2007-06-28

Tourada



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Até admito que sou estranha: as coisas que me chocam (e as que não me chocam) parecem antes chocar com as opiniões maioritárias. Mas porque raios me impinge a RTP um espectáculo destes? É que já nem será uma questão de gosto da maioria; é antes um ataque à decência de quem acha que vida é um bocadinho mais do que uma coisa que serve apenas para ser defendida e nomeada durante algumas campanhas políticas. Como quando foi do referendo da IVG, que a RTP não se cansava de apelidar de "referendo do aborto". Esta mesma RTP, que me obriga a ver bestas a destratarem uns quantos animais.

Parabéns, I


aqui, descoberto aqui


Deixo-te um beijo.


Tem um dia feliz, menina :)

2007-06-26

Praxe


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Às vezes penso que qualquer coisa me deve ter passado muito ao lado, algures durante o processo de construção da minha identidade. Acho que nunca questionei o meu corpo em termos de identidade sexual. Questionei-o por todos os motivos, mas não em termos de identidade. Odiei-o de todas as formas e feitios, mas nunca pensei que podia ter antes outras formas e feitios. Como nunca questionei sequer a minha personalidade. Não gostava particularmente dela, era difícil, mas nunca pus em causa que fosse a minha. Como nunca questionei as opções de outros, nem as suas dúvidas, as suas questões com os corpos e as identidades. Ou sequer me pareceu alguma vez estranho que corpos e identidades andassem de mãos dadas, mas não fossem mutuamente exclusivos. E, sim, deve-me ter passado alguma coisa ao lado. Só pode ter-me passado qualquer coisa ao lado. E às vezes acho que deve ter tido a ver com o facto de não me terem dado uma educação de catecismo. Não vejo mais nada diferente, tirando esta coisa de não me terem tentado enfiar valores pela goela abaixo, como um qualquer batido de medos e espartilhos. E para mim foi fácil não me perder nos preconceitos sobre a sexualidade para questionar a valia de alguém. Pessoas são pessoas e valem o que valem, para além dos corpos, das identidades, da sexualidade. E os corpos valem a pena e as identidades valem a pena e a sexualidade vale a pena. Mas não precisa ser igual à minha. Aliás, para quem nunca teve uma boa relação com o próprio corpo, não deveriam nunca ser opções iguais às minhas. E deve ser por isso – ou então é só mesmo da falta dos cigarros – que perco a paciência a ler certas apreciações sobre a homossexualidade. E, raios!, há ali qualquer coisa de disco riscado e de medo e de ideia regurgitada. E vem sempre à baila quando não há mais assunto. Ou então quando o mundo foge à regra – o que é quase sempre, mas há quem não note – e resolve sair à rua em parada festiva e emplumada.

A Nina


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A Nina fugiu de casa com medo dos foguetes de S. João. Nunca tinha ouvido foguetes antes. Aliás, a Nina havia visto ou vivido ainda pouca coisa antes.

A Nina vinha de volta a casa quando um qualquer filho da puta a atropelou e a atirou, para morrer em lenta agonia, para dentro de um caixote do lixo.

A Nina era a cadela que a minha irmã, há apenas alguns dias, tinha conseguido salvar de uma morte certa.

Não era destino da Nina sobreviver. Mas não merecia acabar num caixote do lixo, em agonia, em dia de festa de S. João.

2007-06-25

(Des)encanto



I'm going to a town that has already been burned down
I'm going to a place that has already been disgraced
I'm gonna see some folks who have already been let down
I'm so tired of America

I'm gonna make it up for all of the Sunday times
I'm gonna make it up for all of the nursery rhymes
They never really seem to want to tell the truth
I'm so tired of you, America

Making my own way home
Ain't gonna be alone
I got a life to lead, America
I got a life to lead

Tell me,
Do you really think you go to hell for having love?
Tell me,
And laugh at thinking everything that you've done is good?
I really need to know
After soaking the body of Jesus Christ in blood
I'm so tired of America
I really need to know

I may just never see you again
Or might as well
You took advantage of a world that loved you well
I'm going to a town that has already been burned down
I'm so tired of you, America

Making my own way home
Ain't gonna be alone
I got a life to lead, America
I got a life to lead
I got a soul to feed
I got a dream to need
And that's all I need

Making my own way home
Ain't gonna be alone
I'm going to a town that has already been burned down

É certo que as ambições que qualquer português possa eventualmente ter sobre este pobre cantinho nunca o remetem para uma desilusão tão grande quando se enfrenta com a realidade que o rodeia. Questões de hábitos e de feitios. Mas lá que mói… E há dias em que podia dizer exactamente isto sobre Portugal. Só que nunca seria capaz de o dizer tão bem. Ou pelo menos sem demonstrar um qualquer enfado de quem já estava à espera, carcomendo a fado a desilusão.

2007-06-21

Les uns et les autres


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Será que só eu é que acho estranho que tantos, tão prontos a defenderem o direito ao bom-nome de todos e mais alguns, se mandem agora ao ar porque um cidadão resolveu ir a tribunal por se sentir lesado? Ai o raio das bitolas! E das provas, já agora…



(e obviamente que o PM está a precisar apanhar uma murraça nos cornos, mas isso agora não interessa nada)

Hipátia, em Alexandria




Uma amiga em férias lembrou-se de mim...




(Obrigada!)

2007-06-20

Geração fast food


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A geração - que é a minha - que teve pela primeira vez acesso livre à educação e ao conhecimento, às vezes parece-me não saber fazer uso do tanto que lhe foi oferecido de bandeja. Engole, por isso, qualquer patranha por verdade, não pondera, não questiona, quer tudo de mascar e deitar fora. E é uma geração coitadinha, sempre à espera de um qualquer papá, sempre pronta a fugir às responsabilidades. Parece até gostar de ser tratada como débil mental. Tão idiota, mas tão idiota, que até é preciso que seja o paternalismo da "coisa pública" a dizer o que podem ou não comer os fedelhos que pariu esta geração coitadinha, que até é a minha. E a geração imbecil prepara-se para deixar.

2007-06-19

Serviços mínimos


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Faz frio lá fora. É um Junho triste, melancólico, com grossas lágrimas de chuva. Chove ainda. E faz frio. E tenho frio e queria que as noites se vestissem de estrelas e de brisas cálidas para me passear por passeios bordejados de flores perfumadas. Mas as flores encolhem e recolhem-se com a chuva. Cheira apenas a terra molhada. Cheira a frio, a Outono. E eu para aqui em serviços mínimos, a querer romper as amarras do vício e das suas causas. E eu para aqui a penar sozinha, a querer habituar-me outra vez a estar sozinha, a estranhar a cama vazia e a falta do cheiro a petúnias e a falta dos cigarros e dos beijos e esta coisa de querer ir para a rua arejar as rotinas e estar ainda a chover e a fazer frio.

E eu para aqui fechada, com frio, a ouvir a chuva… E eu para aqui a precisar de um cigarro que não quero, não posso fumar.

Parabéns 'gadjo'



Home is behind the world ahead
And there are many paths to tread
Through shadow to the edge of night
Until the stars are all alight.



Tem um dia feliz!

2007-06-05

Ena!


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Um quarto de litro do bom, talvez de tinto, para um brinde pelo quarto de hoje.

(para as ovelhas pode ser água, claro)

Parabéns, Old Man :)

2007-06-03

Nahr al-Bared



Por entre os pingos da desagregação, surgem o medo e o sectarismo. Daí ao ódio vai um passo pequeno medido em sangue.

2007-06-02

Parabéns, Noite :)



Será que um dia olharás para o tempo que tens passado ai tão longe como os "bons velhos tempos"? E será que ajuda a quebrar a distância e a saudade eu estar aqui do meu Porto a mandar para esse teu porto distante este beijinho de parabéns?

Tem um dia feliz :)

2007-06-01

Barcos e ratos


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… na bancada laranja quase ninguém aplaude Mendes a partir da segunda fila. Chega a ser confrangedor.

Pedro Correia


É suposto termos pena de políticos?