2007-04-30

Pormenores


aqui

Não sei se escrevo de forma feminina. Talvez escreva. Talvez seja apenas esta minha disposição para falar do meu umbigo, ou a forma egocêntrica como desbasto os assuntos, ou esta coisa breve e a prazo de vir falar, dizer qualquer coisa, depois de ter andado a cirandar pelos blogues e ficar a achar que não tenho nada novo para dizer no fim de mais um dia interminável.

Ou às tantas é porque não sou gajo e não sei escrever de outra forma, mesmo quando me arrepanho ao futebol. Ou então é mesmo esta falta de tempo que me assola e destroça e pouco sobra além da velha lógica de toca e foge de que acusam muitas vezes as mulheres no geral e a mim em particular.

E suspeito que entrar nesta minha casa é como espreitar à fechadura, entrevendo alguma intimidade, estados de humor, irritações e alegrias. Ou talvez até o fundo escuro seja intimista e as letras azul-turquesa não derramem cor suficiente e a empatia se torne uma possibilidade real, já que ninguém é assim tão diferente...

Mas por uma fechadura nunca se vê a totalidade e é no não visto que se escondem os detalhes. Aliás, não é que não saiba que me desvelo por cá. Não é que não tenha consciência que vou falando de coisas que me atingem, me preocupam, me deliciam. Mas assusta-me que por vezes tentem ver para além do umbigo que quero mostrar. Ou que alguém ache que vê…

Nem um rugido!...




Nem com a ajuda das primas panteras? Cambada!

2007-04-29

2-1? Até ronrono!


aqui

Será que se eu passar a postar aquele gatinho ali debaixo antes de cada jogo as coisas passam a correr melhor? Ah panteras!...


(A ver se este funciona para hoje em que, para mal dos meus pecados, me descubro lagartixa...)

2007-04-27


aqui


miiiaaaaaauuuuuuuuuuuuuuu!...

Hoje matar-te-ei




Mato-te! (Pois se mato em cada dia uma espera.)

Mato-me! (Faço-o em cada espera que adio.)

Mato-nos! (Se não somos corpos geminados, nem raiz à flor da pele, só me resta expungir isto que somos e não somos.)

Mato isto que nos tem. Mato também o que não temos. Mato tudo, gulosa de coisa nenhuma. Mato o desejo. Mato o tempo. Mato o fado. Mato-te matando-me. Mato-nos. Mato a memória. Mato o fim. Mato o início. Mato o meio. Mato tudo de permeio. Mato esta espera desesperada. Mato o não. Mato o sim. Mato o medo. Mato a coragem. Mato tudo. Tudo!

Que adiantava estar aqui, livre, a dar-me por inteiro, se não terraplenasse toda a história? Que adiantava querer renascer se não enterrasse o que foi? Que adiantava querer-te sem ser esta folha rasa de coisa nenhuma, pronta a ser manuscrita de números mínimos e máximos em cada linha, como que tabelada num qualquer auto-de-fé? Que adiantava querer-me sem ser folha em branco? Que adiantava querer-te morto de desencontros, preenchido de intermitências?

Não consigo? Pois já sei… Mas ainda assim mato-me. Mato-te. Mato-nos. E nos teus braços sou criança ainda, no teu corpo sou gestação.

Matei-nos? Não! Renasci-nos...



(não sei fazer contos; não tenho tempo para contar… serve assim, Finúrias?)

2007-04-26

O dia seguinte


aqui

Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo
Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade

Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida

O demagogo diz da verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe

A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados

Não basta gritar povo
É preciso expor
Partir do olhar da mão e da razão
Partir da limpidez do elementar

Como quem parte do sol do mar do ar
Como quem parte da terra onde os homens estão

Para construir o canto do terrestre
- Sob o ausente olhar silente de atenção -

Para construir a festa do terrestre
Na nudez de alegria que nos veste.

Sophia de Mello Breyner Andresem - Nesta hora (20 de Maio de 1974)


Porque há sempre o dia que vem depois da festa e tenta pôr fim à celebração.

Guernica


Pablo Picasso, 1937

Foi há setenta anos...

2007-04-25

Abril



Este é pelos meus: os que cá ficaram, os que por lá andaram, os perseguidos, os que nada fizeram.

Este é pelos meus: os que ainda virão, os que são agora, os que hão de continuar o que se inaugurou numa madrugada de Abril.

Pela memória. Especialmente pela memória dos que não viveram o tempo suficiente para saborear a liberdade sonhada.

Pela memória da revolução (quase) sem tiros. Para que ninguém esqueça que também se fazem revoluções com flores nos canos das espingardas.

E pelo fim da sangria da juventude deste país. Por todos os mortos da geração do meu pai, dos meus tios. Por todos os que foram e voltaram. Por todos os que só tiveram uma caixa de pinho no regresso. Por todos os que hoje ainda os choram. Pelos filhos sem pais. Pelos filhos dos filhos sem avós. Pela paz que enfim chegou.

2007-04-24

Thinking Blogger




Confesso que nem todos os dias venho até aos blogues para pensar. Aliás, seria até mais fácil dizer que venho até aos blogues para não ter de pensar. Mas é quase impossível ter uma página destas e não ter uma qualquer opinião, especialmente se o tentamos fazer de forma descomprometida com os interesses que deixamos na soleira da porta.

Também é certo que gosto de me divertir por aqui. E se, no meio da diversão, ainda se arranja tempo e espaço para uma qualquer questão pertinente, então o dia está ganho. Talvez por isso a minha lista junte humor e inteligência:
  • Vanus, que me dá cada nó cego que nem sei para onde me virar.

  • Emiéle, que me nomeou, mas nem é por isso; todos os dias vou ao Pópulo pôr as ideias em dia e, nas últimas semanas, ver (mais uma vez) o melhor dos elogios ao dia que amanhã se celebra.

  • Dragão, que compra sempre as guerras que não me atrevo, inventa palavras novas só porque sim e porque me consegue pôr a pensar em algumas coisas que, por norma, até são o oposto do que defendo.

  • Old Man, pela pinta de dizer sempre o que precisa ser dito sem dispensar o humor na forma do dizer.

  • Maria Árvore, pela forma como consegue manter-se fiel a uma "linha editorial", adaptando-a a todos os temas que lhe dão vontade atacar e/ou defender.

(Havia mais, muitos mais, claro. A verdade é que os blogues que visito diariamente e dos quais sinto a falta, são blogues de pessoas inteligentes e divertidas. E acho que não é difícil saberem que, não fosse esta ditadura dos "cinco e só cinco", havia muitos outros nomeados.)

A véspera


Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está quase mesmo a chegar

Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar


(antes de E depois do Adeus... e que tarde se fazia!)

2007-04-23

O Nome da Rosa


aqui

Umberto Eco escreveu todo um romance para demonstrar a importância do acesso ao conhecimento. Jean-Jacques Annaud depurou a história e transformou-a num filme em 1986. E há um livro proibido por lá, motivo para crimes hediondos, mas também, de certa forma, a maneira possível de conquistar a liberdade. Uma biblioteca que apodrece sem leitores é um desperdício. Uma biblioteca que arde é uma catástrofe. Pensem em tudo o que se perdeu em Alexandria após a morte de Hipátia…

Não duvido que conhecimento é poder. E o controlo desse mesmo conhecimento é mais poderoso ainda, reservando a uns poucos o monopólio da verdade e, em última instância, da liberdade. É que as prisões são sempre bem mais do que muros e grades, não é?

E é por isso que os livros são preciosos, desde que haja quem os saiba e queira ler, que a literacia é bem mais do que saber juntar as letras. Também me parece certo que quem lê tem vontade de ler mais, que ler vicia, que aprender constantemente é objecto de treino e de empenho. No fim, quem lê talvez tenha vontade de escrever, talvez contribua para o conhecimento de todos com o saber que acumulou.

Por tudo isto, neste Dia do Livro que se celebra hoje, venho falar-vos do projecto que tem mantido o Gaivina longe da Voz. É um programa do Instituto do Livro e das Bibliotecas, em colaboração com a Direcção Geral dos Serviços Prisionais. Ontem, no Jornal de Notícias, vi a primeira referência: Escrita criativa ajuda reclusos a esquecer grades da prisão. E lá está o Gaivina e lá estão alguns reclusos e a psicóloga que tem ajudado. Um momento de evasões imaginárias, feitas de letras e de histórias, numa pequena cela convertida numa pequeníssima biblioteca. É um ponto de fuga para quem não pode fugir. E os livros – e a escrita – são a pequena porta de acesso a esse saber acumulado por gerações que se esconde, à nossa espera, em cada livro que hoje se celebra, em cada livro que ainda não foi escrito, em cada biblioteca nunca acabada, nem fechada, nem dominada por aqueles que têm medo do saber.

A liberdade conquista-se de várias formas. Até nesse gesto breve de manusear um livro neste País de Abril em que já não há censura no ler, no escrever e no pensar. Quem tem medo de um bom livro?

Qualquer coisa não vai bem na minha vida...



Agora pifou a banheira!

2007-04-22

Posts escatológicos


aqui

(não vá ter falhado qualquer coisinha, deixo por aqui a pesquisa completa)

A palavra foder lê-se aqui e caralho aqui; a palavra puta poderá ser encontrada aqui, enquanto cabrão escrevi por aqui. Também há o tesão escrito por aqui. E ainda há o foda-se por aqui e a merda aqui.

Mas para ser realmente escatológica, informo que política, político e políticos podem ser encontradas aqui, aqui e aqui.

LOL


aqui


Cada vez que vejo um blogger assinar com três nomes próprios só me lembro da minha Tia Odete que, com a mania das grandezas, mandou fazer um brasão de família (pancas, portanto) para exibir na sala.

Insueto



Deve ser código...

Dia da Terra


aqui

Quem entrar hoje na página do Google, não esquecerá por certo que neste dia se celebra o nosso lindo pião azul e branco.

2007-04-20

Escatologia


aqui

Já estou demasiado crescidinha para querer parecer o que não sou. E demasiado empurrada pela vida para cá e para lá para reconhecer na misoginia o medo. Fede a medo. E é um medo bafiento e antigo de quem não sabe ser mais do que um amputado emocional, chamando despudor à vida e às emoções e vestindo um fato preto salazarento cada vez que vê "palavras feias". Especialmente se forem ditas por uma mulher. Mas cada um deve coçar onde tem comichão e, já agora, desamparar a loja quando só está a fazer entulho. Aliás, pode sempre ir para o caralhinho ver se por lá está a chover.

2007-04-19

A rotina


aqui


Todos os dias da semana, o ritual repete-se: toca o despertador, ponho o pé fora da cama e estico-me para desligar a máquina. Há anos que é a mesma coisa, à mesma hora, a larga maioria dos dias do ano. Um gesto simples, conhecido, que o corpo mecanicamente repete sem questionar naquela semiconsciência do despertar estremunhado. Excepto ontem. Ontem foi diferente. Ontem estatelei-me no meio do chão e o meu pobre pé estalou de dores. O resultado parece que se chama ruptura de ligamentos… Ora foda-se!

2007-04-18

Mesmo sem saber se vens por cá…


aqui

Todos sabemos como o tempo por aqui se mede de forma diferente (e deve ser por isso que te imagino cada vez mais nova). Talvez seja do binário. Talvez seja só pelo tanto de intenso que se torna. Talvez porque vicia. Talvez apenas porque nos dispomos a isso e porque encontramos sempre gente demasiado interessante. E também é verdade que vamos deixando algumas partes velhas pelo caminho, esperando que, com o nick que deitamos fora, vá tudo o resto. Só que nunca vai… E talvez por isso o nick com que primeiro te conheci continua a ser um dos meus favoritos: Cota Marada. Assim, simples, a juntar numa mesma identidade todo o potencial que te conheço, que me falta, que empobrece este "aqui" onde há tanto não apareces.

Parabéns, minha amiga!


E parabéns também à Deep. (Que vergonha! Voltei a falhar este ano.)

2007-04-16

To be continued…


aqui

Um mês depois e com uma ameaça de encerramento sobre a Instituição, a UnI diz agora ter revelações bombásticas a fazer sobre o "caso Sócrates". Será desta que sai um coelho da cartola?


Plagiando o Old Man, deixo uma música de fundo:
"The Show Most Go On" - Queen

2007-04-15

Cambada!


aqui

Talvez eu seja crente ou ignorante ou qualquer outra coisa. Mas memória é coisa que tenho. E talvez por isso não deixo de recordar um Cavaco a saltar fora e a atirar para cima das costas de Fernando Nogueira a responsabilidade pelas eleições que já não ganharia; ou a irresponsabilidade acéfala do final de Governo de Guterres, mais preocupado com o cargo internacional que iria arranjar; ou da fuga apressada de Durão para Bruxelas; ou a anedota que foi a sucessão a prazo de Santana Lopes e companhia. E por recordar tudo isto, já vomito caso Sócrates. Vomito mesmo! É que este quer governar. Pior ainda – e às vezes parece ser esse o grande crime – tem conseguido governar. Melhor ou pior, isso sim deveria ser debatido. Se nos doem as reformas, se nos custam os impostos, se estamos mal, se o País não sai da cepa torta, se a Ota é desperdício, se o centralismo aumenta, se os SAP e as urgências fazem falta, se o IVA nos amordaça, se os aumentos salariais só nos fazem ficar ainda mais pobres, se o desemprego nos acossa, se não crescemos, se nos mantemos endividados, se a educação é uma lástima e a política social é uma desgraça, se há alternativas. Tem governado Sócrates? Tem cumprido o que prometeu no programa que apresentou e que lhe deu uma maioria parlamentar? Não tem? Então vote-se. Se o tem sendo engenheiro ou licenciado ou apenas engenheiro técnico, quero lá saber. Se mentiu sobre habilitações não me importa. Importa-me se mentiu sobre o que disse que faria pelo País e os resultados das políticas que implementou. Talvez eu seja crente, ou ignorante. Talvez eu ache estranho que se tente derrubar um Primeiro-ministro pela secretaria, quando não se consegue pela crítica às políticas e seus resultados ou, simplesmente, apresentando uma alternativa credível. Que me oferecem em troca deste Sócrates mentiroso? Um outro embusteiro qualquer? Ou ainda alguém acredita que na política não resta hoje mais do que o refugo de todas as mentiras de uma geração pequenina, aldrabões a tempo inteiro da troca de favores desde o tempo dos cueiros? Alguém ainda acredita em políticos? Alguém? Alguém ainda duvida que a política em Portugal se faz por troca de favorzinhos e que são todos muito camaradas, muito truculentos, muito amiguinhos quando importa? Já vomito tanto Sócrates! E só sei que, na prática, a minha vida vai continuar fodida e nada tem a ver com o facto de haver ou não um favorzinho no diploma do PM. Está fodida porque os arranjinhos da classe política portuguesa e os seus apaniguados há muito a anda a foder. Este último caso só prova que, de vez em quando, eles também se fodem uns aos outros.

2007-04-14

Dia do beijo


Shana Kohnstamm - Wet Kiss

Sim, beijemo-nos, apenas!,
- Que mais precisamos nós?


António Botto



Dá-me um beijo! Dá-me um beijo só. Um que faça a fronteira entre o hoje e o ontem. Um que me aqueça e me esqueça.

Dá-me um beijo pequenino. Não preciso de grandes doses de beijos. Só um especial. O tal que faça a fronteira entre o que sou e o que fui.

Dá-me um beijo. Faz dele o meu degelo. Quero um beijo pequenino que me aqueça.

Dá-me o futuro num beijo...


___________
(Ontem, sexta-feira 13, foi o dia do beijo. Queimei com o cigarro a minha camisola favorita. E não beijei ninguém. Azar! E azar vosso, que levam com um repost. Gosto de partilhar o mal pelas aldeias...)

2007-04-13

Petúnias


aqui

Procuro pela casa o cheiro doce e sobra-me apenas um leve cheiro a café e cigarros. Tento disfarçá-los abrindo a janela da sala. Enquanto aspiro o ar, busco ainda o som quase zumbido de um cantarolar constante por entre os dentes para quebrar a monotonia silenciosa. Pela janela entra apenas frio. Não tenho varanda onde me sentar a ver a lua ou as nuvens ou a contar as estrelas no céu. Não me apetece estar aqui. Não me apetece, pronto! Saio à rua e vejo amores-perfeitos a despontarem no jardim e as magnólias tingidas de flores. E também não me apetece. Fui andar. Acho que era só isso que ia fazer: andar. Quilómetros se preciso fosse, para cansar o corpo e talvez então dormir. Mas acho que não andei o suficiente. Não devo ter andado o suficiente… O perfume das petúnias continua longe. Tão longe! Está ai contigo...

2007-04-12

Coisas menores


Kaos

Quando me preparava para vir desancar no ar empertigado e no choradinho do PM, eis que o taquinho Mendes abre a boca e estraga tudo…

2007-04-11

Pedra!

muralhas.jpg

A solidariedade masculina é coisa com que embirro, já que tem quase sempre como função fazer as mulheres sentirem-se profundamente gajas. E resulta que os passo a ver a eles como pirralhos, sempre prontos a fazerem artes e, coitados, sem capacidade para saírem das embrulhadas sem a complacência delas e a boa vontade dos amiguinhos. Dito isto, confesso que às vezes têm piada. Não todos, mas pelo menos os mais insuspeitos, diria. Assim, olhando para as fotos das férias, recordo uma situação em particular: habituada que estou a aparecer sem cabeça, ou sem queixo ou, pior ainda, completamente invisível perante a imensidão da paisagem, resolvi desta vez dar palpites ao fotógrafo que se entretinha a tirar-me o retrato. À espera, um casal de estrangeiros velhos – daqueles bem velhos e com ar de estrangeiros mesmo, que alguém que conheço chama andróides com perfídia e prazer – aguarda que se "solte o passarinho" para poder passar. Estando a fotografia com ar demorado, indico ao casal que deverá passar, aproveitando um intervalo em que o dedo se descola do botão da máquina e a lente se fixa, ora nos meus pés, ora nas nuvens lá no céu. A senhora ri-se, simpaticamente velha e enrugada; o homem sorri também. Avançam os dois – ela à frente e ele mais atrás, como é característico nestes andróides – mas eis que o velho dá meia volta. E, para meu espanto, bate levemente no ombro do meu fotógrafo enquanto solta um brejeiro good luck. Good luck o caracinhas! É que a paisagem é uma boa paisagem, mas eu – sem sorte, pelos vistos – desapareci por entre as pedras da muralha…

2007-04-10

E se...


aqui

... o tesouro existe certamente, embora escondido por demónios brincalhões e continua impossível de encontrar nos labirintos das nossas perguntas e respostas...

Hugo Pratt – A Casa Dourada de Samarcanda


Ficar amarrado a imaginar o "e se" é pura perda de tempo, mesmo que por vezes seja muito confortável e muito mais seguro. De qualquer forma, sou demasiado velha para ainda perder tempo e demasiado nova para me conformar… Raios para estes meados de qualquer coisa que me andam a atazanar!

2007-04-09

Pecado


Muse - Sing for Absolution

Meses depois da oferta ser feita, desencanta-se na prateleira o cd empoeirado e nunca ouvido. A desculpa é a capa. Como pode ser a capa? Como pode ficar empoeirado um cd assim? Haverá absolvição possível?