2013-04-30

Os dias depois

«A única maneira de a História ser benevolente para com Cavaco Silva, o político que deu rosto a todos os pecados e omissões da III República, é a de ela nunca ser escrita. Seria a benevolência do esquecimento, resultante do desaparecimento de Portugal como sujeito histórico, como lugar onde a aventura da vida comum se cristaliza em memória. Será essa a secreta esperança do Presidente?» 

Viriato Soromenho-Marques 


Agora que já se passaram mais uns arremedos de festejos do 25A e se preparam outros tantos para o Dia do Trabalhador, penso como, nestes tantos anos de democracia trôpega, conseguimos recordar Sá Carneiro com um sorriso triste, pelo homem que foi e pelo que nunca pode ser, sequer deixar de ser um grande homem, como amiúde acontece com quem não sabe sair de cena. E penso no seu velho sonho de ter um governo e um presidente à direita. Cumpriu-se, é certo, mas foi triste sorte. Acho que até Sá Carneiro teria preferido nem sonhar, a atentar ao tamanho pesadelo, especialmente daquela coisa inenarrável que normalmente anda silenciosa mas, cada vez que abre a boca, só saem asneiras ou migalhas de bolo-rei.

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