2013-12-23

A todos...

Por mais atarefada, não posso deixar de vir por aqui desejar a quem não deixa de por cá passar os meus desejos de festas felizes. Tudo de bom!


2013-12-07

Sim, eu sou estranha!


E este ano não me apetece escrever uma carta ao Pai Natal. Nunca traz o que lhe quero! Se lhe tomar posse do corpo será que tenho mais sorte?

2013-12-05

RIP, Nelson Mandela

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Há quase 24 anos, Mandela estava finalmente livre. Meses antes, tinha caído o Muro de Berlim e viviam-se tempos de euforia e esperança, rapidamente comidos pela realidade. Talvez por isso, para mim, para além de tudo o que foi para toda a gente, Nelson Mandela sempre representou um breve período na minha vida em que fui capaz de uma fé ingénua num futuro brilhante e que, por um instante, também eu acreditei num mundo de bem em que tudo de bom seria possível. O velho, doente e envelhecido símbolo partiu hoje; eu, na realidade e tristemente, há muito que já o tinha deixado partir.

2013-12-04

Esta é a minha linha!



Qualquer maluco tem uma máquina de filmar ou uma máquina fotográfica. E muito pouco discernimento quando chega a altura de as usar. É cada vez mais uma decisão de não ver, sabendo que existem certas imagens em todo lado. Há coisas que não deviam ser para consumo massificado. A morte, certamente, merecia maior pudor. E é agora, aqui, no destino, no suposto consumidor final, que temos de ter a coragem de saber onde traçamos a linha, até onde, em consciência, cada um de nós se permite ir num mundo que tão facilmente desumaniza, banaliza, torna em fait divers qualquer assunto, agora transformado em fogacho perecível e que supostamente se deveria esquecer com um clique, da mesma forma que esbarramos com ele à distância de um clique também. 

2013-12-02

Porto de encontro

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Apanhei com a família de americanos à saída da estação do metro da Trindade: pai, mãe e duas filhas adolescentes. A mãe, loira, queria entrar em todas as lojas e tentava converter euros e dólares sem acertar uma para muita risota da filha mais velha; a mais nova, 15, 16 anos, queria saber se eu conhecia o Hot Jesus, mas eu respondi-lhe que estava na cidade errada e eu, de qualquer forma, nesta altura do ano dava mais para o Baby Jesus do que para outra coisa. O pai, ruivo, era uma torre de dois metros de altura com quase tanto de largo. Queriam ir para os Clérigos e apontaram-me um mapa do Porto com ar de quem nem sabia para que lado ficava o rio. Ok. Follow me. Vou mesmo para aqueles lados. O pai fez a despesa da conversa. É que eu não conhecia o Hot Jesus… Quis saber o que comer, onde comer, bufou a subir, bufou a descer, foi ficando cada vez mais corado. Às tantas perguntou se a torre tinha elevador. Hemmm! Nop! Sorry, big guy. São quase 250 degraus e é preciso dar ao pedal. Depois olhei melhor e tentei lembrar-me da balança do "The Biggest Loser" e de quanto valem as pounds em quilos e tentei imaginar o americano gigante no topo da Torre dos Clérigos. É! Não vai caber: nem a minha imaginação dá para tanto. Se aquela coisa sobe, fica lá atracada. Como é que se diz isto ao americano sem o ofender? Não foi preciso. Bastou ver a Torre e resolveu que tinha fome. Mandei-o provar um éclair à Leitaria da Quinta do Paço. Quando o encontrei na volta (sim, também não resisto aos éclairs) estava com um sorriso de orelha a orelha e jurou-me que Portugal era o paraíso dos gulosos. Mas o problema da rua dos Clérigos é que ninguém pode notar que és cá do burgo e percebes mais do que português. Em 5 minutos despachei uns italianos com uns ciao e uns a sinistra, uns espanhóis com uns olás e uns sí, por supuesto e uns franceses com uns descendre, tourner à gauche e, de repente, caiu-me na sopa um japonês. Oh caraças! Aqui não passo mesmo do arigato. A Torre dos Clérigos nem a 20 metros em toda a sua glória. E perguntem-me lá o que queria o japonês? Pois queria a Torre. Aquela logo ali, mesmo em frente ao nariz e à máquina de filmar. Pensei que estava a gozar comigo. Juro que pensei. E como não sei japonês, apontei. O japonês ficou roxo de vergonha e riu muito amarelo. E saiu-se com um tiny. Pequena o caracinhas, oh minorca! Que estavas à espera? A Burj Dubai em estilo barroco? Acabou a conversa! Saquei dos fones, dos óculos escuros e meti a primeira. Ao chegar à Praça, dois autocarros descarregavam mais não sei quantas alminhas chefiadas por senhoras de guarda-sol. Rais-ma-parta! Parecem formigas, com os mapinhas, os chapeuzinhos, as máquinas fotográficas e o ar perdido. Costumava ser uma baixa tão sossegada para ir dar à perna ao sábado de manhã!… Bem, pelo menos trouxe os éclairs e o americano não ficou atracado na Torre a servir de ninho para os pombos.

2013-11-21

Pepsi e outras tretas


Eu não sei quem é o António Pinto. Sei que, certamente, deve ter-se sentido muito ofendido com a Pepsi e com os suecos por se atreverem a transformar um boneco numa espécie de fac-símile do Ronaldo antes do jogo da Selecção. Também não gostei da brincadeira e achei imensa piada a algumas das imagens de resposta, como aquela da latinha que, em lugar de esmagar a cabeça do boneco, passou a servir de almofada para o boneco apanhar banhos de sol no Rio de Janeiro. Mas esta não! Esta nunca! Choca-me demais que se pegue com leviandade no brutal acidente de comboio de Santiago de Compostela para fazer uma piada só porque estamos muito ofendidos com a Pepsi. Não terão os galegos todo o direito de estarem neste momento profundamente ofendidos com os portugueses? É que há mesmo coisas com que não se brinca.

2013-11-09

Avaliação das escolas

«Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.»

Esopo

Quando a média da melhor escola - privada, como não se cansam de repetir até à exaustão e como se a população que a frequenta fosse exactamente igual à que frequenta a maioria das escolas públicas - não chega sequer ao bom, alguma coisa está mal no ensino. Muito mal. Talvez os critérios com que avaliam estas coisas. É que pelo lado dos alunos e dos professores parecem ter já experimentado tudo e mais um par de botas e já não me parece que se possa ir por aí.

2013-11-07

(...)



«We must not let the doomsayers and the naysayers cause us to lose our faith
Because without love and without hope there can be no future…»

2013-11-04

Memória curta

«O Presidente da República disse que "os partidos têm que se habituar a trabalhar em conjunto", num forte apelo ao entendimento entre a maioria governativa e o PS.»

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Mas será que já se esqueceu do que disse no discurso de tomada de posse?

Desilusão



Tired of America by Rufus Wainwright on Grooveshark

2013-11-02

Ontem



Cheguei atrasada, mas vi o suficiente para gostar. Tantas vezes parecem uma coisa e depois não se seguram em palco, que tem dias em que já vou a medo...

2013-11-01

Dia de Finados

«Do lado esquerdo carrego meus mortos.
Por isso caminho um pouco de banda.»

Carlos Drummond de Andrade 


Observo do meu canto o ir e vir. Observo o não chocar. A passagem dos corpos por entre outros corpos, como se passassem antes por entre pingos de chuva. Rostos fechados. Olhos assustados. E, nos braços, intermináveis ramos de gerberas, para pintar de cor e lágrimas os cemitérios.

2013-10-31

Cover - "This is Halloween"





Este é um dos filmes do Burton que mais gosto. E está de acordo com o dia. E quanto ao MM, acho que vive num eterno dia de finados :)

2013-10-29

Cover - "The Man Who Sold The World"





Parece que até hoje Bowie não acha grande piada por lhe darem os parabéns por ter feito uma versão de uma música dos Nirvana :))

Cover - "Planet Earth"





E que tal uma banda de metal portuguesa a tocar Duran Duran?

Cover - "Lullaby"





OK, por mais que goste do barítono do Tom Smith, ninguém ganha ao Robert Smith. Mas está uma boa tentativa...

Cover - "My City of Ruins"




Cada um tem o "boss" que quer...

Cover - "Summer Wine"





Olha, Alien, só por tua causa o Villizinho vem para aqui outra vez :))

Cover - "Nothing Compares 2 U"





Durante muitos anos, pensei que era "apenas" um original do Prince. Afinal, o Prince também fez um cover da versão que escreveu para os The Family.

Cover - "The House Of The Rising Sun"





Sugestão da Deep.

Cover - "Magnolia"





Sugestão da Deep.

2013-10-28

RIP



«Sem Lou Reed não existiria David Bowie tal como o conhecemos. Eu? Seria provavelmente um professor de Matemática.»

Lloyd Cole

2013-10-26

(...)

Estou viva, eu juro!


Editors


"Evangelista" e Carla Bozulich a cantar no meio da assistência.


Chelsea Wolfe



Kim Gordon

Tem sido é um mês de loucos! (e ainda não acabou...) Como algumas coisas têm prova visual, deixo-vos a abertura do concerto dos Editors no dia 15 no Coliseu do Porto, os Evangelista da Carla Bozulich (grande concerto e grande mulherão, apesar do metro e meio!) no dia 19, Chelsea Wolfe (banho de água fria depois de todas as espectativas) e Kim Gordon, ex-Sonic Youth (que me partiu toda, mesmo sem perceber como ficou ela inteira) no dia 20, as três no Amplifest'13.

2013-10-11

Não acho justo, pá!

«Sequestrador de Cleveland terá morrido por "asfixia erótica"»

JN - 11/10/2013

Então vai-se a ver e o sacana do cabrãzinho foi-se a vir-se?

Os gregos


«A Greek court sentenced a former defense minister and socialist party heavyweight to 20 years in jail on Monday for money laundering and for collecting kickbacks of tens of millions of euros, in one of the most high-profile corruption cases in the country's modern history. Akis Tsochatzopoulos, 74 years old, was given a maximum sentence for accepting and hiding some €55 million ($74.6 million) in bribes from a series of arms deals dating back to the 1990s.»

Wall Street Journal - 08/10/2013

Cada vez que nos tentam comparar com os gregos, é para dizer como somos bem melhores. Pois os gregos pelo menos parecem saber prender os grandes mafiosos que há anos se escondem ou em cargos políticos ou nas amizades e compadrios ai criados para assaltar o País e deixar sempre os mesmos a sustentar toda a comandita. Já agora, parece que na Alemanha também já puseram a ver o sol aos quadradinhos os gajos do ruinoso negócio dos submarinos. E em Portugal? Há sequer investigação?

2013-10-08

Cover - "Big in Japan"

Acho que nem deve ser a mesma música... :)

Cover - "Hallelujah"

Acho que não é preciso explicar...

Covers - "Hurt"

Original dos Nine Inch Nails e a cover de Johnny Cash que morreu pouco depois.

Covers - "See of Love"

Resolvi fazer uma série de posts sobre temas de que gosto mais das covers do que dos originais. O post está aberto a sugestões, assim quase como antigamente fazia com os desafios. Não sei é se ainda tenho leitores suficientes para desafiar alguém :)

2013-10-07

Haja paciência!

Monkey Gone to Heaven by The Pixies on Grooveshark

Eu, que não tenho sequer pachorra para mim, que chego ao fim do dia nos fumos da paciência, às vezes ainda preciso aparelhar um sorriso amarelo e ficar a ouvir argumentos estapafúrdios atrás de argumentos imbecis, com a certeza absoluta de que umas palmadas em alguns adultos faziam milagres. Nem sei como ainda sou tão pacifista!...

A irrealidade de um ideal

O Primeiro Canto by Dulce Pontes on Grooveshark

Pátria é uma palavra que podemos dizer
sem que a maioria do povo a reconheça
Ela não pertence ao léxico das palavras comuns
e se os políticos a referem é quase sempre com a violência
de uma retorica vã
Mas seja qual for a forma e substância dos seus símbolos
bronze ou pedra bandeira chama música ou palavra
nós sabemos que ela está viva e vitoriosa
sobre todos os obstáculos e desastres
grávida de um futuro de comum liberdade

Se a pátria é uma herança ela é também o espaço que está à nossa frente
em que temos de projectar as suas dinâmicas linhas
em que vibrará o ritmo do nosso sangue e da nossa respiração
porque ela será a realidade do que em nós é a irrealidade do nosso ideal

António Ramos Rosa - Pátria é uma palavra que podemos dizer

2013-09-29

Dos votos


Quase quatro décadas de democracia e os tecnocratas da treta saíram dos cueiros e os ex-fedelhos da vida fácil puseram-se à frente deste naufrágio anunciado. As eleições agora são espectáculo; as guerrilhas políticas fedem; o debate nunca traz nada de novo e é normalmente ganho pelo melhor artista. O povinho continuará tramado e a pagar a factura como de costume. E eu, rais’ma’parta!, fui outra vez ao voto útil, ao voto contra, ao voto de protesto. Mas a verdade é que há demasiados anos que só voto contra. Pelo menos não sou eleitora de sofá, que reclama apenas sem se dar ao trabalho de intervir no sistema. Mesmo quando fica - e tem ficado demasiadas vezes - o gosto amargo e a sensação de que o meu voto serve para rigorosamente nada.

Rui Costa



"sta arrivando rui costa"

Dos canecos


A ver se Ti Cavaco reserva os mesmos elogios para o campeão do mundo de ciclismo Rui Costa que teceu à vitória de João Sousa (sem desprimor do tenista, que merece todos os parabéns) no Open de Kuala Lumpur. É que não lhe ouvi palavra sobre, por exemplo, o facto do canoísta Samuel Amorim ter-se sagrado campeão do mundo de sub-23 ainda a semana passada...

2013-09-25

Ups!



- A minha filha quer ir aí ao Porto ver um concerto no Dragão... 
- OK. Manda a miúda. Qual é a banda? 
- One Direction... 
- Acho melhor vires também, que sou mesmo muito tua amiga, mas já estou em contra-mão.

(...)

Back Broke by The Swell Season on Grooveshark

2013-09-23

Mercados



E naquele que era para ser o dia D, Portugal deu um passinho em frente para o dia F: de fracasso, falhanço, fiasco, fodidos!



(btw, nunca percebi porque nunca se usam vogais nestas coisas)

RIP




Não sei se respondo ou se pergunto. 
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio. 

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra. 
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho. 
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante. 
A minha tristeza é a da sede e a da chama. 
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio. 
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono. 
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente. 
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim. 
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido. 
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença. 
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível. 
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra. 

António Ramos Rosa - Uma Voz na Pedra

Nem todas são ridículas



Queria escrever uma carta de amor que nunca se perdesse nos arquivos e que nunca chegasse a ganhar pó. Queria fazer uma canção, talvez em lá maior, nada muito complicado, mas que trauteássemos para sempre. Queria que tivéssemos uma canção com um refrão incontornável e insidioso, impossível de deixar de trautear.

2013-09-22

Velhos amigos

Goodbye to Old Friends by Stuart A. Staples on Grooveshark

«I say goodbye to so many old friends
Here I left them to the wind
And there ain't much point in chasing
The things you can never get back again»

Mas depois também há dias em que se volta a dizer olá...

2013-09-21

Campanha eleitoral


«quanto mais a desmotivação política cresce, mais a cena política se assemelha a um strip-tease de boas intenções.» 

Gilles Lipovetsky

2013-09-15

Claustrofobia

People Keep Comin' Around by Tindersticks on Grooveshark

You keep turning 
You keep running away

Há algo de profundamente claustrofóbico quando nos sentimos meros elos nas cadeias de alucinações de outros.

2013-09-13

Círculo

Damaris by Patrick Wolf on Grooveshark

Soletro um lamento 
E deixo cair 
As palavras tristes 
E recomeço 
No limite da linha 
Em traço 
Com palavras novas 
Os poemas 
Que não sei fazer

Armistice by Patrick Wolf on Grooveshark

Hábito

 fonte

Durante muitos anos não estive de bem o suficiente comigo para me sentir livre para o jogo lúdico do olhar, ou de qualquer outra forma de sedução só pelo prazer de seduzir. Hoje é só um caso de estar demasiado cansada para qualquer esforço extraordinário.

2013-09-12

Cãs

 fonte

Tenho um batalhão de brancas a bater continência às rugas que se perfilam para a inspecção das cãs. E afinal já não é hoje que lhe mudo o uniforme...

2013-09-10

Discos Pedidos


Às tantas, é mais um disco "perdido" que aterrou aqui na Voz e pediu para divulgar um blogue sobre como se enfrenta a crise de carteira vazia. Passem por lá.

2013-09-05

Pronomes

 fonte


É verdade: temos um País com um problema de interpretação de pronomes e até precisa ir esclarecer o assunto ao TC. Deve ser do novo acordo ortográfico...

2013-09-04

(In)conveniências

Quem recordará como foi
Duvido que ainda haja alguém de pé

Trovante - Beirute

E enrezina-me por dentro esta ideia de que todas as guerras e todas as intervenções internacionais são um nadinha diferentes em função não das vítimas mas dos seus supostos salvadores. E que o sol não vai nascer para os corpos que ninguém quer contabilizar hoje na Síria como antes não foram realmente contados no Sudão, ou em Beirute, ou em Timor, ou em Burma, ou no Kosovo, ou na Tchetchenia, ou no Ruanda ou na Ex-Jusgoslávia ou... E que, quando mais esta passar e mais uns poucos encherem os bolsos e muitos encherem as covas escavadas a sete palmos, então, mais uma vez, ninguém recordará como foi e tudo voltará a ser o que cedo foi esquecido pelos caminhos mal trilhados da história que só se ri para os vencedores.

Alternativas...

Pau de dois bicos

This Mess We're In by PJ Harvey & Thom York on Grooveshark

A verdade é que, se não esqueço o Iraque de quem todos falam, estou farta de me lembrar dos Balcãs que todos já parece terem esquecido.

2013-09-03

Remendos

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Uma das coisas que os anos nos ensinam é que não precisamos chegar sem remendo a qualquer lado. E que vamos acabar sempre remendados de alguma forma. Mas, no fim, a vitória é, quase sempre, conseguir chegar com os pespontos ainda no sítio.

2013-08-30

Caligrafia



Encontrei uns textos antigos e olhei com espanto a letra que um dia foi minha. Há muito que tenho uma caligrafia bem diferente, não necessariamente mais bonita, mas por certo mais firme. Acho que até as letras com que me escrevo e descrevo o (meu) mundo perderam a candura.

2013-08-29

Síria

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A guerra poderá alguma vez ter justificação? E a guerrilha, parente pobre e suja da guerra? E o interesse de qualquer Estado poderá alguma vez exigir comportamentos amorais? Ou serão antes eles rapidamente propostos, desculpando-se o uso de um "terror menor" contra um terror sob a alçada de legitimidade de um Estado terrorista? E como se mede o terror? Em números de vítimas? Em números de vítimas evitadas? Ou apenas pelo silêncio dos que nem como vítimas se podem afirmar? E o que fazer das testemunhas? E o que fazer aos que, como Pilatos, apenas lavam as mãos?

2013-08-28

Blá blá blá blá blá....



"don't need this shit 'cuz you driving me crazy"

Há dias em que não tenho voz para conjurar nenhum dos meus demónios e muito menos paciência para aturar precitos com diarreia oral.

2013-08-25

Da morte das figuras públicas

roubada ao Paulo

Quando morre alguém que respeitamos, ou cujos familiares nos merecem respeito, cumprimos uma série de ritos próprios à ocasião, guardamos o luto, cumprimos os rigores do nojo. Depois, a vida segue, como segue sempre, mesmo quando uma qualquer partida, extemporânea ou não, nos leva um pedaço junto. Nas redes sociais, na net em geral, não há ritos nem respeito: esquarteja-se o cadáver até lhe mordiscar os ossos, especialmente se o morto nunca fez parte dos nossos seis graus de proximidade com o resto da (des)humanidade.

2013-08-24

A blogar desde 2004



Se for aos arquivos deste blogue - e às vezes vou -, perco-me na história e no rasto de mim que por aqui fui deixando. Senti-me sempre muito livre neste espaço e, por isso, me agarrei com unhas e dentes ao tanto de despercebido que é e sempre foi. Costumo dizer que é anónimo e anódino e nunca larguei o nick. Como não larguei o boneco verde de pantufas roxas e joaninha na peruca. 

Desde o início que o blogue sempre me deu uma absurda sensação de liberdade e, por isso mesmo, nunca corri atrás de visibilidade; mas também uma certa ideia de pertença, porque os que sempre cá vieram e continuaram a passar fizeram-se "da casa", arranjaram um sofazito no canto e pareceram sempre ficar por gosto. 

Há muitos dias em que já não sei se ainda passa por cá alguém. Deixei de olhar para os contadores ou então sou eu quem não vem, que também me exauri dos tantos de dias de dois e três posts e maratonas a calcorrear os blogues alheios. Depois, muitos dos que gostava de ler foram ficando silenciosos e tenho pena de ter perdido o contacto com algumas pessoas. Ao fim de tantos anos, já eram amigos e nunca sabe bem perder amigos. 

Muitas das pessoas que por aqui me lêem não vão nunca perceber quando digo que, depois de outros espaços, precisava realmente de anonimato e de valer apenas pela palavra escrita. Mas era isso mesmo que queria ter, foi por isso que o Voz foi aberto e por isso ainda cá está: uma voz banal, perdida e em fuga, sem cara, nem fãs, nem perseguidores. A palavra pura, a opinião de novo aberta a argumentos, bem mais do que só ataques ou elogios. Um saudável e cultivado low profile quando ainda havia muita gente; preguiça agora, quase todos os dias. E um espaço ainda a uso para quando a vontade de escrever sem grilhetas se faz imperativo e não há peias em parir um qualquer texto das entranhas, sem açaimos a agrilhoar as teclas ou as escolhas ou as opiniões. 

A quem sempre teve a pachorra de me acompanhar por aqui, obrigada por estarem desse lado. Uma voz, mesmo que em fuga, precisa de esbarrar em alguém em alguns dias.

(Nove anos de blogue? Xiii! É, decididamente, uma relação bem mais longa do que a da maioria das paixões que tive na vida!)

2013-08-17

Polémicas à la carte



O meu problema com as (falsas) questões do dia é a importância relativa que lhes dou. Na verdade, eu nem sabia quem era o fedelho. Continuo sem querer saber.

2013-08-10

Sombras

 fonte

Tenho andado com sérias dificuldades em entender o sucesso do Sr. Grey e todas as declinações do tema que vão enxameando os escaparates como se fossem grande novidade. Mas talvez eu esteja velha demais e o meu Mr Grey ideal chamou-se John e teve a cara do Mickey Rourke antes dele a destruir à porrada. Em 1992 ainda tinha apelo e era subversivo e proibido e não me deixava apenas com vontade de fugir a sete pés de todas as relações com sabor doentio. Acho que já dei para esse peditório. Agora é decididamente baunilha. Com "twists" light, que estou de dieta.

2013-07-16

Ufa!


Este blogue está de férias. E eu também!

(mas tenho um telefone esperto!)

...

People Have the Power by Pearl Jam on Grooveshark

Sou profundamente igual a toda a gente, tão igual que estou perfeitamente em casa dentro da multidão. Sou caucasiana num país maioritariamente caucasiano; praguejo invocando o nome de Deus ou o do seu filho como toda a gente; sou mulher, como cerca de metade da população e heterossexual como a maioria; não tenho qualquer impedimento físico e os impedimentos emocionais têm sido até agora coisa apenas minha. Sou profundamente banal e simples e anónima. Em muitos dias sou anódina também, desde que me levem com jeitinho. Mas parece que, afinal, também serei em muita coisa um ser anacrónico. Cada vez acho mais que sou, quando olho à volta. E não queria: sempre gostei desta minha banalidade inconformada, mas serena.

2013-07-14

Optimus Alive 2013 - Já não tenho 20 anos :(


E, sim, era suposto ter visto Legendary Tiger Man (não se conseguia sequer lá chegar) e ter aguentado a noite até aos Crystal Castles, lá para as duas da matina, para aproveitar (bem!) o dia de festival. Mas sai de DP com tanto calor, tanta sede que era capaz de atropelar camelos (e acho que atropelei alguns) e especialmente tão partida com o tanto que dancei, que acabei a meter o rabinho entre as pernas e pôr-me a caminho da caminha a horas demasiado decentes.

Optimus Alive 2013 - Depeche Mode



Arrasaram! Só não veio a barraca abaixo porque não nos deixaram subir para o palco.


Optimus Alive 2013 - Editors



Talvez para quem estivesse lá atrás parecesse, como já li, um concerto morno, ou que iam passando a medo os temas novos. Mas lá à frente, via-se como estavam a interagir com o público. E à frente estavam os fãs; não estava só quem queria marcar lugar para ver DP. Às tantas o mal é agora os "jornalistas" que cobrem os festivais e depois escrevinham umas coisas ficaram na área VIP, a quilómetros da realidade.

2013-07-12

Medo


A minha mãe acha que preciso passar a ser mais comedida nas minhas opiniões, que isto está mais para dar uma volta para uma ditadura que outra coisa qualquer e quem tiver ousado opinar será, forçosamente, penalizado. E a mim assusta-me que a minha mãe, que viveu meia vida em liberdade e outra meia em ditadura, tenha novamente medo de uma realidade dominada pela censura.

2013-07-10

Hem?!

fonte


Quer o Presidente da República, quer o actual governo e os dois partidos que o compõem, andaram dois anos a demonizar o PS e o antigo governo, culpando-o de tudo e mais um par de botas. Ainda a semana passada, só os swaps do PS é que eram tóxicos; os do PSD eram só exóticos. Então, como pode Seguro aceitar agora qualquer compromisso? E o Paulinho das Feiras, se já não for vice, vai ao dicionário e descobre o que é "irrevogável"? E PPC, vai continuar a perder poder às fatias e não diz nada? E continuamos a ter que ir aturando o PR que, ao fim de dois anos, de certa forma vem admitir agora que, afinal, andou dois anos a fazer asneiras e, às tantas, descobriu hoje que veio tentar falar grosso tarde demais?

2013-07-08

Sai o Paulo, entra o Paulo

Super-mulheres



Nós até sabemos que podemos e devemos dizer tudo, fazer tudo, sem cobranças, para além das tantas que já fazemos diariamente a nós mesmas. De saltos altos, na maioria dos dias, para que ninguém esqueça que há nisto tudo uma certa dose de masoquismo. Somos uma geração de super-mulheres. E, no entanto, continuamos a cair como tordos. Este fim-de-semana foram mais duas. Uma à facada. A outra nem percebi bem como, que a notícia dedicou-se à história com mais fogo de artifício. Mas também está morta. É que as super-mulheres da vida real ainda não conseguiram realmente os super-poderes. Mas eu, que sempre gostei de heróis que usam a inteligência e os gadgets em vez de confiarem na mutação de genes, continuo sem perceber como uma sertã à cabeça ou o ferro de engomar espetado no entre-pernas não pode resolver muita coisa atempadamente. Será da tal dose de masoquismo?

2013-07-05

Estultícia


Às vezes o ruído à nossa volta – especialmente o que se sente proveniente dos canais generalistas e de mais todos os jornais dos mesmos grupos de interesse, acrescentando ainda todos os discursos de todos os políticos – deixam-me com vontade de silêncio. Um silêncio que desconstrua discursos, desconstrua demagogias, tape a boca aos demagogos. 

Mas por mais que procure o silêncio e já nem tente sequer prestar atenção aos discursos de circunstância e às desculpas de ocasião, sei que vai haver sempre demagogia em abundância, especialmente se os políticos da treta encontrarem justificações para a própria estultícia. E, raios!, como conseguem!

2013-07-03

Ética e honra

«De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.» 

Ruy Barbosa - "Requerimento de informações sobre o caso do Satélite". Discurso no Senado (17/12/1914)

Antes, um homem dava a sua palavra e a palavra valia como um contrato firmado na presença de testemunhas; um aperto de mão era um selo; a ética regia o quotidiano. Ainda há gente assim, mas vai sendo cada vez mais rara. E não tenho dúvidas que a ética entrou em crise ou está já moribunda. E sem ética nada disto vai ao sítio. Para já não falar em honra, mas isso então, acho que a maioria nem saberia a que me estou a referir e, se bem que encontrassem a palavra no dicionário, provavelmente nunca teriam dado com ela na vida.


2013-07-02

"A canção do coveiro"



Não sei porquê, mas pareceu-me apropriada para hoje...

Estamos fodidos!

(recebida por mail)

Já estávamos falidos, agora vamos gastar mais uns milhõezitos em eleições. No entretanto, vamos brincar às campanhas. Depois, vamos ver um mandatário qualquer da UE a pôr e dispor a seu bel-prazer. E o outro podia ter todos os defeitos do mundo, mas ao menos tinha-o por sério. Será que podemos esperar o mesmo do que aí vem?

2013-07-01

Nop!


Esta não era nem de perto nem de longe o tipo de alternativa em que estava a pensar quando escrevi o post de ontem.