Se calhar porque, numa sociedade de excessos, ensinar a pescar nunca pareça suficiente. Ou talvez porque, quando estendemos a mão a quem sofre, é o nosso sofrimento que mitigamos, o desconforto de nos sabermos a salvo, da arbitrariedade que nos anula no sofrimento absurdo de outro humano tão parecido connosco, tão diferente na sorte. Por todo o cinismo que os anos colaram em mim, é também por isso que dou ainda.
2010-11-30
Dar
Se calhar porque, numa sociedade de excessos, ensinar a pescar nunca pareça suficiente. Ou talvez porque, quando estendemos a mão a quem sofre, é o nosso sofrimento que mitigamos, o desconforto de nos sabermos a salvo, da arbitrariedade que nos anula no sofrimento absurdo de outro humano tão parecido connosco, tão diferente na sorte. Por todo o cinismo que os anos colaram em mim, é também por isso que dou ainda.
2010-11-25
Nunca nada muda o bastante
aqui
2010-11-24
2010-11-23
But the ghosts still haunt the waves
Found at bee mp3 search engine
aqui
The island it is silent now
But the ghosts still haunt the waves
And the torch lights up a famished man
Who fortune could not save
The Pogues - Thousands Are Sailing
2010-11-20
Rascunho
2010-11-18
2010-11-15
Ou dito muito melhor
.
Pedro Marques Lopes
2010-11-14
Media
Nunca nenhuma vida tem valor realmente idêntico a outra quando vista pelo prisma de valores que vai enformando estas notícias que nos sobram. E é que já nem é o cão a morder o homem ou o homem a morder o cão; é mais do que isso: é quase como se fossem homens transformados em matilhas. Havendo sangue, ou tragédia, ou uma hecatombe, tanto melhor, mas também basta conspurcar a vida privada de qualquer um. E a sociedade que tudo vai engolindo, cada vez mais anestesiada, mais comatosa, tanto que lhe tentam dar cada vez mais pão e circo, a ver se ainda reage, a ver se ainda há reacção possível. E as tragédias são só fait-divers; só a notícia bombástica vende. E vamos ficando calejados contra a tragédia e os factóides, servidos a qualquer hora de maneira a que a indiferença vá alastrando, até que já quase nada pareça indigno. É um mal generalizado e um tique do jornalismo que temos: explorar à exaustão o fácil, o sentimentalóide, o grotesco, as opiniões dementes de alguém, em lugar de expor factos sem julgamentos morais. A isenção nunca existiu afinal e a ingerência é arma nas lutas diárias pelas audiências e nos agrados necessários aos patrões.
2010-11-12
Números
aqui
E os números são especialmente jeitosos com eleições à vista: dão para tudo e são pragmaticamente adaptados às piruetas que interessam. Tirando isso, não servem realmente para nada, ainda que seja óbvio o jeito que aparentemente dão.
Atolados na crise, nas insuficiências crónicas, nas sinergias perdidas, nas falsas promessas ou nas verdades mentirosas, já nem estranho o jeito que se dá aos números. Como se bastassem agora e fossem claros como cristal, usados como adagas ou, pior ainda, como arma de gatilho rápido ou uma qualquer caçadeira com mira num zepelim.
Mas o que me assusta realmente é esta moda de agora de ver tantos em vibração orgásmica com os números da desgraça. Como se a pirueta afinal nem fosse uma foda mal dada; como se na desgraça colectiva reencontrassem finalmente o tesão.
2010-11-11
(...)
2010-11-10
2010-11-09
2010-11-08
Novamente "os salvadores da pátria"
2010-11-05
Poeta
Cuando tu apareciste,
penaba yo en la entraña más profunda
de una cueva sin aire y sin salida.
Braceaba en lo oscuro, agonizando,
oyendo un estertor que aleteaba
como el latir de un ave imperceptible.
Sobre mí derramaste tus cabellos
y ascendí al sol y vi que eran la aurora
cubriendo un alto mas en primavera.
Fue como si llegara al más hermoso
puerto del mediodía. Se anegaban
en ti los más lucidos paisajes:
claros, agudos montes coronados
de nueve rosa, fuentes escondidas
en el rizado umbroso de los bosques.
Yo aprendí a descansar sobre sus hombros
y a descender por ríos y laderas,
a entrelazarme en las tendidas ramas
y a hacer del sueño mi más dulce muerte.
Arcos me abriste y mis floridos años
recién subidos a la luz, yacieron
bajo el amor de tu apretada sombra,
sacando el corazón al viento libre
y ajustándolo al verde son del tuyo.
Ya iba a dormir, ya a despertar sabiendo
que no penaba en una cueva oscura,
braceando sin aire y sin salida.
Porque habías al fin aparecido.
Rafael Alberti - "Retornos del amor recién aparecido"
2010-11-03
Sakineh
«Bienheureuse mobilisation qui a permis, en effet, de faire du visage de Sakineh une icône mondiale, un symbole et de différer ainsi, pour le moment, la date de sa mort annoncée ! Pour nous, bien sûr, le combat continue.»
Bernard-Henri Lévy
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ver aqui o que (ainda) se pode fazer.