Há símbolos que já não são pertença nem da direita nem da esquerda e enfeuda-los a este ou aquele pequeno grupo é apenas mais uma forma de alienar todos quantos não assentaram arraiais partidários. E os cravos são nossos, pela liberdade e democracia que, naquele dia, renasceu; pela liberdade e pela democracia que, depois, sobreviveu ao verão; e, muito especialmente, porque é simplesmente belo imaginar um golpe de estado, depois revolução, em que do lado da revolta o único vermelho era o dos cravos nas espingardas e, não fosse o Carmo, a revolução tinha-se cumprido sem sangue. Depois o sangue acabou por correr, como corre sempre quando há interesses em conflito e o País precisou dizer não à ditadura que se anunciava para substituir a ditadura que partia. Mas em Abril foram cravos rubros de sangue. E o imaginário é assim que se constrói.
2 comentários:
Isso mesmo!
Apoiadíssimo.
Estão-nos a levar os símbolos junto com a esperança, Cerejinha. E é muito triste ver isto a acontecer. Será que a próxima - e vai haver próxima, se o arremedo de políticos que temos mais as suas prostituições várias aos poderes do dinheiro e das influências não arrepiatem caminho - também só se pinta do vermelho das flores?
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