2010-10-29

Portugal

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«Hoje pode existir uma união nacional do ódio a Sócrates. Mas uma coisa já ninguém lhe tira. Só a geração Magalhães poderá realmente mudar Portugal. »

Leonel Moura




Portugal vai transformando-se numa espécie de nevoeiro, com discursos e pantominas à mistura. Digamos que uma cortina de fumo, com um País pardacento reduzido à letargia de, daquele lado, já não esperar nada de decente e, por isso, demitindo-se gradualmente de até apenas desejar. Para a mediocridade que vai, será que vale oferecer pior ainda?

Aos jovens bem jovens de hoje pertence o amanhã: a minha geração de parêntesis, a geração que teve tudo para ser e não soube ser nada, excepto a geração que transformou os pobrezinhos mas respeitados em endividados sem respeito nenhum; os cravos que já não terão cheiro; as canções revolucionários com o mesmo apelo que os hinos fascistas de antanho; os símbolos escondidos sob pó e teias de aranha; a pátria confundida com outro mito qualquer, talvez o desta Europa que nos engoliu e agora quer cuspir fora; os políticos de carreira e os caciques da negociata que um certo Portugal pariu já há muito debaixo do chão.

E aos jovens muito jovens de hoje, por não lhes ser mais exigido que cumpram Portugal, talvez seja possível ver Portugal finalmente a ser cumprido.

2010-10-26

Então era isso!

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«(...)um grupo de homens, todos iguais, vestidos do mesmo modo, entram numa sala para discutir o Orçamento. Teme-se o pior, de um documento sem sensibilidade social: afinal, faltam mulheres na sua discussão.»

Miguel Marujo


Bem me queria parecer que faltava ali muita coisa :)

Mais ano menos ano

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«Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiro-ministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.»

Daniel Oliveira


Estes 5 Cavacos são o que me lembro: o homem do bolo-rei e da boca aberta, da facada nas costas do Nogueira, Santana e até Ferreira Leite, para já não falar agora no Passos Coelho; ou dos dinheiros desbaratados e da mentalidade de facilitismo e golpe baixo que transformaram a minha geração na geração da mão estendida e sem responsabilidades, que passará à geração seguinte um País arruinado e um vazio total, para além das dívidas e das desculpas de mau pagador.

2010-10-25

Hoje



Steve Hackett, 'Fire on the Moon'


Está uma lua do caraças! Já deram conta?


(infelizmente, não fiz uma fotografia; mas pode ser que alguém tenha a máquina a postos)

2010-10-24

Papa-letras

aqui


Isto é um pedido encarecido aos senhores jornalistas (?) que enxameiam a televisão com o seu sotaque lisboeta: não é "ó" quando no papel está "ou". Vá! Deixam lá os ditongos sossegadinhos e não me massacram o aparelho auditivo. O mesmo para a conjugaçãozinha (seja ela explicativa ou coordenativa), vale?

Furiosa!



http://www.1billionhungry.org/

2010-10-22

Tick Tick Boom



get your head out the sand

Humm...



Enquanto o homem foi novo e lindinho e coradinho, nunca lhe achei piadinha nenhuma. Agora, já um bocado derretido, entradote e não tão coradito, cada vez que me aparece numa paragem de autocarro às ordens da nova campanha publicitária da Saccor Brothers, dá-me vontade de parar o carro, sentá-lo no lugar do morto e ir experimentar uma petite mort a qualquer lado. Mas também pode ser só da fotografia...



(Oh I., isto não entra na tanga do consumismo, pois não?)

2010-10-19

Cinco anos de vizinhança



Cleaning up the swamps
You are the heart of hearts
Wonder dig and try
Tear it up and learn to bless the readers eye




Parabéns, Deep!

Com as letrinhas todas

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Ângelo Correia fez ontem na SIC Notícias um autêntico apelo à abstenção do PSD na votação do OE 2011, apesar de o considerar "terrivelmente nefasto". O antigo ministro da Administração Interna defendeu que "o PSD tem toda a vantagem que o PS se exponha". Isto porque as medidas do OE são tão duras para a classe média que o descontentamento popular é garantido. "Se a oposição um dia quiser ser Governo tem que deixar que Sócrates se destrua."

DN Economia


... e que se foda o País, que nós queremos é voltar ao poleiro.

2010-10-10

Verrinar

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«Bastava que os impostos tivessem subido mais cedo (e em menor grau) e que o Governo tivesse contado a verdade ao país(…): se as famílias tivessem percebido mais cedo, teriam começado a cortar despesa ainda em 2009.»

Camilo Lourenço


Na teoria, é bonito pensar que os portugueses têm juízo quando se trata de escolhas relacionadas com o consumo. É um pressuposto errado, baseado na crença de que as pessoas são racionais no que toca à aquisição de bens, especialmente os bens de luxo. Na realidade, anos de dinheiros fácies, ofertas desmesuradas de crédito e o desaparecimento de uma filosofia aforradora, transformaram a tanga deste País no País cada vez mais na tanga. Virem agora afirmar que o tuguinha, se lhe tivessem dito que havia crise, passava a ser poupadinho, é uma valente mentira. O povinho vai continuar a viver do que não tem, de mão estendida para o que acha que deve ter. E vai continuar a trocar de telemóvel de seis em seis meses, a comprar o plasma que mal cabe na sala, muitos pares de sapatos e botins e chinelos e socas e sapatilhas e casacos e saias e calças e unhas de gel e perfumes e a deixar de pagar a prestação da casa para continuar a pagar a do mercedes. E os comentadores - lá do alto do trono de onde botam faladura e que, tantas vezes, se deve resumir ao trono que se encontra no wc - vão continuar a idealizar este povinho, que não apanham com ele dia sim, dia sim, muito menos devem ir aos centros comerciais no início do mês ou depois de chegarem os cheques do rendimento de inserção. É que os tuguinhas, haja ou não crise, saibam ou não que há crise, enquanto houver para gastar, gastam. E é por isso que vão continuar a fazer vida de rico nos 5 primeiros dias do mês e comer ovos estrelados no resto dos dias. Mas vão de sapatos e telemóvel e carteira nova ao banco explicar porque não pagaram a prestação ou porque têm o saldo do cartão de crédito na estratosfera; ou estacionam o SUV da BMW à porta da escola dos filhos onde não tem pejo em afirmar que estão no primeiro escalão do abono, mamando livros e refeição gratuitas à conta de um palerma qualquer que não consegue fugir a nada e anda a sustentar o resto dos pançudos sem juízo, os tais que os senhores comentadores até acham que se preparariam para a crise. Só que a crise é será sempre só paga por alguns. Os outros vão continuar num alegre rega-bofe subsidiado.

2010-10-01

Até 4ª


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Quem cá vier no entretanto, deve ir ler o Old Man. E comentem lá por mim, s.f.f.

(Ah! A memória! Pois, é isso mesmo! E faz tanta falta a tanta gente!)