2009-08-12

Aung San Suu Kyi



E daqui a 18 meses serão outros tantos e depois ainda mais e mais e mais e mais...

4 comentários:

Bartolomeu disse...

http://www.youtube.com/watch?v=Z72Uv-qMci0&feature=channel
Sou sensível e solidário com todos quantos lutam pela defesa da liberdade de expressão e de igualdade de direitos.
Contudo, sinto que o conceito lato de democracia é ainda uma utopia.

Para que não fosse, o ser humano teria de renascer "empossado" de diferentes características.
Socialmente o ser humano, pelas suas características naturais, tenta sempre sobrepor-se ao seu semelhante e retirar daí o proveito individual.
Em democracia essa característica é entendida como forma de evolução pela livre competição. Nós sabemos que ao longo da sua existência, a humanidade tem "evoluído" pela competição. São exemplo disso as grandes guerras medievais e mundiais, que marcaram pontos de viragem radicais na história da humanidade.
Seria menos utópico, desejar-se a evolução com base na partilha de conhecimento, mas na verdade, a luta faz parte da genética humana, o homem deseja e ao desejar, luta e inventa meios para vencer essas lutas, e os meios que inventa, tornam-no dominador, superior... ditador.
Nutro simpatia por todos aqueles que seguindo um ideal, lutam pela igualdade, mas não acredito na eficácia da democracia, como garantia dessa igualdade.
Mas isto sou eu que me considero politicamente agnóstico.
É que... para alem da física, ou seja... a par da física, temos sempre de colocar a metafísica.
Náchas!? Quécáxas!?
;)

Hipatia disse...

Em 1991, as imagens de Max Stahl gravadas naquele fatídico cemitério de Santa Cruz, naquele longínquo e distante Timor, levaram-me à rua de lenço branco na mão. Foi uma causa. Foi empenho. Foi partilha, que havia (como nunca mais vi e talvez felizmente) muita mão desconhecida pronta a empunhar a mesma bandeira, a assinar a mesma petição, a exigir mais do que discursos de circunstância, a empenhar-se para que o acordo comercial entre a UE e a ASEAN falhasse definitivamente, a fazer circular as imagens para amigos distantes de países mais distantes ainda, de nacionalidades diferentes e exigir-lhe em nome da liberdade, da democracia – e, sim, em nome da amizade – que fizessem de Timor uma bandeira. Poderás dizer-me que os anos subsequentes nos provaram que a democracia pode ser malbaratada e que Timor continua a ser uma história muito longe do sucesso que sonhamos. Mas não foi nem a liberdade nem a democracia. Foi o que fizeram com a liberdade e a democracia. E, ainda assim e apesar de tantas cabeçadas, Timor é livre e até há eleições. Talvez um dia haja mais do que isso. Mas até a democracia pode começar como uma simples semente: por mais que seja assolada pelas inclemências, se tiver raízes fortes crescerá. Dará origem a alguns frutos podres, como todas as árvores. E talvez só assim nos seja possível apreciar a doçura daqueles que realmente amadurecem. Tudo o resto é o que nos resta do cinismo que nos vai embrutecendo e dos demasiados frutos podres que nos empestam e distorcem as ideologias e nos deixam catalépticos e demitidos do nosso direito de sonhar e viver um mundo melhor.

As guerras são sempre o intervalo, Bartolomeu, por mais que a História dos vencedores esqueça os vencidos e por mais que a paz e a bonança não sirvam para abrir um telejornal.

Bartolomeu disse...

Querida amiga.
Acredita que venero e valorizo aqueles que se dedicam a causas e as defendem até com o custo da própria vida. Aliás, penso até que a vida para esses lutadores não terá o mesmo valor que tem para um comum mortal. Terá muito mais, por isso a oferecem como moeda de troca por causas de tão grande dimensão humanísta.
Contudo, aquilo por que os herois da democracia lutam, é de certa forma antagónico ao modelo natural da sociede e, cada sociedade possui modelos e padrões que lhe são intrínsecos. Daí, ser impossível obter apoio global, quando se denuncia uma causa.
Não me tomes como pragmático, ou somente acomodado, não. As regras pelas quais me rejo têm a ver com a utilidade efectiva da acção. Não te vou afirmar que considero as mortes de Timor gratuítas, é evidente que não. Sobretudo as imagens difundidas possuíram uma força avassaladora, denunciadora de um poder opressor e repressor sobre um povo que... aparentemente é dócil, frágil, simples, pacífico.
Errado!
Em Timor a realidade social é em grande parte, quase diametralmente oposta. Digo quase porque se excluem de certa forma deste conceito uma franja reduzida de cidadãos que trabalham pelo país, que estudam pelo país e que sonham com poder viver em liberdade.
Em Timor existem diferentes realidades sociais que não se conjugam nos seus interesses propósitos e ideais, cada uma delas embuída da certeza da causa que defende.

Hipatia disse...

E eu volto a dizer que algumas maçãs podres não fazem o todo. Nem quando parece. "It has been said that democracy is the worst form of government except all the others that have been tried", dizia Churchill. E ainda ninguém o conseguiu provar errado.

(Timor é uma capoeira jovem onde demasiados galos querem o mesmo poleiro)