António Ramos Rosa
Há em mim um esforço cansado para encontrar na magia de outros a minha voz. Tenho a imaginação a tingir-se de rouquidão e a voz a apagar-se.
Estou cansada de mim. Estou cansada de quantos, antes de mim, me roubaram o meu lugar no espaço e no tempo.
Estou em rota de colisão contra quem me rouba os mitos e os sonhos, quem teoriza a minha sem importância no mundo, no meu mundo.
Dedilho acordes de memórias banais. Não tenho história. Não tenho reino. O meu Universo é um tecto baixo e as estrelas vão fugindo. E, em dias assim, muito mais do em tantos dos anos em que tive diariamente a voz em fuga, estou muda.
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