2023-12-31

Feliz ano novo!


A todos os amigos de muitos Natais, a todos os amigos recentes, à família que está perto, à família que está longe, aos que posso abraçar amanhã e a todos aqueles que teimam pela ausência, desejo-vos o melhor para este ano que se apresenta. Sejam felizes!

2023-10-07

Valores


Anna Politkovskaya foi assassinada a 7 de Outubro de 2006. Lembro-me de um cartaz que então perguntava se vale a pena morrer pelo jornalismo. E lembro-me de achar, como acho ainda, que a pergunta estava errada: o que sempre esteve em causa é se vale a pena morrer pela liberdade de expressão e de pensamento. Pobres de nós quando nos vemos reduzidos a morrer por um ofício e o seu soldo correspondente, já sem acreditar em qualquer valor fundamental.

2023-10-01

Dia Mudial da Música

Talvez um dia eu perceba por que é que alguém como eu, incapaz de cantar afinada até para salvar a vida, consegue gostar tanto de música...

2023-09-23

(...)

Acho mesmo que a grande maioria dos conceitos em que costumávamos assentar as nossas (re)construções do real está esgotada, vazia de sentido. Talvez por isso pareça ser, tanta vez, uma época de crise e caos: nem temos sequer as palavras certas para dizer o nosso mundo. Talvez seja necessário inventar um glossário novo até para a nossa rebeldia, ainda que mais por inépcia e comodismo do que propriamente por convicção.

2023-09-19

Apre!


Faz falta à memória coletiva relembrar o que foi, como foi e o que éramos e podíamos ser num período dominado por ideais de inspiração fascista, isolacionista e utilização da História para engrandecer gostos pequeninos, agora novamente tão à mostra neste moderno parolo-patriotismo revisionista com que se dá em cada esquina.

2023-09-17

Parece que afinal a estátua fica, mas...


Estou tão, mas tão farta de falsos moralismos e de me tentarem enfiar pela goela abaixo todos os absurdos "politicamente corretos" que tentam tratar os cidadãos como débeis mentais e mantê-los em permanente conflito por ninharias fabricadas para que ninguém se junte e reclame pelo que realmente importa ao povo e não às elites de barriga farta e papo cheio, cheias de tempo para debater absurdos.

2023-08-24

Fest(inha)


Um dia cheguei a casa e criei um blogue. Ou melhor, comecei a criar um blogue... 

Foi em 2004 e hoje faz anos :-)

2023-08-03

Agnóstica

Acho que não tenho em mim a capacidade para a fé. Nunca seria capaz de me sujeitar a uma religião organizada, nem mesmo se ela se travestisse com bigodes de Estaline ou algo parecido. E era tão mais fácil! O calhau já não era só meu para carregar encosta acima todos os dias. Mas, depois, acho sempre que deve ter havido qualquer coisa que criou o próprio primeiro movimento "natural" que faz o calhau rodar encosta abaixo. E se bem que os fractais já nos tenham provado sobejamente que pode haver harmonia e beleza no caos, não há como não querer acreditar que tem de ter havido uma causa primeira, antes de todas as causas e todas as coisas, que pôs tudo em movimento. É ai que esbarro na falta de um Deus. Não o Deus das religiões, sacras ou mundanas, mas um à minha medida e à falta que me faz. A falta que provavelmente me continuará a fazer, por mais fácil que fosse, que tudo o mais não pode ser apenas justificado por um sopro inicial de divino. Mas é também por isso que me mantenho agnóstica.

2023-03-06

Mais um luto...

Nestes dias em que o absurdo se instala, corrosivo, não sei como escapar aos meus silêncios. Não me apetece a amargura que tenho agrilhoada às palavras.

2023-02-04

Poluição sonora

Nunca gostei de cliques, claques e tribos, nem tenho uma agenda a rebentar pelas costuras com planos para todos os dias da semana. Estar sozinha ou estar só nunca foram a mesma coisa no meu dicionário e a sociabilização forçada, tantas vezes gratuita, tantas vezes sem sentido, tem a ver apenas com quando, quanto e onde estou disposta a ligar o botão do “on” e fazer parte da festa ou, pelo contrário, prefiro ficar um pouco de lado a medir o que se passa, deixando-me levar pela corrente em vez de estar no meio das ondas, a fazer as ondas, todos os segundos. Há cada vez demasiados dias em que só queria, realmente, estar "off".

2023-01-01

Bento XVI

Eu nunca gostei particularmente do Papa que sucedeu a João Paulo II. Não gostei de quase nada do que fez ao longo do pontificado, dos retrocessos evidentes que lhe encontrei em direcção a padrões de fundamentalismo que pensei que o Catolicismo estaria paulatinamente a abandonar, desde as missas de costas voltadas para os fiéis, passando pelo facto de me ter chamado terrorista aquando dos debates sobre o referendo à IVG, com os escândalos da pedofilia dos padres de permeio e acabando no canto gregoriano. Não que eu tenha alguma coisa contra o canto gregoriano, ou sequer o Latim, mas pareceu-me sempre estranho que o chefe da ICAR se empenhasse em transformar as celebrações de fé em algo em que os crentes permanecessem alheados, como que meros espectadores do evento, em lugar de envolvidos e participativos no mesmo. Mas eu não sou católica e, por isso, pouco caso haverá a fazer aos meus "achismos".

E, no entanto, em alguns momentos, Bento XVI conseguiu surpreender-me profundamente, eu que sempre fui tão renitente em apreciar-lhe qualquer qualidade. Como a sua valência como cientista e a forma como tentou conciliar a racionalidade da ciência com a sua fé. Ou como quando decidiu ser Papa Emérito,  reconhecendo, talvez, que o seu tempo - e o seu propósito - após a morte de um Papa tão amado como João Paulo II, tinha passado. E com a sua renúncia foram-se os meus "achismos", especialmente quando, tendenciosa, o culpava a ele de tanta coisa que, como se viu depois, pouco ou nada teria sido capaz de alterar se não  renunciasse. 

Ser chefe máximo da ICAR é ter um tremendo poder nas mãos; será talvez também um fardo impensável. Mas os grandes homens, mais do que saberem persistir, devem saber quando chega a hora de saírem de cena. Partiu agora de vez e, olhando para trás e para a História, partiu com o respeito de todos e saudades de muitos. Eu? Eu agradeço-lhe particularmente não ter  voltado a assistir a uma agonia televisionada, como a de João Paulo II.