2020-02-29

Branco

Só dormente, a ver os dias a passarem rápidos e demasiado parecidos, numa quase beatitude sem significado, como um qualquer edifício em queda lenta mas pintado a cimento demasiado branco, blocos demasiado brancos para doutrinas demasiado brancas e desenhos a tinta da china branca de pseudo-teorias brancas e milagres brancos, brandos, e guerras brancas como se o sangue fosse alvo e o derrame sem mácula, ou como se de branco se pintasse toda a notícia e ela fosse só sobre os mesmos brancos do costume e as suas contabilidades brancas também, perfilhadas alvamente e com perdões no meio de uma cândida e alva crise que se arrasta palidamente. E eu só vejo branco, um excesso de branco. Sempre o mesmo branco. Que a vida vai negra.

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