2010-06-15

Palhaços

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Pelos deuses! O ridículo alheio é algo realmente confrangedor (quase nunca notamos o nosso, o que dá jeito) quando a figura triste é evidente e o desconhecimento do absoluto burlesco é notório. Para além da pose, como é óbvio. E, no entanto, sem sequer merecer o distanciamento necessário e o cuidado nas fontes que a (de)formação profissional imporiam, vai a trote, não percebe, destrambelha e arremata. Absurdamente grotesco. Sem qualquer noção das medidas e dos tempos, desconhecendo que o tempo, mesmo ao deixar arquivos, não desdenha do conhecimento real e factual do realmente ocorrido. E que a memória, mesmo com arquivos, não é (ainda) a memória reconstruída – como é quase sempre a memória – mas sim a capacidade de relembrar ao pormenor de nicks e leituras e famílias e afiliações e amores e ódios e zangas e estórias a verdade de há um punhado de anos. E a liberdade interpretativa – ou a dedução obtusa e hiperbólica – não perdoa tamanha cabeçada de tacanhice. Sobra o ridículo. E é um ridículo sem desculpas, que a sua causa não são cartas de amor: é tão só a menoridade da personalidade pequena a nu, invejosa e vingativa. E mais uns soundbytes como tantos e tantos já antes vistos e revistos.

Talvez já esteja há demasiado tempo deste lado e nem seria de supor que me espantasse ainda ou que estranhasse em demasia. Mas é aquela coisa com os palhaços: são tanto melhores quanto menos parecem vestir a farda. E uma coisa é certa: divertiu-me o suficiente para ter vontade de escrever.

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