2016-06-28

Porque há coisas que não podemos esquecer


Choro pelos meus irmãos na Turquia.

E a bola, hem?


Para lá de toda a nossa mania, muito além de qualquer programa de opinião, completamente ao lado de tudo o que, para muitos, era suposto ser a onda do momento, ou de bom tom, ou o it da oportunidade, o Portugalinho real é aquele que continua a juntar milhares para ver uma Selecção narcoléptica a arrastar-se pelo EURO. 

2016-06-27

Dias quebrados na cintura *



Não sei se gosto sempre de ser quem sou; há muitos dias em que enjoo de mim. Mas já estou demasiado crescidinha para querer parecer o que não sou.


_____
 *Eugénio de Andrade

2016-06-22

Pfft!


Xii!



Já publiquei mais este mês do que em todo o ano 2015. Deve ter-me dado alguma coisinha :D

Na verdade, já me fazia falta. Continuo a escrever como panaceia. Continuo a escrever sobre o que me irrita e entristece para, longe da escrita, poder continuar a ser uma pessoa contente. Escrever para exorcizar os meus demónios e assim lhes pôr rédeas; para que de cada vez que espalho numa folha ou num écran em branco todo o escuro que se acumula em mim, conseguir escorraça-lo para longe.

E o meu blogue continua a ser o meu umbigo.

2016-06-21

Apre!



O Windows 10 ainda me irrita mais do que o Windows 8.

E porra para a treta dos direitos de autor, que me obriga a ir anónima a todo lado! Então não era uma tal de taxa nas compras de tudo o que tivesse um mínimo de memória? E agora pago a taxa e ainda apanho com o resto?

2016-06-20

Sina




A crise económica está a dar cabo de nós, mas há uma crise ainda mais daninha que se aninha na alma das pessoas, lhes tira esperança no futuro, fere de morte objectivos colectivos e individuais, manifesta-se numa cidadania envergonhada e num abismo cada vez maior entre a população e os políticos que vão levando a barca ao fundo. Já não sei se chegam palavras hoje em dia, de tão vazias que estão: a mais das vezes, resumem-se a outra letra de fado e nunca muda a cantiga.


2016-06-19

2016-06-17

Gen X



Quando foi que a minha geração se demitiu de ter o mundo com que tinha sonhado? Como acabamos a aceitar a reversão de todas as conquistas? Quando deitamos fora o secularismo laico e o humanismo e resolvemos resgatar os "ismos" do terror? Como é que acabamos todos silenciosos e acabrunhados, escondidos atrás de um écran a criar fedelhos que apenas têm vida social se for numa qualquer rede social? Quando foi que nos perdemos? Quando chegamos ao trintas e descobrimos que tínhamos deixado o mundo da grande guerra fria para entrar num mundo de pequenas guerras muito quentes? Quando chegamos ao mercado de trabalho e não havia emprego? Foi quando a vida acelerou e deixamos de saber como gozar a vida? Quando adiamos os casamentos, os filhos, as férias? Ou quando chegarmos aos quarenta e nos caiu outra crise em cima da cabeça e já estávamos demasiado velhos para aprender truques novos? Ou foi o terror de Madrid, Londres e Nova Iorque e depois Paris? Foi a apatia que nos açaimou, ou foi o medo?




E chegamos a isto

«We are in the midst of what risks becoming a plebiscite on immigration and immigrants. The tone is divisive and nasty. Nigel Farage on Thursday unveiled a poster of unprecedented repugnance. The backdrop was a long and thronging line of displaced people in flight. The message: “The EU has failed us all.” The headline: “Breaking point.” The time for imagining that the Europhobes can be engaged on the basis of facts – such as the reality that a refugee crisis that started in Syria and north Africa can hardly be blamed on the EU, or the inconvenient detail that obligations under the refugee convention do not depend on EU membership – has passed. One might have still hoped, however, that even merchants of post-truth politics might hold back from the sort of entirely post-moral politics that is involved in taking the great humanitarian crisis of our time, and then whipping up hostility to the victims as a means of chivvying voters into turning their backs on the world.»

Jo Cox foi assassinada no meio da rua por um imbecil que berrava "Britain First".

Grande resultado já teve o Brexit e ainda nem foi o referendo :(

2016-06-16

Demonologia(s)

.«Les guerres se multiplient sur la planète et sont de plus en plus caractérisées par leurs composantes ethniques religieuses. Partout la conscience civique regresse et les violences gangrènent les sociétés. (...) La loi de la vengeance remplace la loi de la justice en se prétendant la vraie justice. Les conceptions manichéennes s'emparent d'esprits faisant profession de rationalité. Les fous de Dieu et les fous de l'or se déchaînent.»

Edgar Morin


O problema nunca esteve com a religião, afinal: todas elas apenas se esforçam por juntar os homens "sub-sino", reunindo em comunidade e fortalecendo laços. O pior são os homens que fazem as igrejas, os tais que se esquecem que não basta parecer bom e puro e imaculado. Há que praticar cada voto, não matar em nome da fé, não festejar uma morte em nome de um deus. Ou as fronteiras entre comunidades continuam fracturadas e fracturantes e os rancores alimentados de dogmas e cegueiras. E ódio. Destrutivo e obsoleto, porque fundamentado na ausência de diálogo, de prova e de razão e apto a julgamentos sumários e execuções breves.

2016-06-15

Left Handed Kisses



The point your song here misses 
Is that if you really loved me 
You'd risk more than a few 50 cent 
Words in your backhanded love song

2016-06-14

do you really think you go to hell for having loved?



Exacerbado por uma perspectiva religiosa fundamentalista? Muito provavelmente. Mas se é especialmente evidente essa perspectiva redutora quando associada ao islamismo, convém ainda assim não esquecer que não está muito longe dos apelos de outros fundamentalismos, incluindo o fundamentalismo evangélico americano e mais os seus debates absurdos sobre que casas de banho podem ou não frequentar os transsexuais. 

2016-06-13

Descubra a diferença


Charleston church shooting





E não tenham dúvidas que vão querer fazer diferente. Afinal, um era de origem árabe e matou gays, enquanto o outro é um racista branco que se decidiu a matar negros.

A ver se o racismo vale mais ou menos do que a homofobia e o fanatismo religioso...

2016-06-12

Cobardes anónimos



«As armas não matam pessoas; as pessoas matam pessoas», voltei a ouvir agora mesmo em mais uma notícia de mais um massacre nos EUA.

Oh raios de lapalissada absurda! Tirem-lhes as semi-automáticas a ver se algum destes cobardes alienados se chega à frente empunhando uma faca de cozinha.

2016-06-11

Banda sonora para um sábado

Do ensino universal




Há pouco tempo, estava já farta de ouvir um fulano com uma licenciatura tirada numa universidade pública a defender o tempo em que era bom e o Salazar fazia bem e não havia gatunos na política. E perguntei-lhe apenas se tinha preferido enfrentar a vida analfabeto, a trabalhar de sol a sol no campo, condenado à nascença a nunca ser mais do que um trabalhador braçal, como antes os seus pais e os seus avós. 

Olhou para mim com ar de espanto, que não estava a perceber o que tinha isso a ver com o bom velho Salazar; que não percebia porque tinha ido buscar os analfabetos. 

Pois esse é verdadeiramente o problema, é que já ninguém se lembra que quando a educação é só de uns poucos, ou quando não se tenta uniformizar a qualidade, corremos o risco de voltar a uma sociedade em que o acesso à educação é o primeiro degrau na estratificação social, na condenação do povoléu a vassalagem e a elite bem formada a pôr o pé em cima de todos os outros. 

A educação universal gratuita foi provavelmente a nossa grande conquista do século passado, mudou drasticamente a nossa sociedade e só é pena que não tenha conseguido pôr fim à iliteracia económica e política.

A Cristas que vá à merda. Pode ou não ser acompanhado por todos os amarelinhos. Mas que vá ela à frente, mais este arremedo de defesa de uma sociedade onde só os que têm dinheiro podem ter uma educação de qualidade. Ainda e apesar de estarmos a preparar uma geração de emigrantes qualificados, para substituir a geração de tanto analfabeto que mandamos a salto ajudar a enriquecer a França ou a Alemanha ou a Suiça ou o Luxemburgo.

Venham depois as medalhas do 10 de Junho...

2016-06-10

Dia de...


... mais um ZZZZZzzzzz pela manhã. E que bem souberam!

Como?

fonte desconhecida

Hoje deram-me as boas-vindas à blogosfera... Isso, as boas-vindas! 

E eu a pensar que andava por cá a pintar a manta a azul-cueca desde 2004 :(

2016-06-07

Glifosato



O glifosato, o herbicida mais vendido em Portugal, parece que representa cerca de 1/3 dos lucros da Monsanto, o gigante das sementes modificas e patrão de muita política tresloucada nos mercados que conseguiu conquistar. A mesma Monsanto que a Bayer ameaçou comprar, mas ainda não percebi se compra ou não. A tal Monsanto que os activistas ambientais querem condenar por crimes contra o planeta. É uma mega, mega, mega empresa habituada a política à moda dos EUA, que como sabemos e basta olhar para a actual campanha eleitoral, se faz mais do dinheiro com que se compram os votos do que ideias políticas que façam o mínimo de sentido, embrulhadas em crendices medievais e desbobinadas por palhaços alucinados. 

A Monsanto tentou usar os seus métodos contra a UE, ou seja, tentou a técnica do bullying, quando ameaçou de alto e exigiu em vez de usar passinhos serenos. Parece que perdeu. Ainda bem que perdeu. Já nos basta o tanto de negociatas escusas que andam a ser feitas entre Washington e Bruxelas à guisa de tratado económico que ninguém consegue entender. 

Fiquei hoje um bocadinho mais contente com esta EU onde tanta coisa importante se perde pelo meio de interesses, interessados e burocracia. Mesmo se estar a Bayer à mistura me deixe a pulga atrás da orelha.

Distracções




Enquanto andei por aí distraída (20 posts em 2015? O ano todo? Xii!!!), quase todos os "meus" bloggers se reformaram, desapareceram, foram distrair-se para outro lado.

Não quero!

Não quero, não quero, não quero!

Sou egoísta o suficiente para pensar que posso desaparecer mas que, quando volto a casa, tudo está no seu devido lugar.

Quero a "minha" blogosfera já!

2016-06-06

Mediterrâneo



"A semana em que o Mediterrâneo engoliu mil pessoas"


E enrezina-me por dentro esta ideia de que todas as guerras e todas as intervenções internacionais são um nadinha diferentes em função não das vítimas mas dos seus supostos salvadores. E que o sol não vai nascer para os corpos que ninguém quer contabilizar hoje no Mediterrâneo e na Síria como antes não foram realmente contados no Sudão, ou em Beirute, ou em Timor, ou em Burma, ou no Kosovo, ou na Tchetchenia, ou no Ruanda ou na Ex-Jusgoslávia ou...

Como se mede agora o terror? Em números de vítimas? Em números de vítimas evitadas? Distinguindo entre migrantes económicos e refugiados políticos? Pela religião? Ou apenas pelo silêncio dos que nem como vítimas se podem afirmar? E o que fazer das testemunhas? E o que fazer aos que, como Pilatos, apenas lavam as mãos?

Engrenagem




Se trabalhamos em equipa e todos temos um único objectivo, quando falha um elemento da engrenagem as coisas correm mal para todos. Se o erro é recorrente, há um problema. Se o problema não é visto por quem controla a máquina, um problema maior. Mas pior, pior, é quando quem erra nem o admite ou, admitindo, não tem sequer a humildade de pedir desculpa. E, isso, é o que me deixa verdadeiramente fula!

2016-06-05

Teclando













Penso que, como todos, fui-me deixando convencer pelas novos avanços nestes brinquedos com que cirandamos no éter. E fui arranjando gadjets novos, mais modernos, aparentemente mais funcionais. Acabei a descobrir que não fui feita para comunicar só com dois dedos, que os polegares não são os dedos mais funcionais. 

O blogue foi a grande vítima: tem sofrido de constante silêncio e desleixo. 

Mas voltei a ter um teclado a sério, um por onde posso espraiar os dedos, usá-los todos. E um computador novo que estou em processo de domesticação. 

Não sei se vai ser como antes. Não sei se basta um teclado para voltar a vontade de escrever. Mas sempre fui mais eu por aqui do que na meia dúzia de linhas que vou deixando no FB. Mesmo que aqui ninguém saiba o que estou a pensar. Ou exactamente por causa disso, porque aqui ninguém precisa ficar interessado – nem quer estar – naquilo em que estou ou não a pensar. 

Sempre gostei deste meu anonimato, sem açaimos, sem pedir desculpas, sem ter medo de ofender. Hoje testo as águas, agora que já me irritei o bastante com a quantidade de vezes que é preciso meter e-mail e códigos e o raio que os parta no novo brinquedo que quer mandar mais do que eu. Não vai conseguir! Em minha casa mando eu! Mesmo que me tenha dado outra vez um teclado...