2016-06-06

Mediterrâneo



"A semana em que o Mediterrâneo engoliu mil pessoas"


E enrezina-me por dentro esta ideia de que todas as guerras e todas as intervenções internacionais são um nadinha diferentes em função não das vítimas mas dos seus supostos salvadores. E que o sol não vai nascer para os corpos que ninguém quer contabilizar hoje no Mediterrâneo e na Síria como antes não foram realmente contados no Sudão, ou em Beirute, ou em Timor, ou em Burma, ou no Kosovo, ou na Tchetchenia, ou no Ruanda ou na Ex-Jusgoslávia ou...

Como se mede agora o terror? Em números de vítimas? Em números de vítimas evitadas? Distinguindo entre migrantes económicos e refugiados políticos? Pela religião? Ou apenas pelo silêncio dos que nem como vítimas se podem afirmar? E o que fazer das testemunhas? E o que fazer aos que, como Pilatos, apenas lavam as mãos?

4 comentários:

cereja disse...

Há demasiados Pilatos por aí. E os mortos são claramente diferenciados pela raça ou origem, o que é profundamente revoltante. Ainda há alguma comoção quando se trata de crianças, mas só aí. Para onde vão os valores (?) europeus/cristãos de que nos gabávamos?

Hipatia disse...

Não sei. Não sei onde foi parar a tolerância e a esperança da minha geração, daqueles que cresceram a acreditar que o Mundo podia ser melhor, quando até os muros eram derrubados e antigos prisioneiros políticos podiam ser Presidentes de um País. A geração dos sonhos de uma Europa sem guerras e sem fronteiras... Então estes últimos! Onde foi parar a União?

cereja disse...

:( Nunca pensei ver isto.

Hipatia disse...

nem eu :(