2010-12-23

Jantar de Natal

aqui

E lá foi mais um jantar de Natal. Desta feita, num restaurante com música ao vivo e um espaço convenientemente destinado ao arrasta-ao-pé do costume. E, como sempre, há um motivo que se repete: os homens – quando devidamente sóbrios e com honrosas excepções, mesmo que de sósias perfeitas do Borat sem fato de banho verde alface – têm um pavor do ridículo físico substancialmente superior ao das mulheres. Na mesa ao lado, juntava-se um grupo bastante alargado de funcionários de um dos hospitais da praça. No fim do jantar, as senhoras levantaram-se e foram dar uns passos de dança, ao som de versões foleiras de músicas mais foleiras ainda, como é habitual nestas coisas, agarrando-se umas às outras no bailarico à falta de disponibilidade dos tais senhores muito conscientes da sua figura e que não podem dançar assim em público que pode parecer mal. E lá andavam elas, todas contentes, sem nem bem quererem saber mais do que dançar é fixe e nem importa qual é a música e isto é uma celebração e afinal nem sei quem são os monos das outras mesas. Ora, olhando para a pose dos senhores, perfilados no lado da mesa com vista para a pista de dança, de boca aberta e ar de enfado, calados, sonolentos e de qualquer outra forma infelizes até dizer chega, achei-os bem mais ridículos do que as colegas bailarinas. Muito mais ridículos: tuguinhas de fado, incapazes de fazerem apitar qualquer comboio, muito menos tentarem uma lambada em público.

4 comentários:

I. disse...

Olha que no jantar de me mate, que eu não tenho disso, os homes dançam muito. Começam no martini antes de jantar, seguem com a cervejola e binho, e digestivo para acamar, e ele diz que às tantas é uma festa de deprimência com eles a dar um pezinho de dança ou no karaoke, ou aos caídos ao pé do balcão do bar.

Mas essas senhoras, ao menos divertem-se ;)

Hipatia disse...

Aqueles senhores era mais aos caídos sentados à mesa. Os meus coleguinhas também escolhem normalmente o bar :D

Bartolomeu disse...

Já não "os" ha, como antigamente, que, depois de entornar uns copos, era sempradar-lhe na dançarola, quelas até ficávam sem fôlego.
Era n'altura em que uma mulher era um desejo e um tipo tinha de empregar toda a lábia para conseguir uns afalfansos num sítio mais esconço, que abrisse caminho para uma noitáça inesquecível, seguida de muitas outras.
Agora... as mulheres são um corpo encimado por uma carola que na maior parte dos casos, vem recheada de desaires, de queixumes, e reticências, que rápidamente se trocam por uma brasileirinha solícita, cheirosa, cínicamente disponível e desejosa... carota, mas, capaz de atiçar a chama e os vestígios de macho que todo o lusitano ainda mantem.
Quéquesádefazer???!!!
Resultados da globalização!!!
;))

Hipatia disse...

Eu diria que essa tal brasileirinha só não será "um corpo encimado por uma carola que na maior parte dos casos, vem recheada de desaires, de queixumes, e reticências" se for realmente carota. Mas isso, a mais das vezes, só aumenta o ridículo do gajo a tiracolo. Ou melhor, sentado de boca aberta :D