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E éramos. Às tantas ainda somos. É que antes não havia nada, tirando talvez a romaria anual à festa do Avante ou outras coisas igualmente jurássicas e depois passou a haver e depois passamos a ir e continuamos a ir e agora ainda vamos. Mesmo quando já há alguém que pede licença, minha senhora e puta-que-pariu para a senhora que eu cá parto-me toda, fico que não me mexo no dia seguinte, mas pulo e salto e danço e canto como se nunca tivesse saído da adolescência e sempre a ouvir o do costume - ou coisas parecidas com o costume -, coisas que as rádios mainstream só se lembram de longe a longe. E continua a ser bom, muito bom, muito para lá do pop efémero e plastificado ou de um certo rock que nem percebo bem porque se atreve a usar o nome. E sim, já sou minha senhora, mas ainda me sinto demasiado jovem e talvez seja apenas por pertencer a um grupo de pessoas, hoje todas mais ou menos com a mesma idade que, no início, não tinha nada, depois passou a ter alguma coisa e agora é público alvo e talvez, pelo espaço de umas poucas horas, são jovens deuses a vibrar ao som da música, das luzes, das batidas e do espectáculo em palco e depois, no dia seguinte, todos partidos, sem conseguirem sentir bem as pernas e com os pés a lembrarem que foram partidos demasiadas vezes, ainda vêm para a net para que fique para a posteridade possível da banalidade gritante do resto dos dias que, sim, estive lá, adorei, dancei e saltei, mas agora tenho de ir ali descansar um bocadinho que, mesmo pertencendo a estes jovens deuses já não tão jovens, tenho decididamente pés de barro, ou outra coisinha igualmente debilitante. Vá, a PDI e está tudo dito.