Uma por uma as coisas que adorei
Talvez que a minha vida regressasse
Vencida pelo amor com que a lembrei.
Sophia de Mello Breyner
Se uma vida for passada num total isolamento, se não houver quem lhe tenha visto os pormenores, os bons e os maus, se nada sobrar na memória dos outros, então essa vida foi esgotada, apagada e nada sobra depois.
Se, pelo contrário, por actos, por presenças, por carinhos, por memórias, uma vida ganhar espaço na história de outro, nem que seja de forma leve, fugidia, então há uma memória que não se perde, há uma ínfima possibilidade de eternidade, recontada em tom de história pelas palavras de outros que a conheceram, reconheceram, fizeram sua.
A perenidade da memória - dos outros na nossa memória; nossa na memória dos outros - é a única garantia que temos contra o vazio do esquecimento e o fim definitivo de uma vida, por mais breve que tenha sido. É a única possibilidade de eternidade.
8 comentários:
Tão verdade :)
É essa a eternidade que nos é permitida... e mesmo assim só a alguns!
:))
É permitida a todos, Manel. Mas uns fazem mais do que outros por a merecer ;-)
E qual o valor, a necessidade, dessa eternidade...?
Por mais que doa muita vez, eu gosto de ter os meus que já morreram eternos na minha memória. E, mais do que uma qualquer lápide num qualquer cemitério visitada uma vez por ano no dia 1 de Novembro, não me importava de ser recordada pelos meus que cá ficarem depois de ter partido. Não acredito em vidas para além da morte ou em almas em amena pasmaceira numa nuvem branca à espera do fim dos dias. Só há, por isso, uma eternidade possível.
Bom é que se costuma dizer que a memória das pessoas que partem não é mais do que a sua alma, a que fica. Mas claro que tu não acreditas nisso, queres mais é ser lembrada, bem lembrada. O nome de uma rua, era razoável...? :P
Nunca ouvi dizer tal, mas entendo porque aches necessário que seja dito :P
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