2005-02-28

Eternamente

(...)
Mi único, mi solo, solitario alimento, mi húmedo,
lloviznado en mi boca, resbalado en mi ser. Amor. Mi amor. Ay, ay.
Me dueles. Me lastimas. Ráspame, límame, jadéame tú a mí,
comienza y recomienza, con dientes y garganta, muriendo,
agonizando, nuevamente volviendo, falleciendo otra vez, así por
siempre, para siempre, en lo oscuro, quemante oscuridad, uncida
noche, amor, sin morir y muriendo, amor, amor, amor, eternamente.


Rafael Alberti - Ven, Ven, Asi, te beso...



Acordo e sinto pelas frestas da persiana que o dia se prepara para nascer. O quarto começa a ficar na penumbra, consigo distinguir as silhuetas dos móveis, das cortinas, a cadeira ao canto, a televisão depois, os pés da cama... As cortinas de gaze vermelha aligeiram os contornos provocados pela luz branca que se escoa pela janela.

Mais do que pressentido, vejo agora o teu corpo entregue ao sono. A cabeça na almofada, o braço que ainda me envolve, os olhos fechados, o cabelo em desalinho pelo sono e pelo tanto que os meus dedos o percorreram. Sinto o teu calor contra a minha pele, o nosso cheiro misturado, a tua respiração cadenciada.

Soergo-me no cotovelo e fico assim a contemplar-te, tão entregue, quase menino, muito homem. Não quero acordar-te. Gosto de te ver assim. Gosto de imaginar que povoo os teus sonhos. Gosto do ar relaxado, quase me sinto orgulhosa por o ver.

O peito enche-se-me de um carinho imenso, uma quase dor, uma sensação tão forte que não resisto ao suspiro que já se me escapa pelos lábios. Ergo a mão lentamente e de leve, muito de leve, afasto uns poucos cabelos que te caem sobre a testa. Encosto-me mais a ti, ao teu corpo adormecido. Muito de leve ainda, que não te quero acordar, beijo um olho fechado, depois o outro. Mexes-te de repente e eu paro. Fico só a olhar-te.

E o dia nasce e eu tenho vontade de agradecer este dia, a Deus, ao Diabo, ao Infinito, seja ao que for. Agradecer a dádiva de te ter aqui assim, tão entregue, tão morno, tão em paz. E agradecer este calor que se espalha pelo meu corpo, pelo carinho que me controla os gestos, pela paixão que me faz enrolar agora o meu corpo, enfiar-me outra vez no quente dos teus braços e adormecer de novo. Em paz também.

Hoje estou em paz...


_________
Um dos arquivos, que hoje não me apetece escrever...

2005-02-27

Johnny Depp


You are Don Juan From "Don Juan De Marco."

Woobaby! You are Don Juan - dark and handsome, and the world's greatest lover. Some people find you to be a bit insane (or is that insanely sexy?). While you may not be playing with all 52 cards, don't let that get you down - you're a true romantic at heart.
Take The Johnny Depp Quiz!



Hoje é a noite dos Óscars. A noite que quase toda a gente que gosta de cinema está à espera. Eu estou, mesmo que quase nunca concorde com os filmes a concurso, mesmo que – tanta vez – veja o meu favorito não receber a estatueta dourada.


Aconteceu assim o ano passado, com o Johnny Depp. Provavelmente vai acontecer outra vez este ano. E é quase um crime!


Sigo a carreira deste actor quase desde o primeiro filme. Aliás, já o via numa série de TV bem pobrezinha, mas onde ele já se apresentava num esplendor glorioso, sexy, fabulosamente sensual. Uma mistura de índio cherokee, irlandês e alemão... E, bolas, que cocktail maravilhoso!


É, provavelmente, um dos poucos actores que pode estar a dizer a frase mais descabida e, ainda assim, nos maravilhar, nos transportar para um mundo de imaginação e doçura. É, a todos os níveis, um dos homens mais lindos que já vi. Tem a capacidade de nos fazer sentir excitadas com a voz, com a beleza, com o olhar e, ainda assim, nos deixar trémulas de meiguice, como se só nós fossemos capazes de lhe dar o colo, o aconchego, que ele parece sempre pedir.


Este senhor é mágico. Põe magia em tudo o que faz. Leva-nos para sonhos, mesmo quando os tinge dos vermelhos do pesadelo. É um anjo, um robôt, um louco desastrado. E é também o verdadeiro D. Juan. Aquele que, cada uma de nós, gostaria de encontrar um dia.


Este é o actor que gostaria de ver povoar todos os meus sonhos, para que me elevasse a mundos de magia, para me dar aquele beijo nunca tão sofregamente abocanhado. Este é o actor onde vejo o homem capaz de me dizer como seria amar-me na perfeição:


"Have you ever loved a woman until milk leaked from her—as if she had just given birth to love itself, and now must feed it or burst?" *


Quero ser amada – de todas as vezes – assim. Como se estivesse a dar à luz o próprio amor.


Este homem faz-me sonhar. E eu hoje quero vê-lo levar o Óscar. Mesmo que não represente quase nada este meu querer, é o meu desejo para hoje, para o homem mais desejável do mundo a pintar de sonhos e magia os écrans do cinema.


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* do filme D. Juan de Marco

2005-02-26

Fio Condutor

Tenho muito medo
das folhas mortas,
medo dos prados
cheios de orvalho.
eu vou dormir;
se não me despertas,
deixarei a teu lado meu coração frio.
(...)


Federico Garcia Lorca - Ar de Noturno


Nota prévia: Este não é um post erótico


Estava um calor imenso, um daqueles calores que se entranham na pele e na alma e deixam os corpos sufocados. O carro rugia ainda, pela estrada fora, as janelas abertas, para que entrasse algum ar, algum alívio. E, do lado de fora, o verde-amarelado com um leve cheiro a queimado dos campos onde já nada cresce. Campos em repouso, com ar de estio.

Ela olhou para o outro lado e viu um perfil quase desconhecido de alguém que conhecia bem. Embrulhou as mãos no colo, nervosa, sentindo que o estômago se queixava de tantas horas de jejum. Apetecia-lhe parar. Doíam-lhe os olhos de tanto se perderem na planície sempre igual; doía-lhe o corpo de tanto tempo sentado. E, do outro lado, o mesmo rosto sério, tão sério que parecia esculpido nos granitos a que estava habituada. Estava com saudades de casa…

As mãos nervosas, suadas, agarravam-se agora ao assento macio do banco, mas quase tinha medo de um gesto mais brusco, um que fizesse surgir palavras, palavras que ela não encontrava para dizer. Se ao menos ele pusesse música…


Sentia o corpo transpirado, desconfortável, a roupa a colar-se. Arrependia-se do preto, das calças. Arrependia-se de ter entrado no carro.


De repente, sentiu que o carro abrandava e se preparava para encostar. Olhou de lado, desconfiada. Nem uma palavra. Nem uma. Pela janela, dois ou três sobreiros prometiam a sua sombra e talvez uns restos de brisa. Iam parar, sim. Finalmente iam parar. Será que as suas pernas ainda se conseguiam manter firmes, seriam capazes de segurar o corpo cansado, depois de tantas horas na mesma posição tolhedora?


O carro parou por fim e ela tirou o cinto de segurança. Ainda sem palavras. Não havia palavras… E ele saiu lesto do carro, pegando na garrafa de água, no rosto um ar sequioso, nos olhos nenhuma expressão. Ela saiu lentamente do carro. Cansada, nervosa… "Posso beber também?" Os olhos dele caíram sobre ela e nem uma palavra, só um gesto vazio. E a garrafa mudou de mãos. Ela olhou para ele e viu-lhe ainda nos lábios um resto de humidade e nos olhos um ar gozão. Virou-lhe costas para beber. Não queria que ele a visse beber. Estava nervosa.

Ouviu um barulho atrás de si e rodou o corpo para ver o que se passava. Ele tirava da mala nesse momento uma esteira e esticava-a à sombra, ao lado do carro. Uma esteira? Será que iam ficar ali muito tempo? Não teve coragem de perguntar. Limitou-se a sorver mais uns goles de água, calada, desconfiada… Mas a sombra era convidativa e a tarde quente fazia apetecer sentar ali. Sentia-se sonolenta e muito cansada, um cansaço menos físico do que mental, cansada das horas de nervos que ainda não queriam deixar o seu corpo. Mas a sombra prometia e não lhe resistiu mais. Foi sentar-se, aproveitando o carro para encostar as costas, esticou as pernas, cruzou os pés. Cruzou as mãos também, sobre o colo. Não sabia o que tinha, por que aquela urgência em cruzar o corpo, em resguardo, uma vazio resguardo num gesto auto-protector. Fechou os olhos, encheu o peito de ar e dos seus odores, concentrou-se no zumbido das abelhas.

Sentiu-o sentar-se ao seu lado e tremeu imperceptivelmente. Tentou lembrar-se dos motivos que a fizeram embarcar nesta viagem, em todas as razões que tinha para confiar nele. Nem sequer tinha porque estar tão nervosa. Ele era sempre educado, delicado, simpático. Não a atormentava com piadas nem chorrilhos de asneiras. Era companheiro, amigo. Davam-se normalmente tão bem… Gostava de estar ao lado dele, de ver como aquela mente não parava de fervilhar. E, no entanto, tremia. Tremia como se tivesse frio naquele dia de calor maior.

Deixou-se ficar, olhando o céu. Não queria olhar para aquela figura sentada ao seu lado. Não podia. Ele deixava-a nervosa, tão nervosa. No céu, lá em cima, dois falcões voavam num bailado só deles. "Rapinas. Acasalam para a vida", pensou, "Seria tão mais fácil ser uma rapina e voar lá longe, lá em cima, a vida decidida pela genética e a quantidade de roedores para caçar." Disfarçou um bocejo. Não queria que ele a sentisse sonolenta, mas ele notou. E talvez tivesse notado algo mais, porque o ouviu suspirar. Mas não olhou. De uma forma intuitiva, sentiu que era perigoso olhar. Sentiu que o gelo talvez não o fosse tanto e ficou outra vez nervosa e as mãos entrançaram-se e retorceram-se mais uma vez no colo.

Tentou pensar em trabalho, nos projectos arrancados a ferros depois de tantas semanas sem descanso, sem vida. Tentou pensar no tempo, nas férias, nas rapinas… Doía-lhe a cabeça do carrapito apertado em que aprisionara o cabelo. Um ar muito profissional, mas inconfortável. Custava até encostar a cabeça ao carro. Será que parecia muito mal se soltasse o cabelo? Devia estar uma lástima, depois de tantas horas de clausura. Que iria ele pensar, de um gesto tão corriqueiro e, no entanto, tão íntimo? "Nada! Não tem que pensar nada! Mas porque será que estou tão nervosa?"

"Que tens?"

Estremeceu com a suavidade da voz, não a esperando.

"Nada."


Sentiu de repente a mão dele no queixo a forçá-la a olhar para ele, suave mas firme.

"Que tens hoje? Estás calada, quieta. Pareces assustada."

Foi forçada a olhar para dentro daqueles olhos profundamente. E aqueles olhos buscavam-lhe agora os segredos, perscrutando os olhos dela. E ela estava nervosa, tão nervosa, a perder-se naquele olhar tão macio, tão quente. E era um olhar tão caloroso e ela tremia ainda, sem perceber porque estava tão assustada com um mundo de inseguranças e medos e o papão ao virar da curva da estrada...

Não, afinal talvez soubesse porque estava tão nervosa. Era ela, só ela. Era um gelo que derretia, era aquele calor…

"Só tenho calor", acabou por dizer, usando as palavras verdadeiras, escondendo os significados. Mas a voz sai tremida ainda, nervosa.

E aqueles incríveis olhos dele, que não a soltavam por um momento, olhando directo para ela e a deixa-la impotente. E os dedos fortes que não lhe largam o queixo, a forçam a olhar também. O ar entre eles ficou como que carregado de electricidade e já nem o zumbido das abelhas era perceptível. Era o próprio ar que zumbia dentro dos ouvidos dela, numa tensão crescente. Mas manteve-se calada, sem palavras.

"Meu Deus, mulher!"

E parecia ter sido necessário um esforço sobre-humano para que os olhos dos dois finalmente se separassem e o corpo dele recuasse de novo, em direcção ao carro, para longe dela.

Porquê ela? Não chegava a entender. Que estava afinal ali a fazer? Apetecia-lhe fugir, correr para longe, refugiar-se num qualquer ermo aconchegante onde ninguém lhe quisesse ler os segredos pelos olhos, onde não houvesse decisões para tomar, onde fugir ainda era possível…

Olhou outra vez para o céu quase branco de tanta luz, para as rapinas em eterna luta pela vida, procurou o som das abelhas laboriosas, sentiu o cheio da terra queimada pelo sol inclemente. Procurou tudo, buscou os silêncios, perdeu-se nos seus medos, encontrou um caminho. Sentiu então que o nervoso ia desaparecendo enquanto toda a natureza lhe acalmava o corpo. Sentiu que fazia parte da natureza também, que não havia nada mais simples. Preencheu-se de odores e de calma, entranhou o calor no corpo, combateu o papão.

Num gesto maquinal, instintivo, desatou as mãos, descruzou os pés, fechou os olhos e inalou o ar. Soltou os cabelos à brisa, ofereceu a pele branca ao sol e tirou os sapatos. Estava tão farta de pensar!

Olhou então para o lado e encontrou um par de olhos, também inseguros afinal, que lhe tinha seguido todos os movimentos, todas as expressões, todos os suores. Mas agora já foi capaz de sorrir. Estava uma tarde linda, estava um calor saboroso, estava com alguém com quem se sentia bem e que até era capaz de lhe perdoar os silêncios. E ficou de bem com ela e com o mundo e decidiu que não haveria decisões a tomar, que os medos não lhe tolheriam os gestos, que o presente não precisa de fio condutor. Olhou a estrada e já não teve medo dela. De alguma forma sabia que o destino se encarregaria de pôr tudo no seu lugar e o que tiver de ser, será. Não, não ia agora pôr-se a olhar para o futuro, se tanto tinha sido difícil correr com os papões do passado. Ia aproveitar aquele momento, os minutos de sossego, o aconchego da companhia, a certeza de estar viva e quente e preparada para viver.

"Dás-me um cigarro, por favor?", disse por fim, enquanto deitava calmamente a cabeça no colo dele. "Só me falta mesmo um cigarro para este momento ser perfeito".


2005-02-25

E para hoje...



... algo bem mais prosaico e, sem dúvida, bem menos interessante:

Tenho de começar a preparar a declaração de IRS.

É nestas alturas que não percebo porque é que não nasci gajo com jeito para jogar à bola.

Ora bolas!

____

foto aqui

2005-02-24

ComPILAções

Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento

António Botto – Andava a Lua nos Céus


Quem não se sentir à vontade para escrever um post erótico na própria casa, faz favor de mandar para o mail (devidamente identificado, nem que seja com nick novo) que eu publico aqui na Voz.

O comPILAções vai passar a estar ali ao lado esquerdo, em link próprio, para facilitar as leituras e as participações que (espero) ainda hão de chegar :)



A ler (venham os próximos):

SEXO ORAL - Caliope

Tu dás-me tesão mental
Provocas-me a erecção
Do meu lado racional
E todo ele é vibração

Em ardente combustão
Violenta, crua e total
No limiar da erupção
Do orgasmo cerebral

Arranca-me toda a roupa
Deixa-me nua, sem segredos
Eu me entrego sem medos

Seduz-me outra vez. E outra
Penetra-me com a tua mente
Sacia-me completamente

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Sensual ...é o vento que te desenha e Descobrir-te … o corpo … alimentar-te a alma - Luís_Duverge (dois, que o Luís não faz por menos...)

Entrámos em silêncio ... as roupas foram preenchendo o chão,enquanto os nossos lábios sôfregos rodopiavam, as mãos esfomeadasprocuravam sempre mais ... em pé ergo-te no ar, a tua entrega faz-me desejar,a tua voz exponencia a minha vontade, o teu corpo arqueia e o meu ser quer continuar, continuar ,continuar…continuar-te, dentro …toda, já não é desejo é …sentir o meu vórtice a ressoar impregnando a tua alma, indo para lá …onde só resta o brilho do teu olhar.Em resposta a um desafio sobre posts eróticos da Caliope e da Hipatia ...aqui fica a minha singela contribuição de momentos que nunca olvidarei.
e

Quero que olhes as minhas mãos,
De costas para mim, quero que antecipes
O tocar
Vamos descobrir os sentidos e alimentá-los
Com sentimento
Sintonizados, deves pensar na parte do corpo
Em que te toco, foca os teus sentidos, como só existisse
Essa parte …vamos então devagar para
Aquilo que chamo … de massagem aromática
Alimento do corpo e da alma,
Primeiro a planta dos pés,
Os movimentos são circulares e
Em sentido ascendente,
Vamos esticar um pouco as pernas e fazer
Com que os dedos descubram o que os sentidos desejam.
Respira …profundamente, inspira devagar mas de forma progressiva,
O oxigénio tem um efeito relaxante,
Agora … nas nádegas um pouco de
Aroma
A respiração tornasse um pouco mais incisiva,
Tenta manter o corpo relaxado,
Vamos subir …sim as costas,
Os movimentos são pequenos corações que
São desenhados com os polegares,
Estriando a pele e deslizando pelos vales
Dos teus sentidos até ao teu pescoço,
Aqui os movimentos são um pouco mais intensos,
é necessário agarrar os músculos e fazê-los rolar
entre si, na ponta dos dedos como grãos de areia.
Agora como a lua em fase crescente vamos ao
Desejo
Vira-te …
Continua na Vossa imaginação ;-)


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A Rapidinha - Diálogos Interactivos, que depois escreveu este +Eró(s)tico- (obrigada! Estou sem palavras, amigo)

"Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento"

E tal é a força do vento
Que no homem despe o desejo
Que esqueceu-se do passo lento
E no acto faltou o beijo

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Um post sobre um post erótico e Do pudor da pele- Catarina (dois? boa!!!!)

Agora que me meti neste concurso do post erótico, estou fodida. É que esta coisa do erotismo sendo simples, sob a forma escrita já pia mais fino. Um post erótico, o que é afinal? Bom, para começar, é um texto onde não se podem chamar os bois pelos nomes. Uma grande maçada, é o que é.

Tome-se um exemplo: uma rapariga, num acesso de despudor e algum enervamento, quem sabe sob a pressão de certos manuseamentos, abre as pernas; lá no cimo, entre as ditas está o quê? Uma cona, dirão os meus leitores, e dizem muito bem, mas num post erótico, não está lá nada disso...estão a ver a complicação da coisa? Uma simples cona transforma-se num pássaro com asas, talvez até azul, quem sabe (prefiro verde, pode ser? sendo do Sporting e assim...), uma janela para o infinito, uma viagem para o interior da alma, uma data de coisas. Um parenteses: não sei se leram as Mil e Uma Noites na versão integral; aquilo é páginas e páginas de descrições poéticas de todos os buracos, saliências e outros afins do corpo, não falta nada: nem pedaços de carne humana, nem imagens que possam - até da forma mais longínqua - evocar os ditos pedaços. Depois de ler aquilo, está tudo dito e qualquer outra coisa é sempre pouco original...sinceramente prefiro a cona (a minha já agora). O que me dificulta muito a vida neste assunto do post erótico, não sei se estão a ver...eu é mais bolos e nesta coisa dos bolos, convem indicar explicitamente os ingredientes...

e

Há um outro pudor: o do corpo. É independentemente de processos mentais relacionados, racionais ou não, um pudor apenas físico, presente na pele não intocável, mas intocada. Uma pele lavada de sentido pelo tempo, as memórias (algumas difusas, outras cristalinas) ainda presentes no cérebro, mas esquecidas no tacto. O corpo separa-se da mente e a pele adquire uma transparência quase inocente (não intocável, mas intocada), indisponível a qualquer contacto, mesmo à fortuita oferta de uma linha de ternura. É uma pele agora enclausurada numa folha hermética de pudor, de resistência: até que o desejo seja tanto que rasgue a folha e marque essa pele como um ferro em brasa.


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A Duende foi aos arquivos. Mas não está mal, não senhora :)

Acordou trémula e suada. Como que com vontade própria a mão dirigiu-se para o tufo sedoso que era seu, acariciando-o. Ele descansava. Beijou-lhe as costas e agarrou o membro adormecido. Ele sorriu na sua semiconsciência, deslizando depois pelos lençóis até encontrar o que o chamava. Arremeteu inesperadamente com a língua e ela arquejou de prazer. O pequeno botão rosa parecia querer rivalizar com o pénis que acordava agora. Ela tentava pedir para ele não parar mas uma convulsão fê-la agarrá-lo pela cabeça e enterrá-lo mais em si. Ele gozou na boca o prémio que era ela.E depois... :)


E, também, da Duende, ainda há este Amaram-se.
A neve cobria a tenda encolhida quando o estrondo da tempestade se fez ouvir. Estavam sós no precário abrigo que já temiam ser o seu túmulo.
Trementes e aterrados, tentaram um último abraço à vida. O calor despertou nos seus corpos, o desejo até então desconhecido.
Amaram-se.
Amaram-se no despero, na angústia, no final, na morte.Naquele buraco negro, a vida rugiu. Paciente, a avalanche aguardou. Ela abriu a boca para um derradeiro grito que a neve silenciou. Depois dele. Ele já estava morto quando ela gritou.

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A POSTA ERÓTICA - Charquinho (reparem só na imagem... divinal!)
A Hipatia falou do assunto. A Vague falou do assunto. E a Catarina também.Eu, que não viro as costas a um bom desafio, entendi que a coisa estava a tornar-se num feudo "delas" e que seria importante uma perspectiva masculina no contexto dos postes eróticos de que cada uma delas falou.E então, senhoras e senhores, o melhor que consegui na minha estreia absoluta no género é o que vos dou agora a ler. Espero conseguir representar dignamente a minha classe. Mas se assim não for, digam. Eu tento outra vez...


Terá sido a luz que se reflectiu no olhar dela, terá sido o som da sua voz. Imaginei-me a tocar-lhe o rosto ao de leve, sem pedir, e a aguardar a sua reacção. Na minha imaginação ela sorriu e pediu-me em silêncio para passar de novo os dedos pela pele cujo toque me agradou.E eu repetia a passagem, mais suave, mais lenta, com desvios de amante nos caminhos que lhe percorria, que lhe aprendia. E ela, num arrepio, fixava o olhar na minha boca e dizia-me tudo o que eu precisava de saber. O que fazer, depois. Depois de uma mão a aproximar, de a puxar, sem pressa, mais para junto de mim. Depois os meus lábios nos seus e as mãos aflitas, sem saberem para onde convergir naquela imensidão de mulher, que as mulheres tornam-se imensas quando se entregam à paixão.

Depois uma pausa, um instante de silêncio sem saber o que virá a seguir, olhos nos olhos em busca das respostas às perguntas que ninguém necessita colocar. Excepto com o olhar. E os corpos à espera, ansiosos, ofegantes, esclarecidos. Impacientes por uma nova degustação do sabor a prazer. As bocas de novo coladas e as mãos descontroladas na vertigem das sensações.Os seios e os ombros, o pescoço e as costas, o ventre e as coxas, mais acima, e o calor de um vulcão nos dedos em fogo. E os cabelos na boca, o cheiro na alma e a vontade indómita de oferecer e de possuir.

A roupa a mais. O esforço de contenção, para amainar a emoção e deslizar com graciosidade o tecido na pele e os lábios também, aqui e além. Os primeiros gemidos a beijarem os ouvidos e a certeza absoluta de dois se transformarem num, as contas acertadas com o desejo naquele instante mágico em que o tempo cessa de existir. As bocas à procura do mais incandescente prazer, do gosto daquela pessoa que nos pede como nos dá. O mundo inteiro de uma só vez, no poder avassalador de uma carícia feita faísca que provoca uma explosão. Da cabeça aos pés.

O paraíso logo ali. E eu sobre ela, pernas entrelaçadas, beijos sem parar. E eu dentro dela e os seus dedos crispados e a mais bela melodia no som que uma mulher nos dá nesse momento tão especial. E a vontade de nunca mais parar. De sentir e de observar, de gravar na memória cada pormenor daquela pessoa tão importante, tão próxima, daquele instante precioso que apenas dois poderão relembrar. Cumplicidade bonita na intimidade infinita, para sempre o sorriso de uma estimulante e agradável recordação.E os corpos que se moldam, ardentes, em novas e cada vez mais agradáveis posições. E as coisas que se gritam para se ouvirem no céu e as palavras que se sussurram, faladas pelo amor que se faz. E a vontade de nunca mais parar.

O abraço apertado quando ambos partimos para o espaço, ao mesmo tempo, e nos sentimos felizes pelo sucesso alcançado, pelo momento desejado de partilha da mais intensa satisfação. Olhar meigo, olhar maroto, a mão que passa pelo rosto, outra vez, e os corpos cansados mas preparados, pouco tempo depois, para reiniciar algo que afinal nunca acabou. De outra maneira, aposta certeira, as ancas dela nas minhas mãos. O amor que ficou por fazer. E eu homem que domina e ela mulher que se deixa dominar. E depois o contrário. Até embarcarmos de novo no foguetão. Ainda melhor, a viagem, ainda mais doce, a aterragem, corpos desfalecidos, molhados os dois pelas marcas deixadas pelo bem que nos aconteceu. A recompensa devida pela entrega total.

Sigo o meu caminho, desta vez. Mas adivinho no beijo de despedida, inocente, a promessa de um reencontro onde a imaginação será figurante e a paixão protagonizará.A vontade de nunca mais parar...

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Post Erótico II (quem quiser, que faça melhor) - Hipatia (deixa-me cá juntar o meu, discretamente, aqui ao rol)
Chama-o. "Já estás a caminho?" Falta-lhe quando não o vê. Antecipa o tesão de estar com ele. Aquela distância confortável e ao mesmo tempo terrível. A delícia da brincadeira com sabor a pecado. Chama-o…
Hoje chegou a casa húmida de suor e excitação. Pensou nele no carro, pensou nele enquanto comia qualquer coisa. Pensou nele… Estava à sua espera!
Ligou o aquecimento. Despiu-se. Ainda está frio e estas noites quase primaveris deixam-lhe o corpo arrepiado. Olha as mamas. Pairam no meu peito, grandes, ainda seguras de si, mas com um sentir seguro que se vai cansando ao mesmo tempo que as brancas e o cansaço dela mesma se instalam. Não quer pensar nisso agora… Enche a banheira de água e atira para lá alguns sais. Mergulha na água quente e perfumada, fecha os olhos e pensa nele.
Escolhe a roupa que sabe que lhe dará prazer. Renda. Muitos botões para brincar na camisa. Um cinto de ligas. Uma saia justa, pelo joelho, a moldar-lhe o corpo. As meias, os sapatos. Está pronta. Onde estará ele?
Sente-lhe o chegar de mansinho, o olhar. Saberá ele como a faz sentir-se mulher? Olha-a por inteiro, concentrado nela, sem embustes e sem receios, seguro dele e do seu querer. Olha-a como ela não se sabe olhar. Ela queria ter coragem para olhar assim para o mundo. Mas foge como sempre, brincando para não se perder naqueles olhos que a prendem e a seguem e a vêem até aos limites de si.
Observa-lhe o ar cansado. Fixa aqueles olhos castanhos, macios e aveludados, profundos como a terra, sabidos. Está exausto! Olha-o. Só isso. Olha-o. Tenta dizer-lhe com os seus olhos como se sente quente por ele estar ali. Ele larga o saco, o portátil, arrebola o casaco… diz "doce" e estica a mão grande e morena para um carinho no seu rosto. Ela encosta a cara na sua mão e sente o seu cheiro: o perfume, os cigarros, o sabão, o cansaço... Olho-o ainda e sente-se quente. Finalmente ele chegou!
Ele levanta a outra mão e envolve-lhe o rosto. Encosta a sua testa à testa dela e ficam assim, olhos nos olhos, um pouco tensos, um pouco amargurados, cúmplices nas certezas e nos desenganos. Hoje são um do outro e essa é a única certeza.
Ele tem um ar sério, compenetrado. Ainda não lhe deu sequer um sorriso. Ela sente-se arrefecer. O seu sorriso aquece-lhe todos os cantos do corpo, todas as partes que não partilha com ninguém, todos os espaços que habita só e que hoje são dele. E ele sente-lhe as dúvidas mas não ri ainda. Ela não fala. Olha-o, insegura como sempre, culpada de não ser melhor do que é, melhor para ele. E ele não fala, não ri… Está cansado.
Então ele desce a mão pelo pescoço dela, devagarinho… segue uma linha imaginária que começa por trás da orelha. O seu polegar acaricia-a e as pernas dela ficam bambas com a vontade que a preenche dele. Como é que ele sabia? Quem lhe ensinou tão bem os truques do seu corpo? Os seus olhos escurecem de excitação. Pedem-lhe que se afogue neles, que se afogue nela. E, como um milagre, surge o seu sorriso. Lindo e branco, meigo. Sorriso de quem ri com parcimónia, quem se dá de mansinho. E os seus lábios vão fazer companhia aos seus dedos. Ela logo sente a sua língua, suave, suavemente, traçando caminhos que antes eram só dela.
Ela encosta-se a ele e as mãos agarram com força a sua camisa, amassam com sofreguidão o tecido, tomam posse dele. Suspira e um pequeno gemido acompanha todo o ar que se soltou do seu peito. E língua dele, brincalhona, ziguezagueia no seu pescoço. E os seus lábios, macios, quentes, vão sugando, enquanto a sua respiração lhe causa arrepios pelas costas abaixo e acima, vezes sem conta. Sente-se egoísta. Será que ele entende como lhe está a dar tanto? Que só de pensar naquela boca no seu pescoço o seu corpo se turva, se abre, se aquece e se molda?
Deixa os seus dedos perderem-se nos cabelos dele… Afaga-o e mima-o. E resolve que a brincadeira também é sua. Um dedo procura a orelha dele, entra de mansinho. Ele arrepia-se. A unha dela segue a linha da jugular... O corpo dele cai sobre ela, sobre a parede da entrada de onde ainda não tiveram nem tempo nem vontade de sair. Ela sente a parede nas costas e o calor do corpo dele no seu. Surpresa, sente a sua excitação, a resposta do seu corpo ao fogo que fez nascer nela. E tem vontade de o amar ali mesmo, mas ainda é cedo naquela dança.
Os dedos dele escorrem agora para o peito dela, de mansinho. E os dedos dela, nervosos, escorrem para os botões que lhe escondem o peito dele. Voltam a olhar-se fundo. A boca dele, lentamente, dirige-se para a boca dela, que entreabre os lábios para o receber. Ele dá-lhe beijos pequeninos, um por cada botão que elimina do percurso dos seus dedos. E ela acompanha o percurso, no outro lado do seu peito, no outro peito. Vai vendo a pele morena e cálida a dizer-lhe olá, brinca com os cachinhos de pelos escuros e sedosos. Sente o bater do coração dele; sente na ponta dos seus dedos o próprio coração acelerado.
Ele abre a camisa dela por fim e sorri ao ver a renda negra contra a pele branca do seu peito. Renda negra, com lacinhos. E o vermelho dos mamilos a espreitar. Passa-lhes a ponta dos dedos por cima, muito lentamente. Ela arrepia-se.
Ela abre a sua camisa por fim. As palmas das suas mãos são pequenas para o tanto que queria abarcar. Deixa-as percorrerem-lhe o peito, vão descendo devagar. E, depois, com arrojo, as unhas brincam com a aquela barriga, deliciando-se em passar só um pouquinho além do cinto das calças.
Beijam-se. Beijam-se profundamente. E as mãos dele, carinhosas, envolvem-lhe as mamas e afagam-nas como se fosse seu dono, como se sempre tivessem sido suas e só fizessem sentido no côncavo das suas mãos. E ela beijo-o, gulosa da sua língua, da sua saliva. Suga-lhe a língua. É dela agora, só dela. E os seus dedos, atrevidos, procuram os bolsos das suas calças, em segredo, à socapa. Brincam. Está segura agora. Segura de que é nos seus braços que ele quer estar neste momento. Segura de que já não há cansaços. Segura de que o seu corpo agora é dela para brincar e acariciar, lamber, sugar, morder e apalpar. E, enquanto se beijam, ela sente o sorriso dele a crescer dentro da sua boca e sorri também. É dele, tão dele neste momento! E ele é dela e não há outro sítio no mundo onde lhes apeteça estar.
Ali, na entrada da casa, ela vai ser hoje a casa dele. E o corpo dela será o seu palácio.
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Insuperável - Capitão Amendoim (este fui buscá-lo à Catarina, onde se anunciou; espero que não se importe...)
Sai da minha cama. Deixa-me remover o teu corpo nu do meu mundo, insustentável para manter a pouca sanidade mental que me resta. Ausenta-te dos sonhos das noites em que resistir-te é inútil, me deixo envolver pelos teus braços delgados e nos encaixamos como peças de um puzzle para sempre incompleto. Deixa-me refazer as estruturas que tremem sempre que te entregas e sucumbem quando segredas palavras gemidas no meu ouvido.
São terramotos essas palavras, abalos sísmicos que te fazem avassaladora e me obrigam a amar-te violentamente, como tu gostas. Como animais impelidos por instintos básicos. Com força. Digo-te coisas que gostas de ouvir, coisas que não te diria em circunstâncias normais, porque sou limitado. Libertas-me. Insulto-te, maltrato-te, porque me pedes gemendo. De gatas, o suor que pinga nas tuas costas faz-te arrepiar. Estás completamente exposta, entregue só a mim, inconsciente do mundo que treme à nossa volta, e penetro-te mecanicamente, forço-me dentro de ti até te sentir contrair as entranhas num fluido que libertas e pedes que me venha contigo.
Uma vez mais, desejo que tenha sido o derradeiro encontro. Quanto desespero pelo próximo... e por tamanho desejo, ainda ofegante, deixo que a minha língua percorra o teu corpo e sucumbo novamente à ânsia de te violentar. Como gostas. Mecanicamente.
Mas depois veio mais este por e-mail :)

Quando entraste naquele quarto quente, sabias que eu tomava banho mesmo ali ao lado. Enquanto aguardavas que regressasse, deitaste-te na cama desfeita e começaste a imaginar-me nu com água escorrendo pelo meu corpo e levando consigo a espuma perfumada de um gel de banho suavemente floral. Com aquela imagem na mente, os teus mamilos começaram a ficar erectos e antes que te pudesses conter já as tuas cuequinhas deslizavam pelas pernas trémulas, impulsionadas pelos dedos com que começavas a tocar na ratinha húmida.

Entro no quarto, retirando do cabelo o resto da água, e deparo-me contigo deitada sobre a cama, de pernas abertas, e corada num misto de vergonha e tesão. As tuas mamas redondas e endurecidas pela excitação convidam os meus lábios e a minha língua começa alegremente a lamber-te os mamilos duros, gozando contigo e deixando-te cada vez mais louca. Pegas-me na mão e leva-la ao teu clítoris para que te toque da forma que mais gostas, antes mesmo de deixar a minha língua percorrer-te até também ela lá chegar. Lambe-me a coninha amor, palavras que extravasam entre suspiros involuntários. Eu lambo enquanto te agarro as pernas que mostram já os primeiros espasmos de uma excitação galopante.

Sinto que quase te vens, e levanto-me defronte de ti, com o caralho duro, ansioso de entrar por ti dentro. Levo-o à tua boca e digo-te chupa putinha linda, chupa-o todo e tu acedes, beijando o caralho rijo como pedra como se a tua vida dependesse do voluntarismo com que os teus lábios o abocanham. Puxo-te a cabeça até que o teu nariz me toque a barriga e esforço-me por não explodir na tua língua, mesmo que a minha vontade seja de te esporrar a cara toda.

Com as mãos forço-te a pores-te de gatas, exposta à minha frente e acedo aos teus pedidos que te foda. Meto-to dentro e começas a gemer enquanto suplicas que te penetre com força. Olhas-me nos olhos e desejas que te toque fundo, rápido, como se te violasse sem contemplações, apenas movido pelo desejo de te comer. E como-te cada vez mais depressa, com cada vez mais força, batendo-te nas nádegas que sacodem à minha frente e puxando-te o cabelo enquanto te insulto em pensamentos e em palavras. Gostas assim minha puta? Profiro as palavras que te fazem sentir suja naquele momento, como se te transfigurasses numa mulher que apenas és naquele estado de consciência alterado. O teu silêncio converte-se em gritos apaixonados de te vires com tanta veemência e é depois de satisfeita que te ajoelhas à minha frente ambicionando que numa punheta despeje sobre ti a esporra quente e saborosa que engoles sofregamente. E no momento em que acontece, sinto-me liberto de tudo e todos, despejando em ti o agradecimento de me teres dado um êxtase como nunca ninguém antes havia conseguido fazer.
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E de... - o primeiro chegado por mail que aguarda nick, heterónimo, ou ficará assim anónimo. Afinal já há heterónimo - Erosapiens.

... e dos dedos que sentem e provocam uma vibração que percorre todo o corpo dela, e dele...
...e da sensação da pele do outro, quente, quase eléctrica, ansiosa...
...e do cheiro do outro, que adivinha uma excitação, um frémito, a traduzir-se na procura das diversas partes do corpo dela; e dela no dele...
...e da descoberta que se vai ansiando e retardando, para subir a tensão, das zonas mais erógenas, mais erotizadas e estimuladas, zonas que denunciam a excitação (apetecia-me outro termo, mas depois sou acusado de pornografia e de não conseguir o erotismo)...
...e dos mamilos erectos, pontas que espreitam a estimulação do parceiro e que denunciam o que lhe vai por dentro de desejo...
...e do pénis dele que lhe é acariciado com desejo e paixão, com possessão também, e que se deixa levar, com controlo apenas para contrariar a vertigem para a qual a excitação o conduz, inexoravelmente...
E o Erosapiens ainda nos fez chegar mais este Tropicalmente por mail. Para as análises mais técnicas, aconselho a leitura da Posta a Três :)
Naquele dia, após a reunião, havia chegado mais cedo ao Hotel onde estava hospedado por ocasião do Congresso Internacional. Refrescado por um duche e de roupa desportiva fresca, por estar tão quente naquele país tropical, sentava-se no hall, deliciando-se com um sumo muito frio e lendo os jornais que trouxera consigo.


Sentiu a dada altura um perfume forte, exótico, exuberante e ...sensual, sim era isso, próximo de si, o que o fez procurar quem, assim, lhe tinha chamado a atenção. À sua frente, sentando-se do outro lado da mesa pequena, viu uma belíssima morena, de cabelo puxado para trás e preso, saia justa mas não muito curta e uma blusa que, àquela luz, lhe pareceu demasiado transparente.

Voltou de novo o olhar para a sua leitura, mas por pouco tempo. De imediato ouviu uma voz, em inglês, perguntar-lhe se também estava no Congresso. A sensualidade daquela voz enquadrava-se naquilo que agora os seus olhos melhor podiam divisar. A blusa finíssima era de facto totalmente transparente e ela estava - mas que visão - sem soutien! Respondeu-lhe qualquer coisa, logo fiando na dúvida do que lhe havia dito. Certo é que não conseguia tirar os olhos do que à transparência da blusa o começava a excitar. Os mamilos estavam formidavelmente erectos e isso já se ia reflectindo no seu sexo, também ele facilmente denunciado pelas finas calças de linho que usava. Sem perceber como, mas nitidamente alterado pelo tesão, estava, no minuto seguinte, no elevador e acompanhado por aquela autêntica escultura sensual.

Ao fechar-se a porta do elevador, ela fez menção ao seu já bem excitado e erecto caralho, que lhe havia imprimido até um andar um tanto cómico ao caminharem juntos. Não se aguentou e, dirigindo-se a ela, nitidamente transtornado pelo tesão, como um adolescente começou a acariciar-lhe, por fora da blusa, os mamilos mais erectos e excitantes com que alguma vez se tinha deparado. De um castanho escuro, numas belas mamas, na certa dimensão, média, como tanto apreciava, aqueles salientes mamilos provocavam-lhe uma enorme excitação, que só se lembrava de ter sentido nos momentos de iniciação da adolescência.

Aproximou-se dela a ponto de lhe sentir a respiração quente e já um pouco denunciadora de ansiedade, beijou-a ao de leve na boca, mas logo depois ela agarrou-o e puxou-o com força, enfiando-lhe a língua que se contorceu com a dele. O beijo transmitia todo o tesão, toda a tensão e ansiedade contida desde os poucos minutos em que se tinham encontrado. Ele penetrava-lhe a boca loucamente, penetravam-se os dois mutuamente, com intensidade, ao mesmo ritmo e desespero com que as mãos procuravam mais do corpo do outro. Apalpavam-se, por fora da roupa ainda, nos respectivos sexos. Ele abria-lhe já a blusa com brutalidade, fazendo saltar um ou dois botões e descobrindo toda a beleza das mamas dela. Ela mexia-lhe no volume das calças, decidida e quase desesperada, como se receasse que aquele caralho, à paragem do elevador, não mais a fosse comer.
Tirava as cuecas, quase deixando a rata à vista, quando o elevador parou e se abriram as portas. Desejavam ambos, secretamente, serem agora vistos em tamanho desalinho de postura e tão evidente estado de excitação. Tesão no estado puro.
Mas apenas ao darem a primeira volta ao corredor, dobrando a esquina, na direcção do quarto dela, é que surgiu o primeiro hóspede, uma jovem alta, ruiva e de jeans e t-shirt trajada que, em vez de sobressalto, os interpelou e desejou "boa foda, come-a toda lindão". Não fosse o que esta turista lhes disse nem dariam por ela, mas ao invés, a mulher meio despida de cuecas e sapatos na mão, perguntou à outra se até nem lhe apetecia juntar-se-lhes. Sem se surpreenderem, em tal fase da mutuo tesão, viram a outra fazer meia volta no corredor e segui-los, tirando logo a T-shirt e assim deixando um grande mas firme par de mamas à vista de quem ali lhes aparecesse.
Num nada estavam os três no quarto, logo ali passada a porta: a morena, ele e a bela ruiva despindo-se atabalhoadamente, lambendo-se, beijando-se e tocando-se mutuamente nos sexos uns dos outros.
O caralho dele mostrava agora toda a sua potência e vontade de explodir. Elas corriam para a cama, atirando-se uma à outra e beijando-se com um tesão que a ele lhe faria inveja, não fosse ter de se conter da sua própria exitação, evitando a ejaculação ali mesmo antes de uma qualquer foda.
Já elas se lambiam uma na cona da outra, quando ele se juntou, exibindo-lhes o pau que manobrava com orgulho, e de tão duro, erecto e já húmido na ponta lhe aumentava o tesão.
A morena - ainda não sabiam os nomes nem isso ali teria qualquer valor, em tal estado - puxou-o a si e logo meteu tal membro que lhe havia alimentado a fantasia e originado tamanha tusa, na boca de lábios carnudos e doces. Fazia isto e ia esfregando o clitóris da outra. A ruiva, em menos tempo do que os outros dois, atingira um clímax de excitação e as pernas vibravam-lhe abertas, a oferecerem uma bela cona vermelha e rapada, que ao homem lhe pareceu nunca ter visto coisa tão desejada.
Após trocas e posições alternadas, ao cabo de uma bela esporradela dele e alguns orgasmos de ambas as parceiras, ele ainda fodia uma, a ruiva, que parecia nunca se satisfazer e que comia gulosa a rata da morena. Esta, ia acariciando ao mesmo tempo os testículos dele e, o que mais doido o deixava, quando conseguia olhar, ia repuxando os lindos mamilos que o tinham fascinado.
Suados, extenuados todos procuravam mais uma prova da masculinidade do parceiro macho. Lutando para se manterem todos ligados pelo tesão descomunal que os havia surpreendido naquela tarde demasiado quente, só terminaram quando ele uma vez mais se veio ainda em substância bastante para que a esporra ejaculada as deixasse às duas a esfregarem-se no ventre e pela cara, onde toda a explosão de tal deliciosa loucura havia feito sentir a sua força e magia.

Todos ficaram com uma certeza: uma tal foda seria dificilmente superada, pela magia de ter sido inesperada, tão expontânea e tão forte.
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Sem Título - A contribuição do Cromo (heterónimo)

Talvez não fosse dôr quando os cabelos foram agarrados
libidos pensamentos desgarrados
de raiva incontida, desencadeada
Volupia em esplendor
furia de viver desenfreada
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Estava frio lá fora
e também dentro de mim.
Faltavas-me tu.
Tu, tu, tu...
Palavrinha pequena
que ressoava tão grande
na imensidão da saudade.
Tu e a tua mecha de cabelo rebelde ao vento.
Tu e os teus olhos penetrantes.
Tu e os teus sussurros ao meu ouvido.
Tu e as tuas mãos quentes.
Tu e a carícia da tua voz.
Tu e a tua pele com sabor a sol.
Tu tão longe...
Eu, aqui.
Já sem frio
Porque cheia de tu....
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Uma dádiva em cinco minutos - falaciamente (por mail, também, via Caliope)

Inevitável e inefavelmente teria de interrogar para que queria instigar seus anseios, para que queria fornicar, vê-la rolar, submissa num leito sujo e alvo de concupiscências sonhadas e masturbadas maquinalmente hora após hora....
Não era grande afã nem tão pouco sentido mister revolver seu rabo, penetrá-lo com saliva, dornar sua pele com caricias brejeiras e autofágicas...No entanto, fodê-la era o que parecia mais intrinsecamente falso, diria, prazenteiro....
Ela lá estava, prostada, dando o que podia, tentando com os gestos de pomba ordinária satisfazê-lo...Era a única forma, lânguida e ridiculamente mistificada por inumeras influências artesanais e de facto excitantes, que tinha de lhe pedir, de beijar seu solo, ciente do cio divinal que seus olhos lhe transmitiriam quando seu sémen na sua boca brotasse...
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Poema Erótico (ou nem por isso) - John (também recebido por mail de um ex-blogger que não quis deixar de participar)

Between your legs I've found heaven
There facing your sex I've gone blind
With my fingers making a seven
Your G-spot I wanted to find

Your pussy smells delicious
I go erect just from the memories
And your taste is simply... vicious
I can't get enough of your clitoris

To explore you I must try
With my nose and with my tongue
Down below is where I get high
Working on you until you come

There's this image in my head
Of you coming on me
Screaming naked on the bed
Letting that orgasm come to be

Yours is the sort of pleasure
That will make me lose my mind
No worldly tool can measure
The intensity of us two intertwined
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No centro do teu corpo é que poisava
o lume evaporado à terra arável,
a luz dos meteoros ou a lava
azul, incandescente, imponderável.

No centro do teu corpo, magnética,
a água do desejo incandescia.
Os dois éramos um: a aritmética
mudava as suas regras e eu bebia.

Aí era a nascente. Aí demora
a pele o ar que a custo respirava
enquanto não gritasses: é agora!

E então uma galáxia deflagrava
no centro do teu corpo que fundia
o mel, a cona, o pão, a poesia.
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Nua. Entre cada madrugada e manhã.
Olhas-me de lado resmungando uma desculpa que nem distingo. Depois serves-me a história do emprego, tão fotocópia.
Nua. Ante cada batida do coração.
Invisível lua semi ofuscada pelos clarões do zapping. Após sobrarem migalhas de mesa e exaustão.
Nua. Contra o vidro transpirado.
Goteja o vapor, condensando o desejo. Sob o rolo de felpo inesperado.
- Nua, não! Veste-te! - Enfim rouco em mim.
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Uma História - Anónimo


Ambos tinham tempo livre nos empregos, podiam passar algum tempo a conversar na net. Conheceram-se num chat. Foi ela quem tomou a iniciativa de lhe falar, escolhendo-o pelo nickname que usava, pouco usual, sugestivo sem ser ordinário.

Ao contrário do habitual, a conversa revelou-se interessante, e por isso repetiu-se por diversas vezes. Nada era banal naqueles diálogos escritos. Nem os atrevimentos dele, antes pelo contrário: faziam-na rir e responder à letra. Falavam sobre sexo dessa forma estimulante. Ele percebia a sensualidade discreta dela, e gostava de a espicaçar e de a tornar mais evidente; ela sentia-se atraída por aquele homem irreverente e desafiador. Fizeram uma aposta. Irresistível para ele. Irrecusável para ela: provocar-lhe uma erecção num local público. Sem se tocarem. Apenas conversando e olhando-se enquanto tomavam café, por exemplo. Um café com erecção, era a proposta.

A oportunidade surgiu quando ele foi em viagem de trabalho à cidade onde ela vivia. Falaram pela primeira vez ao telefone enquanto se dirigiam ao café onde tinham marcado encontro. Reconheceram-se porque tinham descrito as roupas que levavam. O encontro físico não os desiludiu. Sentaram-se numa esplanada quase vazia. A conversa versou unicamente temas neutros. Não trocaram uma palavra sobre a aposta.

No dia seguinte, encontraram-se de novo no chat. A distância tornou mais fácil falar sem rodeios. Ela tinha ganho a aposta; durante todo o tempo, ele não pensara senão em sentá-la no colo, fazê-la sentir a erecção que lhe provocara e masturbá-la ali mesmo. Não dissera nada porque lhe parecera ver nela uma luz vermelha, qual semáforo proibindo avançar. Enganara-se. O semáforo estava a piscar no amarelo: perigo, mas avanço permitido.

Nova viagem de trabalho permitiu um rápido reencontro. Desta vez, em casa dela. Começaram a beijar-se e a despir-se mal ela abriu a porta. Acabaram nus frente ao espelho do guarda-vestidos, mirando-se enquanto se tocavam. Durante todo o dia, não saíram da cama, numa sessão contínua de sexo imaginativo, quase animal, livre dos constrangimentos de qualquer sentimento. Sexo puro. Saciaram-se. Esgotaram-se um no outro. Ficou tudo dito. De tal modo que nunca mais se voltaram a encontrar.
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No Fim - Anaïs (mais um heterónimo)

Dentro deles cresce um calor e um arrepio, quase uma dor e explodem em prazer e cansaço. No fim, ela mantém o amplexo das pernas e dos braços, fazendo do corpo dele o continente onde se perdeu e se achou, porque hoje quer ficar ali, quer o seu homem mesmo assim, cansado e murcho dentro de si.
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Estamos todos à espera... - Eugav (queremos só ver as tormentosas marés transversais...)
Ah e isto dava tema para outro post: o sexo não é só na cama, espaço físico cama ou qq outro espaço. O sexo é difuso, transversal e pode ser omnipresente(desconfio q ando muito pouco católica)
(ela não esqueceu aquele meu texto sobre o sexo ser só cama. Ok, coloca-o aqui q eu mudo de nick e em vez de Vague assino como Eugav e desenvolvo a coisa)
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Lá pelas duas da madrugada
Na caminha me deitei
no sono fiz caminhada
Mas logo me levantei


Encontrei-te envergonhada
Naquele sono que voei
Foi bela a passeata
No momento que te beijei

Foi longa a caminhada
Em que contigo rebolei
Estavas apaixonada
Quando em ti eu entrei

Foi fria a madrugada
Em que contigo voei
Tocou a campainha danada
Quando antes do tempo acordei

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Eros na palma da mão - da Viajante

Mãos que aportam
incontáveis fragmentos de prazer.
Que se dão e se desdão para provar a pele,
para afagar a dolência, e passear
ainda sem destino no corpo que se faz porto.
E planador.
Viajam sem rumo, mergulham
em procuras incertas nos sabores renovados
de quem redescobre.
E se des cobrem.
Afastam-se em viagem, removendo
obstáculos, anulando o que separa
trocando por maciez e pele.
E gotículas de suor.
Trilhos de gentileza leve
exigência subtil provocação
generoso oferecer
e travo impossivelmente doce
sofreguidão do desejo adiado.
E requerendo.
Retardam e propiciam, entre vales
e colinas, nos sulcos e nas texturas
dos corpos que se fazem navios.
E oceanos.
Mãos que se perdem de si,
se confundem e tumultuam,
trocam-se e perdem-se de todo
em ímpeto e tempestade.
E reencontram-se, em trégua de recomeço
com olhos brilhando.
Mãos que retomam
incontáveis fragmentos de prazer.
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O Início do Verão - The Old Man

Através das pestanas semi-cerradas observava uma gota de suor que descia pelo peito dela. Uma leve penugem quase invisível travava-lhe a descida, tendo ficado suspensa à beira do umbigo bem desenhado como uma pequena boca sedenta e preparada para a beber.
Humedecendo um pouco os lábios e pestanejando sob o brilho do sol, ele virou-se de lado na toalha. Com o indicador impulsionou a pequena gota para dentro do umbigo, enquanto com a língua acompanhava em sentido ascendente o pequeno sulco húmido.
Estremecendo ligeiramente, ela pousou-lhe uma mão no ombro e sussurrou – Espera… Estão ali uns miúdos. Vamos antes até casa.
- Os calções ainda não secaram – respondeu ele, apontando um monte de tecido com palmeiras, que lhe envolvia a cintura como uma tenda de bom tamanho – Só se os despir e for de toalha à cintura. – Propôs a sorrir com um ar maroto.
- Se usares a toalha ninguém vai ver nada do que eu quero – Disse ela sorrindo enquanto calçava as sandálias, e se começava a dirigir para o parque de estacionamento quase vazio, onde se encostou ao carro para sacudir a areia dos pés.
Colocando a toalha à cintura, o homem despiu os calções com um gesto fluido. Entretanto sem se saber como, já ela conseguira envergar a roupa por cima da pele nua, notando-se através do top acetinado a rigidez dos mamilos ligeiramente húmidos que se colavam a este.
Ela recostou-se no assento, apreciando o calor que o sol lhe espalhava pela pele numa carícia suave e lentamente deixou-se cair numa relaxante semi-sonolência, com a cabeça tombada para o lado deixando o cabelo solto escorrer sobre a face.
Ele conduzia atentamente a uma velocidade moderada, segurando o volante com a mão esquerda enquanto mantinha a direita apoiada na perna dela; sentindo crescer a tepidez excitante que lhe chegava aos dedos vinda das coxas ligeiramente entreabertas.
Fez subir a mão devagar arrastando um pouco a saia mais para cima, enquanto a contemplava pelo canto do olho.
Imersa num leve torpor, ela sentiu-lhe os dedos em exploração. Vendo-lhe a expressão excitada através das pálpebras semi-cerradas, mas sem querer demonstrar que se encontrava desperta. Um dedo aflorou o monte-de-vénus, descendo lentamente pelo sulco que a dividia e introduzindo-se dentro de si, como que procurando abrigo.
De olhos fechados e controlando o impulso para não se mexer, sentiu todos os pormenores do dedo, desde a unha aparada até aos pequenos pelos da parte de cima, passando pela nodosa articulação que lhe provocava uma sensação estranha ao roçar pelos lábios humedecidos.
Espreitou disfarçadamente quando ele vagarosamente retirou o dedo e o levou à boca; lambendo-o com a ponta afiada da sua língua carnuda, como que testando deliciado o sabor de um molho.
Sentiu um arrepio de prazer partir dos seios e atravessar-lhe a barriga em direcção ás coxas que contraiu, sentindo-as agora molhadas e pegajosas. Sem que parecesse acordar, fez-se descer no banco avançando o cóccix, de modo a abrir-se um pouco mais.
Sorrindo ao movimento como um convite e imaginando-a convenientemente adormecida, ele repetiu os mesmos gestos. Separando-lhe com dois dedos os lábios molhados, e aproveitando ela estar em posição mais favorável, para com estes bem húmidos lhe acariciar o clítoris rosado que despontava hirto como um pequeno pénis.
Ela admirava disfarçadamente a expressão compenetrada que ele fazia, ao tentar concentrar-se em duas coisas simultaneamente.Sentiu dois dedos a deslizarem para dentro de si, engolidos numa espécie de beijo sôfrego. Deixou-se ir na sensação de sucção que lhe provocava, apreciando o calor que a invadia e lhe tornava a respiração um pouco mais pesada.
Estacionando no beco paralelo à casa, ele virou-se para o lado e acariciando-lhe os cabelos com a mão esquerda, atraiu-a um pouco para si e beijou-lhe meigamente os olhos; dando-lhe pretexto para fingir que acordava. Pegou-lhe na mão direita e conduziu-a para debaixo da toalha que tinha à cintura.
Com a ponta dos dedos ela sentiu a haste quente. Percorrendo-a pelo alto-relevo do canal até à base onde os pelos começavam a crescer; e envolvendo finalmente o membro com os dedos puxou-lhe a pele para baixo fixando-a firmemente com a mão, deixando exposto o seu desejo, ao que foi recompensada com um pequeno gemido abafado que ele soltou enfiando-lhe os dedos pelo cabelo.
Apenas porque ele o desejava, deixou-o conduzir-lhe a cabeça em direcção ao colo. Com a ponta da língua saboreou uma gota, que despontava do pequeno orifício na ponta em forma de morango, e abraçou-a com os dentes, prendendo-a delicadamente enquanto movimentava a língua em pequenos círculos ritmados, que a deixavam com excesso de saliva que lhe escorria pelo canto dos os lábios.
Meigo mas firme, ele empurrou-lhe a nuca até ela sentir algo aflorar-lhe a garganta. As mãos entrelaçadas no seu cabelo, faziam-na sentir-se como um barco a ondular em mar alto, que a guiava em movimentos verticais imprecisos, apertando-lhe habilmente o membro entre o céu da boca e a língua.
Mas além da posição lhe fazer doer o pescoço o volante magoava-lhe a orelha. Para desapontamento dele, levantou a cabeça e sorrindo disse
– Não estamos bem aqui, que o carro é muito acanhado. Seria melhor subirmos; e eu já podia dar-te mais atenção.
Ele acedeu, e puxando a toalha para baixo encaminhou-se para casa. Ela seguiu-o com as pernas um pouco trémulas em antecipação, e sentindo as coxas roçarem uma pela outra no seu movimento viscoso à medida que caminhava.
Entraram na sala imersa na penumbra provocada pelas persianas. Atirando as chaves para o aparador ele beijou-a na boca, deixando que a língua lhe descesse até ao pescoço salgado. Simultaneamente subiu-lhe o top, expondo-lhe os seios redondos como toranjas.
Acariciou-os com as palmas das mãos em movimentos circulares, acabando por os apertar e lhes beijar os bicos, roçando por eles a ponta dos dentes. Ela levantou-se ligeiramente, apoiando-se nos dedos dos pés e levantando os calcanhares; ao sentir a diferença de temperatura nos mamilos, e inclinou-se ligeiramente para trás de forma a que ele se demorasse um pouco mais.
Arrancando a toalha com um único gesto encostou-se a ela, fazendo-lhe perceber contra o estômago a dureza do membro, que sentindo-se solto estremecia ligeiramente. Empurrou-a para o sofá que se encontrava por detrás dela, e segurando-lhe a saia pelo elástico da cintura despiu-a ao longo das pernas, até a retirar totalmente e lançar ao acaso pelos ares.
Ela sentiu-se segura pela parte interior dos joelhos e puxada para a frente. Sempre firmemente agarrada, viu os joelhos aproximarem-se-lhe da cabeça enquanto ele se introduzia, fazendo-a arquejar sob o impulso inicial.Segurando-lhe as ancas e com os tornozelos dela cruzados atrás do seu pescoço, ele arremeteu; mas sentiu que ela o apertava com as pernas e usava o seu impulso para o tombar de lado sobre o sofá, aproveitando para com um movimento rápido se colocar por cima.
Apertando-o com os joelhos como a uma montada nervosa, empalou-se lentamente nele até sentir a base peluda do pénis em contacto com as suas nádegas. Começou a mover as ancas em lentos movimentos circulares, sentindo-o varejar dentro de si; e inclinou-se para a frente introduzindo-lhe a língua na orelha.
Deixando que os seus seios roçassem pelo peito dele ao seu ritmo, dando-lhe uma impressão de ser percorrida por umas grandes mãos que acariciavam por toda a pele disponível.
Ele ao sentir-se como que engolido por uma anémona carnuda que o sugava insistentemente, segurou-a pelas nádegas e com os dedos em redor do seu pénis, acariciou os lábios encharcados que o circundavam.
Sentindo-se abrir aos poucos por fora ela arqueou o corpo para trás, afastando-lhe as pernas, e enquanto se equilibrava na barriga das pernas dele ia subindo e descendo em movimentos cada vez mais rápidos, deixando que o seu corpo comandasse inconscientemente o desejo de se cravar ainda mais.
Sentindo uma sensação familiar que a derretia em fogo perto do clítoris, e se espalhava rapidamente pelo resto do corpo, como magma que se solidifica num só sopro; ramificando-se pelas virilhas em direcção ás pernas descoordenadas, e subindo por ela em flechas certeiras atravessando o peito que agora saía de dentro de si.
Ela gemeu um pouco mais alto e inclinou-se para a frente agarrando-lhe firmemente os ombros, empalando-se nele em arrancos bruscos que se foram reduzindo a um saltitar percorrido por estremecimentos pontuados por pequenos gritos agudos.
Sentindo as contracções do orgasmo dela apertarem-lhe o membro ele tentou resistir, mas já um arrepio lhe percorria a espinha em direcção ao escroto; e com um grito rouco sujeitou-lhe as ancas cravando-se nela até não restar espaço algum entre as suas peles, que se colavam pelo efeito do suor e saliva, estremecendo nos últimos espasmos.
Cansados, ela deixou-se ficar sobre ele, apertando ainda as pernas de forma a não o deixar sair de si, sentindo o seu coração bater num ritmo acelerado que a fazia esboçar um sorriso. Afundando a cara no peito dele, elevou um pouco as ancas e desencaixou-se lentamente, percorrendo com a face o corpo suado com sabor a sal, sentido na cara o calor que emanava da pele. Num gesto demorado, alongando os braços ao longo do corpo dele, passou-lhe suavemente a língua pelos mamilos mordendo-os em seguida, pela barriga traçando uma cruz de saliva e sopro até chegar ao pénis, onde lambeu um resto de sémen que permanecia colado ao membro, fazendo-o estremecer uma vez mais.
Em seguida, esticou-se novamente para cima, e como uma gata em posição de ataque beijou-o passando-lhe a língua pela boca inteira, passou a perna esquerda para fora, levantou-se e dirigiu-se à casa de banho.Suspirando profundamente, ele deixou-se ficar deitado a olhar o tecto e sem pensar em nada; em paz.
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Fogo - da Mar
"Dás-me um cigarro, por favor?", disse por fim, enquanto deitava calmamente a cabeça no colo dele. "Só me falta mesmo um cigarro para este momento ser perfeito".
Ele observou o fumo em espirais que se desprendia da sua boca semi-aberta. Vermelha e cheia, húmida, a boca dela.

Sem se aperceber, roçava um dedo suavemente pelo desenho dos lábios, pelos olhos fechados enquanto ela permanecia imóvel. Apenas a respiração acelerada denunciava o coração aos saltos, o baixo-ventre a contrair-se, o corpo dela a liquefazer-se aos poucos, numa vertigem doce.

Num impulso, ele baixou a cabeça até que a sua boca se colou na veia que pulsava devagar no pescoço dela. E, de repente, nada mais importava, a estrada, as decisões, o calor, o cansaço, o cigarro apagado contra o tronco da árvore. Entraram um no outro, sobre a mãe-terra, os corpos num só, fundidos como se quisessem ser raíz a rasgar o solo, as bocas num sorvo mútuo, as mãos, loucas, a gravar a pele do outro em cada palma.

Amaram-se ao entardecer, incendiados na volúpia de se pertencerem e nem deram conta de outro fogo, no horizonte, o sol a tingir de vermelho o céu da planície à medida que se afundava na noite.
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Mapa - da Vague (e com o meu suspiro...)

O teu corpo um mapa onde solitária mergulho
corpo que se acende em mim, vive e transborda
e cada letra do abcedário uma chave
tu o cofre, mapa que percorro com as mãos quentes
tentando adivinhar-te onde te dói mais o grito
e no meu olhar cresce o brilho
em todas as carícias te encontro
e cabes inteiro nas minhas mãos cheias
talhados que fomos à medida do encontro
e caibo inteira ns tuas mãos cheias

Das pontas dos meus dedos nascem asas
contorno-te a boca de desejo num voo
difusos os sentires no corpo suado
sexo palavra breve
breve
completa
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Sem título - Sol de Inverno (via Caliope)
A rua deserta, mal iluminada,
Uma voz sumida,
Um eco distante,
Na noite quente,
Na luz insuficiente...
Uma brisa – um sussurro,
No meu ouvido receptivo,
Sob um manto de estrelas,
Testemunhas – de um amor nervoso;
Gestos vagarosos,
Uma carícia,
No teu colo quente,
A minha respiração
No teu perfume doce,
Um beijo...
Nos teus lábios ansiosos,
Um arrepio,
No suor do meu corpo,
Aliado á brisa do teu sopro.
Na noite quente, noite escura,
Rua deserta,
Dois corpos, num só amanhã,
Numa só eternidade,
Á beira de um precipício,
Com uma adrenalina total,
Completamo-nos...
Na quietude da noite,
Sob as estrelas e a sua fraca luz,
Eu sou tua,
Tu pertences-me...
Um arrepio,
Um sussurro,
O tacto de uma carícia...
Um beijo.
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Post erótico...* - da Noite (que apaguei não sei como... imperdoável! Mas já está cá de novo)
Não estou a conseguir resistir
a esse teu poder de me atrair

A vontade de te tocar,
de te possuir,
de te morder,
de te devorar,
assalta-me a cada teu olhar.

Por isso pergunto:
- posso comer um dos teus chocolates?


----*... ou talvez não! :P
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Texto semi-erótico, ou preliminar - da Vanus (e queria mesmo, miga! fazes sempre magia com as palavras)
Ela sorriu-lhe com ar sonolento. Espreguiçou os braços, serpenteando o corpo e encostou a sua testa à dele, sentindo-lhe o nariz na extremidade do seu.
-Acordada? – perguntou ele, metendo-lhe o cabelo atrás da orelha, num movimento único que lhe deixava a face descoberta.
- Quase – respondeu-lhe ela, abrindo ligeiramente as narinas para confirmar o seu estado de vigília.
Ele olhou-a, e deixou-se estar. Dobrando cotovelo junto à cara, passou-lhe a mão por cima da cabeça e manteve o mesmo gesto repetido, abrindo um pouco mais a mão e tomando os cabelos dela como um tear onde intrincados fios se desenhavam.
Sentiu-se remexida e aceitando o gesto, tentou entrançar a sua cabeça na mão que a afagava, pressionando-a, ao mesmo tempo que movia de um lado para o outro, tentando cobrir-se do máximo de espaço que a palma da mão atingia.
Ele sorriu-lhe, e com a outra mão deixou que o polegar lhe percorresse os lábios muito lentamente, tacteando todos os sulcos daquela amora madura.
Embalada na dança que se desenhava entre os seus cabelos, ela entreabriu os lábios, sentindo as faces pesadas pelos olhos que se iam semicerrando à passagem daquele estímulo sobre os seus lábios.
Percebendo que ela reagia ao toque, ele pressionou um pouco mais o dedo sobre a boca rosada, envolvendo-a ritmadamente e sentindo-lhe a língua húmida que latejava, dobrou o polegar um pouco e com a ponta varreu-lhe o interior do lábio inferior, deixando que a unha traçasse um risco lento na gengiva.
Ela estremeceu ligeiramente e o impulso fê-la humedecer os lábios procurando a fonte que corria presente na sua boca.
Usando o indicador, ele sentiu-lhe as saliências nos dentes e deixou-o parado, esperando o retorno da acção. Ela mordeu-o delicadamente, prendendo-o em seguida, circulando-lhe a ponta com a língua, reconhecendo-lhe as ínfimas impressões digitais.
Como um mastro que se ergue sozinho, ele introduziu-lhe o dedo na boca, e mantendo-o firme, perscrutou-lhe o interior das bochechas como um compasso de música, ao que ela cerrou os lábios tal flor sedenta de alimento e o sugou para si, entrelaçando a língua nele, subindo e descendo, lambendo-o da base até à ponta, procurando-lhe o sabor difuso que se solta de dois corpos banhados em fricção.
Sentindo-a presa na descoberta, e na vontade, ele retirou um pouco o dedo do fluido quente que o envolvia, deixando-a vazia na promessa de mais, ao mesmo tempo que se amarrava aos cabelos dela impedindo-a de continuar a senti-lo.
Consciente do desejo de o ter dentro de si, provocado pela língua orvalhada em espera, ela agarrou-lhe o pulso firmemente e escorregou a sua mão para cima da mão dele. Com um gesto preciso empurrou-a novamente para si, abrindo-lhe o indicador ainda humedecido com sua saliva, e inclinando a cabeça ligeiramente para a frente abocanhou-o de uma só vez, sulcando-o com os dentes à medida que a sua língua era arrastada por uma trepidez táctil que a fazia deslocar o corpo balanceadamente, deixando-lhe agora os seios a descoberto com o movimento. Arrepiou-se.
Sem lhe largar a mão, os dois aceleraram as investidas que a faziam sugá-lo, como se fossem um só corpo onde as sensações se traduzem na desmultiplicação repetida da unidade, no toque, e nas pequenas imperfeições exaustivamente encontradas.
De olhos fixos sobre os movimentos que a enchiam, ela desaguou-se num estremecimento que lhe tomou o corpo, obrigando-a a alongar as pernas num abrir de pele, sentindo-lhe os pés frios ao fundo da cama.
Ele olhou-a, puxou-lhe a mão, e com o seu polegar circundou-lhe uma vez mais os lábios carnudos, agora húmidos e escorregadios, perguntando-lhe:
-Acordada?
-Bastante – disse ela, sorrindo abertamente.
Sentiu-lhe então a mão descer lentamente pela sua cabeça até às costas nuas, levantando-lhe um pouco o corpo para lhe passar debaixo, abrindo-se firmemente nas nádegas, onde ele a puxou para si, depois a boca dele molhada pincelando desejo no seu pescoço, o calor que aumentava como uma bola de fogo a passar como rastilho, e esqueceu-se que havia qualquer espaço entre eles.
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Do arquivo dela - da Sandra-Becksfan (lá porque respondeste no post "lá de cima", não quer dizer que eu não te traga "cá para baixo, eheh)


acaricia-me o coração e arrepia-me
a alma, provoca meus sonhos, meus
sentidos, engana-me com ilusões
sussurradas, promessas ao ouvido...
delírios transcendentais...
provoca-me ao tocar levemente meu corpo que,
entregue e trémulo, espera hesitante, atento...
com a ponta dos teus dedos leva-me ao arco-íris
e mostra-me a cor escondida, proibida do
verdadeiro firmamento...
leva-me a viajar, convoca deuses para me
servir, para melhor me amares...
perfumes pairam no ar, as fragrâncias do
amor inundam o nosso santuário, o nosso
corpo... a nossa pele transpira luxúria,
nossos poros exigem mais... o sonho é novamente
ressuscitado e, nos lençóis enrolados, quentes,
deixamos parte de nós de tão cheios que estamos...
derramamos, languidamente, pelo chão os bocados,
os excessos de paixão que não conseguimos guardar...
explodimos...
depois, frente a frente, demoramo-nos tempo
infinito dentro do olhar um do outro
Sonhamos abraçados, acalmando o vendaval passado,
sonhamos no calor dos nossos corpos ligados e, a
pouco e pouco, regressamos à realidade
Voltamos a ser estranhos
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Sem Título - da Joana
Abre o sorriso.Descompassas-me o fôlego.
Esta vontade de te sentir...atreve-te a mim!
não me lês a vontade nos olhos? Rebentam por ti.
Então atreve-te...
cativo-te a língua como me apetece
na boca...aqui mesmo...
levar a minha fome de ti aos lábios.
Sentir-lhes o gosto...o gosto dos dedos
Vou gelar-te o sangue neste atrevimento
Parar o teu tempo.Não sentes tudo mais...lento?
Quero apanhar-te frágil
atropelar o teu fôlego também
sentes este ritmo que me acelera o peito?
Não tens hipótese. Já te apanhei...
Quero ver-te reagir às curvas do meu pescoço
ao intervalo de seios redondos arrepiados,
molhados... de ti
Já deixaste uma mulher assim?
no ventre que treme à passagem do teu encosto
Sentes-me os contornos suados...?
Vês aquilo que provocas? Sentes-[me]...aqui?
[Roubo-te as mãos]
Toca-me...
sente a agitação que me provocas
Sentes a pele quente?
imaginas a humidade...sempre que me tocas?
Fecha os olhos...imaginas?
Então desce até mim. Confirma o teu efeito
Sente-me derreter nas tuas mãos
sou mel
Entre os lábios quentes...tua mão
Explode-me o peito
Ainda respiras?...eu já não
Murmuro o quanto te quero
E imagino-te pronto, descontrolado
Enquanto se decide onde queimar o desejo
desbloqueia esta gana
e atira-me para qualquer lado
Abocanha-me o ombro como quem come...
Se não avançares avanço eu
é o desejo que comanda
Rasga o tecido que nos impeça o contacto
Rasga agora...domina...manda
Não quero senão pele entre nós
...quero ouvir a tua [trémula] voz
Entra em mim. Fá-lo devagar
para prolongar este arrepio
vamos atrasar
começar assim...bem fundo e devagar
Bem fundo e devagar...
abafa-me o grito com o teu beijo
Contêm-me ao entrar.Aperta-me...muito
Se não aguentarmos
mordo-te, prendo-te, arranho
Quero sentir-todo
Quero sentir-te inteiro
desfalecer a explosão na tensão do meu corpo
dormir a dormência
agir o desejo de novo
Nunca me chegas.sabes-me bem demais...
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O contributo do PN


Já me esqueci...

Da dança de luz por entre os teus cabelos.
Da roupa descendo pela tua pele.
Dos caminhos do teu corpo.

Já me esqueci...
Do sabor dos nossos corpos fundidos
Dos teus seios no meu peito.
Do meu nome num doce sussurro

Já me esqueci
Do teu suspiro trémulo
Do abraço ofegante
Dos nossos contornos nos lençóis abandonados.

Porra de amnésia.

(aqui)
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O post erótico da Bastet (aqui)
Diz-me então que nome te dar. Por onde queres que te leve neste passeio imaginário. Que ruas do teu corpo deverão ficar com as marcas que me pedes e quando, quando o teu desejo eclodir, que mulher quererás então ao teu lado. Fala-me das vestes que tiro, das páginas de poesia que rasgarei no teu sexo, para que possa tragar um poema e guardar no meu hálito a chave de um soneto. Fecho-te então os olhos à luz e os pulsos ao movimento para que a percepção das carícias e dos medos se misturem com os anseios que me descreves. Vou lembrar-te do frio, para que sintas o tremor do gelo e as gotas de suor se refresquem no teu peito. Vou apagar-te da memória quem tu és, para que possas renascer na liberdade da criança amamentada pelos meus seios e para que morra inocente essa sede de outros néctares. Olha-me então pela vez última, antes que esqueças o que sou, antes que te vista e dispa rasgadamente na descoberta do teu novo corpo. Diz-me então que nome te dar. Como chamarei a esse homem que hoje dou à luz pela fantasia, para que quando te abandonares em gritos de mel, reconheças quem já foste e nomeies sem pudor o que afinal sempre quiseste.
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Lembras-te daquele imenso canavial,
onde nos encontrámos,
naquela tarde cinzenta?
Lembras-te como um olhar,
um simples olhar,
bastou para nos entregarmos?
Lembras-te da chuva,
a molhar os nossos corpos nus,
entregues ao mais puro prazer?
Lembras-te do sol,
que alguma deusa do amor
enviou para nos aquecer?
Lembras-te de olhar o céu
e pensares que nada mais existia no mundo
a não ser nós os dois?
Agora olho para esse mesmo céu
e pergunto-me onde estás
e como pôde a vida separar-nos...
O contributo do Zé Canas (aqui)
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Os calores que me provoca este The Old Man estival!
O Passeio no Campo
"Sou o mensageiro da perversidade. O meu olhar corrompe como o abismo atrai”
- Pierre-Jean de Béranger -
Um moderno automóvel para circuitos urbanos parou calmamente frente à imponente fachada de aspecto oitocentista. O pequeno caixote de plástico e vidro ficava tão deslocado na paisagem, como um ovo quadrado num galinheiro. Mas foi discretamente estacionado no pátio das traseiras, onde ficou impossibilitado de ferir os olhares mais susceptíveis.
Tirando a chave na ignição ele encarou-a um pouco embaraçado – Espero que não demos muito nas vistas… - e prendendo-lhe uma madeixa atrás da orelha, beijou-a ao de leve.
- Somos ambos casados… usamos aliança, qual é o problema? – Respondeu ela sorrindo com ar maroto; o que lhe provocava uma covinha no lado esquerdo da face – Aliás, isto é bem perto do fim do mundo. Mais uns quilómetros e caímos do extremo da terra para o espaço.
Estas considerações “letronnianas” foram interrompidas pelo dono da propriedade, que descendo a escadaria de granito os convidou a entrar e lhes proporcionou um porto, enquanto confirmava as reservas no PC do “front-office”.
Caminharam sob um caramanchão até um pequeno edifício totalmente construído em xisto. O interior desmentia bastante a impressão que teria quem apenas o observasse de fora.
Entrava-se para uma pequena antecâmara que servia de sala e dava para um quarto rústico, onde pontificava uma lareira apagada de aspecto imponente – A casa de banho é aquela porta ali! – Informou o anfitrião indicando uma porta a um canto. – A água para os banhos vem da caldeira no edifício principal, pelo que não têm que se preocupar. O almoço é daqui a uma hora – Acrescentou enquanto saía com um sorriso discreto.
- Realmente uma hora é uma eternidade para preencher – Disse ele sugestivamente – nestas paragens deve haver muita dificuldade em ocupar o tempo livre.
- Não comeces com ideias. – Começou ela olhando-o de esguelha – Estou toda transpirada e um banho fazia-me imenso jeito. Desabotoas-me o vestido?
Ele aproximou-se por detrás, e enlaçando-lhe a cintura com o braço esquerdo desabotoou-lhe o primeiro botão do vestido de algodão; aproveitando para colocar um beijo húmido sobre a última vértebra saliente do pescoço, que mordiscou levemente.
Agarrando-se à armação da velha cama de ferro com um arrepio a percorrer-lhe as costas no sentido descendente, ela sentiu uma mão forte insinuar-se entre as suas pernas; começando a subir do joelho pela parte interior da coxa direita, e acabando por lhe apanhar toda a virilha como quem agarra um tronco. Sentiu-se levantada e forçada a pôr-se em bicos de pés.
- Realmente é a isto que eu chamo transpiração a sério – brincou ele, passando-lhe a língua por debaixo da orelha enquanto lhe levantava a orla das cuecas; tacteando o caminho com os dedos que já sentia molhados.
Estreitou ainda mais o abraço agarrando-lhe um seio. E enquanto lhe procurava a boca com a língua, introduziu lentamente dois dedos dentro dela em paciente exploração, sentindo relevos sensíveis ao tacto que vibravam em pequenos espasmos e se repercutiam pelo corpo dela num suave abalo sísmico.
- Sabes que não posso garantir a tua segurança no banho? – Perguntou-lhe ele em voz rouca, enquanto para corroborar o que dizia se encostava bem a ela, de modo a fazer-lhe sentir o membro bem rijo através das calças. – Imagina que deixas cair algo que precises apanhar…
Ela deixou-se cair sobre a cama, e girando sobre si própria colocou-lhe os calcanhares nos ombros, forçando-o a inclinar-se sobre o seu peito onde lhe agarrou a cabeça com ambas as mãos. – Sabes o que acontece aos meninos com orelhas grandes? – Perguntou enquanto lhe dirigia a cabeça um pouco mais para baixo de modo sugestivo.
- Se calhar, algo parecido com o que mais tarde vai acontecer a uma menina de cabelo comprido que eu conheço – Respondeu ele, puxando-lhe as alças do vestido por fora dos ombros, e fazendo-o deslizar firmemente pelo corpo abaixo; o que a deixou apenas com as cuecas azul celeste.
Tirou a t-shirt e debruçou-se-lhe sobre um dos seios, lambendo-o demoradamente enquanto ela se debatia com o botão das suas jeans. Desceu com a língua em direcção ao umbigo, e aproveitou para se livrar do resto da roupa com um movimento rápido. Meteu-lhe as mãos por debaixo das nádegas e atirou-a literalmente para o meio do colchão, fazendo a cama protestar com um rangido metálico.
- Acho que vais ter acompanhamento instrumental – Disse-lhe em tom provocatório – Felizmente as paredes são grossas, e ninguém vos irá escutar ás duas.
- Sim? – Retorquiu ela – E quem é que faz aqueles ruídos como se estivesse a ser estrangulado? Anda cá! Meu presunçoso…
Ele saltando para cima da cama tirou-lhe as cuecas. Agarrou-lhe as pernas pela parte de trás dos joelhos, e empurrou-as fazendo com que ela se abrisse como uma anémona rosada e húmida, começando a beijar-lhe a parte interior das coxas.
Soprou os cabelos curtos e encaracolados da púbis. Passou a língua pelos lados da fenda semi-aberta, e soltou-lhe as pernas que ela abraçou para com as mãos se abrir um pouco mais. Afastando-lhe os lábios da vulva com os dedos, lambeu a entrada em movimentos circulares que se aproximavam inexoravelmente do pequeno botão saliente e hirto.
Ela soltou alguns gemidos abafados e impacientes, sentindo um rio de fogo percorrer-lhe todo o corpo. – Vem! – Disse-lhe. Mas ele sem ligar, ficou mais um pouco a brincar-lhe com o clítoris, apanhando-o com os lábios para o soltar de seguida, introduzindo repetidamente a língua pela fenda aberta até ela se enroscar de prazer.
Levantou-lhe a perna esquerda para a virar um pouco de lado, e colocando o calcanhar sobre o lado direito do pescoço, introduziu-se de uma só vez com um impulso forte das ancas; ficando por momentos a tacteá-la interiormente, e a sentir todas as pequenas rugosidades que lhe aprisionavam o membro.
Sorriu ao captar-lhe o olhar. Não gostava de mulheres que fechavam os olhos durante o sexo; era daquelas ocasiões em que achava necessário um contacto mais profundo que uma mera fricção de mucosas. Começou a mover-se lentamente a princípio, aumentando gradualmente o ritmo que era acompanhado pelo gemer da cama e pelas exclamações entrecortadas da companheira.
Esta puxou-o para baixo e rolando colocou-se em cima dele. Segurando-se à cabeceira da cama para se sentar firmemente, começou a saltitar cada vez com mais força fazendo oscilar os seios, e espalhando em volta o cabelo como uma chama negra.
Recostado nas almofadas, via-a empalar-se ferozmente em si com movimentos quase descontrolados. Ergueu-se um pouco. Pousou-lhe as mãos nas pernas massajando o clítoris com os polegares, e esticou o pescoço para lhe beijar os seios chupando os mamilos alternadamente.
Ela observou-lhe a expressão tensa do rosto, sentindo o sangue a pulsar nas virilhas com uma urgência incontida que a invadia pelo baixo-ventre em pequenas explosões cada vez mais profundas e intensas. Um gemido involuntário brotou subitamente de dentro de si, como um soluçar agudo, que se prolongou à medida que a vista se nublava. E deixou-se cair sobre ele percorrida por um estremecimento involuntário.
O homem abraçou-a sentindo todos os pequenos movimentos que o envolviam, com a cara coberta pela cabeleira escura que cheirava a lilases.
Soltando-se suavemente do abraço, ela deslizou por ele abaixo sentindo o pénis duro passar-lhe pela barriga e por entre os seios, ficando a oscilar ligeiramente em frente a si. Atravessou-se na cama, e puxando a pele para baixo com as duas mãos rodeou a glande com os lábios, chupando vagarosamente.
A sensação foi tão intensa, que ele se agarrou aos ferros da cabeceira com as duas mãos contorcendo-se um pouco. Encorajada pela reacção, ela engoliu-o até sentir alguma pressão contra a garganta; voltando a soltá-lo para repetir o movimento várias vezes combinado com sucção.
Ele semi-cerrou os olhos sem se conseguir conter por mais tempo, deixando-se ir num gemido rouco e abafado, enquanto apertava as barras de ferro até os nós dos dedos lhe ficarem brancos com o esforço.
A mulher sentiu os movimentos espasmódicos do membro passarem-lhe pela mão e pelos lábios em direcção à garganta, por onde algo quente se espraiou em jactos quentes. Levantou-se limpando a boca com as costas da mão, e sorriu para ele que jazia imóvel, percorrido apenas por pequenos estremecimentos involuntários. – Tão bonitinho! – Proferiu com ternura – Ainda não te tinha ouvido gemer assim.
Ele encarando-a, com um sorriso pálido mas satisfeito que lhe franzia os cantos dos olhos, atraiu-a para o seu peito beijando-a. – Sabes? – Disse - Eles devem ter aqui daqueles sabonetes pequeninos que não valem nada. Quando sairmos vou comprar um como deve ser, para poderes apanhar no banho…
“A onda que passou entre os nossos olhos jamais voltará, tal como a hora decorrida.”

- Públio Ovídio -

- Estás a tentar fazer-me entornar o café? – Perguntou ele, sentindo algo quente e sedoso acariciar-lhe a perna através do tecido das calças. – Tens uma hora para tirar daí o pé…

- Não penses que te safas assim tão facilmente… - Troçou ela, fazendo mira através do copo com vinho branco quase vazio que segurava á sua frente – Ou achavas que iria deixar arrefecer a sobremesa? Acaba a bica, que quero ver esse rabinho mexer-se em direcção ao quarto.

- Meu Deus! Afinal só gostas de mim pelo meu corpo! Sinto-me como um pedaço de carne. - Proferiu o homem levantando-se, enquanto se fingia escandalizado – Ao menos deixa-me dar uma olhada aqui à volta…

- É melhor que te sintas como um pedaço de nervo também, porque as bolhinhas do vinho já me estão a passar o umbigo e continuam a descer – Disse-lhe ela levantando-se para o seguir; aproveitando para lhe meter a mão num dos bolsos traseiros das calças de ganga, apertando-lhe um pouco a nádega. – Amanhã temos muito tempo para passear! O tipo da recepção disse que existem imensos caminhos entre as aldeias, e podemos fazer um pouco de trekking.

Ele virou-se para trás subitamente e puxou-a por um braço para debaixo do caramanchão de onde pendiam cachos de uva branca, cujos enormes bagos pareciam prestes a estourar – Agora sempre quero ver se essa conversa toda dá alguma coisa, ou és mais uma “princesa do eufemismo” – Desafiou-a com ar zombeteiro; mantendo o ventre premido contra o dela num abraço pela cintura, enquanto lhe passava uma mão apreciadora por debaixo da saia.

Apoiando um pé sobre o murete que suportava a latada, ela abriu-lhe o fecho das calças; sentindo as mãos fortes de macho devassarem-lhe a intimidade por ambos os lados, até se encontrarem por baixo de si como uma sela viva feita de dedos – E como são essas princesas? – Articulou um pouco a custo, com as faces afogueadas.

- A Princesa do Eufemismo pega tudo com dois dedos. – Informou ele, afastando-lhe a parte fronteira das cuecas e colocando-a em posição favorável, enquanto lhe dardejava a boca com a ponta da língua. – Têm para tudo nomes ternurentos, e no primeiro momento livre correm a lavar-se. Estás a vê-lo? – Perguntou, fazendo um pequeno aceno para baixo. – Pega-lhe. É todo teu.

Sentada nas mãos dele, apertou-lhe o membro com uma das suas percorrendo-o assim até à base, de modo a que a cabeça deste fosse forçada para baixo pela pele esticada. O homem inspirou profundamente e apoiou-se melhor com as pernas afastadas, observando como ela passava a glande entre os lábios sumarentos e túrgidos, mas sem o deixar entrar em si.

- Não te apresses. – Disse ela com um sorriso na face corada – Vais ter que pagar essa da “princesa”, e se calhar com “língua de palmo”. Olha bem…

Deixou-o entrar um pouco até ser detido pela mão fechada entre ambos, voltando a fazê-lo sair e roçando-o pelo clitóris. Até que ele impacientando-se a pousou no chão, e virando-a fê-la deitar-se sobre o muro agarrando-lhe o cabelo com uma mão para a manter firme, a penetrou bruscamente fazendo bater a pélvis contra as nádegas que abria com a outra mão.

Enquanto se introduzia repetidamente cada vez mais fundo, ele molhou um dedo com saliva acariciando-lhe com este o botão de rosa que se revelava entre os dois hemisférios, e fazendo-o entrar um pouco. Ao que ela respondeu com um suspiro de agrado; abrindo-se mais com uma das mãos.

Como que presa num anzol de carne e osso, ela sentia o dedo nodoso entrar e sair tocando na estreita parede que o separava do pénis pulsante, que mais abaixo a preenchia quase até ao fundo.

- Afinal parece que não vale a pena comprar o sabonete - Disse ele segurando-a pelo ombro. E retirando-se de dentro dela, puxou a pele do membro para trás colocando-lho entre as nádegas, forçando um pouco.

A mulher por momentos conteve a respiração sentindo o esfíncter dilatar-se; e a sensação abrasadora da penetração lenta transformou-se a pouco e pouco, num vai-e-vem ritmado cada vez mais rápido, que lhe transmitia pela coluna vertebral arrepios como chamas geladas.

Dobrando-se para a frente, o homem começou a massajar-lhe o clitóris introduzindo-lhe a ponta dos dedos para a puxar contra si.

Olhando para trás ela levantou a perna direita, e segurando no joelho pousou-a sobre o muro para se colocar de lado e ter um pouco mais de apoio. Permitindo que ele entrasse ainda mais em si, e deixando à vista os lábios vaginais intumescidos pelos os quais ele introduziu o polegar; com o qual esfregou a parte rugosa do canal, provocando uma contracção involuntária por todos os músculos do abdómen.

Sentindo cada vez mais intensamente o pénis apertado no estreito anel, onde se afundava com impulsos bruscos das ancas; ele fechou os olhos e tentou alhear-se um pouco para atrasar a ejaculação. Movimentando o polegar dentro dela, enquanto o indicador e o médio apertavam entre si o pequeno caule rosado que espreitava entre os pelos encaracolados.

A língua dele percorreu-lhe as costas descobertas pela roupa em desalinho. E ela apesar de sentir a aspereza da pedra sob os braços e a perna, segurou-se com toda a força perante as bruscas investidas que a sacudiam; tentando ao mesmo tempo conter os gemidos que morriam na sua boca molhada.

Vinda bem do fundo de si, uma onda de espasmos fê-la contrair-se aprisionando o amante, que inspirou ruidosamente ao pressentir a torrente que o começava a percorrer como uma descarga eléctrica. A mão dele foi atingida por dois pequenos jactos curtos de líquido viscoso, mas a sua atenção estava toda nas ancas dela que sujeitava com força, puxando-as violentamente contra o seu corpo, enquanto fechava os olhos e se sentia a sair de si próprio estremecendo descontrolado.

Á distância de meia dúzia de passos, um coelho de orelhas felpudas observava atentamente os dois amantes, enquanto mascava uma folha de erva…


Parte 3


“Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo eu morrerei contigo.”

- Herberto Helder –

O estreito carreiro fora burilado na rocha viva pelas botas de gerações de caminhantes. Ao se olhar para baixo, dava a impressão que qualquer um poderia voar dali, bastando para tal abrir os braços e lançar-se no vazio como um gaio audaz de vistosa plumagem.

Vencendo lentamente a subida para manter calma a respiração, ele virou-se para trás – Quando te sentires cansada diz-me para parar. Ainda não chegámos a metade, e não é necessário estafarmo-nos pois temos muito tempo.

- Para gato de telhado pareces muito à vontade nestes sítios – Respondeu a mulher um pouco ofegante – Bem preferia que me faltasse o ar por outras razões; isto aqui só há poeira, erva e árvores. A pousada era bem mais confortável.

- Também há sítios agradáveis lá em cima – Disse ele – Costumava vir para aqui antes de comprarem a aldeia e construírem aquele mamarracho. Mas poupa o fôlego, que daqui a poucos minutos devemos estar a meia encosta onde te vou mostrar a minha piscina panorâmica…

Ela ia dizer algo mas decidiu esperar para ver. O tipo tinha jeito para surpresas, e seria óptimo dar um mergulho para se livrar da poeira que se soltava debaixo das botas pesadas e se agarrava a tudo.

Subiram em silêncio durante algum tempo, passando por “palheiras” de xisto meio arruinadas e leiras ao abandono invadidas pelas silvas. Os pássaros cantavam preguiçosamente, aturdidos pelo sol escaldante que assentava sobre a vegetação verde-escuro como um ferro de engomar.

Chegaram enfim a uma zona plana. Onde um tanque de pedra abastecido por uma fenda enorme escavada na rocha deixava escapar pelo rebordo, um fio de água que serpenteava pelo chão e se perdia pelo vazio, caindo para o rio algumas centenas de metros mais abaixo.

- Era aqui que vinha dantes tomar banho nos dias de calor… - Disse ele em tom de recordação – A água vem daquela mina que segue pelo monte adentro, e que capta toda a água infiltrada no terreno desde o cume até aqui.

A mulher olhou em volta. Viam-se aqui e além minúsculas casas incrustadas nos montes, que formavam uma parede esverdeada em redor deles terminando no azul pálido de um céu sem nuvens. – É lindo! – Exclamou – Valeu bem a subida…

Ele beijou-lhe o pescoço por onde descia uma gota de suor. – Queres refrescar-te? Não dá para mergulhar, mas podemos sentar-nos lá dentro com água pelo peito; ou brincar aos golfinhos - Propôs em jeito de troça.

- É melhor ficarmo-nos pelo refrescar. As brincadeiras por estes lados acabam sempre em cima de pedras e coisas ásperas. Ainda saio deste fim-de-semana toda arranhada… - Respondeu enquanto despia a camisola de algodão; fazendo balançar os seios cujos mamilos enrijaram a um toque da brisa.

Deixando a roupa em cima de uma pedra, entraram na água tépida onde flutuavam agulhas de pinheiro e algumas flores silvestres. Apoiados no fundo musgoso, beijaram-se longamente enquanto os corpos se tocavam na suave imponderabilidade provocada pelo líquido.

Ela sentou-se sobre ele; e segurando-lhe a cabeça com as duas mãos beijou-lhe os olhos cor das folhas das árvores, movendo-se muito devagar e sentindo-o despertar de encontro ao seu ventre. – És…

- Eu sei. Não digas nada. – Silenciou-a ele com um beijo, pegando-lhe os pulsos para colocar os braços à volta do seu pescoço. Cruzou a pernas debaixo dela e sentiu-a roçar-se por si com movimentos circulares da pélvis.

Deflagrara um incêndio na encosta em frente; e as chamas ameaçavam espalhar-se pela floresta, incensando já a atmosfera com um fumo que ali chegava muito ténue. – Não seria melhor regressarmos? – Perguntou a mulher em tom inquieto, mas sem deixar de lhe esfregar os seios pelo peito – Isto pode tornar-se perigoso.

- Não! – Sossegou-a ele – Estamos a favor do vento e as chamas correm em direcção ao rio; não temos que nos preocupar. Levanta-te um pouco. – Saindo de baixo dela, sentou-se na borda do tanque e encostado à parede de rocha, fê-la sentar-se de costas sobre si segurando-a bem por debaixo dos joelhos. – Mete-o!

Enquanto era erguida de pernas escancaradas, ela segurou-se-lhe ao pescoço com o braço direito e conduzindo o falo para dentro de si com a mão esquerda, recostou-se para trás de olhos semi-cerrados e narinas dilatadas e frementes.

Ele levantava-a tornando a baixar repetidamente; fazendo-a deslizar pelo seu peito molhado e sentindo-lhe o sexo húmido, que o sugava vibrante como uma planta carnívora. – Deixa-me ver a tua cara. – Pediu-lhe, sentindo que já não tinha muito tempo; aproveitando para lhe levantar uma perna e a fazer girar sobre si sem se desenfiar – Quero que te soltes… que te venhas para mim.

Soltando um “sim” quase inaudível ela apoiou bem as mãos nos ombros dele, dando início a uma série de movimentos bruscos que ecoavam em redor deles ampliados pela parede de pedra. Sentiu que ele lhe colocava os dedos por detrás na vulva, e os tentava introduzir aumentando a pressão do pénis contra as paredes de carne que o sujeitavam.

Pressentindo os espasmos que começavam a percorrê-la, o homem retirou uma das mãos e enlaçou-a pela cintura chupando-lhe os seios violentamente, deixando marcas rosadas por onde passava a sua boca.

Os gemidos abafados que já há algum tempo se ouviam, foram-se transformando em gritos agudos e entrecortados que ela deixara de reprimir; ecoando pela montanha como o lamento de uma “banshee”.

Sacudida por estremeções incontroláveis deixou-se cair para trás com um último grito agudo e prolongado, arrastando-o consigo para dentro do tanque onde ficaram abraçados, estremecendo ao ritmo dos soluços que não paravam de a assolar.

Passando a mão molhada pelos olhos, ela disfarçou algumas lágrimas que tinham brotado no entusiasmo da paixão. – Céus! – Suspirou exausta – Há muito que não tinha um orgasmo tão intenso.

Ele sorriu apenas com os cantos dos olhos e ficou uns momentos a olhá-la silenciosamente, após o que acabou por dizer – Lembras-te de me teres dito que eu quando me vinha te fazia lembrar Cocas o Sapo? Bem… Acho que estou vingado.

- És mesmo um canalha. Não sei como me fui apaixonar por ti. – Disse ela sorrindo e abraçando-se-lhe ao pescoço para o arrastar para debaixo de água.


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O ponto mais belo do teu corpo, do Jorge Morais (finalmente!!!)

Perguntaste-me qual o ponto mais belo do teu corpo.
Não te soube responder.
Fiquei de pensare dizer-te um dia.
Hoje acordei,
ainda tu dormias.
O lençol tapava o teu corpo nu.
Devagar,
para não te acordar,
destapei-o,
pouco a pouco.
Percorri as suas ondas,
com o olhar,
com as mãos,
com os lábios,
senti o seu odor,
ouvi o teu suave respirar,
tentando encontrar,
a resposta que procuravas.
Comecei pelos pés,
que, de noite,
se enroscam nos meus,
e pelas pernas,
que me agarram como tenazes,
e que só me libertam
quando sabes que não vou fugir.
Encontrei a tua vagina,
onde o teu corpo me recebe
e toma conta dos meus sentidos,
fazendo da nossa cama
o centro do mundo.
Do outro lado,
as tuas nádegas,
que as minhas mãos,
dez dedos sedentos de pele,
não se cansam de explorar,
até que,
cansados da limitada área de intervenção,
sobem as tuas costas,
percorrendo essa auto-estrada de pele,
em marcha lenta e silenciosa.
Depois,
ganham coragem,
torneiam as tuas ancas,
percorrendo a tua maternal barriga,
brincam com o teu umbigo,
antes de acariciarem os teus seios.
E que dizer dos teus ombros,
redondos e suaves?
Ou do teu pescoço,
quando recolhes os teus cabelos,
convidando-me a beijá-lo?
Olhei a tua face.
Os olhos,
agora fechados,
mas que brilham
quando estamos juntos.
As tuas orelhas,
onde sussurro
inconfessáveis segredos.
O nariz,
que respira o ar da manhã,
suavemente,
levemente,
sem sobressaltos.
E antes que chegasse ao queixo,
que pousas suavemente no meu ombro
quando me segredas ao ouvido,
encontrei a resposta,
nos teus lábios molhados,
sorrindo,
e murmurando,
numa voz doce e meiga:
- Amo-te...
______

Contributo
da J.P. (o comPILAções está sempre em aberto para quantos quiserem contribuir; especialmente para aumentar as temperaturas, neste início de Outono)

O olhar imagina o cheiro, o cheiro fecunda o toque.
Do toque a sensação de volúpia.
Voz inicio das coisas.
A voz.
O tom da voz.

Escuta a respiração.
Escuta os movimentos.
Ouve a respiração a acelerar.
A tornar-se pesada e densa.
Arfante.
Inquieta à espera.

O corpo ergue-se a pedir.

E segue-se o tacto.
O contacto com os dedos.
O tremor da pele.
Com os lábios o arrepio.
Os sentidos todos à flor da pele, o beijo na nuca.
O arrepio a descer pela coluna.
A mordidela selvagem de posse...leve.
No ombro.
No pescoço.
Nas orelhas.
Nas nádega

sim...
Suaves...arrepiantes.

Lambidas, que volteiam em círculos loucos.
Que te deixam a pele molhada, e a língua espessa de desejo.
O som suave murmurante, imperceptível.
O corpo a pulsar, as veias a latejar.
As salvas contrácteis de quem urge.
Dedos que te exploram o corpo.
Mãos que seguram, braços que envolvem.
Estremecem poros de deleite.
Mamilos entumescidos.
A humidade que desliza fecunda.
O cheiro da fêmea que se dá.
O suor escorrendo pelos corpos.
O sal...sal da vida que se oferta, grato.

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Os dois da Lilly Rose:

A ROSA

Um dia disseste abre as pernas, quero ver-te o sexo. Os joelhos comprimiram-se um pouco mas depois foram caindo, caindo.Acho que queria exibi-lo e não sabia.Começaste por olhar, olhar muito, ou não fosse a observação o primeiro passo de todos os métodos.Depois tocaste com a ponta de um dedo. Foi nessa altura que comentaste que parecia uma rosa. acrescentaste dedos que pianavam, as mãos inteiras que abriam exploravam sentiam.A rosa ficou com as pétalas cristalizadas. Talvez comovido, beijaste-as, uma e depois a outra, ternamente. E repetiste o movimento. Quando pequenas gotas de prazer começaram a escorrer, lambeste-as. Era mel. Então a rosa amotinou-se, ordenou que a sugasses, que a sugasses. E depois imobilizou enquanto o resto do corpo era varrido por ondas que vinham de longe, de outros nervos e orgãos.Concluiste que a rosa era apenas a cratera do vulcão. e que continuavas a não conhecer o epicentro. _____mas eu sei que tu sabes que a ciência evolui.


e

PERFUME

Antes que me deite
venho cá dizer-te que hoje quase pus aquele perfume que me dá sorte aos amores e te arrebata beijos.
mas depois pensei não vale a pena. e pus outro. para te desprezar.
é possível isso, sabes?
congeminar, cismar,
ofender, entristecer,
sem que te apercebas.
Encostaste-te a mim e disseste quero trincar-te. se não fossem os teus olhos sombrios dizia-te que sim. e não te desejava. tanto
agora estou quente. e o meu sexo arde. reclama.hesito.
se te convido a molhares-te entre as minhas pernas.
Não me deste tempo para te arrancar possibilidades. as mãos nas mamas cheias. apertadas. até magoar. muito
surpreende-te se depois me calo e te puxo a pele atrás dos joelhos.
Subo e desço, subo e desço, enquanto ouço a secura dos teus dedos nos mamilos.
unta com quebranto e com o meu suor as tuas mãos.
Contra a parede. Contra o chão. Contra, contra, amor.Diz-me, este é o perfume de que noites?

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Este é o contributo da Anukis para o comPILAções.

Ele gostava de entrar em jogos de poder, sempre a dominar. Gostava de medir forças mesmo nas relações pessoais. No sexo, também. Nada o excitava mais do que submeter uma mulher ao seu domínio. Queria-a principalmente se ela fizesse tudo o que ele dissesse, se se deixasse subjugar à lei do seu desejo.

Ela era uma mulher misteriosa. Talvez devido à sua capacidade camaleónica de mudança. Era capaz de ser quem quisesse, de se colocar na pele duma personagem que acabara de criar. Era uma actriz de vidas.

Conheceram-se num bar. Trocaram um longo olhar que falava sobre domínio e submissão. O tempo parou e as conversas à volta deles atenuaram-se, concentrados que estavam naquele diálogo silencioso. Ele dirigiu-se à porta e ela seguiu-o. Entraram no carro e ele conduziu-a até a um hotel próximo.

No quarto, estava outra mulher. Nada disseram. Com o olhar, mandou-as despir. Depois, tirou do bolso um rolo de fita preta e amarrou-as como se fossem apenas objectos do seu prazer, corpos sem alma. A que já lá estava, ficou sentada a ver enquanto a outra que tinha vindo com ele, recebia instruções para lhe fazer um fellatio. Ele tinha o pénis erecto de excitação. Ordenou-a que lhe acariciasse os testículos enquanto o ia lambendo e chupando levemente a ponta do sexo. E ela obedecia a tudo o que ele lhe pedisse. Não sentia medo nem estranheza. Entrou no jogo dele por completo...

No final da noite, já vestida, pronta para sair do quarto, ele deu-lhe um cartão com o seu número de telefone. Nunca tinha encontrado ninguém assim que se tivesse submetido completamente a ele sem qualquer resistência e queria repetir a experiência. Saíram todos do hotel. Ele regressou para casa com a sua mulher apagada. E ela? Ela deixou cair o cartão numa poça de água. Regressou a casa a pensar: «Interessante o papel de Gueixa. Amanhã, serei Lara Croft.»
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A compota da tia - Gaivina
...então costumavam ficar deitados, nus, a retomar a respiração. Depois a conversa ia-se tornando pausada, serena, interrompida por umas quantas risadas. Um gole de água e mais uma festa percorrendo a pele. Logo a seguir, uma confidência com atenção nos olhos.


E a tarde ia correndo desapercebida.

Ele sentiu fome:

-Vou lá abaixo buscar um pão com aquele magnífico doce de tomate da minha tia.

Levantou-se, procurando o roupão, e lá foi...


Daí a pouco estava de volta de papo seco, recheado de doce, seguro na mão.

Ao passar por cima dela, rumo ao seu lugar na cama, uma gota de doce de tomate caiu sobre a barriga da companheira. Ali mesmo a Sul do umbigo.

-Oh!...Desculpa. Disse o rapaz atrapalhado.

-Agora limpa! Disse ela olhando a gota vermelha.

Ele pegou numa t-shirt, abandonada aos pés da cama. Mas ela interrompeu-lhe o gesto:

-Limpa com a boca!

O jovem, hesitante, cumpriu a ordem da sua amante, usando a língua.

Limpa a barriga, a mulher arrancou-lhe a sandes da mão, apertando-a com força. Várias gotas insidiosas de doce de tomate tombaram mais abaixo no corpo da amante:

-Limpa! Ordenou ela, outra vez.

-Aí?... Perguntou o rapaz.

-Sim! Aí no canteiro das flores malditas. Confirmou ela. E, depois, num gemido: Aaahhh.... Temos que mandar um cartãozinho à tua tia....a agradeceeeer...

e


Almoçar com a prima...

Almoçar com a prima era sempre uma grande chatice. Mas ela sempre fora uma madrinha empenhada na união deles os dois, além disso pagava o repasto. Aparecia com o primo, apêndice silencioso naquele casal, e escolhia, como de costume, um restaurante despersonalizado da baixa.

Sendo assim, cederam ao novo convite, preparados de antemão, para o "filme" que se seguiria.

À hora certa, lá estava a prima, com o seu leal servidor, esperando numa mesa de canto e acenando com um guardanapo, como que a dizer – "Estamos aqui"...


Sentaram-se os dois amantes frente aos desusados parentes. A mesa, de longa toalha estendida roçando o chão, talheres compostos cumprindo a etiqueta e o sorriso intrusivo da prima na sua frente.

-Estou tão contente por tu e o André terem vindo almoçar connosco – Rematou a prima – Não achas Arnaldo? O primo Arnaldo acedeu com a cabeça, pois tinha a boca ocupada com as entradas.

Ajeitaram-se os protegidos nas cadeiras, pegando os guardanapos e consultando o menu. Mal tiveram tempo de passar os olhos pelo cardápio já a prima Ester vinha afirmando:-Eu cá tratei de pedir o cozido à portuguesa para mim e para o teu primo Arnaldo. Ele é muito lento a tomar a tomar decisões - e continuou a prima - Acho que vocês deveriam fazer o mesmo....este cozido é tão famoso!...

- Lá vou comer, outra vez, cozido com estes dois – Pensou André com os seus botões.Enquanto a travessa do cozido não chegava, a prima Ester falava e Arnaldo concordava meneando a cabeça e deglutindo pedacinhos de broa com manteiga.

Lena, cumprindo o seu papel de protegida, ia mantendo uma conversa conveniente, nos espaços que lhe sobravam, pois a prima falava "pelos cotovelos". Arnaldo mantinha-se silencioso, ostentando uma expressão enigmaticamente gulosa.

Por fim a travessa fumegante chegou à mesa. Sem esperar pelos outros, o primo Arnaldo, atacou o chispe e a farinheira, enchendo prodigamente o prato com couve.

A prima Ester serviu-se, no meio de um discurso ininterrupto, de uns quantos pedacinhos de carne e uma "migalhinha de arroz", e, sem perder o fio à meada, continuou:

-Sabes Lena, isto de sair faz-me muito bem. Mas tenho que puxar pelo Arnaldo, senão ele fica-me lá em casa de volta dos selos, com os gatos à volta dele a miar.

André serviu-se, escolhendo só o que queria do grande prato. Comeu um pouco e, depois, pôs-se a observar a conversa da sua amante com a prima. Achou-a bela naquele papel familiar: A fealdade da prima contrastava claramente com a alvura da pele de Lena. Sobretudo gostou da conversa "politicamente correcta", que ela mantinha com aquela prima mirrada. E Lena ficava bela com aquela sua saia.

-Sabes, fui no outro dia ao "shopping" e achei aquilo uma maravilha! Tem de tudo. É lindo.... – Continuava a prima – O Arnaldo lá veio comigo...
André, que não tinha mais apetite, reparou na perna de Lena, assomada nas dobras da toalha de mesa, e procurou-a. Poisou de mansinho a mão sobre um pedaço de pele exposto, sentindo o seu calor.

Lena continuou atenta à conversa da prima que desfiava sem parar. André manteve o copo de vinho na sua mão esquerda, enquanto a direita... Discretamente, o jovem procurou a suavidade da a coxa, percorrendo a pele com a polpa dos dedos.

Continuava a prima:-Comprei uma mala lá no "Shopping", maravilhosa, havias de ver...E aquelas montras, minha querida, dão vontade de comprar!
E a vontade de André percorrendo lentamente o caminho até sentir o tecido das cuecas...naquele segredo ocultado pela grande toalha de mesa.

O primo Arnaldo lambuzando-se de pingo de gordura colado ao queixo, respondendo afirmativamente com a cabeça a cada pergunta feita pela esposa.

E André de sorriso seráfico no rosto, muito concordante, concentrado na mão que explorava os segredos da sua amante.

Lena mantinha a compostura sem dar parte fraca no meio do monólogo da prima.
-O "Shopping" até tem um super mercado!
E André vencendo o tecido , sentindo com os dedos a floresta de pelos de Lena . E os dedos mergulhando por debaixo do pano rumo a um calor mais húmido.

- Tens que ir lá! Tudo na moda, tudo dentro da moda!

Os dedos de André, lá dentro, molhados pela água de Lena que se sentia toda a ruborizar, num calor vindo do lado de dentro...

E a prima:-Sabes que mais Lena? Desde que namoras o André até andas com outras cores!
Estas palavras, já ela as ouviu muito distantes...


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A Dança dos Eufemismos - Ricardo
Do rescaldo das nossas fortuitas danças, derivam marcas de passos calculados, ensaiados ao pormenor. Passos que ensinámos um ao outro entre suor e oxigénio respirado ao fôlego ardente da nossa harmonia.

As marcas em todo o lado denunciam a dança suada que se fez minutos antes: água pinga do tecto e escorre no vidro embaciado, sangram-me as costas num molde de unhas cravadas na libertadora força do querer, gira o disco no silêncio monocórdico de uma agulha que não encontra mais músicas que tocar.

Nunca ninguém dançou como nós e nunca alguém ousará dançar porque por nós se define o significado da palavra único. Nenhum passo falso, nenhum movimento descurado. Parece que dançámos a vida toda.

Mesmo perdidos no palco, o olhar ensina o caminho que os pés querem devorar na inquietação pelo derradeiro salto que sabemos acorrer-nos em sincronia. Mesmo ausentes da valsa distante, atordoamos o cansaço com mudanças de ritmo, compasso e colocação. Mesmo embriagados pela cegueira de dançar na ausência de pensar, sabemos sempre onde nos leva a intuição.

Das nossas fortuitas danças deixas-me o vazio de te querer dançar novamente, deixas-me a fome de te conduzir nas ébrias tonturas de um ritmo que fizemos nosso, deixas-me a promessa de um passo novo aprendido na libertação de uma música escondida.
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post murcho à homem - da Candida
peguei
enfiei tirei meti estremeci quase
tirei tirei
adormeci