Quase quatro décadas de democracia e os tecnocratas da treta saíram dos cueiros e os ex-fedelhos da vida fácil puseram-se à frente deste naufrágio anunciado. As eleições agora são espectáculo; as guerrilhas políticas fedem; o debate nunca traz nada de novo e é normalmente ganho pelo melhor artista. O povinho continuará tramado e a pagar a factura como de costume. E eu, rais’ma’parta!, fui outra vez ao voto útil, ao voto contra, ao voto de protesto. Mas a verdade é que há demasiados anos que só voto contra. Pelo menos não sou eleitora de sofá, que reclama apenas sem se dar ao trabalho de intervir no sistema. Mesmo quando fica - e tem ficado demasiadas vezes - o gosto amargo e a sensação de que o meu voto serve para rigorosamente nada.
2013-09-29
Dos canecos
A ver se Ti Cavaco reserva os mesmos elogios para o campeão do mundo de ciclismo Rui Costa que teceu à vitória de João Sousa (sem desprimor do tenista, que merece todos os parabéns) no Open de Kuala Lumpur. É que não lhe ouvi palavra sobre, por exemplo, o facto do canoísta Samuel Amorim ter-se sagrado campeão do mundo de sub-23 ainda a semana passada...
2013-09-28
2013-09-26
2013-09-25
Ups!
- A minha filha quer ir aí ao Porto ver um concerto no Dragão...
- OK. Manda a miúda. Qual é a banda?
- One Direction...
- Acho melhor vires também, que sou mesmo muito tua amiga, mas já estou em contra-mão.
2013-09-23
Mercados
E naquele que era para ser o dia D, Portugal deu um passinho em frente para o dia F: de fracasso, falhanço, fiasco, fodidos!
RIP
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
António Ramos Rosa - Uma Voz na Pedra
Nem todas são ridículas
Queria escrever uma carta de amor que nunca se perdesse nos arquivos e que nunca chegasse a ganhar pó. Queria fazer uma canção, talvez em lá maior, nada muito complicado, mas que trauteássemos para sempre. Queria que tivéssemos uma canção com um refrão incontornável e insidioso, impossível de deixar de trautear.
2013-09-22
Velhos amigos
«I say goodbye to so many old friends
Here I left them to the wind
And there ain't much point in chasing
The things you can never get back again»
Mas depois também há dias em que se volta a dizer olá...
2013-09-21
Campanha eleitoral
«quanto mais a desmotivação política cresce, mais a cena política se assemelha a um strip-tease de boas intenções.»
Gilles Lipovetsky
2013-09-16
Memórias
Sou feita de carne e histórias. Se me amputam a memória, dissolvo-me como poeira no vento.
2013-09-15
Claustrofobia
You keep turning
You keep running away
Há algo de profundamente claustrofóbico quando nos sentimos meros elos nas cadeias de alucinações de outros.
2013-09-13
Círculo
Soletro um lamento
E deixo cair
As palavras tristes
E recomeço
No limite da linha
Em traço
Com palavras novas
Os poemas
Que não sei fazer
2013-09-12
2013-09-10
Discos Pedidos
Às tantas, é mais um disco "perdido" que aterrou aqui na Voz e pediu para divulgar um blogue sobre como se enfrenta a crise de carteira vazia. Passem por lá.
2013-09-05
2013-09-04
(In)conveniências
Quem recordará como foi
Duvido que ainda haja alguém de pé
Trovante - Beirute
Duvido que ainda haja alguém de pé
Trovante - Beirute
E enrezina-me por dentro esta ideia de que todas as guerras e todas as intervenções internacionais são um nadinha diferentes em função não das vítimas mas dos seus supostos salvadores. E que o sol não vai nascer para os corpos que ninguém quer contabilizar hoje na Síria como antes não foram realmente contados no Sudão, ou em Beirute, ou em Timor, ou em Burma, ou no Kosovo, ou na Tchetchenia, ou no Ruanda ou na Ex-Jusgoslávia ou... E que, quando mais esta passar e mais uns poucos encherem os bolsos e muitos encherem as covas escavadas a sete palmos, então, mais uma vez, ninguém recordará como foi e tudo voltará a ser o que cedo foi esquecido pelos caminhos mal trilhados da história que só se ri para os vencedores.
Pau de dois bicos
A verdade é que, se não esqueço o Iraque de quem todos falam, estou farta de me lembrar dos Balcãs que todos já parece terem esquecido.
2013-09-03
2013-09-02
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