2013-12-23

A todos...

Por mais atarefada, não posso deixar de vir por aqui desejar a quem não deixa de por cá passar os meus desejos de festas felizes. Tudo de bom!


2013-12-07

Sim, eu sou estranha!


E este ano não me apetece escrever uma carta ao Pai Natal. Nunca traz o que lhe quero! Se lhe tomar posse do corpo será que tenho mais sorte?

2013-12-05

RIP, Nelson Mandela

fonte

Há quase 24 anos, Mandela estava finalmente livre. Meses antes, tinha caído o Muro de Berlim e viviam-se tempos de euforia e esperança, rapidamente comidos pela realidade. Talvez por isso, para mim, para além de tudo o que foi para toda a gente, Nelson Mandela sempre representou um breve período na minha vida em que fui capaz de uma fé ingénua num futuro brilhante e que, por um instante, também eu acreditei num mundo de bem em que tudo de bom seria possível. O velho, doente e envelhecido símbolo partiu hoje; eu, na realidade e tristemente, há muito que já o tinha deixado partir.

2013-12-04

Esta é a minha linha!



Qualquer maluco tem uma máquina de filmar ou uma máquina fotográfica. E muito pouco discernimento quando chega a altura de as usar. É cada vez mais uma decisão de não ver, sabendo que existem certas imagens em todo lado. Há coisas que não deviam ser para consumo massificado. A morte, certamente, merecia maior pudor. E é agora, aqui, no destino, no suposto consumidor final, que temos de ter a coragem de saber onde traçamos a linha, até onde, em consciência, cada um de nós se permite ir num mundo que tão facilmente desumaniza, banaliza, torna em fait divers qualquer assunto, agora transformado em fogacho perecível e que supostamente se deveria esquecer com um clique, da mesma forma que esbarramos com ele à distância de um clique também. 

2013-12-02

Porto de encontro

 fonte

Apanhei com a família de americanos à saída da estação do metro da Trindade: pai, mãe e duas filhas adolescentes. A mãe, loira, queria entrar em todas as lojas e tentava converter euros e dólares sem acertar uma para muita risota da filha mais velha; a mais nova, 15, 16 anos, queria saber se eu conhecia o Hot Jesus, mas eu respondi-lhe que estava na cidade errada e eu, de qualquer forma, nesta altura do ano dava mais para o Baby Jesus do que para outra coisa. O pai, ruivo, era uma torre de dois metros de altura com quase tanto de largo. Queriam ir para os Clérigos e apontaram-me um mapa do Porto com ar de quem nem sabia para que lado ficava o rio. Ok. Follow me. Vou mesmo para aqueles lados. O pai fez a despesa da conversa. É que eu não conhecia o Hot Jesus… Quis saber o que comer, onde comer, bufou a subir, bufou a descer, foi ficando cada vez mais corado. Às tantas perguntou se a torre tinha elevador. Hemmm! Nop! Sorry, big guy. São quase 250 degraus e é preciso dar ao pedal. Depois olhei melhor e tentei lembrar-me da balança do "The Biggest Loser" e de quanto valem as pounds em quilos e tentei imaginar o americano gigante no topo da Torre dos Clérigos. É! Não vai caber: nem a minha imaginação dá para tanto. Se aquela coisa sobe, fica lá atracada. Como é que se diz isto ao americano sem o ofender? Não foi preciso. Bastou ver a Torre e resolveu que tinha fome. Mandei-o provar um éclair à Leitaria da Quinta do Paço. Quando o encontrei na volta (sim, também não resisto aos éclairs) estava com um sorriso de orelha a orelha e jurou-me que Portugal era o paraíso dos gulosos. Mas o problema da rua dos Clérigos é que ninguém pode notar que és cá do burgo e percebes mais do que português. Em 5 minutos despachei uns italianos com uns ciao e uns a sinistra, uns espanhóis com uns olás e uns sí, por supuesto e uns franceses com uns descendre, tourner à gauche e, de repente, caiu-me na sopa um japonês. Oh caraças! Aqui não passo mesmo do arigato. A Torre dos Clérigos nem a 20 metros em toda a sua glória. E perguntem-me lá o que queria o japonês? Pois queria a Torre. Aquela logo ali, mesmo em frente ao nariz e à máquina de filmar. Pensei que estava a gozar comigo. Juro que pensei. E como não sei japonês, apontei. O japonês ficou roxo de vergonha e riu muito amarelo. E saiu-se com um tiny. Pequena o caracinhas, oh minorca! Que estavas à espera? A Burj Dubai em estilo barroco? Acabou a conversa! Saquei dos fones, dos óculos escuros e meti a primeira. Ao chegar à Praça, dois autocarros descarregavam mais não sei quantas alminhas chefiadas por senhoras de guarda-sol. Rais-ma-parta! Parecem formigas, com os mapinhas, os chapeuzinhos, as máquinas fotográficas e o ar perdido. Costumava ser uma baixa tão sossegada para ir dar à perna ao sábado de manhã!… Bem, pelo menos trouxe os éclairs e o americano não ficou atracado na Torre a servir de ninho para os pombos.