2012-12-29

Parabéns, miga!



"Our flag still waves in the dusk
Who do you trust?"

Há músicas - ou bandas - que associo a pessoas imediatamente. Os Spain já foram qualquer coisa que só "de janela aberta". Mas depois o tempo passa - passa sempre! - e as janelas continuam abertas, mas já não para o precipício. Hoje esta é para a minha amiga.

Zachary Cale & The Black Swans

Tertúlia Castelense - 22 de Novembro de 2012

2012-12-21

O fim do mundo




Se o mundo ainda acabar até à meia-noite, o mais certo é já apanhar-me a dormir. Podem avisar o São Pedro que a nuvem tem de ser confortável e, se é para ter anjos por vizinhos, então quero um vizinho tipo Metatron, versão Alan Rickman. Vale?

2012-12-16

Feios, Porcos e Maus




«There is little doubt that America has a serious and growing problem with mass shootings. There have been at least seven this year where four or more people have been killed. Added together they have claimed a total of at least 65 lives. But those numbers pale in contrast to the simple toll of shooting victims that plays out across America every single day in a regular parade of gun violence.

According to the Brady Campaign, which advocates gun control, around 100,000 Americans are wounded or killed by guns each year. One of its studies showed US murder rates are almost seven times higher than rates in 22 other populous high-income countries who have similar rates of lower level crime. The same study showed that America's firearms homicide rate is almost 20 times higher.

Yet despite the violence the US Congress has not enacted any major firearms regulations other than a law aimed at improving state reporting for federal background checks. Indeed, regulations have actually loosened over the last decade as a 1994 assault-weapon ban expired in 2004. Most of the current debate in American policy circles has actually been around the issue of expanding citizens' rights to carry firearms openly in public.»

Paul Harris

Entrar numa caixa de comentários de uma qualquer notícia sobre o massacre de Sandy Hook deixa-me chocada e enojada com a maioria das opiniões expressas. Para muitos, não é preciso reforçar as leis de controlo de armas; para muitos, o que estava bem é que cada americano, incluindo cada criança, tivesse uma arma para assim poder defender-se. É uma mentalidade totalmente contrária a qualquer lógica suportada pelas evidências e os números. Tirando o maluco da Noruega, quando se fala em massacres, de que País nos lembramos, que casos somos capazes de nomear? Quantos aconteceram depois das reacções chocadas a seguir a Columbine? Que gente é aquela que resolve tudo a tiro, como se ainda vivesse no far west e todos fossem apenas feios, porcos e maus?

2012-12-12

Rascunho



Tripeira, sem tento nas letras nem açaimo nos dedos, há dias em que chego ao final da tarde e só me apetece pintar páginas de palavrões para lavar a alma do descalabro da vida que nos sobra da labuta. E exclamo sem dó, com um enfático ponto respectivo e vernáculo condizente. "Em que estás a pensar?", pergunta-me a caixinha da moda. Ninguém quer saber realmente. E o rol de obscenidades com que me apetece sempre responder à pergunta tem sido tamanho que a lista de palavrões já não caberia no espaço diminuto de um final de tarde cansado ou na tal caixinha enfezada e coscuvilheira. A crise tão nem trazido o melhor de mim! E há gritos que engulo e, na garganta, ganham um granulado de fel que me enoja. Acabo por não dizer. Não, ninguém quer mesmo saber em que estou a pensar...

2012-12-05

coisas que não ouvia há muito tempo...



Cuando tú apareciste, 
penaba yo en la entraña más profunda 
de una cueva sin aire y sin salida. 
Braceaba en lo oscuro, agonizando, 
oyendo un estertor que aleteaba 
como el latir de un ave imperceptible. 
Sobre mí derramaste tus cabellos 
 y ascendí al sol y vi que eran la aurora 
cubriendo un alto mar de primavera. 
Fue como si llegara al más hermoso 
puerto del mediodía. Se anegaban 
en ti los más lucidos paisajes: 
claros, agudos montes coronados 
de nieve rosa, fuentes escondidas 
en el rizado umbroso de los bosques. 
Yo aprendí a descansar sobre tus hombros 
y a descender por ríos y laderas, 
a entrelazarme en las tendidas ramas 
y a hacer del sueño mi más dulce muerte. 
Arcos me abriste y mis floridos años, 
recién subidos a la luz, yacieron 
bajo el amor de tu apretada sombra, 
sacando el corazón al viento libre 
y ajustándolo al verde son del tuyo 
Ya iba a dormir, ya a despertar sabiendo 
que no penaba en una cueva oscura, 
braceando sin aire y sin salida. 
Porque habías al fin aparecido. 

Retornos del amor recién aparecido - Rafael Alberti

2012-12-02