2006-09-28

Pó de Estrelas


aqui

Há cerca de dois anos, após um fim-de-semana muito parecido com o que pretendo gozar a partir de Sábado, cheguei ao Porto e decidi-me a criar um blogue, depois de jurar à miga que nunca o faria porque os achava demasiado umbilicais e limitativos do espaço de comunicação, pelo menos da comunicação internautica tal como a conhecia e gostava.

Na verdade, olhando para trás, devo admitir que os locais por onde cirandava eram talvez ainda mais limitativos; o nick que vesti durante mais de três anos (o nick principal, pelo menos) tornou-se uma grilheta, deformou-se, deixou de fomentar diálogo e, para o fim, tinha-se transformado num monstro que ameaçava devorar-me e a todos a quem queria bem e estavam perto.

Mas este texto não é sobre essas histórias antigas, ainda que também tenha a ver com elas. Ou antes, tem a ver com as consequências das histórias velhas. É que, melhor ou pior, a dimensão e relevância que tinha dado a uma das minhas personnas, fazia-me temer só com a ideia de ter um espaço só meu, sem limites nem censores, onde pudesse deixar o que me apetecesse. E eu não tenho tempo, nem disposição, para permitir que uma criação ameace o próprio criador. Já me chegou um Frankenstein…

E, no entanto, cheguei ao Porto e criei um blogue. Ou melhor, comecei a criar um blogue. Os primeiros nomes que escolhi estavam já tomados. Nem me lembro mais quais tentei e, apesar disso, recordo a frustração de me ver perante a falta de originalidade que me veste. Tentei um, dois, três… Parei e encostei-me na cadeira para pensar. Na estante, o Cosmos do Carl Sagan, numa versão de bolso que uma amiga do Secundário me ofereceu no 8º ano, piscava-me o olho por entre as pregas da lombada. Fui buscá-lo e lá estava – quase como eu me lembrava – o título do segundo capítulo: uma voz na fuga cósmica.

Foi assim que nasceu o nome deste blogue, que eu jurei a uma
amiga que não ia ter e, horas depois, estava a criar. Ficou apenas uma voz em fuga. Mas deixo que o fundo azul-escuro me lembre o Universo tal como o imagino: escuro, imenso, aveludado, com o tom certo de uma música infinita, como uma fuga bem tocada…

O primeiro template da Voz – aliás, o actual template, mas antes de me dedicar a destrui-lo –, tinha uma série de bolas coloridas a tapar o fundo aveludado. Demorei meses a entender-me com o template e mais meses ainda para, por tentativa e erro, conseguir livrar-me das tais bolinhas. Depois, houve um dia em que consegui. Mas ficou tudo demasiado escuro e nem as letras azul cueca, ou as imagens que por aqui colava, davam vida à página.

Acontece que eu, tal como Sagan, tenho sérias dificuldades em imaginar que, por esse Universo fora, apenas um pequeno pião azul e branco, perdido nos arrabaldes de uma Galáxia povoada por milhões de sóis, num Cosmos povoada por milhares de galáxias, encostado a uma anã amarela tão parecida com a maioria das estrelas, seja o único local onde o carbono se transformou em vida. E como para mim a vida é algo colorido, quis pintar o blogue de fogachos de luz e pó de estrelas. Quando encontrei a
imagem certa, a página deixou por fim de ser um sítio frio e escuro, sem cor nem luz. Ou, pelo menos, assim o espero…

Confesso que, ultimamente, a inspiração e a vontade de escrever vão escasseando. Confesso que às vezes acho que o meu umbigo me escapa e que – por mais que tenha evitado os sítios da moda e os nomes da moda e os rodopios das influências blogueiras – o ego se amachuca um bocadinho ou então incha em excesso. A Voz nunca quis ser mais do que um ponto perdido e esquecido, mas a dona da Voz tem manias de grandezas…

E este texto já deu tanta volta e já está tão grande e, no entanto, ainda nem disse porque o escrevo. E é uma explicação tão simples que só mesmo eu poderia ter complicado tanto: o
Adamastor pôs lá no Substrato aquela que foi uma das melhores surpresas que encontrei por estes lados nos últimos tempos: um link para um blogue onde, alinhadinhos e prontos a serem (re)vistos e até guardados, estão todos os episódios de uma das séries de televisão mais importantes de todos os tempos, de seu nome Cosmos. O autor era um tal de Prof. Sagan, mas era, especialmente, um excelente comunicador, capaz de entusiasmar os menos curiosos pelas maravilhas que a ciência tenta até hoje explicar.

Talvez não fosse mau de todo enviar o
link aos Criacionistas…

Quanto a mim, vou continuar a sonhar com pó de estrelas, a julgá-las parte de mim, a imaginar o dia em que o Homem passe a apreciar este lindo ponto perdido e saiba partir à descoberta de todos os Mundos que o Cosmos tem, forçosamente, de abrigar.

Ciclo - Parabéns Cruzeiro




Tão lindinho! Vai de prenda por um ano de Cruzeiro.

2006-09-26

Smiles eróticos da Hipátia


aqui

Versão da Claire, no Quanticª.

Lágrimas verdes, Claire? E aquilo é uma língua castanha? Espero que seja uma língua castanha...


(desculpa só ter visto hoje, amiga!)

2006-09-25

Bichaninho…


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Uma gaja mamou na infância todos os episódios do Sandokan e, depois, quando chega a uma idade de ter juízo, ainda lhe dão uns desejos marados por olhos tipo Kabir Bedi…

2006-09-24

Roteiro


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Conheço o roteiro das memórias que me guiam. É sempre o mesmo quando o Verão cede passagem ao Inverno que já não tarda. Faz--se das mesmas viagens à procura das mantas quentes, dos casacos velhos de trazer por casa, dos chás que serão feitos, perfumados e fumegantes. É um roteiro acolhedor que se repete e, na repetição que anuncia, carrega o conforto dos passos instintivos, do que não se programa nem se racionaliza. E eu, que passei o Verão a reclamar do calor, experimento agora à vez os radiadores (para que nenhum falhe), o edredão de penas (a ver se está no mesmo sítio), o casaco (velho e quente) e as pantufas (gastas e macias), na rota para o conforto do sofá onde me estendo, onde me estenderei nos dias frios que se avizinham, a beber um chá bem quente enquanto a chuva bate forte contra a janela e o cinzento do dia se anula contra o conforto rotineiro do meu ninho.

Maré Cheia


aqui

La route chante,
Quand je m'en vais.
Je fais trois pas,
La route se tait.

La route est noire,
À perte de vue.
Je fais trois pas,
La route n'est plus.

Sur la marée haute,
Je suis monté.
La tete est pleine,
Mais le coeur n'a pas assez.
Sur la marée haute,
Je suis monté.
La tete est pleine,
Mais le coeur n'a pas assez.

Mains de dentelle,
Figure de bois,
Le corps en brique,
Les yeux qui piquent.

Mains de dentelle,
Figure de bois.
Je fais trois pas
Et tu es là.

Sur la marée haute,
Je suis monté.
La tete est pleine,
Mais le coeur n'a pas assez.
Sur la marée haute,
Je suis monté.
La tete est pleine,
Mais le coeur n'a pas assez.





Lembrei-me de ti...



2006-09-23

A verdade inconveniente




Somos obrigados a ver tanta coisa que não gostamos, porque não forçarmo-nos a ver uma coisa que (ainda) nos permite (re)agir?

E porque não está este filme em mais salas de cinema? É assim tão inconveniente? Se tivesse tiros e cabeças de terroristas a rebentarem, ou jogadores de futebol a darem cabeçadas aos árbitros, já não estaria onde todos o vissem?

(...)


aqui

os anciãos morrem em plena juventude
e os avós são apenas meninos disfarçados

Avron Sützkever

Leram-me isto hoje e ficou a martelar cá dentro. Que frase do caraças! Que inveja da genialidade que se esconde em dois pequenos versos!

2006-09-22

Iatá!


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Ah e coisa e tal, essa cor só de encomenda e não sei quê e depois demora e está ali aquele e já tem isto e aquilo e mais aquilo e ainda mais aquilo e…

Depois apelou à minha forretice e ficou garantido: vou buscá-lo de hoje a oito. Não há vermelho…

2006-09-21

Irra!


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Alguém me explica o que raios é este Bebé Lilly do Canal Panda que tanta gente vem procurar aqui à Voz?

Um bonequinho tão feio terá por certo um qualquer interesse que não estou mesmo (mesmo!) a ver qual é.

Parece que canta… É uma Floribella de cueiros?

Fora de serviço


aqui

Coluna da esquerda – graças às trocas e baldrocas e aos silêncios e às desistências e aos fins e aos recomeços e ao caracinhas… – a ser actualizada.

2006-09-20

Ainda a propósito de cores



You with the sad eyes
don't be discouraged
oh I realize
it's hard to take courage
in a world full of people
you can lose sight of it all
and the darkness inside you
can make you feel so small

But I see your true colors
shining through
I see your true colors
and that's why I love you
so don't be afraid to let them show
your true colors
true colors are beautiful
like a rainbow

Show me a smile then
don't be unhappy, can't remember
when I last saw you laughing
if this world makes you crazy
and you've taken all you can bear
you call me up
because you know I'll be there

And I'll see your true colors
shining through
I see your true colors
and that's why I love you
so don't be afraid to let them show
your true colors
true colors are beautiful
like a rainbow

True Colors - Cindy Lauper



Toma, Emiéle. Vai também à conta do primeiro aninho de Pópulo.


2006-09-19

Cromoterapia


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Gosto de vermelhos e laranjas, de amarelos suaves, de dourados pouco opulentos. Gosto dos verdes discretos e esperançosos, nem que se escondam numa jarra, ou na capa de um livro sempre perdido na cabeceira. Gosto dos azuis profundos, aveludados, para acalmar chamas incendiárias. E gosto dos negros porque sim, porque o escuro me permite contrastar tudo - até a mim - com a luz e porque adelgaça as sombras que me limitam e me fascinam.

Dispenso os rosas em qualquer declinação, os cinzentos pardacentos e os castanhos sem perfume…

A (des)propósito...


aqui

os pobres eram sempre ruidosos, mesmo na expressão dessa gente feliz com lágrimas

João de Melo - Gente Feliz com Lágrimas


... de comentários e MSN...

2006-09-18

Egoísmo


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A felicidade só pode ser mesmo um estado de espírito egoísta. Talvez por isso nos seja sempre tão mais fácil partilhar as tristezas e as lágrimas. Dessas, não vemos hora para nos livrarmos; na felicidade, todos os momentos são demasiado pequenos e, atrapalhados em aproveitá-los ao máximo, viramo-nos apenas para nós. Depois vamos ter com os amigos e partilhamos o contentamento. Mas isso já não é bem, bem, contar da felicidade.

De qualquer forma, ando a precisar de estar contigo e contigo e contigo e com a Cota sem link. Apesar dos reveses que, volta e meia, me atingem, ando a precisar contar-vos do contentamento, para que percebam que - algures, de quando em vez - estou a ser banhada de momentos felizes. Como se, ao expressá-los, os cristalizasse de alguma forma...

LOL


(recebida por mail)

Posso sempre contar com os amigos para uma boa gargalhada :))))

2006-09-17

Herança



E quando alguém chega a conhecer-nos tão bem que não importa quantas máscaras, quantos disfarces, quantos embustes construímos para enganar o sentimento? E quando deixam cair umas quantas palavras certas, umas quantas imagens e, de súbito, tudo rompe e se alaga num mar de lágrimas que o tempo, a dor, a frustração, o crescer e o sobreviver, já não calam nem escondem? E quando alguém sabe como enganar os nossos enganos e subterfúgios e a pose e os anos e os desencontros? E quando fazem jorrar tudo num momento único?...

Cerco


aqui

A Rosarinho desafiou-me e cá vou eu, ao acaso, dizer cinco tretas sobre mim. E cá está o que sai, poucochinho e pobrezinho, apesar de eu até ter um blogue feito de intimidade. É que assim, de supetão, não estou a ver nada de curioso para dizer. Não sou particularmente interessante para revelar coisas. As coisas são como são e as minhas não carecem de revelação: trago-as pespegadas no que sou e no que faço.

1.
Sempre achei que ia conseguir mudar as coisas e hoje apenas resisto para que as coisas não me mudem a mim.

2.
Tenho pavor de perder o controlo, porque sei que fico cega, irracional, descontrolada, incapaz de suster um qualquer gesto que depois não tem mais volta.

3.
Apesar da idade veneranda que já conto, continuo a não ver um boi do que se passa à minha volta, especialmente se usam subterfúgios que eu nunca fui capaz de usar.

4.
Tenho muito má memória para pessoas que não fizeram mossa, nem para o bem nem para o mal, apagando-as prontamente dos arquivos. Mas lembro uma imensidão de factos sem qualquer valor.

5.
Adoro falar sobre mim e sou péssima a falar sobre mim: raramente conto as coisas realmente importantes, preferindo gerir o caos intimamente e só depois, decisões ou assunções feitas, revelo o que andava a matutar.


Passo palavra à Lisa, à Bastet, à Vague, aos Enresinados e à Viajante. Talvez sejam capazes de fazer melhor do que eu…

2006-09-15

Grilhetas


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Sinto que, muitas vezes, acabamos voyeurs da vida alheia, ao mesmo tempo que a nossa vida também é observada. Depois, há as empatias e as antipatias. É normal que aconteçam. Como é normal que, numa imensidão de blogues, acabemos por seleccionar uns poucos onde nos sentimos bem, que entendemos, onde nos sentimos bem recebidos. Mas não fazemos o mesmo na vida real? E não somos nós todos animais gregários dispostos a mostrar os dentes cada vez que vemos quem queremos bem ser atacado e ofendido? Porque seria diferente na net?

Posto isto - e admitindo que sou bem capaz de afiar as unhas e de sair à luta por aqueles de quem gosto - só tenho a dizer que a única coisa que me faz verdadeiramente espécie é a covardia. E cansa-me cada vez mais abrir blogues e ficar a pensar que os textos são estudados ao pormenor com o único fim de dispararem alfinetes a torto e a direito, ainda que na maior parte das vezes se limitem a balas vazias. Estragam tudo, porra! E, sim, também estou para aqui a mandar um alfinete, mas seriam tantos os nomeados que me falta a paciência para enumerar cada um. Aliás, falta-me a paciência para permanecer em várias páginas mais do que os segundos bastantes para recordar a mim mesma que fui outra vez (sim, Cap, tens razão) ao engano.

Tanta guerra já vista em tantos anos por aqui, uma coisa há muito que me parece clara: a mediocridade mede-se mais do que pela qualidade do escriba e talvez seja o escudo dos que não sabem ser mais...

(aos amigos: perdoem este regresso de férias tão silencioso)

2006-09-14

Vai no Batalha!


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O vendedor de carros mudou a música. Eu fiz da porta percussão: bati com a dita.

Acho que, afinal, já não tenho carro novo até ao fim do mês. Mas - raios! - se eu disse que queria vermelho, porque é que querem impingir-me um frigorífico com cinco portas?

2006-09-12

Ai o caracinhas!


aqui

Chegada ao escritório do cliente para a visita previamente acordada, toco à campainha repetidamente sem resposta. Estranho. Se há homem de palavra e pontual… Trato de pegar no telemóvel e ligar ao senhor. E a resposta veio pronta: “está de facto ali fora uma senhora de cor de laranja e vermelho, mas sei bem que a doutora não usa dessas coisas...”

2006-09-10

Não compreendes?


Queres o curso em quantas lições?

Ainda a 'Voz em Fuga'


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A Viajante escreveu este Voz Minha: para onde foges tu?, que já juntei ao desafio. Agora só falta que corram a ler...

10 de Setembro de 1756


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Comemoram-se hoje os 250 anos da fundação da primeira região demarcada do Mundo. E se há local que nos arrebata pela sua beleza, enquanto continua a enriquecer o Norte e todo o País com os seus produtos e com a oferta turística de qualidade, é este espaço demarcado, lambendo o Douro e encosta acima, nos socalcos que o suor da vontade dos homens talhou. E que se mantém até hoje como um farol do que se pode fazer bem no País.

2006-09-09

Ah panteras!


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Depois do acto de pilhagem sobre a equipa técnica no início do campeonato, não pensei que os meus meninos fossem dar-me qualquer alegria. Mas, caraças!, não há dúvida que hoje estou com um sorriso de orelha a orelha…

2006-09-08

Salsichas?


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Raios se eu percebo porque cargas d’água se preocupam tanto com as salsichas…

Silêncio


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Eu digo palavrões, especialmente porque há situações em que não existe outra palavra que tão bem expresse o que sinto. Hoje apetecia-me dizer uns quantos, no fim desta semana infernal, em que descubro que basta estar fora umas semanas para alguém destruir o que levei um ano a fazer. E talvez por isso só me apetecesse pintar este post de palavrões.

Só que cada palavrão seria uma palavra-silêncio, à espera de ser preenchida de significados por medida. E não sei até que ponto não iriam apenas parecer palavras-agressão, as tais de que não gosto, ainda que saiba usá-las tanta vez bem demais. Porque, ai, perdia todas as palavras-argumento e nem sei se o fel que sinto a queimar-me a garganta iria desaparecer...

2006-09-07

Calhaus

Another brick in the wall



Já houve tempo em que a revolta era possível, o big brother era vigiado de volta, se teimava em gritar a liberdade e se fazia dela uma conquista possível. Hoje, demasiado acomodados a tudo o que nos impõem, chamamos terroristas a quem ainda tem causas... O que também não deixa de ser uma espécie de facilitismo.

2006-09-06

Porque gosto...


Sam

Acho que não saberia muito bem qual dos filmes dele escolher como favorito... Há todos os do Tim Burton (eu adorei o Eduardo, amei o Ed Wood, babei com A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, delirei com a Noiva Cadáver e perdi-me na doçura de Charlie...). Há os filmes mais antigos, como o Cry Baby (ai aquela lágrima tatuada!...), What's Eating Gilbert Grape (o último filme onde gostei de ver o Leo di Caprio) ou o Arizona Dreaming. Há o D. Juan de Marco, em que parece que é ele que ensina ao mestre Brando como representar. Há o A Nona Porta (com cenas gravadas em Sintra), o From Hell, a maneira como rouba o filme ao Banderas no Era Uma Vez no México. O fabuloso Libertino e as piratices que já foram, mais a que ainda falta vir. Ou a versão perfeita de quem tanto nos fez sonhar com um Peter Pan que afinal cresceu, mesmo quando não queria crescer. Ou o delicioso Chocolate e o Donnie Brasco e o A Janela Secreta (acho que foi o único que não gostei) e um que se chama, salvo erro, Um Homem não Chora, em que ele faz de cigano e está lindo, lindo... E há - bem talvez seja este o favorito, afinal... - um filmezinho delicioso chamado Benny & Joon...

2006-09-05

A praia




E da casa imensa a que soubemos chamar ninho, navegamos pelos corpos e pelos dias, aproveitando os momentos que assim roubamos à distância e ao Verão que, daqui a nada, vai teimar em partir. E é quase como uma sombra a pintar um areal, tapando o vento, fazendo promontório para desafios de saltos e de vertigens. E o mar logo ali, para temer e amar, ficando medrosa na borda de água a ver-te nadar para longe… E é quase como se representasses o fim destas férias, destes dias quentes em que me perdi e me esqueci, reencontrando-me nos teus olhos, cada vez que te buscava. Ponho o anel, ponho o colar, meto à boca mais um rebuçado para evitar que a voz me fuja. E penso que nem sei bem se te agradeci como devia. Afinal, numa praia com um calhau gigante, guiaste-me mais uma vez para um pedaço de paraíso…

É tão bom perder-me contigo!

2006-09-04

Ui!

A razão pela qual escrevo um blog deve-se a mera terapia de substituição. O médico de família deixou-me sem hipótese: tinha que parar de me masturbar de forma compulsiva. "Pare de bater punheta, escreva um blog", disse-me ele. Obedeci antes que me surgissem mais pêlos na palma das mãos.



E não é que eu já andava com saudades da minha terapia de substituição?...

Bitola


aqui

A propósito de uma relação que comemora este ano os seus 25 anos, falava-se da medida de intimidade, de um conhecimento tão profundo entre o casal emparelhado que, no fim, já não resta espaço para o desconhecido: a partilha é tão grande que os segredos não têm mais espaço, porque se conhece o outro até à medula, no bom e no mau, na aceitação plena…

E, no entanto, eu que nunca vivi uma relação com prazo tão dilatado, muito menos almejo a não ter espaço para mim, as minhas coisas, os meus segredos, lembrei-me de uma das medidas que me resta para a intimidade, uma feita da história ouvida em contra mão sobre um jovem, regressado de lua de mel, a quem o irmão não soube mais do que perguntar: “e então? Já te cagas à frente dela?”

A cada um a sua bitola…

2006-09-03

Confissão


Hypatia, Charles William Mitchell


Continuo ruiva e branca como a cal...

...mas estou de volta!


Quero ainda aproveitar este post para agradecer à Vanus, ao Cachucho, à Maria Árvore, ao Espumante, à Viajante e à Mad pelos posts e referências que deixaram nos respectivos blogues a propósito do aniversário do Voz em Fuga, bem como a todos quantos vieram ao post anterior dar os parabéns.

Também aproveito para dizer que fui buscar a voz em fuga da Vague, para a juntar ali em baixo ao desafio.

A todos, muito obrigada pelo carinho e pelo mimo que, como sabem, é coisa que me sabe sempre bem.