2007-03-29

La Alegria


Yasmin Levi

Gostamos de algumas coisas por motivos evidentes e de outras por motivos menos claros. Talvez neste caso nem seja bem a música e, no entanto, não faria sentido sem a música ou sequer sem a voz. Mas gosto da combinação dos dois nomes da cantora a dizer-nos que os opostos afinal são irmãos e das evidentes influências ciganas a dizer que, às tantas, são trigémios. E como tudo se pode condensar em harmonia, resumindo-se num ai comum. E gosto do bailado intenso e dos corpos luminosos entrelaçados e até do corpo encolhido e só. E da guitarra afoguentada. E dos tantos ais de uma alegria quase penada. Como reconhecer a felicidade quem nunca conheceu o desespero?

(Amanhã vou de férias!)

2007-03-28

Quebranto



Costumava cirandar com frequência e dar à língua, usando as teclas. Também era costume ter tempo para fazer essas coisas, antes de até as palavras se tolherem de fadiga. E costumava haver uma vontade imensa de lutar contra o cansaço. Acho que sabem quem está aqui em cima. Acho que já me devem ter visto por aqui algumas vezes e também era costume verem-me por outros sítios. Sou o boneco verde de pantufas roxas, com uma joaninha pendurada na peruca e uma chávena de café sempre cheia para segurar os dias. Às vezes ponho maquilhagem ou tomo vitaminas: nuns dias resulta; noutros não. Ultimamente, o café não tem feito efeito e as vitaminas acabaram. Ultimamente, a pintura tem estado sempre borrada. Ultimamente, aliás, só penso na próxima sexta-feira em que vou, finalmente, arejar a joaninha…

2007-03-27

Fake Plastic Trees



But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run

And it wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out

Talvez seja uma espécie de fuga, como se quase não tivesse importância, como se a opressão, a ditadura, o medo, nem tivessem muita importância num esquema muito leve da realidade. A História continuará e se antes se fazia a História dos vencedores, agora faz-se a História da desmemorização. No fim, talvez seja essa a realidade breve, sem importância, tipo jogo com votações que dizem que há, e valores acrescentados só porque sim. Uma breve realidade para além de qualquer realidade da História: os interesses brevemente a nu, à procura do próximo fogacho breve e brevemente esquecido. Breve, brevíssimo… Siga!

2007-03-26

O 'Botas' ganhou?


aqui

Não fosse o programinha uma verdadeira anedota, diria que o País tem os programinhas - ou os arranjinhos - que merece. Falta saber se começamos a rir ou a vomitar...

Obrigada!


aqui

Sou uma mimalha e nunca o tentei esconder. E adorei todos os miminhos que me deixaram este fim-de-semana. São todos uns queridos!

2007-03-24

E pronto!


aqui

O ariano sabe que a franqueza define, delineia e fortalece as pessoas e que a melhor maneira de se lidar com qualquer problema é enfrentando-o, nunca fugindo, encolhendo, evitando ou negando a sua existência.[1]


Enfrentemos, portanto, a coisa: é só mais um!

Convido-vos para a minha festa. Sejam bem-vindos a mais esta minha primavera.

___________
[1] aqui

2007-03-23

Parabéns, Lyra :)


aqui

Lá porque a barca atracou em Junho do ano passado, não esqueço que hoje é dia de festa :)

2007-03-22

À moda da casa


aqui

Na minha terra chamam-se tricoteiras às vizinhas que, de varanda a varanda, vão tricotando as vidas alheias, devassando, aumentando, difamando. São normalmente carpideiras da pior espécie, alegando um mundo de boas intenções, de Deus na boca para tudo, menos para o que realmente importa. E têm, quase sempre, a capacidade infinita de verem apenas os defeitos dos outros, sem notarem o que lhes vai porta adentro.

Existe um mundo de explicações para justificar os actos de tais pessoas e nem sequer se pode negar que, em alguns casos, falam sobre factos. Só que nunca são os factos que contam em situações assim. E nunca, mesmo nunca, se ouvirá alguém a chamar jornalistas a tais comadres.

2007-03-21

'A força que tem um verso'


Gosto de pensar que a Primavera se inaugura em poesia e deita as raízes à terra para se fazer árvore num esplendor verde de esperança renascida. E queria saber escrever versos e não sei, para assim dizer o quanto – apesar do frio, do cansaço, da apatia – Março marca para mim o início de mais um ciclo.

O meu ano começa sempre por entre as andorinhas que chegam, as chuvas coloridas por raios preguiçosos de sol a aquecer, pelo pólen que se espalha pelo ar e se concentra nos meus espirros, pelos dias que crescem do outro lado da janela onde prendo os dias...

Só me falta o verso certo, alegre, espevitado, pleno de significado. E nunca castrado, obviamente… Mas não sei fazer versos, mesmo quando me afogo em poesia.

Está frio!


aqui

A little Madness in the Spring
Is wholesome even for the King,
But God be with the Clown—
Who ponders this tremendous scene—
This whole Experiment of Green—
As if it were his own!

A little Madness in the Spring - Emily Dickinson


Nem a Primavera me apetece... E, raios! Também não me apetece mais uma primavera!

2007-03-19

Ai tia!


aqui


Alguns beberam chá em pequeninos; outros gostam de dizer que beberam. Mas, quando o circo pega fogo, lá se vai a pose às urtigas e num instante se vê como foge o pé para o chinelo. Aprende-se tantos nas feiras deste País!…

Aqui está, Fábula


Juan Miró


1. Qual é a sua maior qualidade?
Acho que é ter poucas teias de aranha no sótão


2. E seu maior defeito?
Sou egocêntrica


3. A característica mais importante num homem?
Uma cabeça desempoeirada


4. E numa mulher?
Futilidade moderada


5. O que você mais aprecia nos seus amigos?
Que estejam lá quando preciso, mas que me deixem espaço para precisar


6. Sua actividade favorita é…
Falar (pensavam que ia dizer outra coisa, não é? Eheheh)


7. Qual a sua ideia de felicidade?
Não ter grilhetas, nem me sentir acomodada, para me poder dar por inteiro


8. E o que seria a maior das tragédias?
Perder o sentido de mim, ficando agrilhoada a um corpo ou uma mente incapazes.


9. Quem você gostaria de ser, se não fosse você mesmo?
Gosto de mim. Demorei tantos anos a gostar, que agora não me troco


10. E onde gostaria de viver?
Serve a velha treta do amor e uma cabana, numa ilha deserta com aspecto de spa de 5 estrelas?


11. Qual sua cor favorita?
Vermelho


12. Uma flor?
Uma papoula rubra num campo dourado


13. Um pássaro?
Uma andorinha


14. Seus autores preferidos?
Não saberia hierarquizá-los. Todos os que me emocionam profundamente e me fazem pensar, ficando cá dentro qualquer coisa a roer na memória. E cobrem um leque bem alargado, desde a ficção científica a um bom policial. Dependem sempre dos moods, claro


15. Os poetas que mais gosta?
A resposta é semelhante à de cima, mas mais fácil ainda assim, porque gosto menos de poesia do que de prosa.


16. Quem são seus heróis de ficção?
Corto Maltese, que nasceu sem linha do destino na palma da mão e a desenhou a golpe de faca.


17. E as heroínas?
A Penélope, pela paciência que não tenho de esperar e esperar e esperar...


18. Seu compositor favorito é…
Saint-Saëns

19. E os pintores que você mais curte?
Tenho uma paixão assolapada pelo Juan Miró


20. Quem são suas heroínas na vida real?
As mulheres de África talvez e a minha mãe, sem dúvida


21. E quem são seus heróis?
Todos aqueles que, com prejuízo de tudo o que tinham ou pudessem vir a ter, não se coibiram de agir quando foi preciso. Exemplo: Aristides Sousa Mendes


22. Qual sua palavra favorita?
Paixão


23. O que você mais detesta?
Prisões


24. Quais são os personagens históricos que você mais despreza?
Ditadores de toda a espécie, à esquerda e à direita; os cobardes do costume, bufos das infelicidades alheias


25. Quais dons naturais você gostaria de possuir?
Paciência


26. Como você gostaria de morrer?
A foder


27. Qual seu actual estado de espírito?
Cinzento e ventoso, como o dia


28. Que defeito é mais fácil perdoar?
A deselegância


29. Qual é o lema da sua vida?
Em frente é que é o caminho


As vítimas:

2007-03-15

Parabéns, Gaivina!


aqui

Bem sei que merecias bem mais do que a pobreza de uma simples vela. Mas ando tão cansada que não tenho nem forças para fazer o bolo.

Leva pelo menos o meu beijo e espero que estejas a ter um dia feliz, de preferência bem melhor do que o meu.


E um beijo também para o Erecteu :)

2007-03-14

Amarelinho?

A man falls in love through his eyes, a woman through her ears.
Woodrow Wyatt

Estou muito cansada e a dever respostas e há ainda os comentários cada vez mais frugais que vou deixando pelos blogues amigos... Mas até me parecia mal se não deixasse por aqui uma pequena provocação: como é, "gaijos"? Já não há homens a ler a Voz? Ou não encontram nada para contrapor aos argumentos femininos? Estou quase desapontada. E só não estou mesmo desapontada porque as comentadoras da Voz souberam honrar esta condição de se ser mulher e gostar de homens por motivos bem menos óbvios do que as mamas da Scarlet que alguns tanto gostam de pespegar na primeira página para alguns outros irem lá babar... tss! tss! tss!

Stuart A. Staples


My Oblivion - Tindersticks

Olha lá, gata, se eu te chamar assim vens cá ajudar à festa?

2007-03-13

Obviamente!

Nick Cave - Ship Song

Come sail your ships around me
And burn your bridges down
We make a little history, baby
Every time you come around


Sabes
, ainda não me tinha lembrado dos cantores. Mas não posso deixar de concordar com a Woman Once a Bird: Nick Cave é Nick Cave, carago! E a Ship Song é mesmo aquela música de fazer meninos bem feitinhos, porra!

E, à conta disto, lembrei-me que amanhã ainda pode haver um post sobre o Stuart Staples e depois outro sobre o Thom Yorke e depois... hmm…

(Ai, loiro, que estou a precisar ronronar ao telefone!)

2007-03-12

Ui!



Olha, minha querida, claro que a bomba de gasolina está muito bem e coisa e tal, que nós gostamos sempre quando eles demonstram que sabem dançar como é preciso. Mas e a voz?… ui! Eu quero lá saber como isto vai parecer, mas a verdade é que há vozes que são puro tesão. E a deste homem pode provocar orgasmos múltiplos, caraças!

eheheh


aqui

Fui promovida a tia e gostei muito :))

2007-03-11

(...)



Acho que os meus fins-de-semana passaram a ter destino certo... Desde que haja sol, claro.

2007-03-08

Mulher



You gotta be fortunate
You gotta be lucky now
I was just sitting here
Thinking good and bad
But I'm the kinda woman
That was built to last
They tried erasing me
But they couldn't wipe out my past

To save my child
I'd rather go hungry
I got all of Ethiopia
Inside of me
And my blood flows
Through every man
In this godless land
That delivered me
I've cried so many tears even the blind can see

Chorus:

This is a woman's world.
This is my world.
This is a woman's world
For this man's girl.
There ain't a woman in this world,
Not a woman or a little girl,
That can't deliver love
In a man's world.

I've born and I've bread.
I've cleaned and I've fed.
And for my healing wits
I've been called a witch.
I've crackled in the fire
And been called a liar.
I've died so many times
I'm only just coming to life.

My blood flows
Through every man and every child
In this godless land
That delivered me
I cried so many tears even the blind can see


Tinha pensado não dizer mais nada sobre o dia 8 de Março depois da breve referência no post infra e depois de ter deixado à Cristina o Auto-Retato da Natália Correia numa caixa de comentários. Mas a I fez-me mudar de ideias. Talvez porque se debata com o mesmo nojo que eu entre a necessidade de ainda haver um dia da desigualdade e a necessidade de manter essa data para almejar à paridade. E talvez por isso fui buscar a Neneh Cherry e esta letra magnífica. Magnífica!

Silent Spring


aqui

We still talk in terms of conquest. We still haven't become mature enough to think of ourselves as only a tiny part of a vast and incredible universe. Man's attitude toward nature is today critically important simply because we have now acquired a fateful power to alter and destroy nature.
Rachel Carson


Em 1962 foi publicado um livro chamado Silent Spring. A sua autora, Rachel Carson. Hoje parece óbvio que foi essa obra que deu origem a toda uma linha de pensamento que desagua em espectáculos mediáticos, como a entrega dos Oscares ou os € 1500,00 que Al Gore cobrou em Lisboa para dizer o óbvio.

Na verdade, disponível para quem quiser ler mais do que as súmulas fáceis ao alcance de qualquer link, existe publicada desde a década de 60 uma bibliografia cada vez mais extensa, em que diferentes apelos sustentam que, para reduzir a degradação ambiental e para a humanidade salvar o seu habitat, as sociedades deveriam reconhecer que a Terra é finita, no sentido que a capacidade de recuperação ambiental do planeta não é inesgotável.

Este tem sido o grande núcleo do discurso verde. A sua assimilação tem sido lenta e, muitas vezes, alvo de ataques cerrados de lobbies estabelecidos. Rachel Carson, por exemplo, foi violentamente atacada pelas empresas que dominavam o mercado de pesticidas. Foi acusada de exageros e até de mentir quando sugeriu que o DDT era cancerígeno. Mas hoje (espera-se) já ninguém usa DDT...

Há um tempo para tudo. Um tempo para vozes solitárias com uma causa; um tempo para questionar; um tempo para tentar compreender; um tempo para contemporizar e estudar alternativas, um tempo para transformar as causas em circos mediáticos com evidentes laivos de hipocrisia... Até há um tempo para profetas e, como sempre, alguém que se senta (ou tenta sentar) no trono de S. Pedro. Nas questões ambientais, também isso se passa e Al Gore só está a tentar o caminho óbvio para se transformar em Papa da sustentabilidade.

E eu, que sempre gostei pouco de religiões organizadas e a forma tentacular como se agarram ao poder e ao compromisso, não preciso gostar para lhes reconhecer alguns méritos: alguma parte da mensagem passará algum dia e talvez os filhos (que não tenho, mas isso agora pouco importa) dos meus filhos tenham ainda um mundo decente onde viver, com biodiversidade (que a Terra não pertence só ao Homem), ar para respirar, terra arável, água pura ou uma atmosfera viável. Até porque o meu cinismo ainda não chegou ao ponto de achar que, como tudo, até nós não passaremos de poeira na História e, por isso mesmo, pouco importa agir.

Talvez por isso, hoje - neste dia que dizem que é de homenagem às mulheres -, o meu elogio continua a ir para Rachel Carson. A sua mensagem passou, pouco importando se tudo o que disse estava correcto. O essencial ficou e fez a diferença: a Terra, vista agora como a nossa casa em perigo, tornou-se finita aos olhos do Homem. E se ainda temos pássaros a cantar em cada Primavera, talvez seja porque esta mulher se decidiu a falar.

2007-03-06

É Março…


aqui

Olhando para trás, recordado o meu corpo adolescente que tanto odiei e olhando este corpo de agora que aprendi a amar, sinto que deitei tempo fora com uma insignificância. Existem inseguranças ainda, claro (que mulher não as tem?), mas aprendi a vê-las quase como uma precaução contra os excessos intempestivos. E evitam-me as imprudências, de certa forma, salvando-me de confrontos desnecessários com desvarios egocêntricos.

Sei que há dias em que me olho ao espelho e me sinto muito poucochinha. Só que aquilo que só a idade me ensinou é que essa insegurança tem muito pouco a ver com o meu corpo. Não podia continuar a culpar o meu corpo - como fiz durante muitos anos - pela forma deslocada como sempre me vi no mundo. E hoje em dia assusta-me bem mais estar padronizada, homogeneizada, sem pingo de criatividade ou garridice, sem chama.

Acho que tem a ver com o que chamam maturidade e é bem mais do que as cãs que me pintalgam os cabelos ou o quão mais difícil parece hoje perder ou ganhar um par de quilos. Mas há um conforto com a própria pele que antes não conhecia. A maturidade trouxe-me também essa independência e já não me assusta a autonomia enquanto cobiço o conforto de estar diluída na multidão. Mesmo que esteja, porque estou. Só que a busca já começou a ser feita no sentido inverso…

2007-03-05

Esse grande filho da Pátria ©


aqui

Que visão, que estadista de estalo, esse Salazar. Um museu que nos lembrasse a privação de liberdade, a ausência de democracia, a menoridade das mulheres, o analfabetismo, esse belo país tão bem representado pela imagem do burro e da carroça, como éramos vistos pelo resto do Mundo. Acho mesmo que é urgente a constituição de um museu assim. O meu voto de apoio ao senhor presidente da autarquia de Santa Comba Dão.

Carlos Narciso

O que senti ontem, ao ver as imagens daqueles habitantes de Santa Comba de cartazes na mão a apelar ao regresso de Salazar, de mão estendida em jeito de saudação nazi, de vozes ao alto a vociferar contra os "intrusos que invadem a sua terra", ao ver uma mulher, ainda jovem, possivelmente já nascida na Democracia que o seu conterrâneo nunca permitiu, a gritar "Viva Salazar", foi vergonha e foi repulsa.

Isabel Faria

Que não se espante a direita e os arremedos fascizóides que por ai não param de cantar de galo hoje em dia, se esses tais que deram o corpo e o sangue agora recusem o museuzito. É que ainda estão vivos muitos dos que sofreram a tortura na pele, dos que tiveram que emigrar à força, dos que conheceram Peniche e o Tarrafal por dentro, dos que ficaram sem carreira porque algum bufo os denunciou, dos familiares dos que caíram nas ruas mortos pelas costas… Esses, que não esquecem, têm direito a não querer lembrar.

Tomás Bento


O título do post pertence a Carlos Narciso. E estas são opiniões que perfilho.

2007-03-04

O desafio do Tozé


aqui

A torrente de fragmentos de memória, em luta constante naquele lugar perdido entre a consciência e a inconsciência, inscreve-se em sangue e dor, ganhando preeminência entre os pensamentos difusos. Os reflexos errantes do que foi e do que poderia ter sido, esmagam os risos e até o gesto mais simples esbarra na frieza da matéria, no chão frio das recordações perdidas. Para além do que recorda agora, a prosa sibilina e soluçada do passado perde pedaços com o tempo que passa. Os traços deste Inverno deixam marca. É difícil perder a fé num frio assim. E em sonhos, por entre os lábios quase cerrados, da sua boca saem murmúrios de preces pelo futuro. É preciso segurar o que foi, porque parte perdida não é parte alguma e é no íman da paixão passada que se deixa desaguar, dócil. Dobra o corpo numa posição fetal, aquece as mãos geladas entre as coxas e, por fim, recolhe em sonhos os pedaços perdidos do que foi e do que é, para continuar a ser.

2007-03-03

Às escuras


Kaos

E quando o fulano achou que tinha encontrado o momento certo para refocar a luz dos holofotes, vai que dos lados da Luz morre o Bento e o tiro semi-sai-lhe pela culatra. Da semana, rapidamente se esquecerá a manifestação e as fotografias de demasiada gente de cabelos demasiado grisalhos e forte cheiro a aposentadoria (terá sido de propósito?) ou as OPAs que não opam, ou as câmaras ardentes da política municipal. Muito menos se recordará mais um achaque de vedetismo vindo dos lados do ex-ministro das fragatas contra o barco do aborto. O povinho, farto que anda de tudo o resto, reteve na memória um óbito e falava do grande guarda-redes, lamentando a partida extemporânea. Queria lá saber dos PP e afins! É que, se formos a ver bem, para o povinho só recordado de quatro em quatro anos, o futebol, apesar de todos os apitos, ainda lhes dá algumas alegrias por época. Podem até nem levar nenhuma taça, mas de algum jogo hão-de sair vencedores. Mas, com os políticos que temos, há muito que o povinho sabe que está enrascado em armadilhas onde todos parecem ganhar, menos o povinho. E nem importa quantos beijos besuntados serão distribuídos pelas feiras do País.

Promoção Comercial


aqui

Será que se eu ajudar a divulgar tão valorosa e valiosa empreitada ainda sobra um qualquer quebrado para mim?

O desafio da Vague


aqui

Curiosas como só as mulheres sabem ser, as contadoras de histórias, esquecendo qualquer temor, seguiram pela estrada fora até ao local de encontro com o estrangeiro, um espião perfeito e cheio de truques, que lhes prometera em segredo fazer um relato parcial das suas famosas crónicas abissínias.

Os livros:
As Contadoras de Histórias, Fernanda Botelho
Pela Estrada Fora, Jack Kerouac
O Estrangeiro, Albert Camus
Um Espião Perfeito, John Le Carré
Crónicas Abissínias, Moses Isegawa

A conclusão:
Estou a precisar organizar a estante aqui mesmo em frente ao computador, para ver se os livros ficam emparelhados com algum sentido...

2007-03-02

Pequeno ataque de rabugice provocado pelo sono


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Quando e como terão esquecido que a roupa é acessório e, sem personalidade, ninguém passa de uma cruzeta?


(Pronto! Já desabafei… Agora vou dormir)

2007-03-01

Todos os caminhos...


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Em tempo de Fantas, é certo que o Metro facilitou a minha vida. Pena é ainda não terem tratado de dar luz verde às linhas em falta, nomeadamente a que me vai permitir (num dia que me parece cada vez mais distante) dispensar o carro ao longo de todo o percurso até ao centro da cidade. E talvez o Porto se ressinta – demasiado vazio e deserto tanta vez nos horários pós-laborais – da confusão que é a tal da intermodalidade e, mais ainda, dos preços do que deveria, de facto, ser a alternativa "limpa" a este querer ainda viver esta cidade preciosa sem recorrer a alternativas poluentes.