25 anos!
A História - a verdadeira - é feita de gente anónima, gente vulgar, gente capaz de pequenos gestos de heroísmo, gente que vira as costas, gente apanhada num turbilhão que não entende, gente que sobrevive, gente que morre, gente que mata, gente que faz a festa.
No tempo de uma geração, podemos ser tudo. Num Outubro de há 25 anos fomos gente anónima na rua a fazer a festa por entre os escombros de um muro que ruía.
Será que ainda nos lembramos o que era viver naquele mundo em que uma parede era mais uma ferida aberta do que uma cicatriz? O que foi viver aqueles tempos de euforia e como tão rapidamente toda a esperança foi comida pela realidade?
O Muro de Berlim tem três tempos na minha memória: um tempo em que existia e dividia; um segundo momento, muito breve, de fé e exuberância quando foi derrubado e me fez acreditar num futuro brilhante em que tudo seria possível; e este momento de agora, onde já fica resumido a mais um velho símbolo de uma fé ingénua que só fui capaz de ter brevemente, muito brevemente, na minha pequena história de vida cheia de ruínas e símbolos soçobrados.