2011-03-31
2011-03-29
2011-03-26
Pedaço de mim
Ainda estou aqui eu, só não sei se plena. Sem dúvida mais velha, mais cínica, mais magoada. Como se tivesse sido um acaso encontrar e perder um rumo e, depois, como se não me restasse muito mais do que deixar congelado um pedaço de mim. O pedaço onde encerro ainda todas as verdades fundamentais, tudo o que sei, tudo o que sou.
E há dias em que olho raivosa essa imagem do eu que fui, numa espécie de acerto de contas com o destino irremediavelmente perdido pelos tantos e excessivos passos, com tudo o que pus de parte para seguir em frente, as concessões, as cedências, o falhanço provável de (quase) todos os sonhos.
Nesses dias sobra um quase gosto de derrota, um reconhecer de que seguir em frente, mesmo tendo sido o único caminho possível, não foi necessariamente a forma perfeita de me manter fiel a mim mesma, senhora do meu direito à utopia. E não me chega que me digam que foi crescer.
E há dias em que olho raivosa essa imagem do eu que fui, numa espécie de acerto de contas com o destino irremediavelmente perdido pelos tantos e excessivos passos, com tudo o que pus de parte para seguir em frente, as concessões, as cedências, o falhanço provável de (quase) todos os sonhos.
Nesses dias sobra um quase gosto de derrota, um reconhecer de que seguir em frente, mesmo tendo sido o único caminho possível, não foi necessariamente a forma perfeita de me manter fiel a mim mesma, senhora do meu direito à utopia. E não me chega que me digam que foi crescer.
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Obrigada a quem por aqui passou a dar os parabéns.
2011-03-24
2011-03-19
2011-03-17
Braga!
aqui
«The Anfield side can have no complaints about going out after failing for 180 minutes to find a way past Braga.
So it is Domingos Paciencia's side who go in tomorrow's draw for the quarter and semi-finals of the Europa League — and not the side who lifted this trophy back in 2001.»
fonte
So it is Domingos Paciencia's side who go in tomorrow's draw for the quarter and semi-finals of the Europa League — and not the side who lifted this trophy back in 2001.»
fonte
Porto e Benfica estiveram bem, mas o Braguinha é o máximo. E o que eu gosto de ver uns portugueses pequeninos a fazerem uns ingleses grandalhões engolirem toda a merda que disseram e publicaram esta semana!
Do outro lado do mar
Eu, soldado raso, me confesso.
Não morri ainda, quase vivo.
Uns querem que eu morra.
Outros que eu viva.
A quem me afirmo, sendo morto-vivo?
Com que expressão
posso nomear-me?
Ninguém quis saber da minha vida
nem do que eu sentia.
Eu, soldado raso, digo:
não trapaceiem comigo.
Sou homem,
não sou palha.
Sou homem
dentro da farda.Ruy Cinatti - Tropa d'África
Não morri ainda, quase vivo.
Uns querem que eu morra.
Outros que eu viva.
A quem me afirmo, sendo morto-vivo?
Com que expressão
posso nomear-me?
Ninguém quis saber da minha vida
nem do que eu sentia.
Eu, soldado raso, digo:
não trapaceiem comigo.
Sou homem,
não sou palha.
Sou homem
dentro da farda.Ruy Cinatti - Tropa d'África
Quantos de nós tiveram colegas sem pais, ou porque fugidos a salto, ou porque mortos numa guerra que os forçaram a fazer durante dois, três, quatro anos? Quantos os receberam mutilados física e psicologicamente e depois os viram esquecidos, como as campas perdidas e já sem nome, cobertas de erva seca, dos lá longe enterrados e que nunca houve vontade política para fazer regressar? Quantos dos vossos filhos apenas sabem dos avós que voltaram numa caixa de pinho do outro lado do mar? Quantos ainda guardam aerogramas em casa? Quantos de nós se atrevem a enaltecer a vergonha que foi a sangria que, em África, enterrou em violência e tristeza o último estertor do Estado Novo?
2011-03-16
Meus pais tão breves
Eu canto para ti o mês das giestas
O mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada.
Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
O mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada.
Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
(...o tempo escoa-se mas não se esquece, excepto nos discursos iníquos do presidente de alguns portugueses.)
(des)culpas
aqui
Nem o medo nem a culpa, que a cultura judaico-cristã impôs em todos nós, lida bem com qualquer resquício de felicidade. É suposto sermos filhos de um Deus castigador e castrador e irmãos de um outro Deus flagelado. A pomba acho que só lá esteve sempre para enganar...
2011-03-14
2011-03-12
Geração à rasca
em 1994 foi assim
O que nos foi prometido em conforto material, em suaves prestações mensais, levou junto o nosso inconformismo. Eu olho para trás e lembro um tempo em que fui capaz de sonhar com um Mandela livre, um mundo sem bombas nucleares, sair à rua para festejar a queda do Muro de Berlim. Mas a última vez que sai à rua por qualquer coisa foi Timor há mais de 10 anos atrás. Pelas vítimas do Tsunami de 2004 fui a um concerto. Dentro do País, há muitos anos envolvi-me com uns tais de Estados Gerais e esperei que tudo ficasse melhor agora que, finalmente, o cavaquismo estava apeado ou assim parecia. Mas acabei rapidamente desiludida. E sobrou o referendo da interrupção voluntária da gravidez e a minha cidadania cada vez mais confortavelmente sentada no sofá. E a minha geração, excepto os que entre nós se fizeram especialistas da cunha e tecnocratas cinzentos dos aparelhómetros partidários, resume-se hoje a um bando de gente, derrotada à partida, incapaz de agir, sentada no sofá a insultar a televisão e a sorte, mas sem fazer nada para mudar a maré. E eu faço parte desta geração, envergonhada de fazer, mas sem mais vontade do que os outros de levantar o cu e os braços e fazer mais do que protestar.
E hoje vou ver os jovens sair à rua, esperando que as convocatórias pelo facebook lhes garanta realmente um verdadeiro direito à indignação e que não deixem que políticos e sindicalistas à moda antiga lhes cavalguem a onda de protesto. E espero que dali saia mais do que palavras vazias e actos nados-mortos: protestar apenas, sem fazer, é filme que já vi, vejo todos os dias, nas caras e nas acções dos que, como eu, há muito se arrastam à espera que amanhã seja um dia melhor para acabar com mais um qualquer castigo às costas. E pergunto-me se servirá realmente para algum coisa o protesto de hoje. Afinal, eu fiz parte da tal que foi chamada a geração rasca, a geração que saiu à rua contra as políticas de educação do cavaquismo para ser tratada à paulada e insultada e resumida, passados uns anos, à geração dos 1000 euros por mês. E os protestos foram nada e temo que os de hoje sejam menos ainda. É que à rasca estamos quase todos. Mas protestar apenas também já sei que não leva a coisa alguma.
E hoje vou ver os jovens sair à rua, esperando que as convocatórias pelo facebook lhes garanta realmente um verdadeiro direito à indignação e que não deixem que políticos e sindicalistas à moda antiga lhes cavalguem a onda de protesto. E espero que dali saia mais do que palavras vazias e actos nados-mortos: protestar apenas, sem fazer, é filme que já vi, vejo todos os dias, nas caras e nas acções dos que, como eu, há muito se arrastam à espera que amanhã seja um dia melhor para acabar com mais um qualquer castigo às costas. E pergunto-me se servirá realmente para algum coisa o protesto de hoje. Afinal, eu fiz parte da tal que foi chamada a geração rasca, a geração que saiu à rua contra as políticas de educação do cavaquismo para ser tratada à paulada e insultada e resumida, passados uns anos, à geração dos 1000 euros por mês. E os protestos foram nada e temo que os de hoje sejam menos ainda. É que à rasca estamos quase todos. Mas protestar apenas também já sei que não leva a coisa alguma.
2011-03-11
2011-03-10
2011-03-09
Sobressalto cívico?
aqui
(e eu gostava mesmo era de ter escrito isto)
E lá foi dia do discurso do gajo que se reelegeu enquanto o pessoal – que gosta tanto de passeatas e manifs e homens da luta – foi dar uma curva, à espera que cinco anos passem depressa e, para a próxima, apareça alguém realmente de fora, que se proponha realmente a fazer alguma coisa nova, a favor de nós todos em vez de contra os inimigos do costume. E esta fava que nos saiu no bolo-rei do destino, com discurso do velho azedo, ressabiado, vingativo, que até "os dele" ostraciza, tirando se fizeram negócios em tempos ou lhes pediu para ir tomar um cafezinho numa avenida qualquer, não promete nada de novo, tirando o fazer a folha aos que lhe destaparam a carapuça das negociatas e ao Sócrates, só porque sim. Se for mulher e defender uma IVG, ou se for transexual e quiser mudar de nome depois de já ter mudado de sexo, não contem com ele. Cuidado com as uniões de facto, que o senhor também não gosta. O segredo de Estado, só se for para esconder-lhe os podres, ou os podres dos amigos. Se for pobrezinho, melhor convidar para o casório. Se for do PSD e ameaçar fazer-lhe sombra, então que proteja as costas, para que não vire um qualquer Nogueira, ou Santana, ou Ferreira Leite, ou até este tanso que lá está agora e que vai pelo mesmo caminho. Se for de esquerda, não conte com ele; se for de direita também não. Sejam por ele. Só assim lá vão, nem que precisem inventar umas escutas, chamar o SIS e uns amigos jornalistas prontos a fazerem o frete para ver se ele dá outro veto ao estatuto. E cuidado com o que ai vem: é que a verdade é que este nunca foi nem soube ser o presidente de todos os portugueses. Agora menos que nunca. Agora vai começar o bailinho da vingança. E o País que se foda, que o velho está zangado.
(e eu gostava mesmo era de ter escrito isto)
Tico e Teco
aqui
Gosto muito de neurónios. E uns bons neurónios raramente ficam bem em fotografias de publicidade duvidosa.
Gosto muito de neurónios. E uns bons neurónios raramente ficam bem em fotografias de publicidade duvidosa.
2011-03-08
Mulher
Palavras-mulher, a ovular ciclos de humores e desenganos. Palavras sempre esbarradas neste dia.
2011-03-07
A fulanização
The Hives - Puppet On A String
Found at bee mp3 search engine
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De um momento para o outro, pior do que um tutear que não foi pedido ou concedido, temos a fulanização total e absoluta, passando toda a gente a fulano. E os fulanos, por norma, são aqueles que berram pelos direitos que nem sabem que têm porque outros berraram antes e berram ainda contra os direitos dos outros, os tais que nem sabem que existem. E estes fulanos que berram e berram há muito que se eximiram da cidadania. Pior, nesta democracia de fulanos, os fulanos são sempre os outros. E, esses, claro que não têm os mesmos direitos que o fulano que berra, especialmente se os direitos de uns e outros estão em confronto. Porque a liberdade dos fulanos nunca acaba onde começa a liberdade de outro fulano. Enquanto berra, assume que a sua liberdade de fulano é a única ilimitada. Se for preciso, até se arranja uma manifestação de muitos fulanos pelas ruas. Berrando contra tudo e contra todos. Propor ou fazer é que já não é coisa de fulano, parece, mas podemos sempre mandar uns fulanos à Eurovision.
Pois têm!
«Os meus heróis têm nome». Gostei tanto deste título! E de, numa noite em que só se fala de futebol na televisão, dar com ele. E com o post, claro.
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