2013-08-24

A blogar desde 2004



Se for aos arquivos deste blogue - e às vezes vou -, perco-me na história e no rasto de mim que por aqui fui deixando. Senti-me sempre muito livre neste espaço e, por isso, me agarrei com unhas e dentes ao tanto de despercebido que é e sempre foi. Costumo dizer que é anónimo e anódino e nunca larguei o nick. Como não larguei o boneco verde de pantufas roxas e joaninha na peruca. 

Desde o início que o blogue sempre me deu uma absurda sensação de liberdade e, por isso mesmo, nunca corri atrás de visibilidade; mas também uma certa ideia de pertença, porque os que sempre cá vieram e continuaram a passar fizeram-se "da casa", arranjaram um sofazito no canto e pareceram sempre ficar por gosto. 

Há muitos dias em que já não sei se ainda passa por cá alguém. Deixei de olhar para os contadores ou então sou eu quem não vem, que também me exauri dos tantos de dias de dois e três posts e maratonas a calcorrear os blogues alheios. Depois, muitos dos que gostava de ler foram ficando silenciosos e tenho pena de ter perdido o contacto com algumas pessoas. Ao fim de tantos anos, já eram amigos e nunca sabe bem perder amigos. 

Muitas das pessoas que por aqui me lêem não vão nunca perceber quando digo que, depois de outros espaços, precisava realmente de anonimato e de valer apenas pela palavra escrita. Mas era isso mesmo que queria ter, foi por isso que o Voz foi aberto e por isso ainda cá está: uma voz banal, perdida e em fuga, sem cara, nem fãs, nem perseguidores. A palavra pura, a opinião de novo aberta a argumentos, bem mais do que só ataques ou elogios. Um saudável e cultivado low profile quando ainda havia muita gente; preguiça agora, quase todos os dias. E um espaço ainda a uso para quando a vontade de escrever sem grilhetas se faz imperativo e não há peias em parir um qualquer texto das entranhas, sem açaimos a agrilhoar as teclas ou as escolhas ou as opiniões. 

A quem sempre teve a pachorra de me acompanhar por aqui, obrigada por estarem desse lado. Uma voz, mesmo que em fuga, precisa de esbarrar em alguém em alguns dias.

(Nove anos de blogue? Xiii! É, decididamente, uma relação bem mais longa do que a da maioria das paixões que tive na vida!)

9 comentários:

deep disse...

Muitos parabéns!
Gosto (há muito tempo!) de passar por cá e de ainda te ter por cá.
Bjs

deep disse...

Tenho amizades há muitos nove anos, mas também nunca tive paixões que durassem tanto. :)

cereja disse...

Um abraço grande, grande!
Tenho andado arredada, de férias, longe de tudo, a carregar baterias. Blog parado, facebook parado, até noticias evito saber... Abri agora a net e vi o teu texto com que me identifiquei tanto!!!! No meu caso mudei de blog e de nick porque tinha deixado de ser tão anónima como queria... :D Entendo-te TÃO BEM! Parabéns, Hipatia.

Anónimo disse...

Parabéns, Hip! :)

O tempo já não está para aquelas tertúlias nocturnas, mas é sempre bom ir lendo em silêncio.

Hipatia disse...

E eu de te ter desse lado, minha amiga :)*

Hipatia disse...

Já te disse uma vez e volto a dizer: ainda tenho dificuldades em lidar com o teu fruto. O velho nick está impresso na minha memória e nas tantas de histórias e palavras que por aqui fomos partilhando estes anos todos. Mas só de saber que ainda tens blogue, mesmo que mais preguiçoso, quero lá saber como assinas! :D

Hipatia disse...

Não está mesmo, Cap. Sou a primeira a admitir que o sono de beleza me falta cada vez mais :D Mas ler em silêncio é bom. Ainda o faço (quase) todos os dias ;-)

Izzie disse...

Obrigada eu, que cá continuo. Parabéns! :)

Hipatia disse...

Não tinha tido piada sem companhia. E não tinha durado tanto :)