2025-08-20
Segredos
O horizonte sussurra segredos que o vento espalha antes que o sol se atreva a pôr-se. A luz treme nos cantos da manhã, como se tivesse medo de ir embora. O silêncio estica-se, habitado pelos ecos do que fomos antes de perder o medo de sentir. Sentimo-nos frágeis, mas a fragilidade tem o peso da verdade — pesa como saudade e voa como um suspiro. Há beleza na hesitação, na linha tênue entre o que desejamos e o que ousamos exprimir. E nessa tênue fronteira, encontramos o que resta de nós: uma alma pronta para ir além.
2025-08-16
Paranóia
A paranóia é quando a cadeira te observa de volta.
E há um zumbido, sempre um zumbido, que começa pequeno, como se o silêncio estivesse engasgado, mas instala-se logo atrás dos olhos.
É o frigorífico que pisca; o vizinho que tosse duas vezes às 3h14; são os passos que sabem o nosso nome, mesmo quando ninguém nos chamou.
É o mundo que te olha de lado, a rua que te olha de lado, o poste que finge que não viu.
E atravessas com a sensação de que alguém tomou nota da forma como pisas no chão, ou que há uma câmera de filmar no espelho.
Segues com os olhos nas costas, os ouvidos nas paredes e a alma na ponta dos dedos, tateando o invisível.
Lembras-te de quando era só medo. Agora é mais — é o sistema.
A paranóia é uma fé torta.
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