2014-04-16

Dia da voz

«Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.»

António Ramos Rosa

Há em mim um esforço cansado para encontrar na magia de outros a minha voz. Tenho a imaginação a tingir-se de rouquidão e a voz a apagar-se. Estou cansada de mim. Estou cansada de quantos, antes de mim, me roubaram o meu lugar no espaço e no tempo. 

Estou em rota de colisão contra quem me rouba os mitos e os sonhos, quem teoriza a minha sem importância no mundo, no meu mundo. 

Dedilho acordes de memórias banais. Não tenho história. Não tenho reino. O meu Universo é um tecto baixo e as estrelas vão fugindo. E, em dias assim, muito mais do em tantos dos anos em que tive diariamente a voz em fuga, estou muda.

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