2010-12-29

Parabéns, Miga


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Pois as coisas que me acontecem contigo por perto acabam sempre por sair assim um bocado ao lado do normal. E talvez por isso me fazes sempre falta, nem que seja para apanhar o autocarro e não ter de pagar bilhete por boa-vontade da motorista.

Bem que podias vir para mais perto e podíamos juntar-nos à volta de um bolo cheio de velinhas hoje; um bolo que havia de ter uma vela a mais que o necessário, que isto da vingança no teu caso - e com o tempo que faz - tem mesmo que servir-se fria.

2010-12-28

Resumo de 2010

(...)
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
(...)


Álvaro de Campos - Lisbon Revisited

(Aninho miserável que não deixa saudades!)

2010-12-25

Natal


aqui


Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.


David Mourão-Ferreira, "Natal, e não Dezembro" (in "Cancioneiro de Natal")

2010-12-24

Feliz Natal!



And in our world of plenty, we can spread a smile of joy!

Ainda há um mundo para além da nossa janela!

2010-12-23

Jantar de Natal

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E lá foi mais um jantar de Natal. Desta feita, num restaurante com música ao vivo e um espaço convenientemente destinado ao arrasta-ao-pé do costume. E, como sempre, há um motivo que se repete: os homens – quando devidamente sóbrios e com honrosas excepções, mesmo que de sósias perfeitas do Borat sem fato de banho verde alface – têm um pavor do ridículo físico substancialmente superior ao das mulheres. Na mesa ao lado, juntava-se um grupo bastante alargado de funcionários de um dos hospitais da praça. No fim do jantar, as senhoras levantaram-se e foram dar uns passos de dança, ao som de versões foleiras de músicas mais foleiras ainda, como é habitual nestas coisas, agarrando-se umas às outras no bailarico à falta de disponibilidade dos tais senhores muito conscientes da sua figura e que não podem dançar assim em público que pode parecer mal. E lá andavam elas, todas contentes, sem nem bem quererem saber mais do que dançar é fixe e nem importa qual é a música e isto é uma celebração e afinal nem sei quem são os monos das outras mesas. Ora, olhando para a pose dos senhores, perfilados no lado da mesa com vista para a pista de dança, de boca aberta e ar de enfado, calados, sonolentos e de qualquer outra forma infelizes até dizer chega, achei-os bem mais ridículos do que as colegas bailarinas. Muito mais ridículos: tuguinhas de fado, incapazes de fazerem apitar qualquer comboio, muito menos tentarem uma lambada em público.

2010-12-22

Os pobrezinhos

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«Ao todo (...) a baixa foi cortada a 67 485 pessoas, fosse porque faltaram à convocatória da junta médica (como sucedeu em 15 303 casos), fosse porque, depois de examinadas, se concluiu que estavam aptas para o trabalho.

O fim destes casos de baixas fraudulentas permitiu uma poupança de 4,3 milhões de euros, valor do subsídio de doença que deixou de ser pago às pessoas em questão.»
Jornal de Negócios


Esta é muito mais a realidade do País que temos e que conheço do que a realidade dos ex-sem-abrigo que convidam o PR e sua Micas para o casório e mais todos os pobrezinhos, coitadinhos, que agora todos querem defender. É antes o País de mentalidade chupista, em que quem pode mama e continua a mamar até ser apanhado. O País da outra Micas que quase fez cair um Ministro, mas depois foi ao Bom Jesus a Braga antes da Junta Médica e - milagre! - ficou boa para o trabalho. E esta gente de mão estendida nunca quer contribuir, em cidadania, para os custos que suportam os mecanismos de protecção que são de todos nós: fogem a tudo e a mais alguma coisa, desde impostos ao trabalho, mas ai que lhes retirem qualquer direito, que de direitos percebem eles. Nunca aprenderam foi que, para cada direito, tem de haver um dever correspondente. E são todos pobrezinhos, coitadinhos!

2010-12-16

Pronto!

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Não gosto de "big brothers". Muito menos se travestidos de bufos. Há coisas que têm de ser encaradas com bem mais rigor do que a facilidade com que as vizinhas dão ao trapo e à língua, à janela ou na net, ou seja onde for.

E esta, hem?

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O forgão da polícia avariou ali para os lados da VCI no início da hora de ponta. Coitados! São coisas que acontecem, não é? E estavam quatro senhores fardados na berma da estrada às voltas do motor. Não admira que volta e meia lá apareçam a protestar em como os carros e as armas estão velhos ou que não têm equipamentos e ainda há uns que reclamam da farda e isso. É que nem tinham sequer coletes de sinalização num alegre verde alface ou amarelo bisga. E também não tinham triângulo, caraças! Pobrezinhos!

2010-12-14

Irra!!!

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O excelentíssimo senhor meu patrão resolveu dar-me um telefone. Ena! pensei eu: um telefone à pala? Contentinha, trato de descobrir o que ai vem: um telelé de vinte e cinco aéreos que tem rádio. Não tem mais nada, mas tem rádio! Não tem agenda nem calculadora. Só rádio! Apre! - pensou aqui a "je" - com aquela merda não ando eu! E como o telefone aqui da jeitosa já tem seguramente uns quatro anitos e há muito que passou o tempo de fidelização, entra-se no site para saber quanto fica - na maior das legalidades que, como vereis depois, eu ainda sou crente - para mandar desbloquear o bicho. Sabeis quanto, sabeis? Sessenta e dois aéreos e uns quebrados! Mas estão doidos ou quê? Já marquei hora para o servicito ser feito por um quarto da coisa e é só que não estou com vontade de ser pirata por aqui. E, com estas coisas, uma gaja que tenta ser séria - mas não anda porque não anda com um telemóvel com rádio - vai à candonga para poupar uns cobres. É que o tempo está de crise, porra!

(nos entretantos, o telemóvel novo - sim, novo mesmo e não custou vinte e cinco aéreos - está para ali a tentar instalar o GPS, mas diz que o número de série é falso; estou cá com uma vontade de mandar a minha operadora de sempre ir meter telelés pelo cu acima!)

2010-12-09

Mais duas lambadas à espera do que vem depois

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«Na primeira instância, o homem, engenheiro electrónico, foi condenado pelo crime de ofensa à integridade simples, na pena de 140 dias de multa, à razão diária de 7 euros, e ainda no pagamento à ex-mulher, professora na Universidade de Aveiro, da quantia de 500 euros a título de danos não patrimoniais.

O Ministério Público (MP) recorreu, pedindo a condenação pelo crime de violência doméstica, que é punível com uma pena entre um e cinco anos de prisão, subindo o limite mínimo para dois anos se os factos se registarem no domicílio da vítima.

(...)
No entanto, o tribunal considerou tratar-se apenas de um crime de ofensa à integridade física simples, uma vez que o comportamento do arguido não foi reiterado e a agressão em causa “não revela uma intensidade, ao nível do desvalor, da acção e do resultado, que seja suficiente para lesar o bem jurídico protegido – mediante ofensa da saúde psíquica, emocional ou moral, de modo incompatível com a dignidade da pessoa humana”.»
fonte

Depois, quando já é tarde, aparecem as desculpas do costume. Mas pelo menos foi condenado em alguma coisa...

2010-12-02

Facebook

aqui


Mesmo que nem seja verdade e que tudo se resuma a cansaço de anos e anos a alimentar um blogue, às vezes parece que, com a entrada em cena do Facebook, foram desistindo quase todos os que gostava de ler. E sim, pode ser coincidência; e sim, pode ser só cansaço. Mas eu não consigo achar piada ao Facebook e aquela forma escancarada como tantos se põem a jeito para que lhes entre um maluco pela casa dentro; ou a falta de privacidade; ou a forma como, num instante, nos poder cair na sopa uma cavalgadura que não víamos há vinte anos e sem saudades nenhumas. E deve ser por isso que, até tendo um Facebook, deteste o Facebook. E deve ser por isso que quase lá não ponho os dedos e as teclas e mantenho o blogue com o nick do costume, que é para não se misturarem as águas. Mas as leituras que por aqui eram vício vão ficando silenciosas e já nem vontade tenho de actualizar os links ali ao lado ou no Reader. E um dia destes também bato com a porta, por cansaço, por já não saber mais o que dizer, por andar com a crise por dentro bem mais do que dentro da crise. Mas não vou para o Facebook. Acho que já me levou demasiada gente, mais a quinta e o diabo a quatro e as (in)confidências a nu para todos verem, até os fedelhos que não era suposto saberem, mas é preciso mais um vizinho para a quinta. E detesto aquilo e detesto ver blogues a fechar. E detesto esta sem vontade que me deixa ficar para aqui cada vez mais silenciosa, sem vontade de cirandar, sem vontade de conhecer novos espaços de quem ainda tem empenho em escrever um post, sem vontade de comentar, em autofagia das minhas rotinas.

2010-12-01

Abalroada


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Fui criada na utopia, numa certa ideia de cidadania e responsabilização pessoal, na mitologia da minha própria família e no seu exemplo de resistência. Hoje, não me reconheço em quase nada.