2007-06-20

Geração fast food


aqui

A geração - que é a minha - que teve pela primeira vez acesso livre à educação e ao conhecimento, às vezes parece-me não saber fazer uso do tanto que lhe foi oferecido de bandeja. Engole, por isso, qualquer patranha por verdade, não pondera, não questiona, quer tudo de mascar e deitar fora. E é uma geração coitadinha, sempre à espera de um qualquer papá, sempre pronta a fugir às responsabilidades. Parece até gostar de ser tratada como débil mental. Tão idiota, mas tão idiota, que até é preciso que seja o paternalismo da "coisa pública" a dizer o que podem ou não comer os fedelhos que pariu esta geração coitadinha, que até é a minha. E a geração imbecil prepara-se para deixar.

15 comentários:

vanus disse...

Olha eu pensei que ias escrever sobre os novos 10 mandamentos da igreja... se ainda não leste, acho que vais gostar, foram feitos à tua medida, ainda para mais estando tu a deixar de fumar (especialmente aquele que "devemos fazer o sinal da cruz antes") :P

éf disse...

a manada de asnos é obediente, ainda que por vezes teimosos, não teimam no que deviam.
;)

I. disse...

Olha que tens muita razão na tua indignação, mas às vezes penso se não era importante haver mais regulação em relação à comidinha que compramos.

Exemplo: ontem fui ao supermercado. Quando estava em vias de comprar pão, daquele normalíssimo, que parece pão, cheira a pão e julgamos que deve ser pão, tive um rebate de inteligência e pus-me a ler os rótulos (atenção, não era pão pré-fabricado tipo panrico, era pão-pão, da padaria, mas em saquinhos com x unidades). Então não é que quase todos os tipos de pão expostos tinham adicionadas as coisas mais incríveis??? Farinha enriquecida (whatever that is) emulsionantes e (espanto!) gorduras!
Acabei por trazer o bom e velho pão de Mafra, que é só água, farinha e fermento. E, julgava eu, isto é que é pão.

A verdade é que não sabemos o que andamos a comer, e a publicidade mascara tudo. Já vi anúncios ao McDonald's que nos faziam crer que aquilo era a refeição mais equilibrada do mundo... É preciso dizer-lhes "chega".

O meu tempo não chega para ler tanto rótulo...

Hipatia disse...

Eu bem devia desconfiar que aquele Rataqualquercoisa tinha como objectivo armar-se em Moisés!...

(estás a falar daquela treta dos mandamentos para os automobilistas ou há mais e eu não sei?)

Hipatia disse...

Lá nisso tens razão, efe. Às vezes até parecem mulas :D

Hipatia disse...

Mas sabes mesmo o que me preocupa, I? Esse teu último comentário. Até que ponto, mesmo com mais regulamentação, não ia continuar a haver demasiada gente sem tempo para ler os avisos?

Depois, pensei que ter filhos fosse coisa de gente adulta, capaz de assumir responsabilidades... Mas parece que não: continua-se só a brincar às casinhas até o "pai" mandar para dentro lavar as mãos...

Nelson Reprezas disse...

Só me espanta é a geração do "proibido proibir" e, até, os respectivos filhos tenham dado agora em querer proibir e querer regulamentar tudo...
Até aqui neste pequeníssimo exemplo da tua caixa de comentários isso se nota.
Ironia da história... ou a teoria da evolução aplicada ao humanismo recalcitrante do Iluminismo do Séc XVIII:
:)
Beijinho e bom regresso, enquanto não se proibir o beijo por causa dos germes :)))

I. disse...

Lá está, e se calhar não me expliquei bem.

Acho que há demasiadas pessoas, e pais, a delegarem na "autoridade estatal" a sua responsabilidade. Aí acho que tens toda a razão. Caramba, se não se ralam em verificar a comida que compram, como podem depois assacar ao estado a responsabilidade pelos filhinhos estarem obesos? É uma atitude lamentável, essa de comprar alegremente donuts e bolicaos com que enfardam as criancinhas e depois dizerem que a culpa não é deles, mas de quem permite que se vendam tais porcarias.

Mas o ridículo, o extraordinário, é que mesmo quando pensamos estar a comprar comida saudável, podemos ser enganados. Não sabemos como são criados e alimentados os bichinhos, não sabemos como são cultivados as frutas e vegetais, não sabemos que diabo de aditivos acrescentam a coisas tão simples como o simples pão...

Aí é que acho que falta regulação, na área da saúde e higiene alimentar. Não devia andar tão preocupada em ler rótulos de produtos que, pela sua forma de produção, não deveriam merecer preocupação de maior... E casos há (como a carne, p. ex.), em que nem o rótulo nos safa...

E quanto aos dónuts, quem está mal é quem os compra. O proibicionismo não resolve nada, não é?

Hipatia disse...

Se há coisa que me irrita (e me assusta) é o facilitismo. E esta treta da legislação desmiolada que agora se propõe por dá cá aquela palha é exemplo disso: não quero ter a responsabilidade de deixar de fumar para cima dos outros, não há mal que o Estado proíbe; não quero ter de dizer não aos fedelhos quando querem ir comer um BigMac, não há problema, que o Estado proíbe; não quero ler rótulos nem abrandar na auto-estrada, não há mal, que há Estado; não quero pensar na reforma, que há Estado... ups! parece que havia Estado, mas isso agora também não importa nada...

Hipatia disse...

Em relação há comida modificada, tens toda a razão, I. Tenho uma amiga que costuma dizer que fomos a última geração a crescer sem ter de engolir produtos modificados. E é verdade que, muitas vezes, quando pensamos que estamos perante qualquer coisa saudável, estamos às tantas a engolir ou fazer engolir não sei quantas tangas. Além disso, o preço dos produtos ditos não modificados (até que ponto, depois de décadas a mexer na terra, no ar e nos próprios produtos, ainda será possível encontrar qualquer coisa intocada?) é tão elevado que ninguém com um rendimento "normal" consegue lá chegar.

Mas esta geração que descarrega fedelhos nas escolas, nas aulas de ballet e de futebol, ou então em frente a jogos, pc ou televisão esperando que, no fim, eles saiam já criados, não quer ter trabalho. Aliás, trabalho já tem muito diariamente para manter a cabeça à tona ou manter o emprego ou pagar a dívida ao Banco: não precisa que os fedelhos também dêem trabalho. Só que dão. E são responsabilidade. Quem não consegue encarar, que não os faça.

Mas não peçam é ao Estado para fazer o que compete a cada um de nós: sempre que o Estado entra num frenesim legislativo sobre a vida das pessoas dá, normalmente, mau resultado. Acho que se chamava fascismo…

Claire-Françoise Fressynet disse...

hehehe a dias a minha miúda levou-me a comer 1 coisa dessas a transbordar de vermelho,senti-me tão gente.

Hipatia disse...

E tiveste direito a brinde?

eheheh

Claire-Françoise Fressynet disse...

Brinde ??? brinde é só pos minorcas né ??? a matulona é que me levou , e não recebeu 1 pedaço de plastico .

Hipatia disse...

Eu tinha reclamado :D

Anónimo disse...

Mais Vozes

Sou mais optimista em relação a esta geração (e mais ainda à seguinte)
Jorge | | Email | Homepage | 06.20.07 - 8:17 pm | #

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Ainda bem, Jorge Eu, de cada vez que vejo mais um puto malcriado a espernear no meio da rua, já não
Hipatia | | Email | Homepage | 06.21.07 - 9:45 pm | #

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Há menos respeito, é verdade. Mas por outro lado há mais ambição e pro-actividade.
Jorge | | Email | Homepage | 06.22.07 - 7:36 pm | #

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Há demasiado individualismo. E qualquer sociedade é sempre feita de mais do que a soma de indivíduos.
Anonymous | | 06.25.07 - 12:37 am | #