2019-09-24

A flor e a náusea

"Somos a geração dos jovens iracundos,
a emergir como cactos de fúria
para mudar a face do tempo.
Antes de ferirmos a carne circundante,
comemos o pão amassado pelas botas
de muitos regimentos
e cozido ao fogo dos fornos crematórios.
Foram precisas inúmeras guerras,
para que trouxéssemos nos olhos
este anseio de feras acuadas.
Mordidos de obuses,
rasgados pelas cercas de arame farpado,
já não temos por escudo
a mentira e o medo.
Sem que os senhores do mundo suspeitassem,
cavamos galerias sob os escombros
e nos irmanamos nas catacumbas do ser.
Nossas mãos se uniram como pétalas
ao cerne da mesma angústia
e uma rosa de asfalto se ergueu
por sobre o horizonte.
E porque há entre nós
um mudo entendimento;
e porque nossos corações
transbordam como taças
nos festins da imaginação;
e porque nossa vontade de gritar é tamanha
que se nos amordaçassem a boca
nosso crânio se fenderia,
não nos deterão!
Ainda que nos ameacem com suas armas sutis,
nós os enfrentaremos,
num derradeiro esplendor.
Em breve, a nota mais aguda
quebrará o instante.
Bateremos com violência contra as portas,
até que a cidade desperte;
e com o riso mais puro,
anunciaremos o advento do Homem.
Porque nossas mãos se uniram como pétalas
ao cerne da mesma angústia,
para que uma rosa de asfalto se erguesse
por sobre o horizonte."

“A ROSA DE ASFALTO”
de Eduardo Alves da Costa

2019-09-08

Apre!

Às tantas vou ficar igual, mas enquanto não fico, rais'parta os velhos ao volante! Tão depressa vão a 20km à hora, como de repente viram bichos arraçados de chita. Especialmente se vêem una rotunda ou, pior!, uma mulher a ultrapassa-los.

2019-09-03

Remendos

Uma das coisas que os anos nos ensinam é que não precisamos chegar sem remendo a qualquer lado. E que vamos acabar sempre remendados de alguma forma. No fim, a vitória é, quase sempre, conseguir chegar com os pespontos ainda no sítio.

2019-08-30

Dos telhados de vidro

Sou viciada em café e cigarros. "Podia ser pior", dirão alguns, convencidos de qua há vícios bons ou vícios maus. Podia ser viciada em videojogos, sexo, drogas duras, séries de tv, corridas de mota ou carrinhos de linhas, compras, jogos de azar, desporto de qualquer forma ou feitio ou bares ou noitadas ou engates online e porno para completar. Podia ser viciada em maledicência de vizinhos e colegas. Podia ser viciada em chocolate. Ou em gin, que está na moda. Fiquei pelos cafés e cigarros. Mas com dependência. E, como qualquer dependência, com a sua dose de toxicidade. É por isso que tenho muito cuidado com alguns julgamentos apressados. Tenho telhados de vidro. Lá porque não me viciei em injeções de ginásio, também nada sei da vida alheia, especialmente de alguém que nem conheço nem devo vir a conhecer. Cada um deve saber da sua vida e carregar o seu calhau. O meu basta-me. O dos outros não me diz respeito se não puser inocentes em perigo.

2019-08-21

Histerismo nacional

Como sempre, é demasiado fácil resvalar no próprio preconceito (no meu também) para comentar o factóide do dia. Mas as pessoas a quem tenha sido clinicamente diagnosticada uma mudança da identidade de género (transexualidade) e que, nos termos da lei, podem alterar essa mesma identidade, não merecem continuar a ter que intentar uma acção em tribunal, pagar custas, sofrer a pressão psicológica decorrente para mudar de nome só porque há quem tenha muito medo que as criancinhas, coitadinhas, sejam obrigadas a ir a casas de banho mistas. Haja pachorra!

2019-08-14

Branco sujo



Como a grande maioria dos Europeus e Asiáticos, devo ter à volta de 2% de genes Neanderthal na minha composição genética. Ou seja, seguindo qualquer lógica de supremacia branca, eu tenho em mim outra raça, outra espécie, e nunca foi na minha linha genealógica preservada a integridade racial. E se um dia analisar a minha composição genética e não estiver lá um tiquinho Neanderthal,  vou pedir livro de reclamações! 

(Já agora, parece que os africanos não partilham a sua herança genética com qualquer primo extinto...)

2019-07-12

Indiferença

Quando ainda mal sabia ler, os fantasmas de uma guerra que tinha acabado antes de eu nascer faziam-se presentes - e ainda tenho presentes! - nas tantas das fotografias de crianças famintas de um sítio chamado Biafra que demorei anos para saber onde ficava. Na escola primária sabia que havia mortes na terra de desconhecidos, com um nome interessante e uma história horripilante: Khemer Vermelhos. E depois, mesmo que não tenha sido realmente depois, um tal de Vietnam distante onde parece que todos os filmes de guerra americanos iam desaguar, levando desde o Brando até ao Rambo e ao pobre do William Dafoe ou o Birdy. E o Biko foi morto e Peter Gabriel cantou-lhe a morte. Depois ninguém queria cantar em Sun City e havia concertos onde se gritava Mandela Free. Até houve dinheiro suado que gastei a comprar um 45 rpm porque as criancas da Etiópia precisavam saber que era Natal enquanto morriam, escanzeladas,  perante a indiferença do mundo até que uma música nos acordou. E era um mundo fácil, muito a preto e branco, se bem que o Sting teimasse em lembrar "how can I save my little boy from Oppenheimer's deadly toy?" enquanto assumia que os Soviéticos também amavam os seus filhos. E o Bond ganhava sempre, obviamente. E as ditaduras continuavam calmamente, sem pios e sem ais, sem redes sociais. Até mesmo uma Tiananmen distante era só isso, porque o Muro de Berlim até tinha caído,  Mandela estava livre, o Baader-Meinhof, o IRA ou ETA pareciam perder pé numa década de crescimento económico, CEE e esperança. Ainda chorava Beirute, claro, mas era tão distante... Depois vieram 10 desgraçados anos no coração da Europa lembrar-me que o futuro seria provavelmente Sarajevo ou Račak. E acho que foi com os Balcãs que comecei a perder a esperança que nenhuma das desgraças anteriores tinha conseguido extinguir. Suspendi brevemente o cinismo acenando lenços  brancos por Timor enquanto chorava Santa Cruz, ou assistia à guerra relâmpago do Bush pai, televisionada sempre numa estranha luminescência verde. Mas o cinismo voltou e já não era a mesma pessoa quando as Torres Gémeas caíram que era quando rebentou o infantário em Oklahoma City. Vou perdendo partes de mim aos pedaços, cimentados em indiferença: Aylan doeu mais do que a pobre Valéria afogada enfiada na tshirt do pai. A próxima criança morta vai provavelmente doer menos do que a Valéria. Na Eritreia ninguém quer saber se há Natal. Eu também não. As meninas raptadas pelo Boko Haram ainda estão vivas? A Venezuela a morrer à fome. O Haiti. Os ataques terroristas que deixaram de ser notícia, excepto se morre um português... E o Planeta? Eu que quis escrever uma tese sobre desenvolvimento sustentado quando ninguém sabia direito de que queria falar. Eu, que às vezes dou por mim a pensar se ainda vale a pena o trabalho que dá separar o lixo. Eu, que estou para aqui a acabar de escrever isto e a pensar quantas pessoas vão reconhecer todas as referências e quantas, como eu, já nem referências parecem querer reter.

2019-06-22

Dever de Auxilio



Não sei onde foi parar a tolerância e a esperança da minha geração, daqueles que cresceram a acreditar que o Mundo podia ser melhor, quando até os muros eram derrubados e antigos prisioneiros políticos podiam ser Presidentes de um País. A geração dos sonhos de uma Europa dos direitos humanos, sem guerras e sem fronteiras... 

"Carga humana"? "Tráfego humano"? Como antes em navios negreiros ou vagãos de gado para Auchwitz? 

"E quest'è il fiore del partigiano 
Morto per la libertà" 

Agora é apenas música para memes e séries de TV.


2019-06-12

Do tempo

Enquanto o Verão finge que chega para se provar logo a seguir sol de pouca dura, começo a ponderar as virtudes dos auto-bronzeadores cada vez que dou com o trombil (e as pernas, credo! as pernas...) logo pela manhã no espelho. É que eu a cores (e se não estiver pintada) tenho ar de alma penada acabada de sair da tumba. Assusto-me a mim mesma! Ninguém merece e logo pela manhã, ainda com a bexiga demasiado cheia. Sim, que o medo e as bexigas cheias raramente dão bons resultados e, com um olho aberto e outro ainda fechado, ver um fantasma desgrenhado não é exactamente o melhor dos bons-dias. Porque raios não me devolve o espelho imagens a preto e branco? É que nunca se notam tanto os defeitos, bolas! E a última vez que experimentei um auto-bronzeador fiquei amarela. E pior que uma alma penada a cores, só mesmo uma alma penada com ar de sofrer de icterícia.

2019-06-04

Tiananmen

Trinta anos depois, ficou aquela realidade televisionada para que a barbárie não fosse apenas um roda-pé na História. E se o Rebelde Desconhecido continua sem nome até hoje, a imagem da sua solitária coragem está tatuada na nossa memória.

2019-05-26

¡No pasarán!

Há anos que voto contra alguém ou alguma coisa. Hoje a coisa chama-se extrema-direita. E mesmo diminuída fisicamente com um braço engessado e com uma cruz de ladecos, já está.

2019-05-20

Alabama

Assustam-me os diferentes relatos que vão chegando de sociedades fundamentalistas e o desrespeito crescente pela figura feminina. É um regresso à barbárie com base numa estrutura obstinadamente patriarcal, dogmática e neurótica. Pergunto-me se as mulheres assim acabrunhadas reconhecem ainda que o domínio imposto advém vezes demais do medo e que, necessariamente, tem de haver um reconhecimento de que o sexo da força bruta é, a muitos - demasiados! - níveis o sexo menos evoluído. E, no entanto, até as bestas tiveram mães...

2019-05-15

Dos absurdos em véspera de Europeias

Não concebo nem admito certos comentários racistas e xenófobos aos portugueses. Só se não conhecermos a História.  Ou a tivermos deturpado para encaixar numa visão do mundo alucinada.

Que povo somos, afinal? Não fomos sempre um País em movimento para algum lado, migrantes de e para toda a parte?

Com fronteiras mais ou menos estáveis desde o século XII, ainda fomos malhar mais um bocadinho nos árabes que restavam para chegar a sul. Depois, fizemos ali umas guerrinhas na fronteira e raios, Olivença até é nossa. De seguida, vamos de ir ali até ao Norte de África. Não chega e continua-se por África fora e mais além. Brasil? Ena! Pouco importa que até já lá houvesse gente, que até se fez bom dinheiro com o tráfego esclavagista banhado a ouro. E as migrações continuaram, mesmo depois de já não haver nada para descobrir, desde os pés rapados oitocentistas que iam até ao Brasil fazer fortuna e regressavam depois para construir casas gigantes e comprar um título de Barão. Ou em África, que até se dizia portuguesa. Ou, depois, o Império já mais ou menos todo perdido, mandar os analfabetos e deserdados fazer pela vida na construção de França, da Alemanha, do Luxemburgo, do Canadá, dos EUA, da Venezuela, um pouco por todo o lado.

Agora, o povo que nunca respeitou fronteiras, ou credos, ou fosse o que fosse quando andava a fazer pela vidinha, não quer imigrantes, que não há que chegue para os "nossos", que a juventude vai embora que não tem trabalho e blá, blá, blá. E os tantos de portugueses que continuam a partir? Os licenciados que vão, os outros todos que continuaram a ir, não são migrantes, claro, porque são dos "nossos", coitadinhos, e até vão de avião.

Um País de emigrantes a acenar com a bandeira da xenofobia é um absurdo. E o pior é que é uma bandeira velha e de resultados já bastas vezes comprovados como funestos.

Depois, a História, apesar das suas fronteiras, não foi justa nos movimentos migratórios da riqueza, nem da sua distribuição. E não foi menos porque uns quantos de pobres saltaram fronteiras para lutar pela vida, mas antes porque um punhado de poderosos foi à terrinha dos outros fazer pela própria vidinha.

Num Mundo economicamente globalizado e financeiramente interdependente, fechar fronteiras migratórias já não resolve nada. É só meter a rolha a jusante e temo que, no fim, o dique acabe por rebentar bem mais acima. Mas, como sempre – e as crises anteriores assim o demonstraram – há sempre alvos fáceis para a retórica. Cá estão outra vez os imigrantes. Daqui a nada vamos fazer o quê? Arranjar umas janelas de cristal para partir numa única noite de folia e deixar que o ódio endémico, sem nada resolver, sirva apenas de escape para as amarguras várias, quase todas sem terem nada a ver realmente com a cor da pele, ou o credo, ou a nacionalidade, muito menos a fronteira?

E agora que resolvemos não ter filhos, vamos acabar como? Velhos, sem segurança social e sem ninguém que nos mude as fraldas 

2019-05-04

Meu menino!

Às vezes fico a olhar e penso que entregamos nos teus ombros, ainda tão pequeninos, todo o futuro que esperamos melhor. Meu menino, criado entre gente cansada, tardio e bem vindo! A ti entregamos a manhã, a tarde, a noite, a madrugada, a familia, a amizade, o cheiro da terra molhada dos nossos outonos e o verde de todas as primaveras, o sorriso e o choro, o direito de gritar, de rir, de crescer. E de ser feliz!

2019-04-20

Palavras

“Words are things. You must be careful, careful about calling people out of their names, using racial pejoratives and sexual pejoratives and all that ignorance. Don’t do that. Some day we’ll be able to measure the power of words. I think they are things. They get on the walls. They get in your wallpaper. They get in your rugs, in your upholstery, and your clothes, and finally in to you.”

― Maya Angelou

2019-04-16

Dia da voz

Dedilho acordes de memórias banais. Não tenho história. Não tenho reino. O meu Universo é um tecto baixo e as estrelas vão fugindo. E, em dias assim, muito mais do em tantos dos anos em que tive diariamente a voz em fuga, estou muda.

2019-03-07

Violência contra as mulheres


É certo que, de certo modo, estamos todos mais atentos. Mas isso não tem servido de nada às tantas de vítimas, mesmo quando denunciam, mesmo depois das queixas na polícia, mesmo quando nem assim estão seguras. Quando chega a julgamento, sabe-se lá que código vão aplicar, ou se vai ser tratada de vadia e humilhada com a Bíblia.

Se mudou alguma coisa depois de passar a "crime público"? Mudou: todos podemos denunciar, quando nos deixamos das velhas tretas do "entre marido e mulher" e o crime não desaparece quando a mulher, quase sempre coagida, retira a queixa.

Mas isso não quer dizer que não esteja praticamente tudo mal à mesma. Com uma excepção: ainda que a carnificina continue, agora tem forma de estatística religiosamente "printada" nos jornais.

Das virgens ofendidas

O Sr. Dr. Juiz, tão ofendido no seu bom nome, contratou para o representar um senhor advogado que faz comentários da mais baixa boçalidade, mas que pelos vistos não é suposto ofenderem o nome de ninguém.

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és...

2019-02-21

Boatos

Quando as cidades nasceram sub sino, os adros encheram-se de histórias e carpideiras e boatos. Mas as cidades cresceram e, quando não vigiados pelas senhoras de lenço à janela ou pelo olho que tudo vê, andamos a pôr-nos alegremente em rede, mostrando muito mais do que queríamos. E esta rede também está cheia de histórias e carpideiras e boatos.

2019-02-05

Equilíbrio

Teria sido mais fácil se tivessem imaginado o demo como mulher. Talvez à conta das artimanhas. Ou apenas para haver um mundo balançado entre opostos. Mas a balança ficou torcida e misógina, sobrando de um dos lados apenas demónios e bruxas e a tradição popular é que fez santas quem a doutrina queria putas. E vai dai, por conta do equilíbrio, reza-se mais uma Ave-Maria, enquanto se encomenda a alma ao Pai-Nosso.

2019-02-02

Bestas

É tão fácil chamar besta a alguém! Ouço as notícias em pano de fundo e lá estão umas quantas reportadas. E, no entanto, as bestas, as verdadeiras, não se agridem por motivos ideológicos, nem se matam por fanatismo. Talvez seja por isso tão monstruoso: passa muito além da bestialidade e fica-se pelo mais feio, cru e podre que a humanidade possui.

2019-01-27

Subsino

Em mais um Dia Internacional em Memória das Vítimas  Holocausto e depois de mais um atentado à bomba a igrejas na Indonésia, caio na asneira de entrar numa caixa de mensagens frequentada por americanos evangélicos daquele tipo mais idiota, inculto e fundamentalista, o que quase me provoca uma apoplexia e só me apetece correr com aquela gente à lambada.

Não que não haja malucos de todas as denominações e os que estavam na igreja até eram cristãos e os bombistas fundamentalistas islâmicos. Mas admito que tenho umas visões muito pessoais sobre as religiões organizadas, começando com o desprezo que nutro por aquela ideia absurda de que viver tem de ser em sofrimentos e que se deve é esperar felicidade para depois de um desgraçado bater a bota. E imaginar um mundo do além onde teríamos essa tal de felicidade garantida, sentaditos numa nuvem muito branca, a ouvir salmos e cânticos celestiais e a gramar com um sem assunto que faria qualquer pessoa desejar antes o Purgatório, é dos cenários mais bizarros que consigo conceber. Já agora, será que as muçulmanas têm direito a 70 virgens ou como são só meio ser humano só tem direito a 35? E porque cargas de água se havia de sentir feliz uma mulher com um qualquer fedelho mal preparado, pior ainda um harém da mesma espécie? Ou por que é que virou piada de stand up um judeu ortodoxo dizer que antes cocaína do que um bocado de presunto?

Aliás, estou convencida que Deus – se existe mesmo – nos deu em alternativa à promessa do dogma, aos livrinhos reescritos e mal traduzidos um milhão de vezes, à pasmaceira da nuvem, à reencarnação como formiga e à ineptitude do harém, a capacidade de viver plenamente enquanto ser vivo sexuado e hedonista. E um bocadinho egoísta também, que é para  ver se a tal da felicidade não tem que ser adiada para as calendas dos mitos. Ou deixamos de nos matar uns aos outros em nome de um Deus que supostamente é de todos, ama todos, independentemente do que os Homens fizeram quando resolveram reunir-se cada um à volta dos seus e dos seus livrinhos, enquanto transformavam cada casa de oração numa Torre de Babel.

2019-01-26

Marcelo Rebelo de Sousa

Acho que está na hora de o Turismo de Portugal pôr o Prof Marcelo em lugar de destaque na página oficial. A ser verdade o que contam as notícias chegadas do Panamá, desta vez ainda volta a casa envolvido no manto da Virgem Peregrina depois de ter convencido a juventude católica do Mundo que em Portugal somos os maiores a falar 5 línguas: português, espanhol, francês, inglês e selfies

2019-01-09

4 anos depois...



No dia em que matarmos o humor na ânsia padronizadora do politicamente correcto, estamos todos condenados. Condenados a uma qualquer Gattaca, num qualquer admirável mundo novo com o triunfo dos porcos à mistura. 

No dia em que continuarem a usar desenhos como desculpa, trocando tinta colorida por sangue rubro. No dia em que a humanidade perde definitivamente o rumo e, finalmente, os dois terços de escorraçados inventam o refrão mobilizador capaz de fazer as liberdades baixarem os braços, medrosas do que pode vir.

E não é piada. Pobres de nós que assim nos afastamos da nossa condição de Homens, os únicos animais que sabem rir.

http://anonhq.com/charlie-hebdoand-cartoonists-paid-life/