2016-07-04

Urubuzadas


Eu sou muito povinho, que esse foi sempre o único ramo decente da família. E é a minha costela popular que me faz olhar com asco para isto, enquanto a minha costela do contra - que é um bocado dada a teorias da conspiração - olha e torna a olhar e lembra-se que nunca há fumo sem fogo. É que se o Deutsche Bank rebenta...

2016-07-01

E não há muito mais a dizer...



...parece que temos de jogar mesmo muito mal em "nota artística" para conseguir algum brilharete em "nota técnica". 

2016-06-28

Porque há coisas que não podemos esquecer


Choro pelos meus irmãos na Turquia.

E a bola, hem?


Para lá de toda a nossa mania, muito além de qualquer programa de opinião, completamente ao lado de tudo o que, para muitos, era suposto ser a onda do momento, ou de bom tom, ou o it da oportunidade, o Portugalinho real é aquele que continua a juntar milhares para ver uma Selecção narcoléptica a arrastar-se pelo EURO. 

2016-06-27

Dias quebrados na cintura *



Não sei se gosto sempre de ser quem sou; há muitos dias em que enjoo de mim. Mas já estou demasiado crescidinha para querer parecer o que não sou.


_____
 *Eugénio de Andrade

2016-06-22

Pfft!


Xii!



Já publiquei mais este mês do que em todo o ano 2015. Deve ter-me dado alguma coisinha :D

Na verdade, já me fazia falta. Continuo a escrever como panaceia. Continuo a escrever sobre o que me irrita e entristece para, longe da escrita, poder continuar a ser uma pessoa contente. Escrever para exorcizar os meus demónios e assim lhes pôr rédeas; para que de cada vez que espalho numa folha ou num écran em branco todo o escuro que se acumula em mim, conseguir escorraça-lo para longe.

E o meu blogue continua a ser o meu umbigo.

2016-06-21

Apre!



O Windows 10 ainda me irrita mais do que o Windows 8.

E porra para a treta dos direitos de autor, que me obriga a ir anónima a todo lado! Então não era uma tal de taxa nas compras de tudo o que tivesse um mínimo de memória? E agora pago a taxa e ainda apanho com o resto?

2016-06-20

Sina




A crise económica está a dar cabo de nós, mas há uma crise ainda mais daninha que se aninha na alma das pessoas, lhes tira esperança no futuro, fere de morte objectivos colectivos e individuais, manifesta-se numa cidadania envergonhada e num abismo cada vez maior entre a população e os políticos que vão levando a barca ao fundo. Já não sei se chegam palavras hoje em dia, de tão vazias que estão: a mais das vezes, resumem-se a outra letra de fado e nunca muda a cantiga.


2016-06-19

2016-06-17

Gen X



Quando foi que a minha geração se demitiu de ter o mundo com que tinha sonhado? Como acabamos a aceitar a reversão de todas as conquistas? Quando deitamos fora o secularismo laico e o humanismo e resolvemos resgatar os "ismos" do terror? Como é que acabamos todos silenciosos e acabrunhados, escondidos atrás de um écran a criar fedelhos que apenas têm vida social se for numa qualquer rede social? Quando foi que nos perdemos? Quando chegamos ao trintas e descobrimos que tínhamos deixado o mundo da grande guerra fria para entrar num mundo de pequenas guerras muito quentes? Quando chegamos ao mercado de trabalho e não havia emprego? Foi quando a vida acelerou e deixamos de saber como gozar a vida? Quando adiamos os casamentos, os filhos, as férias? Ou quando chegarmos aos quarenta e nos caiu outra crise em cima da cabeça e já estávamos demasiado velhos para aprender truques novos? Ou foi o terror de Madrid, Londres e Nova Iorque e depois Paris? Foi a apatia que nos açaimou, ou foi o medo?




E chegamos a isto

«We are in the midst of what risks becoming a plebiscite on immigration and immigrants. The tone is divisive and nasty. Nigel Farage on Thursday unveiled a poster of unprecedented repugnance. The backdrop was a long and thronging line of displaced people in flight. The message: “The EU has failed us all.” The headline: “Breaking point.” The time for imagining that the Europhobes can be engaged on the basis of facts – such as the reality that a refugee crisis that started in Syria and north Africa can hardly be blamed on the EU, or the inconvenient detail that obligations under the refugee convention do not depend on EU membership – has passed. One might have still hoped, however, that even merchants of post-truth politics might hold back from the sort of entirely post-moral politics that is involved in taking the great humanitarian crisis of our time, and then whipping up hostility to the victims as a means of chivvying voters into turning their backs on the world.»

Jo Cox foi assassinada no meio da rua por um imbecil que berrava "Britain First".

Grande resultado já teve o Brexit e ainda nem foi o referendo :(

2016-06-16

Demonologia(s)

.«Les guerres se multiplient sur la planète et sont de plus en plus caractérisées par leurs composantes ethniques religieuses. Partout la conscience civique regresse et les violences gangrènent les sociétés. (...) La loi de la vengeance remplace la loi de la justice en se prétendant la vraie justice. Les conceptions manichéennes s'emparent d'esprits faisant profession de rationalité. Les fous de Dieu et les fous de l'or se déchaînent.»

Edgar Morin


O problema nunca esteve com a religião, afinal: todas elas apenas se esforçam por juntar os homens "sub-sino", reunindo em comunidade e fortalecendo laços. O pior são os homens que fazem as igrejas, os tais que se esquecem que não basta parecer bom e puro e imaculado. Há que praticar cada voto, não matar em nome da fé, não festejar uma morte em nome de um deus. Ou as fronteiras entre comunidades continuam fracturadas e fracturantes e os rancores alimentados de dogmas e cegueiras. E ódio. Destrutivo e obsoleto, porque fundamentado na ausência de diálogo, de prova e de razão e apto a julgamentos sumários e execuções breves.

2016-06-15

Left Handed Kisses



The point your song here misses 
Is that if you really loved me 
You'd risk more than a few 50 cent 
Words in your backhanded love song

2016-06-14

do you really think you go to hell for having loved?



Exacerbado por uma perspectiva religiosa fundamentalista? Muito provavelmente. Mas se é especialmente evidente essa perspectiva redutora quando associada ao islamismo, convém ainda assim não esquecer que não está muito longe dos apelos de outros fundamentalismos, incluindo o fundamentalismo evangélico americano e mais os seus debates absurdos sobre que casas de banho podem ou não frequentar os transsexuais. 

2016-06-13

Descubra a diferença


Charleston church shooting





E não tenham dúvidas que vão querer fazer diferente. Afinal, um era de origem árabe e matou gays, enquanto o outro é um racista branco que se decidiu a matar negros.

A ver se o racismo vale mais ou menos do que a homofobia e o fanatismo religioso...

2016-06-12

Cobardes anónimos



«As armas não matam pessoas; as pessoas matam pessoas», voltei a ouvir agora mesmo em mais uma notícia de mais um massacre nos EUA.

Oh raios de lapalissada absurda! Tirem-lhes as semi-automáticas a ver se algum destes cobardes alienados se chega à frente empunhando uma faca de cozinha.

2016-06-11

Banda sonora para um sábado

Do ensino universal




Há pouco tempo, estava já farta de ouvir um fulano com uma licenciatura tirada numa universidade pública a defender o tempo em que era bom e o Salazar fazia bem e não havia gatunos na política. E perguntei-lhe apenas se tinha preferido enfrentar a vida analfabeto, a trabalhar de sol a sol no campo, condenado à nascença a nunca ser mais do que um trabalhador braçal, como antes os seus pais e os seus avós. 

Olhou para mim com ar de espanto, que não estava a perceber o que tinha isso a ver com o bom velho Salazar; que não percebia porque tinha ido buscar os analfabetos. 

Pois esse é verdadeiramente o problema, é que já ninguém se lembra que quando a educação é só de uns poucos, ou quando não se tenta uniformizar a qualidade, corremos o risco de voltar a uma sociedade em que o acesso à educação é o primeiro degrau na estratificação social, na condenação do povoléu a vassalagem e a elite bem formada a pôr o pé em cima de todos os outros. 

A educação universal gratuita foi provavelmente a nossa grande conquista do século passado, mudou drasticamente a nossa sociedade e só é pena que não tenha conseguido pôr fim à iliteracia económica e política.

A Cristas que vá à merda. Pode ou não ser acompanhado por todos os amarelinhos. Mas que vá ela à frente, mais este arremedo de defesa de uma sociedade onde só os que têm dinheiro podem ter uma educação de qualidade. Ainda e apesar de estarmos a preparar uma geração de emigrantes qualificados, para substituir a geração de tanto analfabeto que mandamos a salto ajudar a enriquecer a França ou a Alemanha ou a Suiça ou o Luxemburgo.

Venham depois as medalhas do 10 de Junho...

2016-06-10

Dia de...


... mais um ZZZZZzzzzz pela manhã. E que bem souberam!

Como?

fonte desconhecida

Hoje deram-me as boas-vindas à blogosfera... Isso, as boas-vindas! 

E eu a pensar que andava por cá a pintar a manta a azul-cueca desde 2004 :(

2016-06-07

Glifosato



O glifosato, o herbicida mais vendido em Portugal, parece que representa cerca de 1/3 dos lucros da Monsanto, o gigante das sementes modificas e patrão de muita política tresloucada nos mercados que conseguiu conquistar. A mesma Monsanto que a Bayer ameaçou comprar, mas ainda não percebi se compra ou não. A tal Monsanto que os activistas ambientais querem condenar por crimes contra o planeta. É uma mega, mega, mega empresa habituada a política à moda dos EUA, que como sabemos e basta olhar para a actual campanha eleitoral, se faz mais do dinheiro com que se compram os votos do que ideias políticas que façam o mínimo de sentido, embrulhadas em crendices medievais e desbobinadas por palhaços alucinados. 

A Monsanto tentou usar os seus métodos contra a UE, ou seja, tentou a técnica do bullying, quando ameaçou de alto e exigiu em vez de usar passinhos serenos. Parece que perdeu. Ainda bem que perdeu. Já nos basta o tanto de negociatas escusas que andam a ser feitas entre Washington e Bruxelas à guisa de tratado económico que ninguém consegue entender. 

Fiquei hoje um bocadinho mais contente com esta EU onde tanta coisa importante se perde pelo meio de interesses, interessados e burocracia. Mesmo se estar a Bayer à mistura me deixe a pulga atrás da orelha.

Distracções




Enquanto andei por aí distraída (20 posts em 2015? O ano todo? Xii!!!), quase todos os "meus" bloggers se reformaram, desapareceram, foram distrair-se para outro lado.

Não quero!

Não quero, não quero, não quero!

Sou egoísta o suficiente para pensar que posso desaparecer mas que, quando volto a casa, tudo está no seu devido lugar.

Quero a "minha" blogosfera já!

2016-06-06

Mediterrâneo



"A semana em que o Mediterrâneo engoliu mil pessoas"


E enrezina-me por dentro esta ideia de que todas as guerras e todas as intervenções internacionais são um nadinha diferentes em função não das vítimas mas dos seus supostos salvadores. E que o sol não vai nascer para os corpos que ninguém quer contabilizar hoje no Mediterrâneo e na Síria como antes não foram realmente contados no Sudão, ou em Beirute, ou em Timor, ou em Burma, ou no Kosovo, ou na Tchetchenia, ou no Ruanda ou na Ex-Jusgoslávia ou...

Como se mede agora o terror? Em números de vítimas? Em números de vítimas evitadas? Distinguindo entre migrantes económicos e refugiados políticos? Pela religião? Ou apenas pelo silêncio dos que nem como vítimas se podem afirmar? E o que fazer das testemunhas? E o que fazer aos que, como Pilatos, apenas lavam as mãos?

Engrenagem




Se trabalhamos em equipa e todos temos um único objectivo, quando falha um elemento da engrenagem as coisas correm mal para todos. Se o erro é recorrente, há um problema. Se o problema não é visto por quem controla a máquina, um problema maior. Mas pior, pior, é quando quem erra nem o admite ou, admitindo, não tem sequer a humildade de pedir desculpa. E, isso, é o que me deixa verdadeiramente fula!

2016-06-05

Teclando













Penso que, como todos, fui-me deixando convencer pelas novos avanços nestes brinquedos com que cirandamos no éter. E fui arranjando gadjets novos, mais modernos, aparentemente mais funcionais. Acabei a descobrir que não fui feita para comunicar só com dois dedos, que os polegares não são os dedos mais funcionais. 

O blogue foi a grande vítima: tem sofrido de constante silêncio e desleixo. 

Mas voltei a ter um teclado a sério, um por onde posso espraiar os dedos, usá-los todos. E um computador novo que estou em processo de domesticação. 

Não sei se vai ser como antes. Não sei se basta um teclado para voltar a vontade de escrever. Mas sempre fui mais eu por aqui do que na meia dúzia de linhas que vou deixando no FB. Mesmo que aqui ninguém saiba o que estou a pensar. Ou exactamente por causa disso, porque aqui ninguém precisa ficar interessado – nem quer estar – naquilo em que estou ou não a pensar. 

Sempre gostei deste meu anonimato, sem açaimos, sem pedir desculpas, sem ter medo de ofender. Hoje testo as águas, agora que já me irritei o bastante com a quantidade de vezes que é preciso meter e-mail e códigos e o raio que os parta no novo brinquedo que quer mandar mais do que eu. Não vai conseguir! Em minha casa mando eu! Mesmo que me tenha dado outra vez um teclado...

2016-01-27

Dinamarca aprovou em Parlamento o confisco dos bens dos refugiados

Há, pela Europa dentro, uma série de salas, numa série de campos, onde se apinham os bens confiscados a um etnia: malas, sapatos, óculos, cabelos, dentaduras... Essas salas - e esses campos - foram transformados em museus para que a memória não morresse, para que não voltasse a acontecer. Mas a memória continua curta. Tão curta!

2016-01-24

A votos




Já calcamos tanto chão desde que um tipo se perdeu em Alcácer Quibir, que já era tempo de termos aprendido alguma coisa.



Dia de enfrentar o nevoeiro.

2016-01-20

2015-12-24

Boas Festas!


Querido Pai Natal, 

Já sei que este ano estou atrasada. Podia dizer qualquer coisa tipo "é a crise, estúpido", mas como já fazes greve todos os anos aos meus pedidos, tenho medo que desta vez te chateies a sério e nem um par de peúgas encontre no sapatinho. 

Eu continuo a ser – juro! – uma menina bem comportada. Eu como a sopa, eu não minto (muito), eu porto-me bem e respeito os mais velhos, eu só insulto taxistas e outros cromos de toda a espécie atrás do volante, mais os árbitros e os futebolistas, bem como, ocasionalmente, os jornalistas e outros imbecis que têm um artigo de opinião nos jornais, além de políticos com e sem poleiro. Mas tenho a certeza que se vivesses cá também insultavas! 

(tenho insultado bastante o Bruno de Carvalho, mas esse não conta, pois não?) 

O ano passado não quis complicar. Viste como fui linda, Pai Natal? E pedi paciência. Só paciência, Pai Natal! Onde foi que a meteste que não chegou à minha chaminé? Ainda está no cu de Ju… (quer dizer) no nariz do Rudolf? 

Este ano, Pai Natal, nem brinques! A crise vai preta! Negríssima! Por isso, Pai Natal, fica lá com os gajos, a dieta e a paciência e traz-me só uma coisinha: o poder de compra que tinha há quinze anos atrás. Vale? 

Beijinhos, Pai Natal

2015-09-30

Papa Francisco



Em 2007, na homilia do Dia Mundial da Paz, Bento XVI afirmou «junto com as vítimas dos conflitos armados, do terrorismo e das mais diversas formas de violência, temos as mortes silenciosas provocadas pela fome, pelo aborto, pelas pesquisas sobre os embriões e pela eutanásia». Na prática, chamou-me terrorista. Chamou terroristas a muitos de nós, todos aqueles que não metem no mesmo saco que a violência e a fome, o aborto a pesquisa científica ou a liberdade.

E talvez eu seja mesmo terrorista aos olhos de alguém como o Papa Emérito. Afinal, devo representar o medo para todos aqueles que sempre quiseram um mundo ordenado e a preto e branco, com hierarquias, dogmas e estratos, o nós de um lado e os outros, os diferentes, lá longe, no vão da escada da vida. Talvez eu personifique de facto o terror daqueles que não sabem o tanto de medo que os move: mulher branca, adulta, com direito a voto e voz, independente, senhora do meu ganha-pão e autoridade para dispor dos seus proveitos, que nunca quis ser só esposa, ou só mãe e muito menos cônjuge, defensora do direito à vida cada vez que o carrasco se aproxima com o nó corrediço ou a injecção letal; defensora da vida de todas as mulheres, até daquelas que não querem ser mães; defensora da eutanásia, porque somos livres de dispor do nosso corpo enquanto ainda temos capacidade para decidir em consciência; defensora da pesquisa científica, mesmo que em células estaminais, porque todas as vidas que podem ser salvas merecem esse esforço; defensora do preservativo e dos contraceptivos; defensora de uma igreja que, se se quer virar para a família e fomentar valores familiares, então tem de passar a saber o que é constituir família; defensora de impostos para os padres; defensora de um Estado laico onde os representantes de apenas uma igreja, bem como os símbolos dessa mesma igreja, não têm lugar em cerimónias que se dirigem aos cidadãos, todos os cidadãos, sem diferenciar nem credo, nem raça, nem género.

E talvez porque em cada discurso que lhe ouço o Papa Francisco se afasta mais e mais do discurso viciado, misógino e retrogrado de Bento XVI, gosto de novo Papa. Não concordo com a doutrina católica em muita coisa, quase tudo o que se afasta da ética moralizada e quer apenas ser moral empacotada. Não concordo com os dognas, a infalibilidade, as mil e uma regras sem sentido inventadas ao sabor das várias conjunturas e momentos históricos, nem com a ideia de um Deus castrador e castigador ou qualquer ideia de paraíso. Mas o novo Papa - se o deixarem viver - é uma lufada de ar fresco.

O mesmo não se pode dizer da direita norte-americana. Ver e ouvir o que disseram nas últimas semanas a propósito do Papa Francisco, tem cheiro a tudo, menos a frescura. Cheira, sobretudo, a ignorância e idiotia. E o pior é que um dia destes ainda temos uma besta tipo Trump a ganhar as eleições americanas e a achar que manda no Mundo. Ora, o mundo já está mais do que afundado em esterco e em crise. A haver Deus, que nos poupe da prosápia e sede de poder da direita republicana dos EUA. Cheira demasiado ao mesmo tipo de fundamentalismo e radicalismo dos países como a Arábia Saudita ou o Irão onde, de certeza, eu teria sido considerada herege, terrorista e condenada à morte por crucificação como o desgraçado do Ali Mohammed al-Nimr.

Se o Papa Francisco é o homem mais perigoso do mundo, porque não podemos ter uns quantos como ele a candidatarem-se a eleições? Vejam só a merda que nos sobra...

2015-06-26

Alegria à americana



Depois de ler a notícia na imprensa portuguesa, resolvi ir dar uma vista de olhos à imprensa americana: afinal acabo sempre de cara à banda com as peculiaridades daquela gente e as coisas mais estranhas em que acreditam e o que são capazes de defender. E há sempre um sinal óbvio de que estou a ler um idiota ignorante americano (e como há tantos!): escreve pior inglês do que eu, com mais erros, menos pontuação e certamente menos sentido.

(Agora uns querem imolar-se enquanto outros querem divorciar-se porque o casamento dos gays vai dar cabo do casamento deles. Acho mal! Ninguém deve morrer à conta da estupidez causando efeito de estufa, mas mais ainda porque deve é manter-se a ignorância confinada num único lar e, de preferência, impedida de reproduzir-se.)

2015-05-23

Opinião só sem lucro

"tudo o que não é opinião, mas sim publicidade deve ser identificado de forma clara e inequívoca para não haver erros de interpretação."

  http://www.dinheirovivo.pt/Buzz/Publicidade/interior.aspx?content_id=4582583

2015-04-28

O menor de...



Fiz campanha pela despenalização do aborto. Continua a fazer sentido dentro da minha cabeça evitar a imbecilidade de só ser a mulher criminalizada por um acto onde estão sempre presentes pelo menos dois. Faz sentido para mim que nem se questione a opção em casos de violação. E no entanto... no entanto a lei tem prazos por algum motivo, prazos que remetem para o momento em que o feto passa a sentir dor, em que o monte de células passa a ser bem mais do apenas isso. Por mais que tenha sempre defendido a despenalização, por mais que a defenda veementemente em caso de violação, por mais que me choque ter sido uma criança violada, neste caso já não. Seria outro crime.


2015-03-19

Da responsabilidade

«Responsabilidade política 

do Governo Perante a Assembleia da República 
-O Governo é responsável políticamente perante a AR, pela sua actividade e pela actividade da administração dele hierárquicamente dependente. 

Perante o Presidente da República 
-Existe uma responsabilidade política do Governo perante o PR e existe uma responsabilidade política do PM perante o PR» 

Professor Dr. J. J. Gomes Canotilho

E depois há os irresponsáveis...

2015-02-23

Ai o absurdo!


E como sempre sinto-me a viver num mundo à parte! Um mundo que não percebe o sucesso de obras de qualidade mediana nem a histeria que as rodeia. Sendo que todas as gerações têm as suas pancas quanto à sexualidade, desde os gregos e os seus meninos passando pela cegueira à conta da masturbação ou da negação do prazer feminino delegado para crises nervosas, até percebo que uma sociedade que não se importa de ver cabeças a serem decepadas em prime-time mas não pode ver maminhas no Super Bowl se passe por completo com umas algemas ou umas chibatas. Mas na Europa? Poupem-me!

2014-12-30

Bom Ano!



É que parece que este, de tão má memória, não quer partir. 

Eu ainda fui a tempo de me partir toda antes de brindar a 2015 :(


2014-12-22

A minha avó morreu há um mês

(Este repost é para ela)


E, sim, era como um suspiro esta coisa de lhe bordejar a porta pela noitinha e tentar ainda sentir o cheiro a leite-creme queimado com um velho ferro de passar a ferro. Como no tempo em que nos abria a porta de mansinho, puxando o nagalho ao cimo da escada que destrancava a velha fechadura enferrujada. Ou de quando lhe saltávamos ao quintal atrás dos magnórios e das peras e ela fazia de conta que não sabia que estávamos lá. Ou de quando nos contava histórias do fantasma que habitava a casa, morava lá no sótão e só descia pelas vésperas para ajudar a pôr a prece em dia. Ou então de como tinha sido o tempo em que ali havia uma família e gente que se beijava e abraçava pelo correr das horas, enquanto pelos velhos corredores ainda havia passos pequeninos a dizer que a vida havia de continuar para além das vidas que partiam. Ou de quando enfim deixou de poder estar sozinha e afinal parecia que já ninguém tinha espaço para ela e como foi mirrando ao cimo das escadas, à espera que pela noitinha alguém viesse espreitar-lhe as cores e o estado e as maleitas. E depois, quando partimos a estudar longe e já ninguém lhe bordejava a porta, deixou-se ficar cada vez mais sozinha e já nem o velho fantasma lhe fazia companhia nas ladainhas. Morreu sozinha ao cimo das escadas, amparando a solidão de tia velha. E foi quando ela nos faltou que a casa pareceu pesar-nos uma tonelada de mágoas e já pouco importa que seja nossa. Era nossa antes, quando ela lá estava, com os seus fantasmas e as suas histórias. Agora é uma casa que nos tem, mas onde não pertencemos. A casa que herdamos, mas não merecemos. E mesmo quando puxamos o nagalho ao cimo da velha escada rangente para deixar que a porta se abra, ainda assim a escada queixa-se como se nos dissesse que não somos de lá. E é por isso que voltamos a fazer leite-creme queimado – que nunca vai saber ao mesmo – e replantamos a nespereira e a pereira do jardim. Mas até os frutos sabem diferente. E não há vésperas, claro: nenhum de nós aprendeu a rezar de forma a que até os fantasmas nos seguissem as preces. E a tia-avó partiu e não deixou fantasma. E mesmo que haja gente pela casa, no 52 já ninguém mora.