga e deita fora, sem demora
Como esta música é produto acabado
Da sociedade de consumo imediato
Como tudo o que se promete nesta vida, chiclete

Chiclete, aua aua aua aua aua ah!
aua aua aua aua aua ah! (chiclete)

Chiclete
chiclete (x4)

Chiclete (prova)
Chiclete (mastiga)
Chiclete (deita fora)
Chiclete (sem demora) (x...)

(...chi-chi-chi, chi-chi-chi, chiclete)

2011-05-16

Canções para a crise



I will stop
I will stop at nothing
Say the right things
When electioneering
I trust I can rely on your vote

When I go forwards you go backwards and somewhere we will meet

Riot shields
Voodoo economics
It's just business
Cattle prods and the IMF
I trust I can rely on your vote

When I go forwards you go backwards and somewhere we will meet

2011-05-15

Canções para a crise



Tu precisas tanto
de amor e sossego
e eu preciso de um emprego
se mo arranjares
eu dou-te o que é preciso
por exemplo o paraíso
anda ao deus-dará
perdido nessas ruas
vou ser mais sincero
sinto que ando às arrecuas
preciso de galgar
as escadas do sucesso
e por isso é que eu te peço
arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
concerteza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego
Se meto os pés para dentro
a partir de agora
eu mete-os para fora
se dizia o que penso
eu posso estar atento
e pensar para dentro
se queres que seja duro
muito bem serei duro
se queres que seja doce
serei doce, ai isso juro
eu quero é ser o tal
e como tal reconhecido
e assim digo-te ao ouvido
arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
concerteza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego
Sbendo que as minhas intenções
são das mais sérias
partamos para férias
mas para ter férias
é preciso ter emprego
espera aí que eu já chego
agora pensa numa casa
com o mar ali ao pé
e nós os dois
a brindarmos com rosé
esqueço-me de tudo
com o por-do-sol assim
chega aqui ao pé de mim
arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
concerteza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego
Se em mandasse neles
os teus trabalhadores
seriam uns amores
greves era só
das seis e meia às sete
em frente a um cassetete
primeiro de Maio
só de quinze em quinze anos
feriado em Abril
só no dia dos enganos
e reivindicações
quanto baste ma non troppo
anda, bebe mais um copo
arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
concerteza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego

2011-05-13

humm...

aqui

A minha relação com a fé organizada será sempre um "sei que não vou por aí". Mas às vezes era bonito acreditar. Nem que fosse por uma simples questão de estética.

Canções para a crise



Beneath the old iron bridges
Across the victorian parks
And all the frightened people running home before dark
Past the Saturday morning cinema
Lies crumbling to the ground
And the piss stinking shopping centre in the new side of town
I've come to smell the seasons change and watch the city
As the sun goes down again

Here comes another winter
Of long shadows and high hopes
Here comes another winter
Waiting for utopia
Waiting for hell to freeze over

This is the land where nothing changes
The land of red buses
And blue blooded babies
This is the place where pensioners are raped
And the hearts are being cut from the welfare state
Let the poor drink the milk
While the rich eat the honey
Let the bums count their blessings
While they count the money

So many people can't express what's on their minds
Nobody knows them
Nobody ever will
Until their backs are broken
Their dreams are stolen
And they can't get what they want
Then they're gonna get angry
Well it ain't written in the papers
But its written on the walls
The way this country's divided to fall
So the cranes are moving on the skyline
Trying to knock down this town
But the stains on the heartland
Can never be removed
From this country that's sick, sad, and confused

Here comes another winter
Of long shadows and high hopes
Here comes another winter
Waiting for utopia
Waiting for hell to freeze over

This is the 51st state of the USA

The ammunition's being passed
And the Lord's been praised
But the wars on the televisions will never be explained
All the bankers gettin sweaty beneath their white collars
As the pound in our pocket turns into a dollar

This is the 51st state of the USA

2011-05-12

Canções para a crise




Estupidez
Estupidez gananciosa
Leva-me o país prá cova
Estupidez gananciosa
Leva-me o país prá cova
Gestores, tangas, aldrabões
Já só falam de milhões
Mesmo que o resto fique a olhar
Sem ter um sítio seu para morar

Qualquer dia é tudo francês
Ou alemão
Mas não português

E depois
E depois, morreram as vacas
Ficaram os bois
Foram-se os dedos
Ficaram os anéis
E o resto
Anda tudo aos papéis
E é por isso
Que a meu ver
Está tudo mal, está tudo mal
Nesta Europa de Portugal

Qualquer dia é tudo francês
Ou alemão
Mas não português
Falta pedir ao rei espanhol
Licença para ir apanhar Sol

Uns à volta do tractor
Outros ó sr. doutor
Quem me tira desta aflição
Agarra-me aqui com a mão

Eu até era um homem honesto
Nunca fiz nada funesto
Pedi à Europa para me apoiar
E agora a minha sina é roubar

1º Ministro
1ª Dama
E tu, queres ir prá cama
Anda tudo a ver se mama
Nesta união da tanga

Qualquer dia é tudo inglês
Ou italiano
Mas não português

E depois
E depois, morreram as vacas
Ficaram os bois
Foram-se os dedos
Ficaram os anéis
E o resto anda tudo aos papeis

E é por isso que a meu ver
Está tudo mal, tudo mal
Nesta Europa de Portugal

Qualquer dia é tudo francês
Ou alemão
Mas não português
Falta pedir ao rei espanhol
Licença para ir apanhar Sol

Antes quero ser um Velho do Restelo
Que um fascista sem cabelo

Antes quer ser um Velho do Restelo
Que um fascista sem cabelo

Canções para a crise




in this proud land we grew up strong
we were wanted all along
I was taught to fight, taught to win
I never thought I could fail

no fight left or so it seems
I am a man whose dreams have all deserted
I've changed my face, I've changed my name
but no one wants you when you lose

don't give up
'cos you have friends
don't give up
you're not beaten yet
don't give up
I know you can make it good

though I saw it all around
never thought I could be affected
thought that we'd be the last to go
it is so strange the way things turn

drove the night toward my home
the place that I was born, on the lakeside
as daylight broke, I saw the earth
the trees had burned down to the ground

don't give up
you still have us
don't give up
we don't need much of anything
don't give up
'cause somewhere there's a place
where we belong

rest your head
you worry too much
it's going to be alright
when times get rough
you can fall back on us
don't give up
please don't give up

'got to walk out of here
I can't take anymore
going to stand on that bridge
keep my eyes down below
whatever may come
and whatever may go
that river's flowing
that river's flowing

moved on to another town
tried hard to settle down
for every job, so many men
so many men no-one needs

don't give up
'cause you have friends
don't give up
you're not the only one
don't give up
no reason to be ashamed
don't give up
you still have us
don't give up now
we're proud of who you are
don't give up
you know it's never been easy
don't give up
'cause I believe there's the a place
there's a place where we belong



E, não, não têm nada a ver com os homens da luta e a letra ridícula do pão e vinho. É de pão mesmo: aquele que faz falta nas mesas. O vinho pouco importa que IVA leva, que ninguém se entende em bebedeiras de palavras raivosas, catastrofistas, guerrilhas de interesse que pouco têm a ver com o interesse comum e se limitam a bebedeiras de fel. É desta coisa de sentir que estamos outra vez a aterrar nos anos 80 e que não é bonito. É mesmo só de pão. E de crise. E de canções que falam desta. Alguém se lembra de mais alguma?

2011-05-07

Demonologia(s)

.

«Les guerres se multiplient sur la planète et sont de plus en plus caractérisées par leurs composantes ethniques religieuses. Partout la conscience civique regresse et les violences gangrènent les sociétés. (...) La loi de la vengeance remplace la loi de la justice en se prétendant la vraie justice. Les conceptions manichéennes s'emparent d'esprits faisant profession de rationalité. Les fous de Dieu et les fous de l'or se déchaînent.»
Edgar Morin


O problema nunca esteve com a religião, afinal: todas elas apenas se esforçam por juntar os homens "sub-sino", reunindo em comunidade e fortalecendo laços. O pior são os homens que fazem as igrejas, os tais que se esquecem que não basta parecer bom e puro e imaculado. Há que praticar cada voto, não matar em nome da fé, não festejar uma morte em nome de um deus. Ou as fronteiras entre comunidades continuam fracturadas e fracturantes e os rancores alimentados de dogmas e cegueiras. E ódio. Destrutivo e obsoleto, porque fundamentado na ausência de diálogo, de prova e de razão e apto a julgamentos sumários e execuções breves.

2011-05-05

Brrraaaaaaggggaaaaaaaa!!!!!






«El equipo de Paciencia es el proletario de esta Europa League. Humilde, con los recursos justos y la calidad precisa para presentar batalla. Ni más ni menos. La superioridad, el factor desequilibrante lo descubre en su rigor táctico, su coordinación de movimientos, su solidaridad y una necesaria efectividad en los últimos metros.

Pero a todo ello el Braga le ha añadido carácter. Ése que te otorga el hecho de ir pasando eliminatorias. Sevilla, Arsenal, Liverpool... y ahora Benfica.»






(vou continuar a navegar pelos comentários estrangeiros, que, ao contrário do que se passa nas televisões portuguesas, têm a tónica em quem ganhou, em vez de só falarem num derrotado)

Desafio Literário

aqui

A I. passou-me este desafio e cá vão as minhas respostas. Não nomeio ninguém, mas quem por aqui passar e tiver vontade de responder, que pegue e leve que estas coisas, por aqui, têm piada e são de graça, que a troika ainda não as descobriu.

Cá vai:




1 - Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?

Vários. E faço-o ou já fiz. Um dos mais repetidos – e talvez por ser tão pequenino e por o perder e reencontrar tantas vezes – é da Ursula K. Le Guin e chama-se “Tão Longe de Sítio Nenhum”.

2 - Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?

Perdi a conta aos livros que nunca acabei. Gosto de ler, mas não o faço por frete. Nem manuais, nem novelas, nem romances, nada: se não me conseguem “prender”, devolvo-os à estante e sigo para o próximo, que ainda há muita coisa que não li e quero ler.

3 - Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?

Não faço ideia. Sou incapaz de escolher só um porque, como aliás com tudo na vida, os meus gostos adaptam-se aos humores e o que gosto hoje pode acabar por me cansar amanhã. Mas talvez a Enciclopédia Britânica desse algum jeito se não houvesse mais nada.

4 - Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?

Acho que não tenho nenhum. Não vejo motivo para deixar de ler um livro qualquer, ainda que possa haver coisas maravilhosas – e que desconheço – em línguas que não consigo perceber. Mas em português, inglês, francês, espanhol (italiano com um dicionário ao lado também era capaz de dar; o mesmo para o alemão e se tivesse mesmo de ser, que os dois anitos de aprendizagem ainda dão para perceber a lógica da coisa) marcha tudo.

5- Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?

Vários e normalmente distopias. Estou a lembrar-me, por exemplo, de “O Admirável Mundo Novo”, do Aldous Huxley.

6- Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?

Papei tudo o que a minha mãe não me tirou a tempo das mãos, desde BD até ao Júlio Dinis, passando por romances de cordel e as “Anitas” e os “Cinco”, os “Sete”, as “Gémeas” e a Agatha Christie, até bater de frente com o Eça e o Corto e passar a ser mais selectiva.

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?

Tirando qualquer calhamaço para qualquer cadeirão na Universidade e manuais de qualquer electrodoméstico, não estou a ver nenhum livrinho a que tenha feito o frete.

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.

Impossível responder a esta. Há demasiados e ia por certo esquecer-me de qualquer coisa importante. Nem sequer respondi a essa perguntinha no perfil do blogue. O mesmo para filmes e música, aliás.

9. Que livro estás a ler neste momento?

Tenho aqui os “Contos Carnívoros”, do Bernard Quiriny, para começar. Estou a acabar o “Deixemos a Liberdade Vencer”, de Nelson Mandela.

10. Indica dez amigos para o Meme Literário:

Estão abertas as inscrições. Tenham a bondade…

As eleições

aqui


Eu sou da geração que viu o comunismo e o socialismo de Estado pelo lado de fora com o seu pior ar e ainda acha que a Queda do Muro de Berlim foi das melhores coisinhas que aconteceram nos finais do século defunto. E na esquerda temos em Portugal dois partidos que só servem para estorvar e disso fizeram a razão da sua existência. Se um deles ainda apresenta, no meio de muita merda, algumas coisas com que concordo, os jurássicos do costume não têm para mim hoje uma única proposta com nexo, adaptada à realidade. E a utopia não enche a barriga e a utopia nunca foi o que praticaram, nem sequer o que é praticado nos regimes que, cegamente, alguns continuam a defender. E a minha ideia de oposição, em democracia, passa por muito mais do que só estorvar. Tenho destas manias de que eles estão lá para fazerem alguma coisa e não apenas para dizerem que o que é feito não serve, sem apresentarem qualquer alternativa com sentido. Depois, sendo de esquerda, fiquei sem o velho centro-esquerda em que me revia. Este PS é mais direita do que muito do que o PSD podia ou queria ser e hoje parece demasiadas vezes resumido a José Sócrates que, valha-me a paciência, é pior de engolir do que a pílula mais amarga ou uma colherada de óleo de fígado de bacalhau. E o PSD neste momento não é ou continua sem ser: um bando de cães atrás de um osso, em guerra de facadas em todas as costas que apareçam, não é alternativa para nada, muito menos quando contrata marqueteiros incompetentes para venderem a última figura vazia e a prazo de uma longa lista de queridos líderes. Quanto ao PP do PP é anedota: apesar da aparente coerência do discurso, não evita que me lembre das fotocópias, da vida de príncipe no forte militar, da Moderna, dos submarinos, ou do voto a preço de queijo limiano. Como se não bastasse, vai andar por cá a troika e, com um bocado de jeito, afinal o voto talvez não sirva realmente para nada. Às vezes pergunto-me se ainda vale a pena ir votar ou, estando o tempo de feição, não seria melhor ir ver o mar.

2011-05-04

Estranho!

.
«A comunicação de Sócrates ao país foi a maior humilhação que Pedro Passos Coelho poderia ter sofrido, a troika autorizou José Sócrates a fazer uma comunicação antes de um acordo com o PSD e em que o primeiro-ministro em vez de comunicar o conteúdo do acordo informou e tranquilizou o país afastando o cenário negro que estava a ser criado pela comunicação social. Foi uma comunicação inédita nestes processos negociais, antes da divulgação do acordo e quando se sabe que se está a meio de um processo eleitoral, um governo é autorizado a dizer aos concidadãos o que não fará parte do acordo. Pior do que isso, deixou no ar que o acordo com as organizações internacionais é o PEC IV e mais algumas medidas.»
O Jumento


Em Março passado, a oposição juntou-se para revogar a avaliação dos professores e foi humilhada pelo TC e juntou-se ainda para chumbar o PEC IV, levando à queda do Governo e sendo agora, aparentemente, humilhada pela tal da Troika que fez aprovar o PEC IV e mais umas coisinhas.

Sou só eu ou a oposição que temos não acerta uma e o mais certo é ter perdido as eleições com aquela comunicação ao País (no intervalo de um jogo de futebol?) de José Sócatres (com Teixeira dos Santos tipo múmia na lateral) e o seu anúncio, não do que aí vem, mas antes do que parece que nos safamos que venha?

Coisas tão estranhas que nos sobram da crise, caneco! A mais estranha de todas é não ter aparecido alternativa a Sócrates e o principal partido da oposição ter-se mostrado incompetente e incapaz para capitalizar uma vitória que, em Março, parecia mais que certa e maioritária. E à esquerda? Ontem, Louçã, no "Cinco para a Meia-Noite", lá ia dizendo que "Sócrates não ganha com maioria absoluta". Não era suposto estarmos antes a prever os números de uma suposta hecatombe eleitoral do PS?



2011-05-02

E agora?

aqui


É fácil perceber como um inimigo designado pode ser confortável. E, hoje, os EUA puseram fim ao seu inimigo designado de uma década. No entanto - e até pelo que percepciono da mentalidade americana e a forma como querem sempre ver o Mundo a preto e branco, onde eles são sempre os cowboys bonzinhos e os outros os índios a abater -, pergunto-me que inimigo irão agora designar. Faz parte e assim tem sido a postura da super-potência que restou da Guerra Fria e que continua à toa à procura do preto e branco. Mas não sei se me serve o simplismo do olho por olho, dente por dente; já era tempo de deixar certas justiças para o Tribunal Penal Internacional e esperar que "twelve good men and true" fosse mais do que uma frase sem sentido a nível internacional.

2011-05-01

Eleitoralismo incompetente

.

«O Tribunal Constitucional declarou hoje a inconstitucionalidade da revogação da avaliação do desempenho docente, cuja fiscalização preventiva tinha sido pedida pelo Presidente da República.(…)

A revogação do sistema de avaliação dos professores tinha sido aprovada a 25 de Março pela oposição parlamentar, com os votos favoráveis de PSD, PCP, BE, PEV e CDS-PP e contra da bancada do PS e do deputado social-democrata Pacheco Pereira.»

O Público, 29/04/2011


Cada um de nós, que trabalha ou já trabalhou, aprendeu rapidamente quais as suas funções e as suas competências e quais as que não são nem nossa responsabilidade nem nossa obrigação, muito menos nosso direito representar. E se é certo que muitas vezes nos caem em cima bem mais responsabilidades do que as que queríamos, porque não há gente que chegue, porque há quem esteja doente (alguns sempre doentes) ou de férias, porque o patrão quer poupar no pessoal, etc, etc, etc, também é uma questão básica do profissionalismo: saber que funções desempenhar e desempenha-las o melhor possível. Ora, tirando Pacheco Pereira e os deputados do PS (um e outros só nesta matéria, mas enfim…), parece que temos um bando de incompetentes na AR, com a mania das grandezas ainda por cima, a quem pagamos um chorudo salário para descobrir de quando em vez que nem eles sabem para que sentam o cu no hemiciclo. Eu também não. E se é certo que de x em x anos os tento despedir, também me parece que nesta matéria, nós povo – que seríamos teoricamente os patrões – nunca conseguimos invocar com sucesso despedimento com justa causa para nos livrarmos de vez da cambada. Acho que está na hora de rever o acordo colectivo de trabalho daquela “empresa”.

Maias

aqui