2013-08-30

Caligrafia



Encontrei uns textos antigos e olhei com espanto a letra que um dia foi minha. Há muito que tenho uma caligrafia bem diferente, não necessariamente mais bonita, mas por certo mais firme. Acho que até as letras com que me escrevo e descrevo o (meu) mundo perderam a candura.

2013-08-29

Síria

 fonte

A guerra poderá alguma vez ter justificação? E a guerrilha, parente pobre e suja da guerra? E o interesse de qualquer Estado poderá alguma vez exigir comportamentos amorais? Ou serão antes eles rapidamente propostos, desculpando-se o uso de um "terror menor" contra um terror sob a alçada de legitimidade de um Estado terrorista? E como se mede o terror? Em números de vítimas? Em números de vítimas evitadas? Ou apenas pelo silêncio dos que nem como vítimas se podem afirmar? E o que fazer das testemunhas? E o que fazer aos que, como Pilatos, apenas lavam as mãos?

2013-08-28

Blá blá blá blá blá....



"don't need this shit 'cuz you driving me crazy"

Há dias em que não tenho voz para conjurar nenhum dos meus demónios e muito menos paciência para aturar precitos com diarreia oral.

2013-08-25

Da morte das figuras públicas

roubada ao Paulo

Quando morre alguém que respeitamos, ou cujos familiares nos merecem respeito, cumprimos uma série de ritos próprios à ocasião, guardamos o luto, cumprimos os rigores do nojo. Depois, a vida segue, como segue sempre, mesmo quando uma qualquer partida, extemporânea ou não, nos leva um pedaço junto. Nas redes sociais, na net em geral, não há ritos nem respeito: esquarteja-se o cadáver até lhe mordiscar os ossos, especialmente se o morto nunca fez parte dos nossos seis graus de proximidade com o resto da (des)humanidade.

2013-08-24

A blogar desde 2004



Se for aos arquivos deste blogue - e às vezes vou -, perco-me na história e no rasto de mim que por aqui fui deixando. Senti-me sempre muito livre neste espaço e, por isso, me agarrei com unhas e dentes ao tanto de despercebido que é e sempre foi. Costumo dizer que é anónimo e anódino e nunca larguei o nick. Como não larguei o boneco verde de pantufas roxas e joaninha na peruca. 

Desde o início que o blogue sempre me deu uma absurda sensação de liberdade e, por isso mesmo, nunca corri atrás de visibilidade; mas também uma certa ideia de pertença, porque os que sempre cá vieram e continuaram a passar fizeram-se "da casa", arranjaram um sofazito no canto e pareceram sempre ficar por gosto. 

Há muitos dias em que já não sei se ainda passa por cá alguém. Deixei de olhar para os contadores ou então sou eu quem não vem, que também me exauri dos tantos de dias de dois e três posts e maratonas a calcorrear os blogues alheios. Depois, muitos dos que gostava de ler foram ficando silenciosos e tenho pena de ter perdido o contacto com algumas pessoas. Ao fim de tantos anos, já eram amigos e nunca sabe bem perder amigos. 

Muitas das pessoas que por aqui me lêem não vão nunca perceber quando digo que, depois de outros espaços, precisava realmente de anonimato e de valer apenas pela palavra escrita. Mas era isso mesmo que queria ter, foi por isso que o Voz foi aberto e por isso ainda cá está: uma voz banal, perdida e em fuga, sem cara, nem fãs, nem perseguidores. A palavra pura, a opinião de novo aberta a argumentos, bem mais do que só ataques ou elogios. Um saudável e cultivado low profile quando ainda havia muita gente; preguiça agora, quase todos os dias. E um espaço ainda a uso para quando a vontade de escrever sem grilhetas se faz imperativo e não há peias em parir um qualquer texto das entranhas, sem açaimos a agrilhoar as teclas ou as escolhas ou as opiniões. 

A quem sempre teve a pachorra de me acompanhar por aqui, obrigada por estarem desse lado. Uma voz, mesmo que em fuga, precisa de esbarrar em alguém em alguns dias.

(Nove anos de blogue? Xiii! É, decididamente, uma relação bem mais longa do que a da maioria das paixões que tive na vida!)

2013-08-17

Polémicas à la carte



O meu problema com as (falsas) questões do dia é a importância relativa que lhes dou. Na verdade, eu nem sabia quem era o fedelho. Continuo sem querer saber.

2013-08-10

Sombras

 fonte

Tenho andado com sérias dificuldades em entender o sucesso do Sr. Grey e todas as declinações do tema que vão enxameando os escaparates como se fossem grande novidade. Mas talvez eu esteja velha demais e o meu Mr Grey ideal chamou-se John e teve a cara do Mickey Rourke antes dele a destruir à porrada. Em 1992 ainda tinha apelo e era subversivo e proibido e não me deixava apenas com vontade de fugir a sete pés de todas as relações com sabor doentio. Acho que já dei para esse peditório. Agora é decididamente baunilha. Com "twists" light, que estou de dieta.