Com esta não estava eu a contar! Então não é que a Emiele resolveu dar um prémio à Voz? Mas será mesmo que sou assim tão livre quando escrevo? Às vezes penso que já não.
Quando comecei o blogue, sentia-me profundamente livre: estava a fazer uma coisa que gosto, dizia o que me apetecia, falava do umbigo e para o umbigo, não tinha grandes preocupações.
Depois, o meu tema favorito (i.e., eu) foi-se esgotando e acabei por me abarbatar também a outros assuntos, com algumas pernadas à política, ao futebol, à sociedade e até àquele tema a que nenhum blogger resiste chamado blogosfera.
E, no entanto, sempre me senti tão mais livre quanto mais distante ficasse dos temas mais mediáticos. Talvez porque estes sempre me pareçam muito de mastigar e deitar fora, com prazo de validade pespegado e rapidamente esquecidos. Mas talvez as pessoas se lembrem, por exemplo, dos meus textos sobre a IVG…
Eu gostaria de ter sido capaz de escrever posts indeléveis, que não estivessem necessariamente colados a um tema específico, datado e passado. Gostaria de ter sido capaz de dizer algo que todos recordassem quando se lembrassem um dia que houve um blogue chamado Voz em Fuga e, nele, uma mulher que escrevia por gosto. Talvez nunca tenha nem engenho nem arte para tanto, mas não custa sonhar, não é?
As minhas opiniões serão um reflexo de mim, disso não tenho dúvidas: anseio cada vez mais por liberdade enquanto parece que é coisa que cada vez mais falta me faz. Todos estamos presos de algum modo à vida que nos tem, nos carrega e nos sustenta. E crescer é aprender a viver com amarras e a criar amarras. A liberdade talvez seja o tanto de disponíveis que ainda ficamos para a vida depois de saldadas todas as contas, cumpridos todos os horários, picados todos os pontos. E, nisso, depende dos dias: uns melhores, outros piores e, no fim de cada ano, não resisto a olhar para trás e fazer uma pequena análise do bom e do mau. Apesar de tanto e tanto, não têm sido maus os resultados destes balanços pessoais.
E entendo a Emiele quando fala dos pequenos círculos onde, em proximidade relativa, muitos de nós se movem ainda. Mas quando se fazem amigos, não é facilmente que os deixamos partir. Talvez por isso me custe ver cada vez mais vozes silenciosas.
Assim, é reconhecendo as minhas proximidades e os meus laços - e não os querendo quebrar ainda - que nomeio blogues que me ajudam a continuar por cá em cada dia que ficam também mais um dia, dando-me o prazer de os continuar a ler:
- I. (para continuar a ter um ponto de paragem obrigatório e alguém que diz bem melhor tudo o que me apeteceria dizer; é que é sempre bom premiar a liberdade dos outros quando é tão parecida com a nossa, certo?)
Quando comecei o blogue, sentia-me profundamente livre: estava a fazer uma coisa que gosto, dizia o que me apetecia, falava do umbigo e para o umbigo, não tinha grandes preocupações.
Depois, o meu tema favorito (i.e., eu) foi-se esgotando e acabei por me abarbatar também a outros assuntos, com algumas pernadas à política, ao futebol, à sociedade e até àquele tema a que nenhum blogger resiste chamado blogosfera.
E, no entanto, sempre me senti tão mais livre quanto mais distante ficasse dos temas mais mediáticos. Talvez porque estes sempre me pareçam muito de mastigar e deitar fora, com prazo de validade pespegado e rapidamente esquecidos. Mas talvez as pessoas se lembrem, por exemplo, dos meus textos sobre a IVG…
Eu gostaria de ter sido capaz de escrever posts indeléveis, que não estivessem necessariamente colados a um tema específico, datado e passado. Gostaria de ter sido capaz de dizer algo que todos recordassem quando se lembrassem um dia que houve um blogue chamado Voz em Fuga e, nele, uma mulher que escrevia por gosto. Talvez nunca tenha nem engenho nem arte para tanto, mas não custa sonhar, não é?
As minhas opiniões serão um reflexo de mim, disso não tenho dúvidas: anseio cada vez mais por liberdade enquanto parece que é coisa que cada vez mais falta me faz. Todos estamos presos de algum modo à vida que nos tem, nos carrega e nos sustenta. E crescer é aprender a viver com amarras e a criar amarras. A liberdade talvez seja o tanto de disponíveis que ainda ficamos para a vida depois de saldadas todas as contas, cumpridos todos os horários, picados todos os pontos. E, nisso, depende dos dias: uns melhores, outros piores e, no fim de cada ano, não resisto a olhar para trás e fazer uma pequena análise do bom e do mau. Apesar de tanto e tanto, não têm sido maus os resultados destes balanços pessoais.
E entendo a Emiele quando fala dos pequenos círculos onde, em proximidade relativa, muitos de nós se movem ainda. Mas quando se fazem amigos, não é facilmente que os deixamos partir. Talvez por isso me custe ver cada vez mais vozes silenciosas.
Assim, é reconhecendo as minhas proximidades e os meus laços - e não os querendo quebrar ainda - que nomeio blogues que me ajudam a continuar por cá em cada dia que ficam também mais um dia, dando-me o prazer de os continuar a ler:
- I. (para continuar a ter um ponto de paragem obrigatório e alguém que diz bem melhor tudo o que me apeteceria dizer; é que é sempre bom premiar a liberdade dos outros quando é tão parecida com a nossa, certo?)
- Fábula (pela tenacidade e vontade que ainda transmite em cada texto, mesmo quando reclama que não lhe apetece)
- Tozé (pelos desafios e pela conversa numa caixa de comentários; porque nos recusamos a desistir)
- Cap (a ver se deixa de achar que já passou o tempo em que isto tudo eram blogues e nós éramos bloggers e toda a gente tinha muito para dizer. Até quem sempre escreveu uma média de cinco palavras por post)
- Espumante (lá porque a liberdade dele e a minha nunca estejam de acordo, não quer dizer que não possam ser amigas, certo?)
7 comentários:
E pronto. Fiquei comovida. A sério.
Bruxa! Não se faz, ainda mais nesta época do ano. Aaaahhhhhhhhhhhh!
Obrigada. Muito, muito. Belo presente, as tuas palavras. Um beijinho muito carinhosos e um abracinho quentinho ;)*
Não era para ficares comovida. Aliás, desta vez nem fui bruxa: achei que ias reclamar por te estar a arranjar (mais) uma carga de trabalhos ;-)
Beijo
Fi firi fi fi...
Mas eu nem escrevo, como queres tu outorgar-me uma coisa dessas? Oh oooooh 8)
Tens sempre a liberdade de não escrever, ora :D
E não há cá nada fi firi fis! Aquele linkzito aqui para o tasco tem uns linzotes em falta, não te parece? :)))
Há também aqueles que, em silêncio (por opção) estão por aqui há muito tempo.
beijinhos e um bom ano
Quase não te via, Mad :) E olha que eu também ando por demasiados sítios em silêncio. Às vezes penso que ter aberto uma conta no gloglines foi ao mesmo tempo uma bênção e um desastre: antes, precisava abrir um a um cada blogue que cusco com frequência, hoje em dia, nem isso. E os comentários em casa alheia passaram a ser cada vez mais escassos.
Feliz 2008!
Mais Vozes
sem dúvida que a tua voz exprime liberdade. que nunca fiques como nome que deste a esta caixa de comentários... sem voz!
e obrigada pelo prémio, é interessante ver-me como escritora da liberdade, dá-me que pensar, e eu adoro ter fabulosos pensamentos!
(e eu hoje lancei-te um pequeno desafio, se quiseres aceitar...)
fábula | | Email | Homepage | 12.20.07 - 7:59 pm | #
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Se vires bem, agora já não se chama "sem voz"; antes de eu responder e depois do teu comentário, passou a chamar-se "outra voz" e, agora, vai passar a chamar-se "outras vozes". É uma das coisas que gosto no Haloscan
Vou lá ver do teu desafio
Hipatia | | Email | Homepage | 12.20.07 - 8:50 pm | #
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