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«quem estiver sinceramente interessado em «trocar umas ideias obre o assunto» não precisa de usar as «caixas de comentários» dos blogues. Estas são, maioritariamente, destinadas ao gozo da irresponsabilidade anónima»
Há mais de um ano que a corrente é dominante: toda a gente a dizer mal dos anónimos, daqueles que preferem escrever com um nick. Como se todos os que elegem manter o seu direito a usarem um nick fossem irresponsáveis, não tivessem direito a opinião e/ou não a soubessem defender e fundamentar; ou como se a opinião só valesse alguma coisa quando, do outro lado, se descortina quem escreve e se consegue desenhar a árvore genealógica dos poleiros ou a lógica das afinidades, das amizades e compadrios.
E, ainda que suponha a quem Tomás Vasques se pretende dirigir (e não sendo Tomás Vasques sequer um exemplo desta chusma, mas hoje escreveu aquela frase e, deste lado, transbordou o copo da paciência), também acho de profundo mau gosto esta generalização dos anónimos como uma cambada de trolls idiotas e sem valia.
Há quatro anos – hoje é mesmo a data – quando iniciei o Voz em Fuga, o nick era de uso corrente e habitual. As caixas de comentários (e eu tenho duas) estavam cheias de trocas de ideias e argumentos e contra-argumentos, bem como eram diárias as referências cruzadas entre blogues que queriam, realmente, trocar opiniões.
Hoje em dia, quando surge um link num post da grande maioria dos blogues de maior exposição, já nem é preciso segui-lo para saber para onde vai e ao que vai. E as opiniões que não façam parte da matilha – ou da matilha concorrente – passaram a não ter lugar, como se fosse possível (e vão tentando-o) evitar que tivessem direito a existir.
Quatro anos depois do dia em que a minha vontade de comunicar e de expressar opinião sobre tudo e mais um biscoito me fez abrir um blogue com nick (sempre usei nicks na net e já cá ando há muito tempo) em vez de nome próprio, os blogues anónimos parecem-me por vezes alvos de uma tentativa orquestrada para os escorraçarem para longe da validade da opinião.
E, ainda que suponha a quem Tomás Vasques se pretende dirigir (e não sendo Tomás Vasques sequer um exemplo desta chusma, mas hoje escreveu aquela frase e, deste lado, transbordou o copo da paciência), também acho de profundo mau gosto esta generalização dos anónimos como uma cambada de trolls idiotas e sem valia.
Há quatro anos – hoje é mesmo a data – quando iniciei o Voz em Fuga, o nick era de uso corrente e habitual. As caixas de comentários (e eu tenho duas) estavam cheias de trocas de ideias e argumentos e contra-argumentos, bem como eram diárias as referências cruzadas entre blogues que queriam, realmente, trocar opiniões.
Hoje em dia, quando surge um link num post da grande maioria dos blogues de maior exposição, já nem é preciso segui-lo para saber para onde vai e ao que vai. E as opiniões que não façam parte da matilha – ou da matilha concorrente – passaram a não ter lugar, como se fosse possível (e vão tentando-o) evitar que tivessem direito a existir.
Quatro anos depois do dia em que a minha vontade de comunicar e de expressar opinião sobre tudo e mais um biscoito me fez abrir um blogue com nick (sempre usei nicks na net e já cá ando há muito tempo) em vez de nome próprio, os blogues anónimos parecem-me por vezes alvos de uma tentativa orquestrada para os escorraçarem para longe da validade da opinião.
Ora, que eu saiba, a opinião não precisa de título nobiliárquico ou sequer nome de plebe para valer pelo que é. E a opinião é algo que assiste a qualquer cidadão; faz aliás parte do exercício da cidadania. E a maioria dos cidadãos goza de um saudável anonimato.
Mas há por ai uma moda de que a opinião só vale quando se conhece fulano de tal. Tal e qual como em alguma política ou jornalismo manhosos do Portugalinho, com os seus executores transformados em classe com privilégios intocáveis e sempre tão amiguinhos, quando não se entretêm a mandarem-se às jugulares uns dos outros em artigos de opinião nos pasquins ou nos blogues do costume.
Antes as opiniões dos anónimos! Muitas vezes é ai que ainda se descortina alguma originalidade e vontade de fazer diferente. É que os fulanos de tais só me parecem a brigada do reumático do costume e ainda estou longe de me deliciar com assuntos geriátricos. E esta moda do ataque ao anónimo também já começa a entrar nessa última categoria.
4 comentários:
Cara Hipatia:
Voltarei ao assunto com mais detalhe, mas os «anónimos» a que me referi, sabe bem, não são os anónimos em geral, mas aqueles que debaixo do anonimato dão largas á pulhice, ao ataque pessoal, à insídia e por aí fora. Entre os meus blogs peferidos está o de um an´nimo - O Jumento. A questão não está centrada nos «anónimos». Está no que o anonimato tem permitido para perverter as mais elementares regras de discussão séria.
Um abraço.
TV
Como concordo e desde já realço o teu recorte estilístico de " desenhar a árvore genealógica dos poleiros ou a lógica das afinidades, das amizades e compadrios" :)), roubo uma frase que o José Quintas nem de propósito postou ontem porque esta questão é apenas o "conflito permanente entre a prepotência dos mais fortes e o dever de resistir pouco utilizado pelos mais frágeis".
O nick é um direito de cidadania para todos, como para a Enezaide do Rosário ser Naide Gomes, o José Sousa ser José Socrátes, a Maria Alves da Silva Cavaco Silva ser Maria Cavaco Silva, o José Vieira Mateus da Graça ser Luandino Vieira, o António Emílio Leite Couto ser Mia Couto, o Paulo Manuel Carreira Querido ser Paulo Querido.:) Caso contrário, é o triunfo dos porcos. ;)
Caro Tomás Vasques,
Como reparou, fiz questão de assinalar no post que nem penso que tenha uma postura vincadamente anti-anónimos. Mas a sua frase fez-me irritar por o ver a entrar na "moda" do desancar no anónimo. Digamos que há anónimos sacanas, como há gente com o nome pespegado no blogue que é um valente sacana. Alguns dos tais com nome são misóginos, racistas, fascistas e afins. Ou mesmo pulhas de outra espécie. Depois, penso que muitos dos anónimos sacanas não são realmente anónimos. E tanto não são que até o Tomás Vasques soube bem para onde dirigir o link.
Mas não vou nunca alinhar pela pulhice snob de que só quem é "conhecido" é que tem uma opinião válida. E é por isso que as conversas verdadeiras vão morrendo nos blogues em que ainda existem caixas de comentários. Em alguns sítios, imagine, nem se dão ao trabalho de responder a um comentário a não ser que conheçam o nome. Outros, têm uma coluna de links fantástica, em que em lugar de nome do blogue está uma listinha bem alinhavada dos três nomes com que a maioria gosta de assinar.
Aqui atrasado, toda a gente me caiu em cima aqui na Voz por eu dizer que não via qual o mal do "Aqui e Agora" sobre os blogues nem com os ataques ali feitos por Moita Flores e companhia. Pois não enfiei aquela carapuça. Ao generalizarem a análise, eu fiquei de fora e aquela ali retratada não é a blogosfera que gosto, onde ando, ou onde me insiro. E, no entanto, muitos dos mesmos que agora (e desde há muito) se põem a desdenhar dos anónimos, a generalizarem sobre o anonimato nos blogues e a meterem todos os anónimos no barco da pulhice, do ataque pessoal, da insídia, são os mesmos que escreveram posts incendiários contra o programa (que era mesmo muito mau) e contra os seus comentadores (que são piores ainda). Dito por Moita Flores era diferente em quê? Por ser na televisão? Por ter generalizado a todos os blogues e não só aos anónimos? Ou será que por aqui, como naquele programinha, fica mais do que evidente que há sempre dois pesos e duas medidas ao sabor da conveniência ou da inconveniência de ter irritado um "troll"?
Grande frase do Zé!
E, sim, todos temos direito aos nicks. E eu já usei tantos! Antigamente, era com eles que nos "vestíamos" na net. Um bom nick encerrava sempre uma parte de nós e, algumas vezes, até o melhor de nós. E, como tenho ali uma tonelada de roupa para continuar a passar a ferro, digo-te (que sei que não te zangas) que tudo o mais que podia dizer sobre o assunto já respondi ali em cima ao Tomás Vasques :)
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