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No FB andam a denunciar fotografias do 24/04/1974 como "violência gráfica". Há algo de profundamente repulsivo na ideia de que, tantos anos depois, ainda há quem não tenha interiorizado a liberdade de expressão e continue na velha senda da censura. Ao mesmo tempo e por mais que me custe, sei que também para estes neo qualquer coisa foi feito aquele dia. Podem denunciar tudo o que quiserem: eu reservo-me a liberdade de os denunciar a eles, sem esquecer que a liberdade é de todos e para todos, sem importar cor, credo ou ideologia, mesmo que, quarenta anos depois, me repulsem alguns subprodutos.
Aproveito, no entanto, para trazer para aqui um outro apelo. Para que não apaguem a memória. Para que esta não se perca. Mesmo e especialmente quando, quarenta anos depois, pretendem associar violência às imagens de um golpe de estado que virou uma revolução quando os cravos foram enfeitar os fuzis. É que a violência, naquele dia, estava entrincheirada e medrosa, não nas ruas.
2 comentários:
Sem dúvida.
Mas o tempo e o excesso de tolerância faz com que quem era criança então ou nasceu depois ignore coisas tão claras e verdadeiras. Em Lisboa nesse dia só se morreu à frente da PIDE.
Não é só o tempo e a tolerância: é a lavagem da história. E se bem que entenda e perdoe os primeiros, nunca me calarei contra uma democracia que se fundou em capitães e hoje os quer amordaçados; ou imagens que nos deveriam tingir de orgulho e hoje nos querem enxovalhar e pintar de vergonha. O tempo e a tolerância são nossos também para fazer com eles o que sabemos e podemos e merecem apenas ser pintados de verdade, por mais que a realidade de hoje nos rente roubar todas as utopias.
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