2008-03-31

Cheio

Mas na janela o ângulo intacto duma espera
Resolve em si o dia liso.


Sophia de Mello Breyner Andresen - Final


Se me pedisses para descrever o silêncio hoje não saberia como o pintar. É que ele anda quase sempre de branco, opressivo e enganador, comendo-me os recantos das sombras e da intimidade. Ou então de luto cerrado quando me perco de mim. E noutros dias tem ainda a cor das insónias, raiando o espaço de cornucópias e clarões de luz difusa.

Mas às vezes o silêncio tem também um certo odor a paz, a calma, a desenlace. E porque só aparece assim em momentos tão contados, nunca cheguei a saber como o pintar. Por isso, não o pinto. Deixo-o tingir-se das cores que quer e dos cheiros que precisa. E deixo-o apenas ficar. Ficar comigo, de mansinho.

Gosto deste silêncio de fartura, preenche-me. Vem depois de abraços, de saudades, de beijos e de partilhas. Vem e fica, por instantes. E só não lhe sei a cor.

Mas vou dar-lhe um cheiro. E talvez pelo nariz consiga voltar a farejar este silêncio quando ele, insidiosamente, de surpresa, resolver voltar a abordar-me como um qualquer silêncio descolorido, mas com aroma a casa e a prazer.

Ai mudou a hora?




Descobri a meio da auto-estrada que estava atrasada uma hora. Uma coisa é certa: não devia haver destas alterações quando uma pessoa nem sente o tempo a passar. Que tempo tão chato! Só corre quando não deve. Ora bolas!

Bem, estou de volta à labuta. Snif!

2008-03-25

Obrigada!



Você só ganha o que você merece

Será? Há dias em que tenho a certeza que me dão bem mais do que mereço. Como ontem.

E agora fazer as malas... até já :)

2008-03-24

Hoje sou pequenina!



E pelo quarto ano, junto-me a vós. Já dei tanto de mim por aqui que este ano resolvi dar mais um bocadinho. É que até o anonimato chega a ser relativo, certo? E, sim, há uma cara por trás da Voz e das palavras.

Bem, isto tudo para dizer que estão convidados para a festa. A minha festa. E, já sabem, neste dia podem estragar-me com mimos. Eu gosto!


(a composição da imagem é do Paulo Vinhal)

2008-03-22

Chuckies


aqui

Como é estranho que, há conta da criatura mal-educada e malcriada que resolveu agredir uma professora no Carolina Micäellis, tantos agora se prontifiquem a responsabilizar os pais quando, nem há bem uma semana, atirariam toda a responsabilidade pelos comportamentos dos filhos para bem longe deles...

2008-03-21

Um desafio


aqui

Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades

Sophia de Mello Breyner Andresen - Exílio



No Dia Mundial da Poesia, deixo-vos um desafio: um poema pela Paz e pelo Tibete.

É lamechas? É pois! Mas quem quiser pode participar nas condições do costume.

Tempo de agir



Petição para o Presidente Hu Jintao:

Nós cidadãos do mundo pedimos ao governo chinês que tenha cautela e respeito pelos direitos humanos em sua resposta aos protestos no Tibet. Esperamos que os assuntos que dizem respeito aos tibetanos sejam tratados por meio do diálogo com o Dalai Lama e não pelo uso da força. Somente o diálogo e uma reforma irão trazer uma estabilidade duradoura. O futuro promissor da China e sua relação positiva com o mundo dependem de um desenvolvimento harmonioso feito de diálogo e respeito.


Assine a petição aqui.

2008-03-20

Finalmente!


aqui


Estou de férias, carago!

E aviso já que são ainda férias do ano passado, não gozadas, para todos aqueles que acham sempre que tenho férias a mais.

Pena que o tempo não queira colaborar. Mas, nem que chovam raios e coriscos, para a semana estou na mourolândia. Também é preciso, de vez em quando, descer a visitar os infiéis, já que eles parecem nunca conhecer as plaquinhas nas estradas que apontam para norte. Cambada de desnorteados!

Minudências

Ontem encontrei o primeiro "chefe" que tive. Já não se lembrava de mim. (Não me espanta: eu tenho esta peculiaridade de me tornar invisível na memória de algumas pessoas

e

Sabe bem quando nos dizem que, de alguma forma, interferimos na vida dos outros... que deixámos marcas positivas, mesmo que os ecos nos cheguem dez anos depois...

Deep



Menina, repara que ao ler-te apenas pensei que nunca se é invisível para quem realmente importa :)

2008-03-19

Dia do Pai


aqui

Sendo que durante a Quaresma nenhum dos rituais me dizem respeito (e por mais aparvalhado que me pareça o comércio à volta da data), não há como deixar escapar o aliviada que me sinto por ainda ter o privilégio da companhia do meu pai. E hoje o dia é dele!

2008-03-16

Sweet Sixteen


Found at bee mp3 search engine



Serei um ser anacrónico, pelo que me é dado ver. Cada vez acho mais que sou. E, em muitas coisas, não o serei sequer pela minha mão.

Sou profundamente igual a toda a gente, tão igual que estou perfeitamente em casa dentro da multidão. Sou caucasiana num país maioritariamente caucasiano; praguejo invocando o nome de Deus ou o do seu filho como toda a gente; sou mulher, como cerca de metade da população e heterossexual como a maioria; não tenho qualquer impedimento físico, ainda que a carta de condução fale em óculos ou óculos especiais e os impedimentos emocionais têm sido até agora coisa apenas minha. Sou profundamente banal e simples e anónima. Em muitos dias, sou profundamente anódina também, que não é preciso andar a dar nas vistas para se ser.

E sou muito – tanto! – fruto da educação que me deram em casa. Os meus pais puseram-me uma série de limites e obrigações enquanto crescia. E a responsabilidade para lidar com as consequências, mas apenas quando demonstrasse capacidade para entender e interiorizar as consequências das minhas escolhas, especialmente se fossem de carácter permanente.

Nesse sentido (como já disse por aqui algumas vezes), os meus pais não me baptizaram, para que eu pudesse escolher um dia, quando soubesse o que era um compromisso com a religião. Não sou baptizada por escolha, porque decidi não me comprometer com a fé mediada seja por quem for, com base em dogmas que não entendo e com regras feitas para ninguém as cumprir, como de facto não cumprem. Escolhi aos dezasseis anos e dou-me muito bem com a escolha que fiz quando os meus pais me perguntaram o que queria fazer. E assim não sou obrigada a encarar a minha vida como um constante violar de regras, porque ninguém me obrigou à nascença a cumpri-las.

Sempre tive algumas chatices quanto à roupa e até quanto aos penteados, para já não falar na maquiagem. Aliás, durante uns tempos a minha mãe chegou mesmo a dizer que se recusava a sair à rua na minha companhia. Mas suponho que nunca tiveram grandes preocupações quanto a isso e se limitavam a não gostar, esperando que a mania gótica passasse. E, obviamente, maquiagem só depois dos dezasseis anos.

Engravidar na adolescência não se pôs sequer como possibilidade. De alguma forma os meus pais fizeram-me compreender que há coisas que é preciso ter idade para fazer. Neste aspecto em particular, fizeram bem mais do que apenas discutirem métodos contraceptivos. Conseguiram que eu me convencesse que deveria fazer amor pela primeira vez apenas com alguém que amasse de facto e não porque toda a gente fazia. E como eu não me apaixono facilmente, acabou por acontecer que fui, verdadeiramente, tarde. Tão tarde que o meu melhor amigo dizia que eu era a última cidadela ainda por cair. Mas não sinto sequer hoje que tenha caído, ainda que as duas camas se tenham separado e tenhamos caído de facto ao chão. Mas isso já é outra história.

Também impuseram os dezasseis anos como a data mínima para decidirmos, a minha irmã e eu, se queríamos ou não ter as orelhas furadas. Não pegaram em nós com meses de idade e foram mutilar-nos. Mais uma vez, decidiram-se por uma idade – que não é sequer a da maioridade legal – como a idade suficiente para compreendermos as implicações. Eu, que cheguei aos dezasseis anos antes da minha irmã, decidi não fazer qualquer tipo de furo. A minha irmã, aos dezasseis anos furou as orelhas. De lá até agora, já furou ainda mais as orelhas e espetou um prego no umbigo. Tivemos a mesma educação e os mesmos limites, decidimos coisas diferentes. Ninguém está mal com ninguém, os meus pais não disseram mais nada.

O mesmo se passou com as tatuagens, aliás. Quando chegou a moda, já tínhamos as duas idade para ter juízo e decidir sem pedir permissão aos pais. Até agora, nenhuma de nós fez uma. Eu não a vou fazer. A minha irmã poderá ou não fazê-lo, ainda que eu duvide.

E em minha casa também nunca se achou criminoso que alguém pedisse um suicídio assistido. Nunca calhou haver um na família, mas suponho que se alguém quisesse se arranjasse uma solução. Talvez emigrássemos para a Suiça, por exemplo. Mas não haveríamos de ter um “Mar Adentro” dentro de casa, só porque não concordamos com a lei que nos impede de dispormos do nosso corpo e morrer com dignidade.

Quanto à Lei do Tabaco, tenho a dizer que não passei a fumar menos. Posso não fumar em todo o lado, mas tenho até, suponho, fumado mais. É que aqueles cigarros que apenas queimavam entre os dedos agora vão parar direitinho aos pulmões. Mas também aquela lei nunca quis ter nada a ver comigo. Adiante!

Depois, convém que diga desde já que, na prática, estou profundamente contra um qualquer decreto que queira limitar à maioridade o direito de fazer alguma coisa ao corpo, seja ele um buraco, seja uma pintura permanente, seja o que for. E acho no mínimo alucinado que alguém se lembre de levar uma coisa destas à Assembleia da República.

Agora, uma coisa ninguém me evita questionar: onde foi que os pais se demitiram de educarem os filhos, que os deixam fazer tudo e mais alguma coisa sem limites e sem consciência, a tal ponto que algum louco já tenha a ideia peregrina de passar a legislar o corpo alheio, face aos evidentes exageros, cada vez mais prematuros?

2008-03-15

2008-03-13

Das setas

Eis o malandro na praça outra vez
Caminhando na ponta dos pés
Como quem pisa nos corações
Que rolaram nos cabarés

Entre deusas e bofetões
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro anda assim de viés

Deixa balançar a maré
E a poeira assentar no chão
Deixa a praça virar um salão
Que o malandro é o barão da ralé



(c'um caraças!)

Coisas vãs



Crux sancta sit mihi lux
Non draco sit mihi dux
Vade retro satana

Nunquam suade mihi vana
Sunt mala quae libas

Ipse venena bibas




Há cerca de um mês, encontrei o carrinho violado, ainda no sítio onde o tinha deixado em descanso na noite anterior. Hoje, um recém encartado de dois dias, limpou-me a traseira do bichinho no parque de estacionamento onde o tinha pousado em sossego uns minutos antes. Já começo a precisar de uma simpatia…

2008-03-11

Ena!


aqui

Aún no tiene nombre confirmado pero la nueva película de Alejandro Amenávar ya está en marcha, su argumento está basado en el Egipto de hace muchos años en el que un esclavo de nombre Orestes decide convertirse en cristiano con el único fin de conquistar a una mujer que a su vez es su dueña y además es filósofa, su nombre es Hipatia y posiblemente la actriz encargada de interpretar este personaje sería Rachel Weisz.

aqui


Estou curiosa... Então o herói converte-se ao cristianismo porquê? Porque haveria Hipátia de se apaixonar por um dos seus piores inimigos? E como dar a volta para isso encaixar na verdade histórica que nos conta que Hipátia foi lapidada às mãos dos monges jagunços de Cirilo, patriarca cristão de Alexandria, futuro São Cirilo?

2008-03-10

LOL


aqui

Podemos até já ir antevisionando o futuro cá na Portugalhota dos blogues: no dia seguinte à ansiada proibição ciber-higienista, a canzoada vip deixa de ladrar aos anónimos e passa a ladrar aos desconhecidos. Mas reparem na enorme vantagem, no imenso progresso: deixam, as alimárias, de rebeubéuzar a tipos que, de todo, não sabem quem são, para passarem a rosnar a tipos que desconhecem completamente quem sejam.



(se o Dragão imaginasse a inveja com que fico de cada vez que lhe leio uma destas!...)

Já viram quem está de volta?






(imagem daqui)

2008-03-09

Da manifestação


aqui

Esta manifestação "classista" de ontem, em que tanto professor se deixou – crédula ou convictamente – enrolar pela bitola do reclamar por reclamar, sem apresentar alternativas, conseguiu o que pensava impossível ao fim destes anos de Governo de Maioria Socialista: pôs-me do lado do Governo e com vontade de defender a Ministra da Educação.

Não discuto o direito à manifestação; não descarto o descontentamento. Mas lembro uma entrevista passada da Ministra em que lhe perguntavam o que ia fazer com tantos professores desempregados que, mais uma vez, tinham ficado sem colocação. E a Ministra dizia que o Ensino Público não podia ser o garante do pleno emprego da classe. Pois não! Mas se há assim tanto professor desempregado, avaliem-se os que lá andam a progredir automaticamente nas carreiras, sem prestarem provas mínimas de serventia. E ponham na rua os que não prestam – que são muitos, demasiados, um que fosse já era demais – e tratem de dar lugar aos que não foram colocados.

O resto do País também trabalha e paga impostos. O resto do País tem avaliações e promoções por mérito. O resto do País é responsável pelo trabalho bem ou mal feito, exigem-lhe produtividade e empenho, pagam a crise com horários prolongados, quase sempre não remunerados. Para os que estão no Sector Privado, o desempenho de cada um compromete ou não o desempenho da empresa e os seus resultados e, no extremo, a continuidade de um posto de trabalho.

O resto do Sector Público, melhor ou pior, tenta seguir a lógica da avaliação, sabendo que em função de um Director ou de outro, serão bestas ou bestiais com um par de anos de permeio. Nisso, até é parecido no Privado, sendo que a nomeação política costuma até terminar mais cedo. Mas, entre as várias injustiças, houve muitas outras que deixaram de acontecer.

Foi assombroso ver tanta gente na rua. Suponho que terá até assustado este Governo e, especialmente, o Primeiro Ministro, sempre tão preocupado com a imagem. Alguns Ministros até já meteram os pés pelas mãos. Mas se a reforma não se faz agora com medo dos professores, nunca se fará, porque haverá sempre medo dos professores e das suas defesas corporativistas de privilégios que não fazem mais sentido.

E convém que os Professores não esqueçam que, quem olha de fora, tem de conviver com o resultado do que produzem diariamente, porque quem olha de fora é muitas vezes um Pai que sabe que o filho terá melhor ou pior sorte na vida se conseguir que fique entregue a um e não a outro professor, a uma escola e não a outra. E também fomos colegas de uns quantos quando andavam a estudar e sempre saberemos quem era bom e quem foi dar aulas porque – infelizmente – não era competente para mais nada. E alguns de nós até herdaram esses alunos acabadinhos de fabricar por eles quando chegaram à Universidade sem nem bem compreenderem português, ou incapazes de fazerem uma pesquisa, ou até mesmo de fazerem uma simples conta de multiplicar. E depois deverão também comparar os horários que têm, os dias de férias que de facto gozam, os ordenados que levam para casa ao fim do mês, o difícil que é serem despedidos por qualquer causa, seja ela justa ou injusta, o modelo da flexisegurança que nunca lhes será aplicado, nem a medição de qualquer espécie para os rácios de produtividade do País.

Depois disso, lembrem-se os professores que podem ser 100 000 a manifestarem-se no Rossio ou onde bem entenderem, mas que o País que olha do lado de fora tem pouca paciência para quem ralha de barriga cheia. E que nós – os outros – somos bem mais do que 100 000. Aliás, até os professores são mais do que 100 000. E que a manifestação pode não ser nada se não estiverem dispostos a irem para outras formas de reivindicação, também elas legítimas, como a Greve. Mas se voltam a fazer greve para o povinho os ver de cu sentado nos cafés em amena cavaqueira enquanto a fedelhada fica ainda pior do que está, então acreditem os Professores que serem 100 000 nas ruas de Lisboa não lhes vai servir de nada e, na hora de decidir, o prato da razão – e até mesmo o da Justiça em demasiados casos – não vai ser para o lado deles que vai pender.

Muito menos se continuarem a abrir a boca para reclamarem da perda de privilégios. É que os privilégios não são, realmente, para serem dados ao desbarato, a todo quanto levanta o braço. O privilégio deveria apenas premiar os melhores. E há muitos bons professores. Tantos, que não mereciam sequer ser metidos no mesmo saco de tantos outros que são, na melhor das hipóteses, apenas medíocres. Pior ainda: que sabem que são medíocres e que os colegas também sabem que são medíocres. E se há coisa que temo de facto é que, na manifestação de ontem, estivessem demasiados medíocres, os tais que estão cagados de medo mediante a possibilidade de avaliação.

A ser assim, 100 000 é de facto um número profundamente assustador. Não necessariamente para o Governo, antes para nós, que sustentamos toda esta classe e que, no mínimo, deveríamos saber o resultado das avaliações de quem pagamos para nos prestar um serviço e a quem entregamos a responsabilidade de promover e medir o desempenho dos putos que hão-de ser a geração seguinte.

Divulgando


aqui


O JPT pediu e eu, ainda que com notório atraso, cumpro a minha pequena parte no anúncio do nascimento do Ma-Blog, um portal de blogs sobre Moçambique.

2008-03-08

8 de Março


aqui


Dua Khalil Aswad. Ainda alguém se lembra dela? Fez as manchetes há cerca de um ano atrás porque, no Youtube, alguém pôs as imagens da sua lapidação. E depois foi rapidamente esquecida, como são sempre esquecidas estas notícias que nos revolvem as entranhas por momentos, antes que uma outra notícia nos cause algum asco que transtorne a normalidade de quem vive longe, confortável, cheio de verdades e realidades que nada têm a ver com as realidades e verdades dessas mulheres sempre esquecidas e espezinhadas.

Diariamente são aberta e barbaramente mortas mulheres em vários Países. Morrem por questões que se prendem com conceitos arcaicos de honra, porque não tiveram filhos, porque são consideradas objectos, para lhes ficarem com o dote, porque ousaram um qualquer indício de revolta. Milhares de mortes silenciosas, que todos sabem que existem e ninguém faz nada para evitar. Há muitos outros interesses que vêm à frente dos interesses dessas pobres desgraçadas.

E é ao lembrar-me delas que qualquer discriminação que se queira colar ao Dia da Mulher deixa de fazer sentido. Só fará sentido no dia em que a discriminação não existir de facto. E, olhando o Mundo, quem pode realmente dizer que não é preciso um dia para lembrarmos todas as mulheres, especialmente essas tão diferentes de nós que não têm sequer direito a celebrar dia algum sem permissão de um qualquer dono, seja ele o marido, a família, a religião, ou mesmo as leis dos Estados onde tiveram o azar de nascer?

Este dia é de todas as Dua Khalil Aswad e de todas nós, se o usarmos para lembrar quem é permanentemente esquecido.

Diamanda






(A voz no post anterior é da Diamanda Galas)

Boris Artzybasheff



De médico e de louco, todos temos um pouco.

2008-03-07

Fastio


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Cada vez que ligo a televisão, aparece este tipo. E de cada vez que ele abre a boca, eu fico um bocadinho socrática e até chego a ponderar a hipótese de fazer uma prece à Nossa Senhora de Lourdes.

Suspiro


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Quase ninguém é capaz de olhar para o próprio umbigo e, realmente, ver o que lá está. Também é verdade que, quase todos nós, de uma forma ou outra, andamos sempre com o cu, ou parte do cu, à mostra. No entanto, tem de existir uma certa humildade. E isso é provavelmente quanto basta para saber quando subir as calças.

That Leaving Feeling


Stuart A Staples "That leaving feeling"
Colocado por mhlenoir



(A voz feminina é da Lhasa de Sela)

2008-03-03

Macaquices


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Sabem qual foi a única vez que lamentei não ter cabelo comprido quando era miúda? Quando vi uma coleguinha vestida de Pipi no Carnaval. Hoje até era capaz de fazer as tranças mas, raios!, quem é que havia de querer uns penachos daqueles?

(Bem, ter um macaco "a sério" era capaz de ser giro. Não me lembro é do nome do macaco… Pelo menos, não me lembro do nome "daquele" macaco, que para ver macacadas basta ligar a TV à hora de jantar... e até sei os nomes)

(...)




How will they hope what they can never perceive?



(mas os sentidos falham fartas vezes)

2008-03-02

Linha de produção


aqui

Pensei que nestes dois dias ia conseguir recuperar o tanto que andei a perder durante semanas. Mas dois dias não chegam.

A Emiele anda lá pelo
Pópulo a declinar o tempo e eu apenas consigo, ultimamente, declinar a falta dele. Não está fácil! Mas sou teimosa ao ponto de ir mantendo isto, mesmo que cada vez mais "isto" se faça de comentários breves sobre qualquer coisa e siga que amanhã há mais um dia para pintalgar a Voz com um vídeo gamado ao YouTube ou uma música sacada em qualquer lado.

Aliás, tenho demasiada música nova que ainda não ouvi e demasiados filmes à espera de serem vistos. E demasiadas conversas a pôr em dia e demasiados dias em que as conversas não podem ser por aqui.

Isto de se trabalhar mais de dez horas por dia teria que ter repercussões: chama-se cansaço, quase sempre, ou um sofá demasiado simpático, ou um banho quente e sonolento antes que a cama nos abrace num até amanhã exausto.

Claro que não é sempre assim, mas há recorrências cíclicas. E talvez seja por isso que, todos os anos, em períodos semelhantes, tento bater com a porta da Voz. E nunca consigo, acabo sempre de volta, com qualquer grito a precisar ser liberto, ou um simples olá a dizer que ainda por aqui ando, que ainda há gente a quem quero continuar a ler e a comentar e a deixar que me comentem a mim.

Ando há semanas para contar a minha versão dos Pere Ubu, depois de ter lido a versão do
. Há mais semanas ainda para escrever o post sobre o que senti quando cheguei à garagem e vi o meu bichinho violentado. Ou a história de como, logo no dia seguinte, um par de ladrões foi apanhado pelos vizinhos no prédio da minha irmã. E há ainda a minha versão do No Country For Old Men e do Sweeney Todd. Ou até o que senti quando descobri que tiraram a comparticipação da minha pastilha mensal para as dores de cabeça e da consulta anual ao senhor que mas receita e que já tive de desmarcar duas vezes. Mas não sei esticar o tempo!

Este mês, que ainda agora começou, talvez traga algum sossego. Traz, certamente, o gozo de férias que ainda estão no mapa do ano passado sem uma cruz por cima. E já suspiro por esses dias de descanso, sabendo por antecipação o quanto me vão fazer recarregar baterias e as tantas de conversas que vou pôr em dia com
ela e com ela. E vocês fazem-me falta! (E será que é desta que tomo um café contigo e contigo?) Nunca gostei de falar por telefone e não tenho qualquer gosto em deixar conversas inacabadas, sem ver gargalhadas partilhadas e olhar olhos nos olhos por entre os absurdos que consigo esgalhar em cadeia com os amigos.

A Voz andará a meio gás até lá, soterrada em soluços sem serventia e na falta de tempo. Mas até esses soluços fazem falta, quando nos amarram a diária a coscuvilhices e desgraças e a parangonas cada vez mais descaradamente inconsequentes. Estou farta de tantas caças a gambozinos, especialmente se têm demasiado tempo de antena. É que eu não tenho tempo para isso e já começo a achar melhor fazer com antecedência uma listinha dos assuntos que até sei que vão fazer os temas. Talvez assim deixe uns quantos posts em draft e depois é só publicar: um para o Menezes, um para o Sócrates, um para a crise, um para o futebol, um outro para o Belmiro, mais outro ainda para o Garcia Pereira a defender o Portas, mais outro para a blogocoisa e as suas tricas, outro para a Palestina e ainda um outro intimista. Três semanas de posts e já está. Pelo caminho, dou parabéns e espero que me sejam dados parabéns a mim. E, finalmente, vou de férias e regresso com saudades e vontade.

Até me dar mais um achaque, claro, e me sentir outra vez esgotada. E ficar à espera de mais férias e de saudades e de não sentir que transformei o blogue num Ford T, sempre personalizado, desde que seja a preto.

2008-03-01

Apre!


aqui

Raispartam os gatinhos, que não há maneira de acertarem com a baliza! Atão, Mateus? Será que à terceira é de vez?


(post em construção)

Expulsão? Oh raios!

(post em construção)

Golo do Porto? Não é golo? Ai o caraças para o jogo!

(post em construção)

Acabou? Foda-se!

(post concluido)