2018-08-25

Anónimos

Quando morre alguém que respeitamos, ou cujos familiares nos merecem respeito, cumprimos uma série de ritos próprios à ocasião, guardamos o luto, cumprimos os rigores do nojo. Depois, a vida segue, como segue sempre, mesmo quando uma qualquer partida, extemporânea ou não, nos leva um pedaço junto. Nas redes sociais, na net em geral, não há ritos nem respeito: esquarteja-se o cadáver até lhe mordiscar os ossos, especialmente se o morto nunca fez parte dos nossos seis graus de proximidade com o resto da (des)humanidade.

2018-08-24

Ponto da situação

Um dia cheguei a casa e criei um blogue. Ou melhor, comecei a criar um blogue...

Foi em 2004 e hoje faz anos. Ou melhor, hoje ainda não morreu.

2018-08-18

Recordando Barcelona

Cara a cara, as pessoas são boas ou más, gostas ou não delas, não importa nem cor nem religião nem ideologia. É a estranheza e a distância que trazem a desconfiança e o medo. Extremismos e fundamentalismos já nada têm a ver quer com credo, quer com cor, quer com política. Viraram cultos irracionais presos com cuspe às suas desculpas e argumentos fabricados. Só resultam pela desumanização do indivíduo, transformando o outro em arquétipo sem rosto, sem família, sem sangue.

Recuso-me a meter tudo no mesmo saco. Recuso-me à lavagem cerebral de qualquer culto. Recuso-me a não ver cada pessoa que se me apresenta como indivíduo. Porque há o cara a cara, porque se gosto de uma pessoa não importa cor ou religião ou ideologia; porque se ela gosta de mim, também não é pela minha cor ou a minha falta de religião ou ideologia.

Passou o primeiro aniversário do 17A. E houve demasiado ruído sobre cor, sobre credo, sobre ideologia. Foi um mau serviço prestado à História. E à memória das vítimas.

2018-08-10

Sombras

Tenho andado com sérias dificuldades em entender o sucesso do Sr. Grey e todas as declinações do tema que vão enxameando os escaparates como se fossem grande novidade. Mas talvez eu esteja velha demais e o meu Mr Grey ideal chamou-se John e teve a cara do Mickey Rourke antes dele a destruir à porrada. Em 1992 ainda tinha apelo e era subversivo e proibido e não me deixava apenas com vontade de fugir a sete pés de todas as relações com sabor doentio. Acho que já dei para esse peditório. Agora é decididamente baunilha. Com twists light, que estou de dieta.