Jazendo só havia dois corpos cansados, iluminados por uma lua breve, brevíssima, no negro do céu. Nem estrelas, nem constelações. Só uma lua amarelo-torrado e o calor da noite, esfumado, e um dedo que percorria ainda o reverso de um joelho.
2016-07-31
2016-07-30
2016-07-26
Anticorpos
Sobreviver não é bonito, nem tem de ser bonito. Pode ser degradante, malcheiroso, indigno. E pode também ser um espectáculo. Nos jornais e telejornais, a desgraça já é parangona há demasiado tempo. Tanto tempo que as pessoas já começaram a desenvolver anticorpos a essa desgraça demasiado evidente. Os media arcaicos tratarão de fornecer o circo e o pão de alguma maneira, sabendo que o espectáculo iníquo da sobrevivência alheia tem sempre público fiel. Os novos meios seguem-lhe os exemplos. E sobram os corpos decepados das vítimas, num qualquer vídeo novo onde se vê cada vez mais um bocadinho do pesadelo e dos corpos irreconhecíveis, se tiverem um qualquer brinquedo ao lado ainda melhor. A janelinha para o mundo transformada em caixinha dos horrores... :-(
2016-07-25
2016-07-24
Endoutrinados
Cartoon: Shahrokh Heidari/Hollandse Hoogte
As questões de fé são simples: não as tenho. Pelo menos, não as tenho num sentido clássico, de acreditar que tudo se resolve por influência divina e deixar os destinos entregues, à confiança, a uma qualquer entidade superior. E por mais que, depois, sinto falta das muletas, aterroriza-me a linearidade do pensamento, a falta de responsabilização, a promessa ignóbil de qualquer martírio.
2016-07-21
Politicamente incorrecto
Pouco me importa o sexo de quem escreve; basta que escreva coisas de que gosto. Também confesso que me farto facilmente de ver declinações sucessivas de temas e pessoas que querem sempre enfiar tudo e todos em fatos por medida. E neste mundo binário que se habituou aos likes e Pokemons, sinto falta de uma boa, velha e aguerrida discussão, carregadinha de verrina.
2016-07-20
Simplificando
Às vezes irrito-me com a forma como me parece que a língua portuguesa anda a ser assassinada. E nem é o famigerado acordo ortográfico ou estrangeirismos abusados. É muito mais esta forma como o "smsês" se vai impondo...
2016-07-19
Silly Season
Parece que o bug da silly season se esqueceu de bater aqui à porta e não faço ideia do que se passa com os tais dos Pokemon. Mas ultimamente o País parece que endoidou de vez ou às tantas sou eu que estou a precisar desesperadamente de férias e tenho aloirado com a estação.
2016-07-18
2016-07-16
2016-07-15
2016-07-14
Agora que a bola acabou
Cá estamos nós outra vez a aterrar na realidade da crise que nunca desapareceu. E cá estou eu: cansada, triste, manietada, explorada, desencantada, espezinhada, desrespeitada e amarga. Além do medo, claro, que é só o meu que entra em casa para todas as despesas e isso torna o medo algo insidioso, que me vai comendo um bocadinho da alma todos os dias.
2016-07-11
Não tive direito a tolerância de ponto
Ver Benni McCarthy a pular e a dançar de alegria, saber que Tamila Holub e Tsanko Arnaudov nos trouxeram medalhas para casa, que o Pepe escolheu Portugal, que o Éder nasceu em Bissau, que o Quaresma é o nosso ciganito, sim senhor, que havia tunisinos pelas ruas de Paris a passear bandeiras portuguesas e que as nossas crianças sabem consolar os adversários... devemos saber fazer umas coisas. Umas coisas bem feitas. Muito além do futebol. Receber quem nos quer, transformá-los em nossos. Num mundo cada vez mais dividido, este é o meu orgulho no saber ser português.
2016-07-09
2016-07-08
2016-07-05
Ratos
Poderia parecer óbvio há umas semanas atrás. Afinal, a barca europeia há muito que mete água e vai-se afundando em pântanos que só uns quantos controlam e muito poucos conseguem entender. Mas com as atitudes de Johnson e Farage no pós-Brexit, pergunto-me onde estão realmente os ratos...
2016-07-04
Urubuzadas
Eu sou muito povinho, que esse foi sempre o único ramo decente da família. E é a minha costela popular que me faz olhar com asco para isto, enquanto a minha costela do contra - que é um bocado dada a teorias da conspiração - olha e torna a olhar e lembra-se que nunca há fumo sem fogo. É que se o Deutsche Bank rebenta...
2016-07-03
2016-07-02
2016-07-01
E não há muito mais a dizer...
...parece que temos de jogar mesmo muito mal em "nota artística" para conseguir algum brilharete em "nota técnica".
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