2011-05-27

Vale tudo?

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É sabido que, em política, a moralidade sempre foi uma questão de maior ou menor jeito para criar e manter fachadas e, dos podres íntimos, a hipocrisia reinante nunca deu acordo. E, no entanto, a moralidade alheia tem sido amiúde usada e abusada em campanhas eleitorais, desde os tempos da relação extra-marital de Sá Carneiro até às alegadas preferências homossexuais de Sócrates. Mas não pode valer tudo quando as sondagens amofinam, bolas! Se há causa em que me empenhei nos últimos anos foi a da legalização da IVG. Vários estudos - não vou pôr os links, basta uma pesquisa rápida na net - mostram já que os cenários apocalípticos dos defensores do "não" se provaram errados. E que a lei passou e está em vigor e se bem que ache errado a isenção das taxas moderadoras, não podia estar mais contente com o resultado do que foi uma bandeira durante anos e anos de mulheres deste País, à esquerda e à direita do espectro político porque, no fundo, era uma questão de humanismo e humanidade. Nunca foi uma causa política, no sentido da política pequenina dos partidos minguados. Despenalizou-se a mulher, não se legalizou o aborto. Ponto. Devia ser ponto final. Mas não. Nunca nada é assim tão fácil quando há empates técnicos em sondagens. E é por isso que assistir agora ao ressurgir do tema para ver se há hipóteses de ir buscar uns votos me parece de profundo mau gosto. Pior: é hipócrita. E é por isso que naquele homem não voto e, sabendo que o branco tinha mesmo a minha cara desta vez, pensar que este caramelo pode ganhar as eleições e fazer conquistas sofridas retrocederem no tempo, me deixa profundamente agoniada. Sobra a esperança de saber que os políticos que temos nunca cumprem as promessas (ou ameaças) das campanhas eleitorais. Mas mesmo assim não para o vómito.

2 comentários:

mfc disse...

Os tristes reaparecem sempre!

Hipatia disse...

Tens razão, Manel. Tristes!