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Quando estava a escrever a minha tese, pensei que seria a sustentabilidade a dar um impulso em direcção ao futuro, que a ideia de um bem global e comum talvez desmantelasse pouco a pouco os velhos conflitos e as velhas lógicas do lucro, deitando fora os velhos conceitos operativo-ideológicos e começando tudo de novo. Olhando hoje para trás, não sei se ainda acredito. Sei que as ideologias estão velhas e gastas. Que o capitalismo sem açaimos teima em provar Marx correcto, engalanando as suas deficiências e os genes da sua auto-destruição. Mas também sei que ninguém parece saber como ou sequer querer livrar-se das velhas formas de fazer. E a crise vai longa e dura, prometendo piorar; e as mudanças são assustadoramente lentas, deixando que, nos intervalos dessa lentidão, todas as catástrofes sejam possíveis por entre os estertores do velho sistema, gasto e falido. Já só parece sobrar sobreviver e esperar que do caos de hoje saiam as ideias novas para reconstruir um mundo que se prove mais sustentável, mas também mais solidário e, se possível, sem as derrapagens ideológicas para os velhos "ismos" do costume (nacionalismo, fundamentalismo, racismo...) e as suas prováveis e mais do que evidentes consequências nefastas. É que tem sido nos períodos de crise mais exacerbada que têm surgido os piores "gaiteiros de Hamelin".